Side Story 1

Ao entrar no quarto, Lúcifer vê o seu amante parado diante da janela enrolado em um dos lençóis da cama, distraído enquanto observa a movimentação na parte de baixo.

– Killi… – ele tenta chamar sua atenção, mas acaba se contendo. Ainda não sabia por qual nome deveria chamá-lo.

– Lúcifer. – o Arcanjo se vira em sua direção e sorri, com suas bochechas levemente coradas. Contagiado pela sua alegria, ele também sorri e logo depois se aproxima.

– Pensei que ainda estivesse na cama. – Lúcifer estende sua mão direita e acaricia seu rosto gentilmente.

– Eu não conseguia descansar.

– Está tudo bem ? – Lúcifer questiona preocupado, não era incomum vê-lo distraído e com um olhar tristonho. Sabia que algo estava errado, mas não queria pressioná-lo.

– Está tudo bem. – ele sorri e aproxima seu rosto, lhe dando um beijo carinhoso. Lúcifer agarra sua cintura com as duas mãos e puxa seu corpo para mais perto.

– Tem certeza ? Sabe que não precisa esconder nada. – ele sussurra.

– Eu sei. Obrigado. – o Arcanjo também sussurra e o beija novamente. Lúcifer segura sua cintura com mais força e não pensa em soltá-lo, só queria um pouco mais de tempo com ele.

– Lúcifer… – ele murmura entre o beijo e afasta o seu rosto.

– Você precisa ir.

– Mais cinco minutos, por favor… – ele beija o canto da sua boca.

– Sabe que não podemos! – o Arcanjo ri e recosta a cabeça em seu peitoral. Também queria um pouco mais de tempo.

– Vai estar aqui quando eu voltar ? – Lúcifer murmura e acaricia seus cabelos.

– Sim. – ele ergue sua cabeça e o observa com um olhar amoroso, que faz o coração do Rei do Inferno derreter.

– Okay, te vejo mais tarde. – Lúcifer beija sua testa e o solta, seguindo em direção a saída.

– Lúcifer! – o Arcanjo o chama de repente, antes de que ele cruze a porta.

– SIm ? – ele para e olha para trás.

– Pode me chamar de Miguel.

– Eu volto mais tarde, Miguel. – Lúcifer sorri de canto e sai logo depois. O Arcanjo se agacha e esconde a cabeça entre os braços, envergonhado.

– Ugh… que vergonha. – ele resmunga e sente que poderia morrer de tanta vergonha, mas ao se lembrar de como Lúcifer disse seu nome de forma tão doce e natural, acaba sorrindo como um bobo.

Ele recosta a cabeça sobre os antebraços e não consegue conter o seu sorriso, estava feliz.

– Até logo, Lúcifer.

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Após todos os seus compromissos, Lúcifer retorna para o quarto e ao entrar, vê Miguel sobre a cama rodeado de livros.

– O que está fazendo ? – ele se aproxima e pega um dos livros, lendo rapidamente o título.

– Ah! Você chegou! – Miguel lhe mostra um largo sorriso.

– Oi, baby. – Lúcifer se inclina e beija sua testa.

– Desculpe pela bagunça, eu estava um pouco enferrujado com algumas coisas e decidi estudar. – ele fala envergonhado. Mesmo que sua memória tivesse voltado, muitas coisas ainda pareciam confusas.

– Tudo bem, pode fazer a bagunça que quiser. – Lúcifer sorri e acaricia sua bochecha.

– O que estava estudando ? Talvez possa te ajudar.

– Ah, só alguns idiomas e outras coisas… – ele desvia o olhar, parecendo esconder algo.

– Sério ? Parece interessante. – Lúcifer finge não perceber e segue o seu ritmo. Ele falaria quando estivesse pronto.

– E esse livro ? Não me lembro de ter ele guardado. – Lúcifer aponta para o objeto.

– Ah… o Rafael trouxe para mim.

– Rafael ? – ele ergue uma das sobrancelhas.

– Está chateado ?

– Não, baby. – Lúcifer se inclina novamente e segura seu queixo, o beijando em seguida.

– Que tal um pouco de vinho ? Tenho outra garrafa do seu preferido. – ele sussurra próximo a sua boca.

– Eu adoraria. – Miguel envolve os braços ao redor do seu pescoço e o beija. Lúcifer sorri e o pega no colo de repente, seguindo em direção ao banheiro logo depois.

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Miguel abre seus olhos e encara Lúcifer por alguns segundos, se certificando de que ele realmente estivesse em sono profundo. Cuidadosamente o Arcanjo se levanta e segue em direção a janela do quarto, ele olha para trás uma última vez e salta para fora, alçando voo.

Ao ouvir o som das suas asas batendo, Lúcifer abre seus olhos e deixa um longo suspiro sair. Fazia algum tempo que Miguel escapava silenciosamente durante a noite e voltava um pouco antes do amanhecer.

– O que está tramando, cordeirinho… – ele murmura para si mesmo e se levanta, em seguida vai até a janela e também salta.

Enquanto isso, Miguel rapidamente chega ao seu destino, um ponto de encontro entre ele e Rafael, que havia se tornado seu cúmplice nessa história.

– Te deixei esperando ? – ele questiona ao pousar.

– Não, eu acabei de chegar. Vamos ? – Rafael estende sua mão e lhe mostra um sorriso gentil, Miguel a segura sem hesitar e juntos eles atravessam a quase imperceptível fenda que divide o mundo espiritual do mundo humano. Ao chegar do outro lado, eles se encontram no telhado de um prédio abandonado, um local discreto e ideal para ir e vir sem chamar atenção.

– Tem certeza de quer mesmo fazer isso ? – Rafael questiona e olha diretamente para os seus olhos, buscando algum sinal de hesitação.

– Tenho, eu devo isso a ele. – Miguel fala com determinação, nada iria pará-lo.

– Sabe que poderia ter chamado o Lúcifer, não é ?

– Eu quero mantê-lo fora disso! – ele responde um pouco alto, demonstrando estar incômodo.

– Tudo bem, vamos logo. – Rafael suspira e acaricia sua cabeça, bagunçando seu cabelo.

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Ao atravessar para o mundo humano, Lúcifer sai no mesmo local que Miguel e Rafael, mas ao chegar lá, eles já haviam ido embora.

– Porra, cheguei muito tarde… – ele resmunga e deixa um longo suspiro sair, no entanto não pensa em desistir e simplesmente voltar para casa.

Lúcifer assobia e dois cães do inferno passam pela fenda, eles param em frente a ele e esperam pelo seu comando.

– Procurem o Arcanjo, vão! – Lúcifer ordena e os animais começam a saltar entre os prédios, mostrando o caminho.

– Onde você se meteu, cordeirinho ? – ele sussurra para si mesmo e segue os cães. Após alguns minutos, os animais param e latem em direção a uma antiga fábrica no meio do subúrbio. A principio, Lúcifer se limita apenas a observar, mas ao sentir o cheiro de sangue que se espalha pelo ar, tem certeza de que algo ruim estava acontecendo.