Capítulo 16 (2)

Kou Chen se virou para reprimir uma risada. Lu Huan geralmente era bem quieta, mas agora, talvez por nervosismo, ela está falando com o reitor como se estivesse prestes a ser martirizada.

Após abafar sua risada, ele se sentiu grato. Os poucos trocaram um olhar. Nenhum deles teria imaginado que Lu Huan faria algo assim, já que eles nem estavam mais na mesma classe, e com o conflito anterior que tiveram com Humanas 3.

“Muitas pessoas sabem disso, na verdade,” Lu Huan entrou no escritório. Ela estava um pouco nervosa, mas falou alto. “Eles podem estar com medo, já que têm muitas pessoas, ou acham que não é da conta deles… Se nada acontecesse hoje, eu provavelmente não teria… falado também.”

“Está tudo bem, você pode falar comigo a sós.” O reitor falou gentilmente com ela, mas ele ainda se virou para gritar com eles, “Voltem com seus professores e expliquem tudo a eles!”

Para Fuzhong, uma briga no refeitório não era um assunto pequeno em si, mas agora envolvia uma “boa aluna”. Todos seguiram seus respectivos professores de volta para seus próprios escritórios.

Huo Ran e os outros seguiram Lao Yuan. Ele não era como o Reitor, ele estava calmo durante tudo isso.

Não demorou muito para que eles se explicassem, era só que Huo Ran estava um pouco cansado. Kou Chen não falava, então ele descreveu as malditas ações de Kou Chen, e ele teve que evitar alguns detalhes menores também…

“Quanto dinheiro eles levaram?” Esse foi o primeiro problema que Lao Yuan abordou.

“Eu não sei.” Kou Chen parecia completamente despreocupado. Vendo que Lao Yuan não acreditava nele, ele suspirou. “Eu realmente não sei, eu não contei depois que meu pai me deu.”

“Está tudo bem, vou descobrir mais tarde.” Lao Yuan tirou sua carteira, “Você ainda tem dinheiro para comer? Você pode pegar um pouco do meu por enquanto…”

“Ah!” Kou Chen pulou da cadeira, “Eu não preciso, não preciso, não preciso, não, não, não… Obrigado, Sr. Yuan, eu realmente não preciso, ainda tenho dinheiro sobrando do semestre passado.”

“Oh.” Lao Yuan olhou para ele, “Não se force, me avise se você ficar sem.”

“Eu prometo.” Kou Chen assentiu.

Lao Yuan guardou sua carteira e passou o olhar por todos eles: “Acredito que vocês estejam dizendo a verdade, e devo dizer que é ótimo que todos vocês estejam lutando contra a injustiça.”

Todos esperaram pelo “mas”.

“Mas o problema está em como vocês escolheram lidar com isso.” Disse o Lao Yuan. “Eu sei que crianças da sua idade acham que ‘contar tudo ao professor’ é constrangedor e covarde, mas coisas assim vocês ainda devem nos relatar primeiro.”

Eles ficaram em silêncio por um momento, antes de Xu Zhifan limpar a garganta: “Na verdade, eu só senti que nada aconteceria se denunciássemos. Não é como se estivessem batendo nela, Hu Yi os viu chutá-la uma vez, mas ela provavelmente estava bem. E He Hua não pediu ajuda, então não pareceria tão sério… Li Jiaying tira boas notas e é representante de classe, o Sr. Lu pareceu completamente surpreso com isso, então ele provavelmente ainda acha que ela é uma boa aluna. Então, se realmente denunciássemos, quem sabe o que sairia disso.”

Lao Yuan não disse nada. Ele assentiu depois de um longo tempo, antes de suspirar: “Seus pensamentos… quanto aos alunos não confiarem nos professores, é algo que nós, como professores, deveríamos refletir. Mas ainda tenho que enfatizar que, embora não possa prometer o mesmo para outros professores, garanto que não vou decepcioná-los.”

Lao Yuan se levantou e deu um tapinha no ombro deles, um por um. “Ainda temos dois anos, podemos nos aproximar pouco a pouco e aprender a confiar um no outro.”

Eles conversaram um pouco depois disso e depois saíram do escritório.

