Capítulo 62 - É Aqui Que Termina

Quanto mais perto ele chegava, mais claras as ‘vozes’ se tornavam.

“Você é gentil, amável e lindo…”

Ele ficou na entrada da sala de estar.

“Você é o melhor.”

Antes que as palavras se apagassem, um relâmpago iluminou a janela. Estava perto, e o trovão que cortava o céu era igualmente ensurdecedor. Sua luz branca, instantânea e ofuscante, iluminou uma figura escura parada bem no centro da sala. A figura estava vestida de preto, mas seu rosto era pálido como papel.

Contra o fundo sombrio e úmido, assemelhava-se tanto ao ceifador da morte brandindo o destino quanto a um fantasma afogado.

Yu Xiaowen sentiu um arrepio percorrer seu couro cabeludo até a sola dos pés. Seu primeiro instinto foi tatear freneticamente a parede até encontrar o interruptor. Com um movimento rápido, acendeu a luz. A figura escura ficou instantaneamente exposta à claridade.

…Era ele.

A figura era negra porque Lu Kongyun usava sua capa de chuva impermeável, preta como breu. Ele estava sentado em uma cadeira de madeira no centro da sala de estar, com a água da chuva formando uma grande poça a seus pés. Ela escorria por suas botas militares, espalhando-se para fora. Mesmo assim, ele permanecia sentado ali, de capa de chuva, aparentemente alheio ao frio cortante e ao desconforto, ou talvez simplesmente indiferente.

Seus pulsos estavam frouxos, revelando vagamente duas pulseiras médicas brancas por baixo.

Lu Kongyun levantou a cabeça, seus olhos se estreitando sob a sombra do capuz de sua capa de chuva enquanto a luz repentina o fazia semicerrar os olhos.

Os dois olharam fixamente enquanto as ‘vozes’ continuavam.

“…Você tem meu WeChat. Não vai perder o contato comigo.” A voz calma e inquisitiva de Lu Kongyun vinha do celular em sua mão.

“Nós nos encontraremos novamente em breve.” Disse Lu Kongyun, olhando para ele pessoalmente.

Então, a voz de Yu Xiaowen na gravação proferiu outra bobagem vergonhosa: “… Devo ajudar você? De qualquer forma, você vai esquecer quando acordar. Podemos fingir que nunca aconteceu.”

Na verdade, Lu Kongyun ouviu isso e começou a rir sem motivo aparente.

Yu Xiaowen ficou atordoado. Ele conhecia aquela cena… porque havia passado tanto tempo ruminando os detalhes de suas interações com sua paixão, e aquela noite era, sem dúvida, a mais crucial. Mas como ele não se lembrava daquela gravação? Como algo assim poderia existir?! Quem gravou isso?! Lu Kongyun gravou naquela época? Será que ele estava…

Não.

Uma imagem repentina passou pela mente de Yu Xiaowen.

“Você não tem medo que eu registre provas de que você agrediu um policial?”

Era ele mesmo.

Então, Yu Xiaowen rolou na cama com a vítima, até ambos ficarem exaustos. Em seguida, começou a limpar a ‘cena do crime’, tendo se esquecido completamente da gravação.

Mais tarde, ele adormeceu enquanto carregava o celular, que havia desligado automaticamente… no sofá da sala. Seu corpo estava exausto pela doença e exaustão, e ele dormia tão profundamente que não se importava com mais nada.

Depois que os pedaços perdidos de sua memória foram recuperados, ele ficou chocado com essa evidência incriminadora.

Diante dele, Lu Kongyun repetiu a voz de ‘Yu Xiaowen’ da gravação: “Posso ajudar você a controlar seu calor.”

Após uma pausa, ele continuou em sincronia com a gravação: “Só ajudando.”

Yu Xiaowen ouviu o ceifador sinistro ecoar assustadoramente suas próprias palavras gravadas, com os cabelos em pé.

A voz na gravação parou por um instante. Yu Xiaowen se lembrou de que aquele era o momento em que a outra parte o rejeitava silenciosamente.

A gravação foi interrompida por um silêncio arbitrariamente longo, que pareceu interminável naquela atmosfera opressiva. Yu Xiaowen estava pensando se deveria ou não agir quando Lu Kongyun falou de repente, sua voz se sobrepondo à sua na gravação: “Você não disse que o soro da verdade aumenta a obediência? Por que diabos você está sendo tão teimoso?”

