Capítulo 30 - Final de temporada
– Lilith! – Lucian grita ao chegar no bar com Killian em seus braços.
– Lucian ? – Eva, que estava na parte de trás do local, aparece de repente e ao ver seu desespero, fica preocupada.
– Vem, por aqui! – ela indica a entrada, que dá acesso a um corredor e o guia até a sala de descanso, onde há uma cama. Lucian o recosta com cuidado e se mantém ao seu lado, segurando sua mão.
– O que aconteceu ? – Eva questiona enquanto vai até um dos armários e pega o kit de primeiros socorros.
– Ele foi atacado. – Lucian responde, sem desviar sua atenção dele.
– Okay, eu prometo que vou fazer o que puder. – ela tenta acalmá-lo e começa a examinar o corpo de Killian.
– Killian… – Lucian sussurra e beija o dorso de sua mão. Não sairia dali até saber que ele estava bem.
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– Acabei. – ela o avisa ao se aproximar. Devido ao seu nervosismo, Eva insistiu que ele se afastasse até que terminasse.
– Como ele está ? – Lucian se levanta de repente e se aproxima, a encarando com um olhar preocupado e aflito.
– Tem um tornozelo torcido, que já está melhorando, e algumas marcas em seu pescoço. Ele está bem fisicamente, já mentalmente…
– Certo, obrigado! – ele agradece rapidamente e vai até Killian.
– Ele… – Eva sussurra para si mesma, surpresa com o que havia acabado de ouvir. Nunca tinha visto Lucian agradecer antes.
Lucian puxa uma cadeira e se senta ao lado da cama, ele segura a mão de Killian e apoia sua testa sobre o dorso dela. Queria aproveitar cada segundo ao seu lado e garantir que ele ficasse bem.
– Eu deveria ter percebido antes, deveria te manter seguro… – ele murmura e sente um nó se formar em sua garganta.
– Mas prometo que irei pôr um fim nisso. Sei que você iria querer isso, Miguel. – Lucian beija do dorso de sua mão e ergue sua cabeça, o observando com um olhar doce e ao mesmo tempo tristonho.
– Voltarei por você, Killian. – ele beija sua testa e acaricia seu rosto uma última vez.
– Lucian. – Lilith o chama ao bater à porta do quarto de descanso, interrompendo seus pensamentos. Ela acena com a cabeça e ambos sabem que havia chegado a hora.
– Vamos. – Lucian apoia a mão de Killian sobre o seu abdômen e sai.
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Lucian abre as portas de repente, surpreendendo a todos os demônios presentes. Ao verem o Rei do Inferno, eles se curvam em sinal de respeito.
– Senhor… – um demônio do alto escalão o cumprimenta.
– Como nosso exército está ? – ele o ignora e se aproxima da mesa, onde há um grande mapa do inferno e algumas peças que simbolizam seus exércitos.
– Estão contendo a invasão do território principal, mas a parte baixa já foi toda tomada. Os moribundos dessa região se juntaram a Caim e estão avançando rapidamente em direção ao palácio.
– Quantos são ?
– Uma horda de cem mil homens. Talvez mais.
– Lilith. – ele a chama e volta sua atenção para ela.
– Sim. – Lilith acena com a cabeça.
– Coordene as tropas do lado Leste. Já sabe o que fazer.
– Sim, senhor. – ela se curva e sai.
– Você, leve as criaturas aladas para a linha de frente. – ele aponta para uma criatura, que é um misto de monstro alado e humano, que também acena com a cabeça e sai voando pela janela.
Ao terminar de montar tudo à sua maneira, Lucian se aproxima da varanda do palácio e observa o caos tomar conta do seu reino. Não era a primeira vez que Caim ou algum outro demônio tentavam roubar o que lhe pertencia, mas era a primeira vez que chegavam tão longe.
– Você fez uma péssima escolha, Caim. – ele sussurra ao ver sua figura minúscula no meio de todos aqueles demônios e sorri, em seguida estica suas asas e alça voo em direção ao coração da guerra.
Ao pousar sobre o solo coberto de sangue, Lucian cruza olhares com Caim, que sorri presunçoso ao vê-lo desarmado e sozinho. Logo um pequeno grupo de guerreiros avançam sobre Lucian, sedentos para serem aqueles que vão erguer sua cabeça no final.
Lucian se defende dos seus ataques e mata um por um com suas próprias mãos. Não tinha tempo para homens fracos e nem paciência.
– Vejo que não enferrujou, Lúcifer! – Caim murmura para si mesmo e sorri, em seguida tira a adaga de Miguel de trás das costas e avança em direção a ele. Lucian rapidamente nota sua aproximação, mas continua parado esperando.
Caim faz o primeiro movimento, mas Lucian apenas desvia, girando seu corpo para o lado. Ele volta a atacar, mirando no seu abdômen e Lucian desvia mais uma vez, como se estivesse apenas brincando.
– Vamos, Lúcifer, me ataque! Assim não tem graça. – ele o provoca e ri. Lucian se mantém em silêncio e quieto, apenas o observando.