Já haviam se passado dez minutos desde o início da aula, mas ainda havia pessoas esperando por eles do lado de fora, a maioria da turma.

Pelo canto do olho, Huo Ran viu Kou Chen começar a andar normalmente novamente, como se tivesse vindo com uma música de fundo tocando.

“O que aconteceu?” Alguém sussurrou.

“Nada demais”, Jiang Lei sussurrou de volta, “Fomos liberados…”

“Volte para a aula primeiro, vocês podem falar sobre tudo depois. Vocês não tem medo que o reitor ouça?”, disse Lao Yuan. “Eu vou encontrar vocês depois  se precisarmos de mais alguma coisa.”

“Seremos punidos?” Jiang Lei perguntou.

“Faz muitos anos desde que Fuzhong viu uma luta tão séria.” Lao Yuan olhou para ele. “Vocês todos devem se preparar para seus pais serem chamados.”

Saindo do prédio de escritórios, Huo Ran olhou para o escritório do reitor. O reitor era assustadoramente intimidador, e Liu Yu e os outros estavam com as cabeças abaixadas. Dois deles se agacharam no chão porque não havia cadeiras suficientes. A cena parecia familiar. Seria ainda mais familiar se eles segurassem suas cabeças com as mãos.

“Acho que a precipitação foi muito séria, mesmo que tivéssemos boas intenções.” Jiang Lei disse. “Provavelmente não podemos escapar da punição agora.”

“Quem tem medo disso?” Wei Chaoren, “Se formos punidos, então seremos punidos.”

“Não estou com medo…” disse Jiang Lei.

“Ele está apenas animado.” Xu Zhifan disse. “Tudo o que ele sonha é em ser ser punido.”

“Se não fosse pelo meu melhor irmão.” Jiang Lei levantou o polegar para ele, “Você me entende tão bem.”

“Kou Chen, você precisa vir se esconder na minha casa se seu pai descobrir? Eu sinto que ele vai vir para os dormitórios e te caçar para fazer salsichas.” Wei Chaoren olhou para Kou Chen.

“Está tudo bem.” Kou Chen disse. “Eu já fui punido assim antes, ele está acostumado.”

“Droga, por quê?” Huo Ran ficou um pouco surpreso, então ele deixou escapar: “Por bater em um professor*?”

*Essa história de bater em um professor será explicada em outros capítulos, não se preocupem

Kou Chen olhou para ele e levantou uma sobrancelha. Sua voz assumiu um tom exibicionista dentro da indiferença: “Isso não é nada.”

“Finja que eu não perguntei”, disse Huo Ran.

Ele não vai se esquecer de se gabar, mesmo em um momento como esse!

O problema nem foi resolvido depois de toda a tarde, mas Lao Yuan também não os chamou para mais nada. Isso significava que Li Jiaying e sua gangue não conseguiram inventar uma desculpa boa o suficiente.

Eles queriam visitar Humanas 3 para agradecer a Lu Huan, mas depois de conversar sobre isso, ficaram com medo de causar problemas.

“Um de vocês mande uma mensagem para ela”, disse Huo Ran. “Não podemos deixar de agradecer.”

Kou Chen pegou seu telefone. Ele encontrou Lu Huan no antigo grupo de bate-papo da classe e a adicionou: “Uma aluna modelo como ela provavelmente só checaria seu telefone depois da escola…”

Antes que ele pudesse terminar, seu telefone tocou. Lu Huan já havia aceitado sua solicitação de amizade.

“Afinal, não é esse  tipo de modelo, pelo que parece”, disse Jiang Lei.

“O que devo dizer?” Kou Chen olhou para a tela.

“Só… Obrigado?” Huo Ran pensou sobre isso, “E…”

Na metade da frase, Kou Chen já havia digitado as duas palavras e enviado.

-Obrigado

Huo Ran olhou para ele: “Simples assim?”

“Podemos levá-la para uma refeição?” Kou Chen perguntou. “Só que isso é estranho pra caramba.”

-Não tem problema, é a coisa certa a fazer

Lu Huan respondeu.