A voz gravada e a voz ao vivo soaram simultaneamente, sem um microssegundo de dessincronia. O palavrão saiu um pouco mais rápido, no ritmo característico de um oficial que costuma xingar como Yu Xiaowen, usado como interjeição, mas também terminou precisamente no mesmo momento. Assim, ambas as vozes começaram e terminaram em perfeito uníssono.

Yu Xiaowen respirou fundo, sentindo o braço dormente. Antes que pudesse dizer qualquer coisa, a voz de Lu Kongyun ecoou em perfeita sincronia: “Mas e se for uma ordem? Você quer?”

O áudio parou novamente. Após um farfalhar, as duas vozes retomaram a sincronização precisa: “Você não quer voltar ao normal? Veja como você é tolo agora, sua personalidade distante desmoronou completamente. Você tem uma cebolinha enfiada no nariz e ainda está se drogando…”

A cena era sinistra. Na casa sombria no fundo da montanha, durante um aguaceiro, Lu Kongyun, como o Ceifador, repetia suas próprias palavras de dois anos atrás com uma precisão de IA. Por mais ousado que Yu Xiaowen fosse, seus dentes batiam incontrolavelmente. Sua voz se contraiu e elevou-se: “Lu…”

O outro homem interrompeu a recitação. Ele olhou para ele.

“Shh, não fale.”

Sua voz era suave, mas carregava um peso opressivo.

O pálido ceifador se levantou, avançando passo a passo em direção a Yu Xiaowen antes de baixar o olhar para o encarar.

Yu Xiaowen instintivamente apertou os lábios.

Yu Xiaowen tinha tanta coisa para dizer. Queria principalmente explicar que, desta vez, ele realmente não havia fugido por conta própria, nem pretendia arrastar Lu Kongyun para aquela confusão. Ele também queria perguntar a Lu Kongyun como ele havia adquirido aquela coisa e por que ele…

“A partir deste momento, proíbo você de falar. Não minta.” Disse a pessoa à sua frente.

Diante daquela pessoa adorável que sempre amou, Yu Xiaowen sentiu de repente uma frieza de gelar os ossos. Obedecendo a uma ordem, calou-se e endireitou as costas.

Embora Yu Xiaowen não se arrependesse de sua carreira como detetive, ele realmente não havia tratado Lu Kongyun bem. Ele o havia enganado muitas vezes. Essa era a verdade.

A chuva lá fora parecia estar ficando mais forte, acompanhada pelo ocasional estrondo distante de um trovão, surdo e lento para surgir.

A gravação continuou, e já havia começado a entrar na parte real, na parte indizível.

Yu Xiaowen sentiu uma pontada nas costas. Ele estendeu a mão para pegar o telefone da mão do interlocutor. Mas o interlocutor levantou o braço, desviando do seu aperto.

Então, ele se aproximou dele e repetiu lentamente: “Yu Xiaowen. A partir deste momento, você obedecerá às minhas ordens. Se eu não permitir, você não falará.”

Yu Xiaowen tentou recuar. Mas seu corpo, devastado pelo calor, não estava inteiramente sob seu controle racional. Ele ergueu os olhos, fitando o rosto do outro com um olhar atordoado.

“…Hum?”

Lu Kongyun: “Às vezes sou tão fácil de enganar?”

…Essas foram as mesmas palavras que Yu Xiaowen tinha acabado de dizer para Dai Jingxi no carro!

Yu Xiaowen imediatamente começou a revistar o próprio corpo, tentando localizar o dispositivo de rastreamento. Ele imediatamente esqueceu a ordem para permanecer em silêncio: “Lu Kongyun, você plantou isso em mim enquanto me masturbava no carro? Eu sabia que havia um motivo para você ficar tão…”

Lu Kongyun: “Tem certeza de que fui eu? Talvez algumas pessoas simplesmente não sejam tão confiáveis.”

A mão de Yu Xiaowen congelou. Seus olhos se arregalaram de choque.

Lu Kongyun observou calmamente sua expressão. Então ele disse: “Você desobedeceu ordens.”

