Capítulo 9 – O Coração de um Cavalheiro é Como o Ferro
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Lin Shu fechou os olhos para meditar, conforme o homem de azul havia instruído.
Mas, de repente, ouviu-o dizer:
— Companheiro cultivador, você está aqui para prestar o exame do Santuário Imortal do Dao?
— Sim — respondeu Lin Shu.
No entanto, de súbito, lembrou-se de que esse sistema de exame o havia chamado de “companheiro cultivador” desde o início. Será que isso significa que ele tem alguma capacidade própria de discernimento?
— Sendo assim — o homem de azul pigarreou —, a primeira parte do primeiro teste: o fluxo do mecanismo de Qi através da Grande Circulação Celestial. Por favor, execute.
Lin Shu podia sentir que os meridianos e pontos de acupuntura em seu corpo estavam realmente desobstruídos, algo diferente de seu corpo real.
A Grande e a Pequena Circulações Celestiais eram os fundamentos para tornar-se um Daoísta com Qi. Todos podiam realizar a Pequena Circulação Celestial, mas a Grande Circulação era um pouco mais complicada — e nela, a prática leva à perfeição. Expirar, reunir o Qi no abdômen inferior, mergulhá-lo no Mar de Qi, descer até Yongyuan, inspirar novamente, seguir pela Meridiano Governador até as Três Passagens, alcançar Baihui no topo da cabeça e finalizar na ponta da língua, circulando por todo o trajeto. Há uma diferença sutil no caminho específico em cada tipo de Neigong (cultivo interno), mas todas com o mesmo objetivo — ativar os Oito Meridianos Extraordinários, os 720 grandes meridianos, fazendo com que o Mecanismo de Qi flua em um ciclo contínuo. A cada realização da Grande Circulação Celestial, o Mecanismo de Qi em seu corpo se aprofunda — este é o chamado “cultivo”, acumulado com o uso prolongado da Circulação Celestial.
Depois que Lin Shu foi levado para casa por seu Mestre, começou a aprender os pontos de acupuntura, bem como a Grande e Pequena Circulações Celestiais. Por isso, essa parte transcorreu sem dificuldades.
O homem de azul bateu palmas, admirado:
— Isso é fruto da base que você construiu desde a infância. Admiro isso. Agora, para a segunda parte do primeiro teste, por favor, ouça atentamente.
Ele ouviu o homem recitar suavemente:
“Zhong Chong, um ganso selvagem solitário rompendo os céus,
Lao Gong, atravessando a solidão diversas vezes,
De Da Ling até Jian Shi,
Qu Ze, Tian Chi, sem se vangloriar.”
O significado desse poema era que o Mecanismo de Qi devia circular do ponto de acupuntura da mão, Zhongchong, até o ponto no peito, Tianchi. No meio do caminho, era necessário passar por quatro grandes pontos de acupuntura — Laogong, Daling, Jianshi e Quze. A trajetória devia seguir as normas, sem desvios ou complicações. Lin Shu seguiu as instruções como lhe foi pedido, embora não pudesse evitar de se perguntar se os dois irmãos, Li Jimao e Li Yamao, que mal reconheciam alguns caracteres, seriam capazes de compreender esse tipo de poesia.
Após completar o processo, o sistema recitou o próximo poema cinco vezes seguidas. Com isso, ele foi considerado aprovado nessa parte.
A voz do sistema carregava um leve tom sorridente:
— Primeira parte do terceiro teste. As águas pesadas da montanha retornam sem caminho,
os salgueiros fazem sombra e as flores trazem luz.
O companheiro daoísta não abre os olhos de maneira alguma — execute primeiro a Grande Circulação Celestial.
Lin Shu fez conforme as instruções e sentiu alguém pressionando certos pontos em suas costas, selando alguns de seus pontos de acupuntura: Jian Jing e Zhang Men.
Como cultivador imortal, se houvesse qualquer problema com talento, ferimento, veneno ou erro na prática de cultivo, isso afetaria facilmente os meridianos e pontos de acupuntura, interrompendo o funcionamento da Grande Circulação Celestial. Nesses casos, era necessário usar o próprio Mecanismo de Qi para romper os bloqueios nos pontos de acupuntura, expandir os meridianos ou desviar por outros caminhos. Tudo dependia do controle que se tinha sobre o próprio Qi.
Lin Shu guiou o Mecanismo de Qi dentro de seu corpo para forçar a passagem pelos bloqueios em Jian Jing, contornando Zhang Men, até alcançar Tian Zong, conseguindo completar com dificuldade um ciclo da Grande Circulação Celestial. Depois, foi reunindo Qi lentamente com a ajuda do ciclo, até que, gradualmente, rompeu o bloqueio em Feng Men. Quando Jian Jing e Feng Men se abriram, a pressão sobre Zhang Men se aliviou e, após alguns ciclos a mais, esse obstáculo também desmoronou.