Huo Ran olhou para as mensagens estranhas e educadas. Ele não sabia mais o que dizer, então só conseguiu acenar: “Podemos falar com ela depois da escola.”

Durante a última aula, alguns deles não resistiram mais e correram até a sala do reitor, trazendo a notícia de que não estavam mais lá.

Lao Yuan aproximou-se deles enquanto se dirigiam para a cantina depois da escola: “Pessoal, chamem seus pais para uma conversa depois do intervalo.”

“Está resolvido?” Xu Chuan perguntou.

“Não é tão simples assim.” Disse Lao Yuan. “Não pensem muito nisso, mas vocês não podem recorrer a tal violência no futuro.”

“Nós sabemos…” Eles suspiraram.

No jantar, nem Li Jiaying nem He Hua apareceram no refeitório. Os Sete escolheram um assento na ponta, mas ainda estavam cercados por pessoas.

Huo Ran não estava realmente acostumado a ser cercado assim. Ele nunca se sentiu nervoso ao ver todo mundo aglomerado nas arquibancadas quando jogava basquete, então ele só podia tentar ignorar todo mundo.

“Kou Chen,” Wei Chaoren bebeu sua sopa, “E se Li Jiaying realmente tivesse batido em seu rosto?”

“Isso é impossível”, Kou Chen, “Ela dá um tapa como se estivesse em câmera lenta.”

“Só estou dizendo, e se!” Wei Chaoren disse, “Você retribuiria o golpe?”

“Bobagem, quem se importa se é um cara ou uma garota quando você leva um tapa na cara.” Kou Chen disse. “Em uma briga, há três tipos de pessoas. Homem, mulher e aqueles que batem na minha cara.”

Huo Ran riu e quase engasgou, virando-se para tossir.

Kou Chen deu-lhe alguns tapinhas nas costas: “Como você se tornou capitão do time de basquete se não consegue nem comer sem engasgar?”

“Vai se foder.” Seus tapas o fizeram tossir mais algumas vezes.

“Hoje é um dia memorável”, disse Jiang Lei do nada, “Embora tenhamos brigado hoje, foi por uma questão de justiça!”

Todos ficaram em silêncio por alguns segundos, antes de concordarem coletivamente com a cabeça.

“Lu Huan.” Wei Chaoren levantou-se de repente, acenando para a porta.

Todos se viraram, e Lu Huan se aproximou com um sorriso. “Vocês estão bem? Eles já disseram como vão lidar com isso?”

“Temos que chamar nossos pais depois do intervalo.” Xu Chuan disse. “Obrigado por hoje, também… Você não disse que algumas outras pessoas estavam dispostas a falar também? Quem eram elas, temos que agradecer a elas também.”

“Não é nada.” Lu Huan ficou um pouco envergonhado, “Eu não tive tempo de chamar ninguém naquela hora, são minhas colegas de quarto que sabem, então elas podem falar por vocês também. Eu vou contar a elas depois. Muitas pessoas sabem de qualquer forma, é que ninguém queria dizer nada.”

“Muito esperta”, disse Jiang Lei, “Você inventou isso na hora?”

“Eu estava preocupada que levaria muito tempo para reunir outras pessoas,” Lu Huan sorriu timidamente. “Além disso, eu também estava bem animada, então não estava pensando nisso. Minhas mãos estavam até tremendo quando bati na porta.”

Lu Huan olhou para trás. Havia algumas garotas guardando um lugar para ela e olhando. Ela deu alguns passos para longe antes de se virar: “Vou comer agora, todo mundo acha que vocês foram muito legais hoje!”

Jiang Lei se virou para eles enquanto se sentava, batendo suavemente na mesa: “Kou Chen, Kou Chen.”

“Vou adicionar você no chat do grupo, você pode adicioná-la você mesmo.” Kou Chen olhou para ele, pegando seu telefone.

“Você é tão compreensivo.” Jiang Lei esfregou as mãos.

–

Para que ele pudesse levar os novatos para acampar em paz, Huo Ran planejou contar aos pais sobre a briga no fim do intervalo. Ele não estava preocupado com o pai, mas se a mãe soubesse, ela provavelmente compraria um telefone via satélite para importuná-lo.

