Capítulo 38
– Como chegou até aqui ? Não me lembro de ter permitido que um rato entrasse em meus domínios. – Lucian o questiona e cospe o sangue em sua boca, logo depois usa o dorso da mão para limpar seus lábios.
– E isso importa ? Só vim buscar algo que nos pertence. – Gabriel o provoca.
– Algo ? Ele não é uma coisa e também não é seu, ou dele. – ele estende seu braço lateralmente e sua espada de lâmina negra sai de dentro da manga da sua camisa. Lucian gira o cabo entre seus dedos e logo depois a empunha, pronto para começar outra guerra se fosse preciso.
– Saia enquanto estou disposto a perdoar sua insolência, Gabriel.
– Acha que eu tenho medo de você ? – o Arcanjo ri.
– Não, mas acredito que você não seria burro o suficiente para começar uma guerra.
– Guerra ? Vou acabar com você aqui mesmo e levá-lo para casa. – Gabriel sorri e estende suas asas. Lucian deixa um longo suspiro sair e sabe que aquele tolo não desistiria sem arrumar confusão.
O Arcanjo voa em sua direção com sua espada empunhada, mas ele bloqueia seu ataque e o joga para longe, fazendo seu corpo se chocar contra a parede. Lucian aproveita aquela oportunidade para avançar, mas Gabriel desvia, rolando para o lado e chuta seu abdômen o fazendo cair.
– Ugh… porra! – Lucian resmunga, sentindo a dor se espalhar pelo seu abdômen e usa sua mão direita para pressionar a ferida. Mesmo não sendo um ferimento fatal, demoraria para se fechar e até lá continuaria sangrando e o deixando mais lento em combate.
– Você estava tão cheio de si, mas olha só… – Gabriel o provoca e chuta seu rosto, o deixando desnorteado.
– Quando vai entender que nunca vai conseguir vencer ? O bem sempre triunfa sobre o mal e por isso, vocês jamais ficarão juntos. – ele o encara com desdém e sorri. O via como um ser inferior e não sentia nada além de desprezo, mesmo que um dia tenha o chamado de irmão.
– Seu fim será pelas minhas mãos, não acha irônico ? – Gabriel ri e ergue sua espada, ele o encara por alguns segundos uma última vez, mas recebe apenas um olhar frio de Lucian e um sorrisinho, o que o deixa irritado. Queria vê-lo estremecer de medo.
– Porra! – ele esbraveja e está prestes a ceifar sua vida.
– Para! – Killian se joga sobre Lucian, ignorando sua ordem, e se agarra ao seu corpo. No último segundo, Gabriel para e fica a centímetros de acertá-lo por engano.
– Eu não sei o que veio buscar, mas por favor pegue e saia! – ele grita em meio ao choro.
– Miguel… – Gabriel murmura e recua.
– Lucian, olha para mim. – Killian segura seu rosto e o gira em sua direção.
– Oi, cordeirinho. – ele sorri e acaricia seu rosto.
– Eu mandei você ficar quieto, não foi ?
– Você está ferido, idiota!
– Isso não vai me matar. – Lucian ri.
– Chega dessa palhaçada! – Gabriel puxa Killian pelo braço, o afastando de Lucian.
– O que está fazendo, Miguel ? Se afaste desse traidor!
– O que você quer ? Me solta! – ele esbraveja e tenta se soltar, mas o Arcanjo o segura pelos ombros com força.
– Já chega de brincar de casinha, Miguel. É hora de voltar para casa! – Gabriel agarra seu braço direito com força e começa a arrastá-lo para longe.
– Eu não vou a lugar algum com você, me solta agora! – Killian grita e usa sua mão esquerda para afastá-lo.
– Porra, fique quieto! – o Arcanjo para bruscamente e o puxa para perto do seu corpo. Killian o encara com um olhar furioso e rebelde, surpreendendo Gabriel.
– Você não mudou nada… – ele murmura e aproxima seu rosto do dele.
– Não me toque! – Killian exclama e desfere um tapa em seu rosto. O Arcanjo fica imovel por alguns segundos, espantado com sua reação.
