Capítulo 08 - Obrigado Por Me Avaliar, Eu Nem Fiz Nada
A brisa do mar realmente tirou um pouco do calor de Lu Kongyun. Se o chantagista tivesse parado ali, Lu Kongyun poderia até ter achado a vista bonita. O famoso ponto turístico fazia jus ao seu nome.
Mas o cara continuou olhando para ele, esfregando o segundo botão entre os dedos e o abriu também.
Lu Kongyun olhou para baixo.
“.”
Os dedos se moveram mais para baixo ao longo da borda da camisa, tocando o próximo botão.
Quando o chantagista começou a mexer naquele, Lu Kongyun segurou sua mão. “O que você está fazendo?”
“Você não está com calor?” O chantagista repetiu a frase e então apontou o queixo para os turistas na praia, a maioria deles vestindo apenas shorts.
Lu Kongyun olhou para eles por um momento. “Você me quer assim?”
“Mm.” O chantagista sorriu.
“Então publique o vídeo.” Disse Lu Kongyun.
O chantagista continuou sorrindo e olhou diretamente para ele. Depois de um momento, pegou o celular, digitou algumas vezes e o entregou. A tela mostrava a contagem regressiva.
“Você pode fazer isso você mesmo. Digite a senha que quiser e o upload será feito automaticamente. Vá em frente.”
“…..”
Lu Kongyun imaginou que o homem estava tão calmo por causa de sua ligação impulsiva de ontem.
Ele ainda tinha uma cópia do vídeo, não a versão completa, mas o suficiente para arruinar o plano de chantagem. Mesmo assim, ele pediu ao homem para o publicar, mas depois mudou de ideia, o que só confirmou sua fraqueza e tornou o outro ainda mais ousado.
Olhando para aquele rosto presunçoso e destemido, ele se sentiu inquieto novamente.
Lu Kongyun pegou o telefone e o jogou longe.
“Porra!” Xingou o chantagista. “Seu filho da puta…”
Ele se levantou para pegar o telefone.
Quando voltou, ainda resmungando palavrões, Lu Kongyun já havia se levantado e, num acesso de raiva, desabotoou a própria camisa rapidamente. Arrancou as mangas, e o chantagista apenas o encarou, com a garganta se movendo enquanto engolia o próximo insulto.
Lu Kongyun tirou a camisa, desabotoou o cinto e começou a abaixar as calças.
O chantagista correu e as levantou novamente, com uma expressão estranhamente envergonhada. “Você, o que está fazendo? O que está fazendo?”
Lu Kongyun olhou para o homem segurando sua faixa na cintura. “O quê? Você não me disse para tirar?”
O chantagista disse: “Eles estão usando shorts de praia. O que é isso aí embaixo?”
“Algumas pessoas usam sungas.”
“Shorts de banho não ficam transparentes na água.” O chantagista olhou para baixo. “Além disso, o seu é chamativo demais.”
“Achei que era isso que você queria.” Disse Lu Kongyun.
“…Posso não ser uma boa pessoa, mas sua lógica não faz sentido.” Disse o chantagista. “Não é como se eu já tivesse visto isso antes, como eu saberia que chamaria tanto a atenção? Cheguei a pensar que, já que você ‘é incapaz’, talvez fosse uma… pimenta pequena.”
“Eu não sou incapaz.” Disse Lu Kongyun. “Pela sua lógica, você não tentou, então como sabe que eu não sou capaz?”
“…..” O chantagista, pela primeira vez, ficou sem palavras.
“Você não tentou.” Um Alfa dizer isso a um Ômega era um assédio de baixo nível. Mas Lu Kongyun não sentia necessidade de se desculpar com alguém que constantemente o tentava humilhar, insultá-lo, mencionar sua família a cada palavra, mas ainda assim agia como se o nome Lu não significasse nada.
O chantagista apontou com o queixo para uma loja de praia próxima e ordenou: “Vá comprar um short de praia. Pare de ofuscar a natureza.”
Lu Kongyun afivelou o cinto e o seguiu até a loja.
