Capítulo 34

Killian acorda um pouco desorientado e procura por Lucian na cama, mas logo percebe que está sozinho e se senta. Ele olha ao redor, mas só vê a mesa posta para o café da manhã.

– De novo… – Killian murmura e suspira, logo depois se levanta e vai até o banheiro. Ele para em frente ao enorme espelho da pia e observa as marcas deixadas em seu corpo, Lucian era muito persistente com isso.

– Como vou esconder isso…? – ele se questiona e desliza seus dedos pela marca em seu pescoço. Killian fica preocupado a princípio, mas acaba sorrindo e se sente feliz. Não precisava mais esconder e nem ter vergonha, poderia andar por aí livremente sem ser questionado sobre sua vida sexual.
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Ao terminar de comer, Killian volta seu olhar para a janela e observa o movimento na entrada do palácio. A parte de fora se parecia com uma cidade comum e tranquila, o que era completamente diferente do que havia imaginado.

Ele acaba se perdendo em seus pensamentos, mas logo se distrai ao ouvir alguém bater à porta.

– Entre. – Killian fala ao desviar sua atenção para a entrada.

– Cheguei em uma hora ruim ? – Eva o questiona ao entrar e lhe mostra um sorrisinho gentil.

– Não! Não, eu acabei de comer. – ele se levanta rapidamente e se aproxima.

– Quer alguma coisa ? Lucian me trouxe muita comida…

– Ah! Não, não… sabe, nós não comemos!

– Ah… certo. – Killian murmura e sorri um pouco envergonhado. Era o único ali que agia como um verdadeiro humano e por isso, não podia evitar de se sentir deslocado.

– Eu vim te convidar para um passeio. O que acha ?

– Para onde quer ir ?

– Pensei em te mostrar os arredores do palácio e um pouco da cidade. Tenho certeza de que você vai adorar! – Eva fala animada.

– Parece divertido.
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– Impressionante, não é ? – ela o questiona enquanto caminham pela calçada.

– Sim… se parece muito com o mundo humano. – Killian concorda impressionado. Imaginava o inferno como o total oposto daquilo.

– Pensou que seria tudo fogo e gritos desesperados ? – Eva brinca.

– Na verdade, sim.

– No começo tudo era assim, mas Lúcifer decidiu construir alguns lugares semelhantes ao mundo humano.

– Ele fez tudo sozinho ?

– Sim!

– Por que ele faria isso ? – Killian franze o cenho e realmente não consegue entender sua motivação. Por que tornar um lugar que deveria ser uma eterna prisão em um local esteticamente agradável ?

– Por você! – Eva sorri.

– P-por mim ?! – Killian questiona envergonhado e surpreso.

– Mas por quê ?

– Bom, isso você vai ter que perguntar para ele. – ela dá de ombros e segue caminhando tranquilamente. Killian continua confuso, mas acaba a seguindo.
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– Que bela vista… – Lucian sorri e o observa da cabeça aos pés, vendo todas as marcas que deixou.

– Lucian! – Killian esbraveja assustado e ergue sua cabeça, o encarando através do espelho do banheiro.

– Há quanto tempo está aí ?

– Acabei de chegar.

– Chegou cedo hoje.

– Quero te falar uma coisa. Então se apresse e tome seu banho, estarei esperando.

– O-okay! – Killian concorda, mas fica apreensivo. Não fazia ideia de que tipo de conversa ele queria ter.

Após o seu banho, Killian apenas veste um roupão e vai para o quarto. A curiosidade estava corroendo sua mente.

– Já terminou ? Isso foi rápido. – Lucian o questiona ao vê-lo caminhar apressado em sua direção.

– Sobre o que quer falar ? – ele murmura e se senta em seu colo.

– Que cordeirinho mais curioso! – Lucian o provoca e beija seu pescoço, fazendo com que ele se encolha em seu colo.

– Me desculpa se te deixei ansioso… – ele sussurra próximo ao seu ouvido.

– Tudo bem… – Killian concorda e se agarra ao seu corpo.

– Só quero te dar uma explicação do porquê não pude ir te ver. – Lucian afasta seu rosto e o observa com um olhar amoroso, em seguida usa sua mão direita para acariciar seu rosto.

– O homem que abusou de você estava agindo sob a influência de um antigo inimigo. Ele te colocou como alvo, pois sabia que seria a forma mais rápida e eficiente de me atingir.

– Então foi assim que ele conseguiu me sequestrar ? Não me lembro de quase nada daquela noite…

– Sim, ele te usou como uma distração. Naquela noite em que te deixei com Eva, houve uma grande guerra e precisei usar minha energia demoníaca para me livrar dele… – Lucian suspira e agora olhando em seus olhos, se sente ainda mais culpado.

– Mas acabei ficando debilitado e entrei em uma espécie de coma, para que meu corpo pudesse se recuperar. Passei muito tempo inconsciente e mesmo quando finalmente acordei, não consegui ir te ver. Tudo estava uma bagunça e eu precisava pôr ordem na casa antes de te trazer.

– Lucian… – Killian pensa em perguntar sobre o que Eva havia lhe dito mais cedo, mas por alguma razão, ele hesita. Enquanto isso, a ansiedade cresce em seu coração, o deixando inquieto.

– Sim ?

– Você está bem agora, não é ? – Killian acaricia seu rosto e o questiona com uma voz doce, mas preocupada.

– Estou. – Lucian sorri e beija a palma da sua mão.

– Que bom. É isso que importa! – ele lhe mostra um largo sorriso.

– Killian, você não imagina o quanto senti sua falta. – Lucian murmura e desliza o polegar sobre os seus lábios.

– E-eu também… – ele fica envergonhado e seu rosto ganha um leve tom avermelhado. Às vezes Lucian dizia coisas tão vergonhosas, que o deixava sem reação.

– Que fofo… – Lucian ri e o beija. Não conseguia resistir, ele era adorável.
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Eva caminha tranquilamente pelo corredor do palácio, indo em direção ao seu quarto, quando alguém a agarra por trás e a puxa para um outro corredor mais afastado.

Ela luta para tentar se soltar, mas não consegue sair.

– Shh… – Lucian sussurra próximo ao seu ouvido e a segura com mais força.

– Pare de meter o seu nariz onde não é chamada, ou vai se arrepender. – ele a solta e Eva o empurra, se afastando rapidamente.

– Não disse nada que não seja verdade! Até quando pensa em manter isso em segredo ? – ela esbraveja.

– Não é da sua conta, Eva. Ponha-se em seu lugar.

– Você é mesmo um babaca egoísta, Lúcifer. Só o Miguel que nunca viu isso!

– Você não sabe de nada, Eva.

– Acha que isso é justo ? – ela se aproxima e o empurra.

– O Miguel é o único a largar tudo por você, e mesmo assim você sempre o deixa no escuro! – Eva o empurra de novo, mas Lucian agarra seus pulsos com força e a puxa para perto do seu corpo, impedindo que se mova.

– Cale a boca antes que eu te force a calar. – ele a encara com um olhar furioso, mas Eva não cede e também o encara.

– Eu não tenho medo de você. Não sou a Lilith.

– Vejo que a burrice está mesmo em seus genes. – Lucian sorri e a solta.

– Vai se foder, Lúcifer! – ela murmura irritada e o encara com um olhar mortal.

– Apenas cuide da sua boca, Eva. E não teremos problemas. – ele sorri, surpreso com sua coragem de enfrentá-lo e se afasta, voltando para o quarto.

– Porra! – Eva esbraveja e bate na parede. Se pudesse, mataria ele.