Lu Kongyun levantou o braço e removeu suas próprias pulseiras. No momento em que ambas as pulseiras foram retiradas e apertadas em sua mão, Yu Xiaowen sentiu instantaneamente a onda avassaladora de feromônios de um Alfa classe S o inundar.

…Isso foi diferente de todas as vezes que Lu Kongyun havia liberado isso para ele antes.

Não era o gosto da felicidade, mas sim como se o limite superior de um motor tivesse saído do controle, sobrecarregando loucamente, oscilando à beira da explosão.

O que havia de errado com Lu Kongyun?

Sua mente vacilou. Motivado pelo instinto primitivo de um Ômega de fugir de sua presa, ele se virou para correr.

A pessoa atrás dele disse: “Você não disse que só gostava de mim por causa dos meus feromônios? Que sentir o cheiro deles fez você sentir como se estivesse indo para o céu? Pois é. Não quer mais?”

“Não, não é… Eu disse isso porque…” Yu Xiaowen sentiu suas palavras ficarem confusas, sua fala arrastada.

Ele teve uma premonição de que hoje poderia ser o dia em que ele morreria aqui.

“Você desobedeceu ordens novamente.”

Yu Xiaowen sentiu de repente um aperto no pescoço. Estendeu a mão para tocar e descobriu que era uma correia – ou talvez uma coleira. Não conseguia ver, mas sentiu a outra pessoa prender um fecho em sua nuca. Então, a voz de Lu Kongyun ecoou em seu ouvido novamente: “Eu sei. Você só disse essas coisas para proteger a segurança de Ye Yisan, usando-me como isca. Na verdade, você não gosta de mim. Para você, sou apenas um Alfa viciado em trabalho, um tolo fácil de enganar.”

“…” Besteira!

Yu Xiaowen cerrou os dentes. Sentiu a coleira sendo ativada.

Pulsos de baixa corrente perfuravam sua nuca como dentes de cachorro, aumentando repetidamente a sensibilidade de seu corpo já excitado. Era aterrorizante… Todos os sentidos haviam sido amplificados a ponto de ele quase conseguir tocar, até mesmo ouvir e ver os feromônios no ar se solidificando em entidades tangíveis que o espremiam, envolviam e devastavam.

Ele não tinha certeza de qual seria a punição para uma terceira violação, nem se ela aumentaria ainda mais. Por enquanto, só lhe restava permanecer em silêncio, curvando o corpo e encarando Lu Kongyun com os olhos turvos e cheios de raiva.

Você está mentindo!

As vozes entrelaçadas na gravação, subindo e descendo, tornaram-se meros ruídos de fundo para o confronto, aparentemente ignoradas por todos.

Agora, no breve e silencioso impasse, os gemidos ofegantes de Yu Xiaowen podiam ser ouvidos novamente: “Querido, eu… eu realmente gosto muito de você. Beije-me de novo…”

A gravação terminou abruptamente neste ponto.

Depois de um momento, Lu Kongyun disse: “Então todas as confissões nesta gravação são falsas?”

“Querer ir para a Jiangcheng com a pessoa que você ‘mais ama’ era falso?”

“Você estava morrendo, então criou coragem para vir até mim, querendo apenas passar seus últimos momentos com quem você mais ama. Isso tudo é mentira?”

Cada pausa ficou sem resposta. Apenas a tempestade lá fora preenchia o silêncio.

Yu Xiaowen: “…”

As intensas flutuações emocionais pareciam aprofundar o domínio da faixa sobre ele. Seu corpo básico e animalesco foi estimulado além do controle, e nem mesmo sua alma, normalmente resiliente, conseguiu o sustentar. Ele caiu no chão, tremendo por inteiro. Sua mente estava em branco, incapaz de pensar, de argumentar ou responder. Ele só conseguia se contorcer como um verme, exalando um odor repulsivo de cio.

Os dedos de Yu Xiaowen puxaram inutilmente a coleira em volta do seu pescoço.

Lu Kongyun se agachou, observando-o.

“Esta faixa de pescoço é um auxílio para restaurar meus sentidos após a terapia de privação sensorial no hospital. Sem ela, não sinto quase nada após o tratamento. Por segurança, ela desliga por trinta segundos, aproximadamente a cada cinco minutos. Durante esses trinta segundos, minhas percepções aguçadas desaparecem abruptamente, parecendo a morte. Mas a verdadeira agonia vem cada vez que volto à vida…”

Ele fez uma pausa aqui, deixando a frase inacabada.