A vitrine estava repleta de brinquedos infláveis e boias de natação. Lá dentro, havia fileiras de trajes de banho, camisetas e shorts. Assim que entraram, as pessoas olharam para o Alfa.
O chantagista bateu o braço com orgulho. “Viu? Você é popular.”
Lu Kongyun olhou para sua roupa: calças formais e peito nu.
Os shorts de praia eram todos coloridos, quase iguais. O chantagista pegou um aleatoriamente e entregou. “Vá vestir isso.”
Ao lado do barracão havia pequenos vestiários ao ar livre. Lu Kongyun pegou os shorts e caminhou até eles.
Depois de um tempo, sua cabeça apareceu de uma das baias. “Venha aqui.” Então ele voltou e fechou a cortina.
Lá fora, a vendedora dizia a Yu Xiaowen: “Senhor, estas barracas são ao ar livre, não muito reservadas. Por favor, seja cuidadoso com seu parceiro e evite demonstrações excessivas de afeto.”
Seu tom era rotineiro, como se ela já tivesse dito isso mil vezes.
O chantagista riu, visivelmente entretido. “Você é adorável, fala tão bem! Dê-me dois picolés.”
Logo ele levantou a cortina um pouco e entrou, segurando dois picolés em embalagens plásticas.
O espaço era apertado, mal cabiam dois homens. Eles estavam próximos, um de frente para o outro, e sua voz era mais baixa, um pouco rouca.
“O que é?”
O chantagista olhou para ele. Seus cílios tremiam como borboletas.
“Ômegas também flertam com garotas?” Lu Kongyun disse categoricamente.
O chantagista fez uma pausa e então ergueu os olhos novamente. As asas de borboleta se acomodaram. “Ah? Isso não é raro. Alfas machos também podem se interessar por Alfas machos.”
Ele disse isso com sarcasmo provocador, o significado era óbvio.
A maneira como ele pronunciou as palavras ‘se interessar’ ficou presa entre seus dentes, fazendo a irritação de Lu Kongyun aumentar.
Ele não deveria ter falado com ele.
“É muito feio.” Lu Kongyun apontou para seu short de praia e foi direto ao ponto.
O chantagista inclinou a cabeça para o examinar. A mancha vermelha ainda estava na nuca.
O chantagista ergueu a cabeça. “Não é nada feio. Todo mundo usa.”
“Este padrão parece uma lagarta venenosa.” Lu Kongyun desviou o olhar. “Não vou usar isso lá fora.”
“Ah, então não saia.”
O chantagista se virou para sair, levantando a cortina, mas Lu Kongyun agarrou seu pulso. Ele não tinha decidido o que dizer, então apenas esperou um momento antes de o soltar.
Esqueça.
Decidiu não desperdiçar mais palavras com ele. Pegou suas roupas e se preparou para sair.
O chantagista apertou os lábios e saiu. Logo, um braço se estendeu de volta, segurando um short de cor mais opaca. “Não sobrou mais nenhum. Troque para isso.”
Este par estava coberto de coqueiros e ondas do mar, uma mistura perfeita de tontura e frescor.
Nesse momento, Lu Kongyun não teve mais do que reclamar. Pegou o short, guardou-o e trocou de roupa.
Quando ele saiu vestindo o short estampado com ondas, carregando suas roupas, o chantagista havia sumido. Ele olhou ao redor, mas não encontrou Yu Xiaowen em lugar nenhum. A vendedora, roendo sementes de girassol, disse: “Seu parceiro fugiu.”
Lu Kongyun congelou por três segundos.
“…Fugiu?”
“Havia um cara na estrada que roubou a bolsa de uma senhora e ele correu atrás.” Disse ela, apontando.
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Yu Xiaowen não conseguia mais correr muito e logo sua visão ficou escura.
Ele queria parar e desistir, mas seu orgulho não o permitia falhar, nem mesmo um ladrãozinho de bolsas. Ele avançou instintivamente. Viu o homem diminuir a velocidade, até tropeçar, e então entrou em um pequeno beco. O beco estava cheio de obstáculos, o que dificultaria sua velocidade de corrida, e ele conhecia muito bem o beco que o atravessava. Então, reuniu forças e correu para dentro do beco.