O sistema mais uma vez pressionou seus pontos de acupuntura com as mãos e selou alguns meridianos-chave. — Essa parte do teste era, na verdade, para verificar suas habilidades básicas, então, por mais que o sistema bagunçasse seus pontos, sempre havia uma lógica a ser seguida. Após alguns ciclos, Lin Shu rompeu os bloqueios, um por um.
O sistema murmurou suavemente:
— Muito bem.
Justo quando Lin Shu achava que o teste havia terminado, sentiu um vento forte surgir diante de si, indo direto em direção ao ponto de acupuntura Shan Zhong, no centro do peito!
Seus reflexos foram mais rápidos que sua intuição. Ele desviou do dedo que o atacava, avançou com a mão direita, agarrou os pulsos do sistema e impediu que ele prosseguisse. Em seguida, abriu os olhos.
O sistema estava imobilizado por ele e disse, com um sorriso nos olhos:
— O companheiro cultivador deveria permanecer em meditação e não agir.
Lin Shu soltou as mãos do sistema.
— Não se deve ferir o Yu Zhong.
Yu Zhong era o ponto onde o Mecanismo de Qi se reunia. Mesmo que alguém seguisse um caminho errado, desde que não fosse algo contra o fluxo natural, o Yu Zhong permaneceria intacto. Mas se esse ponto fosse danificado por forças externas, metade da vida do cultivador estaria perdida — e o cultivo imortal se tornaria impossível.
O sistema riu.
— Você já desvendou o enigma. Realmente esperto.
Lin Shu ficou em silêncio.
Esse sistema também sabe enganar…
Será que passaria no teste de Turing?
Enquanto pensava nisso, o sistema perguntou com um tom preocupado:
— Está cansado?
— Não estou — respondeu Lin Shu.
— Então, darei início imediatamente à segunda prova.
…Talvez ele passasse mesmo no teste de Turing.
Ele se perguntou quanta formação arcana e mágica seria necessária para criar um Reino Onírico como o Shangling. Pelo que sabia de sua vida passada, isso estava além de seu alcance. Os ensinamentos daoístas deste mundo eram, sem dúvida, mais vastos do que os que conhecia antes.
Ah, mas em sua vida anterior, ele só havia conhecido uma seita e um único cultivador imortal — seu próprio Mestre. O velho mencionara certa vez que já houvera outras seitas, mas que haviam desaparecido por falta de discípulos promissores. Com o tempo, haviam se transformado em pessoas comuns, perderam contato durante a guerra, e apenas sua seita restara no Caminho Imortal.
E esse broto restante foi atingido por um para-raios e enviado para cá pela Lei Celestial. O mundo original daquele Caminho Imortal provavelmente já acabou.
— Companheiro cultivador? — chamou o sistema.
Lin Shu voltou à realidade.
O sistema riu:
— Companheiro cultivador, você é realmente adorável.
Lin Shu:
…Tem algo errado com esse sistema.
— A segunda prova — o sistema sentou-se de pernas cruzadas diante dele —, por favor, resolva “esqueça-me”.
Ele vestia azul, sorria gentilmente e fitava Lin Shu nos olhos, o que o deixava um pouco desconfortável. Mas, por saber que era apenas uma imagem virtual, ele tentou aceitar. Falar com ele não era tão difícil quanto conversar com alguém real — podia apenas responder com substantivos para resolver a questão.
— Durante a meditação, concentre-se interna e externamente, o vazio na reencarnação, com o Céu e a Terra…
Ele pausou ao chegar em “Céu e Terra” e lembrou que, em suas meditações passadas, nunca tivera grandes revelações sobre Céu e Terra como diziam os textos antigos. Apenas ficava em transe e o tempo passava. Disse, então:
— Vazio na reencarnação. Esquecer as coisas, esquecer a vida, esquecer de mim.
O sistema assentiu. A próxima pergunta veio imediatamente, mais complexa, como se tivesse sido moldada pela resposta anterior:
— Por favor, resolva “Céu e Terra”.
Essa questão era realmente difícil, pois seu significado mudava conforme o contexto. Ele pensou um pouco e decidiu responder sob uma ótica mais filosófica:
— O Céu é o topo inalcançável. A Terra é o fundo inalcançável.