Yu Xiaowen: “…”

“Fiz esse tratamento continuamente por meio ano, então tive que a usar por várias horas todos os dias.” Lu Kongyun mudou de assunto. “Meu médico disse que, se eu não conseguir controlar as vantagens extraordinárias que a natureza me concedeu, terei que arcar com o dobro das consequências. É como uma pessoa inútil que inexplicavelmente ascende ao auge do poder; quando as variáveis atingirem, sua queda será muito mais miserável do que a de uma pessoa comum.”

“…Por que você ficou tão gravemente doente?” Yu Xiaowen soltou a mão que puxava sua gola e estendeu a mão para agarrar os dedos da outra pessoa. “Por que você está tão gravemente doente?”

Lu Kongyun: “Eu sempre tentei muito ser humano, mas no final, eu me tornei um cão farejador de feromônios.”

Yu Xiaowen roçou os dedos do outro. Onde as pontas dos dedos se tocaram, sentiu uma frieza pungente, como se estivesse mergulhando em uma piscina gelada. Talvez por seus sentidos estarem aguçados, esse frio percorreu as pontas dos dedos direto para o coração, perfurando-o de dor repentina. “Você deveria estar perfeitamente bem, deveria viver a vida mais feliz possível. Como pôde ter ficado tão gravemente doente???”

Lu Kongyun retirou o dedo. Depois de um momento, disse: “Usei por meio ano. Um dia é o suficiente para você.”

“Podemos considerar como estando quites.” Murmurou ele suavemente. Depois, olhou para a hora no celular e acrescentou: “Chegará em breve.”

A sensibilidade elevada de Yu Xiaowen desapareceu de repente.

O som da chuva, o ruído de fundo, tudo desapareceu. Seu corpo incontrolável não era mais um fardo, e a escuridão envolveu sua visão. Apenas seu espírito permaneceu vivo, existindo em um vácuo sem ar. Liberto dos sentidos, não conhecia limites, tornando-se hiperativo; nem o tempo nem o espaço o podiam deter.

Ele retornou ao dia em que perdeu seus entes queridos, ao dia em que soube de sua doença, àquela noite chuvosa em que encontrou seu fim, e até mesmo a certos sonhos surreais. Seus pensamentos e imaginação explodiram como um universo denso comprimido em uma singularidade dentro de sua mente, deixando-o louco. Trinta segundos… Lu Kongyun lhe dissera. Ele silenciosamente contou os segundos.

Durante o tratamento, essa sensação também seria medida em segundos? Yu Xiaowen não sabia. Ele não tinha ideia.

A morte, como tema, é algo que não se sente. É uma partida tranquila, todos sabem disso.

Mas a morte pode se colocar primeiro diante de você. Como fez com Yu Xiaowen há dois anos, que esperou dolorosamente pela morte. Ou atrás de você, como acontece com todo sobrevivente que já enfrentou a quase morte. Ou ao seu lado… Aqueles que você mais estimava, aqueles a quem você mais devia, aqueles que você considerava seu credo, um dia retornam ao pó e à terra. Essas raízes vivas, plantadas em seu coração em algum momento conhecido ou desconhecido, são cortadas e arrancadas, para nunca mais se encontrarem.

O verdadeiro horror da morte está na sua presença ao seu redor.

Se você chegou perto da ‘morte’, pode compreender o conceito de ‘viver’ com mais clareza e, assim, sentir mais profundamente que se trata de uma despedida e extinção que jamais se reencontrarão. Isso o força a se apegar ao significado da vida em meio ao medo.

…Ou desespero.

“E a parte mais dolorosa é cada vez que volto à vida”……

Toda vez, toda vez, repetidamente.

Cada vez que você ‘volta à vida’, quem você vê?

Quando Yu Xiaowen recuperou a consciência, ele se ouviu gritando repetidamente o nome de Lu Kongyun com uma voz estridente, suas mãos agarrando suas roupas com força.

O olhar de Lu Kongyun em sua direção continha emoções profundas e conflitantes. Após um longo e prolongado suspiro, ele cedeu.