Ele viu o homem entrar em uma passagem estreita entre dois prédios.
Ele pensou por um momento e então correu para o outro lado.
Depois de meia volta, ele se escondeu perto de um banheiro público. Logo, ouviu passos cambaleantes se aproximando. O som se aproximou. Assim que o alcançou, Yu Xiaowen saltou, derrubando o homem no chão.
“Ah!”
O homem gritou. A mochila vermelha de grife voou de suas mãos, e os dois se debateram no chão.
Yu Xiaowen preventivamente imobilizou o homem: “Não se mova!”
Mas ele havia esgotado todas as suas forças correndo. Depois de uma breve briga, começou a perder força. Eles rolaram, e o ladrão acabou por cima, agarrando-se à garganta.
A adrenalina do ladrão era tão intensa que ele atacou sem piedade: “Por que você me perseguiu? Só por uma bolsa! Só por uma maldita bolsa! Você me perseguiu até aqui! Seu idiota!”
…Até um ladrão estava batendo nele agora.
Ele pensou brevemente que talvez morrer em serviço fosse melhor do que definhar doente na cama.
Sua cabeça latejava, sua mente turva e o mundo ficava vermelho. Sua mão roçou em um pedaço de pau. Se ele o enfiasse no olho direito do sujeito, ele estaria livre.
Mas matar não valia a pena.
…Talvez o nariz.
Ele ajustou o aperto.
Nesse momento, ouviu-se um som abafado, e o corpo do ladrão enrijeceu e caiu para o lado.
Yu Xiaowen esticou o corpo, com os membros exaustos, respirou fundo algumas vezes e levantou a mão para enxugar os olhos embaçados. Depois de um tempo, quando sua visão retornou, viu sua vítima parada à sua frente, de bermuda de praia, segurando um coco como arma do crime com as duas mãos, olhando para ele.
O homem tinha um saco plástico no braço, dentro dele estavam suas roupas velhas e outro coco.
Lu Kongyun tomou alguns goles do que segurava até que o canudo fez um ‘slurping’ oco. Então, ele jogou a casca vazia em uma lixeira próxima.
Seu tom permaneceu calmo e frio. “Ômegas não são adequados para o trabalho policial.”
“…..”
Yu Xiaowen não gostou de ouvir isso. Se Lu Kongyun o tivesse conhecido um ano antes, ele não teria dito tal bobagem.
Ele se deitou no chão por um tempo para relaxar e, então, levantou-se lentamente. Puxou duas cordas de plástico da pilha de trapos amarradas ali perto, agachou-se e amarrou as mãos e os pés do ladrão.
Ele observou o ladrão e perguntou a Lu Kongyun: “Quanta força você usou agora? Ele está bem?”
“Desliguei o interruptor de consciência do sistema nervoso central dele. Ele ficará inconsciente por cerca de quinze minutos.” Disse Lu Kongyun.
Yu Xiaowen riu, bateu palmas, levantou-se e se encostou na parede.
“Como esperado, você é meu Doutor Lu favorito.” Ele estava cansado e com preguiça de abrir a boca, então sua pronúncia soou um pouco frívola.
Lu Kongyun: “Você deveria dizer obrigado.”
Eles não estavam mais na praia, e ficar ali de bermuda de praia era estranho. Lu Kongyun tirou a camisa da bolsa e a vestiu, desfazendo os vincos.
Yu Xiaowen se aproximou e alisou as rugas de suas costas com as duas mãos.
“Obrigado.”
Os movimentos do homem pararam. Ele se virou ligeiramente, mas não disse nada.
Yu Xiaowen deu a volta e abotoou a camisa para ele. Olhou para ele. Aqueles olhos belos estavam calmos, imóveis e profundos como água.
Isso só fez Yu Xiaowen abusar da sorte, fechando os botões lentamente.
Lu Kongyun devia ter corrido muito rápido agora. Seu corpo estava um pouco úmido, misturado ao leve cheiro de seus feromônios.
Comparado com aquela liberação maluca no carro… isso cheirava mais como o que ele lembrava.