“Fique seguro”, disse sua mãe.

Em vez de brigar, sua mãe não se importava que ele fizesse trilhas e acampasse sozinho. Ela não tinha muito a dizer além de “fique seguro”.

O pai dele foi minucioso e perguntou sobre a rota, o destino, as paradas de descanso, os números de telefone de todos e depois examinou todo o equipamento.

“Com novatos, você deve encontrar um acampamento se puder.” Seu pai estudou o mapa. “Há um abandonado no riacho, e um na Colina Baimao, já estivemos aqui antes.”

“Mhm.” Huo Ran assentiu.

Ele já tinha estado lá antes. A maioria dos novatos não conhecia esse lugar, era um local de descanso para campistas veteranos. Nas duas vezes em que ele e o pai foram, encontraram outras pessoas. Isso fazia você se sentir bem aliviado ao ver outras pessoas lá no meio do nada.

Huo Ran saiu de casa às oito e foi de bicicleta até a casa de Kou Chen.

Eles passariam pela casa de Kou Chen no caminho, então Huo Ran disse para eles não irem buscá-lo, ele iria para a casa deles primeiro. Assim era mais fácil.

Ele preferia não fazer desvios. A jornada começava no momento em que ele saía pela porta. Cada passo era uma aventura, mesmo que fosse apenas no bairro, na cidade.

Kou Chen morava no melhor bairro do norte. Huo Ran não ficou chocado, já que ele era alguém que jogava punhados de dinheiro fora sem nem mesmo contar.

Na entrada, ele chamou Kou Chen. Nem um minuto depois, Kou Chen saiu correndo: “Você já tomou café da manhã?”

“Sim”, disse Huo Ran.

“Vamos lá,” Kou Chen olhou para sua bicicleta, “Você pode levar outra pessoa na sua bicicleta? Alguém pode ficar na roda traseira?”

“Você é muito pesado”, disse Huo Ran.

“Porra, eu não sou gordo.” Kou Chen disse. “Sai, deixa eu montar. Eu tenho que começar a economizar minha resistência.”

“…Você não acha que sua resistência está um pouco baixa?” Huo Ran desceu da bicicleta.

“Lutar é um trabalho cansativo.” Kou Chen montou e pedalou lentamente. “Não fale sobre a briga para minha família, eu ainda não contei a eles.”

“Mhm.” Huo Ran assentiu.

A imagem mental de Huo Ran do pai de Kou Chen era como um açougueiro. Já que Kou Chen sempre falava sobre como ele seria moído em carne de salsicha.

Mas ele não o viu hoje. Apenas sua mãe estava do lado de fora da garagem. Ela parecia muito com Kou Xiao, você poderia dizer que elas eram até irmãs.

“É o Ranran, certo?” perguntou a mãe de Kou Chen.

“Bom dia, senhora.” Huo Ran respondeu, tentando corrigi-la, “Eu sou Huo Ran.”

“Ranran,” Kou Xiao jogou sua bolsa no carro e gritou para ele, “Temos que estacionar em alguma vila e então caminhar até as montanhas, certo?”

“Sim.” Huo Ran suspirou.

“Ranran,” a mãe de Kou Chen pegou sua mão, “Quer entrar e sentar?”

“Está tudo bem, senhora.” Huo Ran disse, “Nós iremos assim que tudo estiver arrumado, é melhor sair cedo.”

“Entendo, então vou pegar algumas frutas para vocês levarem”, a mãe de Kou Chen deu um tapinha em sua mão e foi até o quintal.

“Ranran,” Kou Chen se aproximou, colocando um braço em volta dos ombros dele, “Você pode colocar sua bicicleta na garagem.”

“…Ok,” Huo Ran olhou para ele, “Do que você me chamou?”

“Ranran”, Kou Chen repetiu com altivez, mas ele puxou o braço para trás e perguntou: “Quer ver meu cachorro?”

“Sim”, Huo Ran respondeu imediatamente, com a atenção desviada do problema do que ele acabara de chamá-lo.

Kou Chen levou os dedos à boca e assobiou.

Um cachorro latiu, e logo depois um Alaskan pulou a cerca. Era um cachorro grande, e pulou sem cair.