Então, uma mão fria tocou rapidamente sua nuca em chamas, e a constrição ao redor do pescoço de Yu Xiaowen desapareceu.

A voz da outra pessoa estava rouca e fraca: “Esqueça. Vamos parar por aqui.”

Enquanto a mão gelada tentava se afastar, ele continuava se esfregando nela. Quando Lu Kongyun se levantou, ele também se levantou. Lu Kongyun devia estar falando sério quando disse que tudo havia acabado. Mas este chantagista, agora enfrentando a retribuição, pressentiu que algo estava errado. Nem tinha começado, como poderia ter acabado? Ele sentiu seu corpo queimar. Um Ômega quebrado e inferior, como se determinado a consumir até a última gota de seu combustível minguante, inflamou-se sem controle. Ele começou a se despir.

Os olhos de Lu Kongyun se arregalaram ligeiramente enquanto o observava por um instante. Ele estendeu a mão para tocar sua bochecha e testa, elevando ligeiramente a voz. “Como se sente?”

Yu Xiaowen: “Você quer que eu desobedeça ordens de novo. Não vou cair nessa. Não direi uma palavra.”

“…” Após um momento de silêncio, Lu Kongyun de repente segurou o rosto e chamou seu nome: “Yu Xiaowen!”

Yu Xiaowen congelou, olhando para ele.

Os olhares deles se encontraram.

Yu Xiaowen: “Você está me enrolando, não é? Você liberou feromônio em mim, você me estimulou com ferramentas e depois disse que era só isso. Você é médico, sabe de tudo. Quer dormir comigo.”

Os lábios da outra pessoa se abriram ligeiramente antes de se fecharem novamente. Sua expressão endureceu em indiferença enquanto ele tentava afastar a mão.

Yu Xiaowen agarrou aquela mão gelada e a pressionou contra sua bochecha em chamas.

“…” Lu Kongyun fez uma pausa antes de dizer: “Não, eu não quero.”

Yu Xiaowen roçou os lábios na palma da mão do outro, que imediatamente se apertou. Ele enterrou o nariz novamente no pulso desprotegido, escondido sob a manga. Seu nariz tocou a parte interna do pulso de Lu Kongyun, onde um suave aroma de feromônio pairava, diferente do que pairava no ar. Então, ele lentamente deslizou o nariz pelo pulso, para dentro da manga, respirando fundo, cativado.

Ele murmurou roucamente, com o hálito quente abafado: “Isso significa que você gosta de mim.”

Yu Xiaowen estava condenado. Provavelmente havia dito bobagens que, em sã consciência, teria se contido para não pensar ou dizer. Ele não estava lúcido agora, mas tudo o que queria era abraçar a outra pessoa sem barreiras. Então, descobriu-se que o Dr. Lu também podia ficar doente e precisava de conforto.

O Dr. Lu, vitimado mais uma vez, tensionou os músculos do braço e tentou se soltar. Mas sua mão estava fracamente agarrada, arrastando-o consigo. Lu Kongyun cambaleou para trás, batendo na mesa atrás dele.

Ele apoiou o corpo de Yu Xiaowen com a outra mão.

Mesmo agora, embora magro, anos de trabalho físico e treinamento haviam deixado o peito de Yu Xiaowen mais firme e resistente do que o da maioria dos Ômegas. Sua pele macia, úmida e escorregadia pelo calor, transformava o simples ato de apoio em uma carícia brutal. Lu Kongyun sentia Yu Xiaowen tremer e saltar como um choque elétrico onde quer que o tocasse.

Ele sabia que devia ter tocado naquele ponto da gravação. Mas parecia a primeira vez.

Lu Kongyun soltou a mão que estava apoiando e imediatamente pegou com urgência a pulseira que havia colocado sobre a mesa.

Mas Yu Xiaowen o abraçou.

Yu Xiaowen o segurou frouxamente, seus dedos deslizando levemente sobre suas costas em um gesto reconfortante.

Tudo ficará bem, ele pensou.

“Deixe-me colocar a pulseira.” Disse Lu Kongyun.

Seu tom era urgente e tenso, seus olhos escuros como o céu escurecendo gradualmente sob nuvens de tempestade em um vento forte. No entanto, Yu Xiaowen, há muito tempo exposto a altas concentrações de feromônios, permaneceu alheio.