O sistema refletiu:
— Segundo suas palavras, a força humana é fraca, e sempre haverá algo inalcançável. Entre a vida e o Céu e a Terra, é como nascer numa gaiola de pássaros — lutar a vida inteira sem conseguir espiar além das grades. Estou certo?
Lin Shu assentiu.
O sistema sorriu:
— Sendo assim, companheiro cultivador, por favor, resolva “despreocupado”.
Lin Shu:
…Esse sistema é bom no que faz.
Ele respondeu com base em sua própria compreensão, mas o sistema logo encontrou outro ponto cego em sua resposta e formulou mais uma pergunta complicada. Foram dezenas de rodadas assim. Lin Shu respondeu com sinceridade; apesar de não conseguir se expressar plenamente, manteve-se firme.
Bai Xiaosheng havia dito que a segunda prova tinha vinte perguntas. Lin Shu contou — na vigésima, o sistema não fez uma nova pergunta, mas sim apresentou um tópico:
— Por favor, explique: “A Lei Celestial é constante, o caminho humano mostra esperança.”
Lin Shu ficou intrigado.
Lembrou-se de quando tinha dez anos.
Na noite anterior, seu Mestre havia lhe ensinado essa frase: “A Lei Celestial é constante, o caminho humano mostra esperança.” Ela dizia que todo o Céu operava sob leis próprias. Desde os tempos antigos — e mesmo a “ciência” moderna — tentam compreender isso. Entre a vida e o Céu e a Terra, os mortais observam essas leis e as seguem — plantar na primavera, crescer no verão, colher no outono, armazenar no inverno — e, com isso, obtêm resultados. Um cultivador imortal se alinha ao Céu e à Terra, compreendendo essa “constância”, e se funde a ela. Seu cultivo e estado de espírito progridem.
Naquele dia, tudo parecia normal. Ele teve uma experiência profunda, praticou espada, foi para a escola, ouviu as aulas e saiu.
Não se lembrava da matéria estudada, apenas do som do sino marcando o fim das aulas. A multidão correu para fora da escola como uma maré, e ele foi levado junto — da sala para as escadas, das escadas para o portão. No meio do caos, olhou para o céu. Sentiu-se sendo arrastado pela corrente. Tudo que via, ouvia e vivia — quisesse ou não — fazia parte dessa força incontrolável. E ele, ali no meio, nada podia fazer.
O Céu e a Terra tinham, sim, uma Lei constante. Mas isso… não tinha nada a ver com ele.
Talvez fosse o olhar gentil do sistema — não sendo uma pessoa real — que o fizesse querer responder com sinceridade, não com os argumentos ensinados por seu Mestre.
— Entre a vida e o Céu e a Terra… — disse — é como uma gota d’água… em um rio. Pode navegar a favor ou contra a corrente. É aí que está a esperança do caminho humano.
O sistema assentiu lentamente, com o olhar gentil, incentivando-o a continuar.
— Mas… o rio sempre acaba no mar. Essa é a Lei do Céu e da Terra.
O sistema o questionou com doçura:
— Companheiro cultivador, há mais algo a dizer?
— Não sei como explicar — respondeu Lin Shu, com sinceridade.
— A Lei Celestial é constante… e as pessoas?
— São nada.
— A Lei Celestial é constante… e você?
— Eu sou nada.
O sistema riu com vontade.
Observou Lin Shu da cabeça aos pés:
— A Lei Celestial é constante. Você é nada. Companheiro cultivador, você tem uma mente Daoísta por natureza. Você nasceu para se afastar da multidão — você deve buscar o Dao.
Lin Shu não quis responder.
No passado, pensava que tinha algum distúrbio e que precisava ver um médico. Seu Mestre dissera que ele possuía uma mente Daoísta por natureza e que não precisava se perturbar.
Mas o que seu Mestre disse também não estava certo — assim como ele próprio achava que o velho era quem precisava de um médico. O ancião dizia que o fim se aproximava, que a Lei Celestial o chamava. No fim, teve um derrame repentino e morreu de forma nada natural.
O sistema continuou:
— O Caminho Celestial é uma gaiola e um rio para você… e se rompermos com o Caminho Celestial?
— Como quiser — respondeu Lin Shu.
O sistema pareceu interpretar aquilo como consentimento. Levantou-se e fez uma reverência:
— O coração de um cavalheiro é como o ferro — inabalável. Companheiro cultivador, o Dao é para você. O Dao é solitário, sem parentes nem amigos — e por isso é valioso.
Seu olhar era caloroso e puro, com preocupação sincera e expectativa — e deixou uma ponta de mágoa no coração de Lin Shu.
Ele disse em silêncio:
— Eu não… eu realmente não tenho opinião nenhuma.
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