– Por que eu lutaria com um verme insignificante ? Você pode ser um Deus para os seus seguidores, mas para mim, não passa de uma praga que insiste em continuar viva. – Lucian lhe mostra um sorrisinho e ergue suas sobrancelhas. Queria provocá-lo até fazê-lo perder o controle.
– Seu desgraçado! – Caim esbraveja e o ataca novamente, dessa vez Lucian revida e golpeia seu estômago. Ele se afasta, com falta de ar, mas logo se recupera e avança mais uma vez.
– Desista, Caim. – ele fala ao agarrar seu punho com força. Antes de poder responder, Caim leva outro soco no abdômen.
– Ugh… – ele grunhi de dor e suas pernas perdem a força, o fazendo cair no chão.
– Quer lutar contra mim assim ? – Lucian chuta seu peitoral, o arremessando para longe.
– Não passa de um fraco, Caim! – ele se aproxima e o agarra pelo peitoral da armadura, em seguida desfere um soco em seu rosto.
– Vamos lá, me vença! Cumpra suas ameaças! – Lucian toca na ferida, atacando seu orgulho. Caim cospe um pouco de sangue e sorri, ele estava onde queria.
– Vai se foder… – Caim murmura com dificuldade e perfura seu estômago com a adaga. Lucian desvia seu olhar para baixo e sorri.
– Usando o mesmo truque sujo ? Que idiota… – ele lhe mostra um olhar com ar de superioridade e continua sorrindo.
– Não importa o truque, você ainda vai morrer!
– Eu sei. – Lucian dá de ombros, despreocupado apesar da dor excruciante que rapidamente se espalha pelo seu corpo.
– Mas você também vai! – ao terminar sua frase, um portal se abre logo atrás deles. O portal, que está conectado diretamente a um buraco negro, começa a sugar todos os objetos no chão e as criaturas ao redor. Caim fica confuso por alguns instantes, mas ao finalmente se dar conta, já é tarde demais.
Lucian finca sua adaga no solo, impedindo que seu corpo seja sugado para dentro do buraco negro, e empurra Caim para dentro dele, que consegue se agarrar a uma das suas pernas e tenta escalar seu corpo para fugir daquele destino cruel.
– Não vai se livrar de mim tão facilmente! – ele esbraveja e se agarra com mais força. Lucian usa sua outra perna para chutar seu corpo, mas Caim não o solta.
– Porra… – Lucian resmunga e avalia rapidamente a situação, buscando um jeito de fazê-lo entrar no portal. Enquanto pensa em algo, seus olhos encontram os de Lilith, que está sobrevoando o local um pouco afastada, ele acena com a cabeça, esperando que ela entenda seu plano e solta a adaga, deixando que seu corpo seja sugado, junto com Caim, para dentro do buraco negro.
– O que está fazendo ?! – Caim grita apavorado. Daquela forma, ambos seriam engolidos.
– Pondo um fim nisso! – Lucian sorri e fecha seus olhos, pronto para se perder na vastidão do universo para sempre. Faria o que fosse preciso para manter o seu amado seguro.
– Lucian! – Lilith grita ao ver o portal se fechar e olha ao redor, esperando encontrá-lo ferido em algum lugar, mas não consegue vê-lo. Ela sente seu estômago embrulhar e seus olhos se enchem de lágrimas.
– O que você fez, Luci…
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Killian abre seus olhos devagar e logo percebe que está em um local estranho, ele se levanta rapidamente e olha ao redor assustado.
– Ah! Você acordou ? Que bom!
– Desculpe, mas… quem é você ? Onde eu estou ? – ele sente uma pontada de dor atravessar sua cabeça e franze o cenho.
– Eu sou Eva, e estamos no meu bar. Te encontrei caído no chão e te trouxe para dentro, como se sente ? – ela se aproxima e lhe mostra um sorriso gentil.
– Eu caí ? Não me lembro de nada!
– Você bateu a cabeça bem forte, é normal que não se lembre.
– Sim, acho que sim… – ele responde confuso e se levanta.
– Você não precisa ir agora se não estiver se sentindo bem! – Eva fala preocupada.
– Não, tudo bem. Você já me ajudou muito, eu realmente deveria ir. – Killian força um sorriso gentil.
– Certo… – ela suspira e pega uma mochila que estava no chão.
– Aqui, suas coisas. Quer que eu chame um táxi ?
– Sim, por favor. E obrigado pela ajuda, acho que literalmente salvou a minha vida. – Killian pega a mochila e fala um pouco sem graça. Não queria dar trabalho.
– Não foi nada, só te trouxe para dentro! – Eva ri, achava ele fofo.
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Ao chegar em seu apartamento, Killian deixa sua mochila e sapatos próximo a porta e segue pelo corredor até o quarto, mas para de repente ao passar em frente a um quarto vazio. Ele o observa, sentindo que falta algo ali, mas não entende muito bem o que é e decide ignorar. Se não se lembrava, então não era importante.
– Acho que eu deveria ter um colega de quarto…
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