“Este é seu Gege!” Kou Chen apontou para Huo Ran.

O cachorro abanou o rabo e latiu para Huo Ran.

“Ele é bem treinado”, disse Huo Ran, “Posso acariciá-lo?”

“Claro, esse cachorro é um idiota, ele deixa qualquer um acariciá-lo.” Kou Chen esfregou as orelhas do cachorro. “Deixe Gege acariciá-lo.”

“Qual é o nome dele?” Huo Ran estendeu a mão, deixando o cachorro cheirar sua mão primeiro.

“Kou Shuaishuai , nós o chamamos de Shuaishuai”, disse Kou Chen. “Bom nome, certo?”

“…Ah.” Huo Ran olhou para o… Kou Shuaishuai que apenas colocou sua cabeça perto de sua mão. Ele acariciou o topo de sua cabeça. Kou Chen até mesmo falou tal nome orgulhosamente, “Você é tão bom em nomear coisas.”

Kou Shuaishuai abaixou as orelhas alegremente.

Huo Ran não conseguiu evitar pegar a cabeça dele nas mãos e começar a esfregar. Kou Shuaishuai adorou a atenção, os olhos se estreitando em fendas, esfregando a perna.

“É um menino?” Huo Ran se ajoelhou e o abraçou, enterrando o rosto em seu pescoço.

“Mhm.” Kou Chen ajoelhou-se também, esmagando as patas do cão. “Ele não é fofo?”

“Fofo.” Huo Ran assentiu.

“Ele tem outro apelido”, disse Kou Chen. “É Fofinho.”

“Vai se foder!” Huo Ran sibilou.

Kou Chen não conseguia parar de rir.

A mãe de Kou Chen provavelmente tinha alguns equívocos sobre a viagem dessa vez. Além das frutas, ela tinha enfiado bastante comida no carro. Huo Ran até viu uma caixa de leite.

“Temos que manter tudo isso no carro”, disse Huo Ran enquanto eles dirigiam para fora do bairro. “Não podemos carregar tudo.”

“Está tudo bem, podemos deixar no carro. É assim que minha mãe é.” Kou Xiao disse. “Ela não tem noção de acampamento.”

“Você não é igual?” Kou Chen ainda era o mesmo de sempre. Ele se inclinou contra Huo Ran e pegou seu telefone. “Você teria trazido dez libras de maquiagem e cuidados com a pele se eu não tivesse te parado.”

“Eu nem trouxe protetor solar, ok?!” Kou Xiao estava infeliz.

“Estaremos nas montanhas a maior parte do tempo.” Lao Yang a confortou. “Não haverá muito sol.”

“Eu me bronzeio muito facilmente.” Kou Xiao disse. “Não levo nem metade do verão…”

“Aqui.” Kou Chen cutucou Huo Ran, colocando um pedaço de chocolate em sua mão.

Huo Ran desistiu temporariamente da ideia de empurrá-lo para longe, em vez disso, tirou o embrulho e colocou-o na boca.

“Olhe aqui”, Kou Chen estalou os dedos, “estou tirando uma foto”.

“O quê…” Huo Ran se virou, vendo que Kou Chen tinha seu telefone apontado para ele. Ele imediatamente levantou uma mão para bloqueá-lo, “O que você quer?”

“Temos que tirar uma foto para lembrar desse momento,” Kou Chen ajustou o ângulo, encaixando os dois no quadro. Ele cutucou o queixo, “Vire a cabeça um pouco.”

“Você é burro?” Huo Ran ficou um pouco sem palavras. Ele raramente tirava selfies quando saía.

Kou Chen não respondeu e tirou a foto.

“Deixe-me ver.” Huo Ran disse. Ele nunca tirava selfies, mas como a foto já estava tirada, ele tinha que verificar primeiro.

“Bonito.” Kou Chen mostrou seu telefone e começou a cantar, “Por que eu sou tão bonito…”

Huo Ran jogou o telefone de volta para ele: “Cale a boca.”

Kou Chen estava bem inquieto o caminho todo até lá. Num segundo ele estava sentado e no outro estava deitado. Huo Ran sentiu como se houvesse um cachorro ao lado dele se arrastando.