– Seu pequeno… – Gabriel resmunga e ergue sua mão para golpeá-lo.
– Solte ele. – Lucian ordena ao pôr a lâmina da sua espada em seu pescoço. O Arcanjo sorri e desvia o olhar em sua direção.
– E o que me impede de matá-lo agora mesmo, bem na sua frente ?
– De verdade ? Nada! Mas isso causaria uma guerra e todos saberiam que a culpa é sua, inclusive seu pai. – Lucian fala de forma tranquila e despreocupada. No mesmo instante, o sorrisinho do Arcanjo some, dando lugar a uma péssima expressão.
– Acha que isso me assusta ? Uma guerra a mais, ou uma guerra a menos, não faz diferença!
– Gabriel! – uma voz masculina o chama de repente.
– Rafael ? – ele gira seu rosto para o lado e ao ver seu irmão, sente um arrepio percorrer sua espinha.
– Deixe ele ir.
– Rafael, você não vê que…!
– Deixe ele ir. – Rafael fala alto, o interrompendo.
– Deveria ouvir o seu irmãozinho, Gabriel. – Lucian sussurra, o provocando, e pressiona a lâmina contra o seu pescoço. O Arcanjo range os dentes e o encara com um olhar furioso.
– Porra… – ele resmunga e o solta.
– Lucian! – Killian fala com a voz chorosa e se agarra ao seu corpo com força, assustado.
– Shhh… tudo bem. – Lucian murmura e beija o topo da sua cabeça. Logo depois a espada começa a sumir lentamente, como se estivesse se desfazendo em sua mão.
– Lúcifer, vamos deixar isso aqui, certo ? – Rafael ergue uma das suas sobrancelhas.
– Só tire esse desgraçado daqui antes que eu me arrependa. – ele fala indiferente. Rafael apenas concorda com a cabeça e os dois Arcanjos somem em um clarão.
– Ugh… porra! – Lucian resmunga e se apoia em Killian.
– Lucian, está com dor ? Precisamos voltar para o palácio logo! – ele fala apavorado e ansioso. Não sabia o quão grave era seu estado.
– Eu estou bem, só me sinto um pouco tonto.
– Vem aqui. – Killian passa o braço de Lucian por cima do seu ombro, em seguida o leva até o pé de romã e o ajuda a se sentar debaixo dele, usando o tronco como apoio.
– Droga, isso parece infeccionado! – ele murmura choroso e levanta sua camisa, verificando o estado do seu ferimento. Apesar do que Lucian fez parecer, a lesão estava se fechando lentamente e ao redor estava avermelhado e um pouco inchado.
– Ei, tudo bem… – Lucian sorri e acaricia seu rosto.
– Vá até o palácio e chame a Lilith, entendeu ?
– O que ? N-não! Eu não posso sair e te deixar aqui sozinho. – ele esbraveja.
– Eu vou ficar bem até você voltar, eu prometo. – Lucian aperta sua bochecha e assobia. No mesmo instante, um dos seus cachorros surge das sombras e se aproxima de Killian.
– Leve-o para o palácio. – ele ordena e o cachorro segura Killian pela camisa, o joga para cima das suas costas e corre em direção a saída da estufa.
– Ah! Espera! – Killian grita e tenta sair de cima do animal, mas acaba sendo levado por ele mesmo contra sua vontade.
Ao ficar sozinho, Lucian deixa um longo suspiro sair e desvia seu olhar para o ferimento em seu abdômen. Ele toca sua pele com cuidado, sujando a ponta dos seus dedos com sangue.
– Aquele desgraçado… deveria ter arrancado cada membro do seu corpo com as mãos. – ele murmura e contrai sua mandíbula, se sentindo um pouco irritado.
– Bom, até que não foi tão ruim… – Lucian sorri ao se lembrar do rosto desesperado de Killian, ao se preocupar com seu corpo e se sente satisfeito. Queria que toda a sua mente estivesse cheia apenas com ele, assim Killian não pensaria em nada além de Lucian.
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