No destino, a inquietação de Kou Chen diminuiu um pouco quando ele avistou o caminho que levava à vila.

“Estamos seguindo esse caminho?” Ele perguntou.

“Mhm.” Huo Ran enviou sua localização para seu pai. “O carro não vai passar.”

“Há vilas nas quais você não pode dirigir?”, disse Kou Chen. “Eu pensei que todas as vilas tinham estradas?”

“Há outra estrada do outro lado, ela não nos levará para onde queremos.” Huo Ran pegou o mapa e apontou para ele. “Estamos bem aqui, a outra estrada é aqui.”

“Para onde estamos indo?”, perguntou Kou Chen.

“Por aqui, idealmente.” Huo Ran apontou para a vila onde ele queria ir para comprar seu frango.

“É bem longe”, Kou Chen olhou para ele, “Quantos dias levaria?”

“Na verdade, aqui.” Huo Ran não respondeu sua pergunta diretamente, apenas apontando para um ponto no meio.

Kou Chen estudou o mapa: “Então você não está se sacrificando bastante?”

“Está tudo bem”, disse Huo Ran. “Não é como se eu tivesse que te levar toda vez.”

“Sério?” Kou Chen perguntou.

“Sério.” Huo Ran assentiu.

Havia três caminhos para a montanha. Huo Ran escolheu o que era um pouco mais longo, mas tinha um ótimo cenário e era relativamente tranquilo em comparação, já que ele estava levando os novatos.

“Acho que esse caminho é muito bom”, Kou Xiao estava cheia de confiança, “Não é tão difícil”.

“Qual é o comprimento desse caminho?” Kou Chen sussurrou no ouvido de Huo Ran.

“Cerca de cinco quilômetros.” Huo Ran sussurrou de volta. “E então tem uma pequena trilha perto de um rio, eu sinto que é lá que sua irmã vai desistir.”

“Não diga isso”, Kou Chen riu, “Ela tem que durar a noite toda, pelo menos. Eu nunca dormi em uma barraca do lado de fora, só de pensar nisso é emocionante. Sinto que minha irmã também conseguiria.”

Huo Ran suspirou, pensando na barraca para duas pessoas em sua bolsa.

No final do caminho de terra, Huo Ran os levou até a trilha vizinha, um caminho de pedra descendo a colina.

Lao Yang e Kou Xiao caminhavam na frente, parecendo tão enérgicos como sempre.

“Para que serve esse caminho?” Kou Xiao perguntou. “Para deixar o gado sair?”

“Era um rio antes”, disse Huo Ran. “Agora secou… Tem um poço bem grande na frente, tome cuidado, vá pelo lado.”

Lao Yang foi primeiro e então estendeu a mão para Kou Xiao: “Aqui, tome cuidado.”

Huo Ran observou Kou Xiao descer rapidamente, muito melhor do que ele esperava.

Ele pulou das pedras na lateral e olhou para Kou Chen.

“Venha.” Kou Chen estava prestes a pular, mas ao vê-lo se virar, ele parou imediatamente.

“Venha o quê?” Huo Ran estava um pouco confuso.

“Venha me dar uma mão”, disse Kou Chen. “E se eu deslocar alguma coisa?”

“Vou colocar de volta para você.” Huo Ran disse. “Se você puder deslocar algo dessa altura, eu vou te carregar pelo resto do caminho.”

“Droga”, Kou Chen riu, “Isso vai me fazer querer me jogar no chão.”

“Então faça isso.” Embora Huo Ran tenha dito isso, ele ainda se apoiou na pilha de terra próxima. Dessa forma, ele poderia parar Kou Chen se ele realmente se jogasse no chão, já que ele era um caso mental imprevisível.

“Eu acho que,” ​​Kou Chen pulou para baixo e olhou para ele. “Quando você está jogando basquete, e agora, você é diferente de como você normalmente é.”

“Hum?”

“Você é bem legal. Se você fosse uma garota, eles estariam se apaixonando por você agora.” Kou Chen deu um tapinha na perna que ele tinha apoiado contra a pilha de terra e foi embora assobiando.