Capítulo 04
Surpresa com a declaração do seu esposo, porque costuma cumprir seus contratos.
“Sabe que papai não vai ficar muito feliz com isso.”
“Será divertido ver a birra de um idoso de quase 60 anos.”
“Haha.”
O riso espontâneo é divertido, igual a contar uma piada.
Mohammad saiu dali, indo em direção oposta à onde se localiza o estacionamento.
Os seguranças caminhavam em silêncio enquanto retiravam um cigarro do bolso do paletó do smoking.
O clima é bastante favorável, o país estava enfrentando uma das melhores estações do ano, o inverno.
A temperatura noturna era fresca, não ultrapassando os 25 °C, e o vento é refrescante, sendo propício para um passeio de roadster.
E, devido à singularidade de pensamento, a maioria dos carros no estacionamento eram esportivos de luxo com a capacidade automática de remover o teto solar.
Dessa forma, sabia diferenciar quem tinha condições financeiras de quem só queria se exibir, como quase 80% dos veículos serem os famosos esportivos.
É comum para influenciadores medianos, com um pouco mais de um milhão de seguidores, serem fáceis de distinguir; no passado, as condições eram miseráveis.
Também é super comum essa marca ser o primeiro veículo dado a um filho de um magnata, como presente por conseguir a carteira de habilitação.
Que, por deleite e capricho, decoram em ouro de 24k.
Devido à onda crescente da classe baixa comprando carros de luxo, a empresa vem perdendo o interesse do público da alta classe que está optando por outras marcas exclusivas e menos acessíveis.
Hoje em dia, é mais fácil adquirir um automóvel do que comprar pão.
A fumaça do cigarro lançada no ar era semelhante ao movimento de uma serpente. Sabe onde estava seu carro, era o único com uma vaga exclusiva dos demais convidados.
Não estava cansado, e sim impaciente para chegar em casa, tirar essa roupa, se banhar completamente.
Locais como esse, cercados de acéfalos irritantes, lhe causavam nojo.
Toda vez que chegava na residência, as roupas usadas eram queimadas, até o relógio era descartado.
A cláusula de obrigatoriedade no contrato de casamento redigido por Park Hyung — advogado da corporação e da família Haroon — com o patriarca Khalid teria um fim.
Dado que a ganância de Fadel impediu-o de observar as entrelinhas, onde há uma margem para descontinuar a obrigação imposta após o período de nove anos vigentes, estando sujeito à renovação por parte dele.
Chegando à vaga, dois dos seguranças se posicionam e iniciam o processo de verificação.
No porta-malas, pegam o detector automático e verificam se consta algum explosivo ou rastreador.
Precisavam ser ágeis, visto que tinham que terminar antes do cigarro terminar. Era um processo corriqueiro que costumava fazer frequentemente quando utilizava o transporte fora da área de segurança.
Antes que jogasse a bituca no chão, já haviam terminado e a porta do passageiro estava aberta.
Assim que entrou e relaxou, os seguranças entraram e ligaram o automóvel, fazendo um ronco suave quase inaudível.
Mohammad pegou seu iPhone, discando um número familiar.
Em menos de um segundo, a outra linha atendeu.
[Sim, presidente.]
“Às 9h, envie a cópia do contrato de casamento para Fadel bin Said e avise sobre o encerramento do nosso compromisso. Também inspecione a limpeza da aeronave para o compromisso no Brasil.”
[Sim, presidente, a sua estadia na suíte do Belmopan Hotel foi confirmada, o gerente preparará a melhor acomodação com o protocolo padrão enviado no penúltimo sábado por PDF.]
“Hum.”
Apesar de estar ao seu lado por um longo tempo, ainda fica nervoso diante das mínimas reações desse cara, que eram imprevisíveis.
Sabia que o presidente permaneceria em silêncio, então cumprimentou-o desejando um bom descanso e imediatamente a ligação foi encerrada.
Mohammad tira a gravata borboleta e joga no banco vazio ao lado, queria apenas tomar um licor para desestressar durante cada minuto presente naquele hospício.
Como dito, não precisava ir mais.
A festividade tornava todos os lugares mais iluminados e barulhentos, objetos e até prédios estavam envoltos em luzes de LED, imitando a decoração parisiense de final de ano.
Casas noturnas, restaurantes e outros ambientes que oferecem entretenimento estavam lotados, vestindo roupas bonitas e ouvindo uma boa música.
E várias barracas de comidas vendendo a diversidade culinária do mundo, reunindo bastante turista e a população local.
O carro estava veloz, e as luzes externas não passavam de um borrão.
Enquanto isso, lembranças incomodantes relacionadas à sua mãe o intoxicam, tomando boa parte da sua atenção.
Não era nativa desse país e morava atualmente em uma vila sofisticada na França, capital da moda e berço da boa gastronomia. Victória decidiu viver lá depois que teve seu único filho.
Logo após assinar um contrato que arruinou sua vida para sempre.
A mulher, que era filha de um ex-empresário brasileiro do ramo imobiliário e uma dona de casa de naturalidade gaúcha, era virada para a lua.
Durante a infância, até os dez anos, teve as melhores condições que sua família podia dar e morava no Leblon.
Seu pai tinha um negócio bom, fazendo faturar quase um milhão por ano.
Depois da crise, a imobiliária teve que declarar falência e, como não podia sustentar a vida luxuosa do passado, mudaram-se para um lugar mais modesto.
Jesuíno Bastos, pai de Victória, ficou sabendo de um lugar tranquilo com aura de alguns bairros antigos da zona sul.
Saiu de lá e foi morar na zona norte, no Grajaú.
Na Borda do Mato, em um apartamento.
Ao contrário da casa anterior, que tinha suítes e uma bela varanda, a casa atual era muito menor e comportava uma família de até três pessoas.
O homem achou bom, pois era muito agradável e ficava perto da reserva.
Apesar de morarem na área baixa, venderam quase tudo e compraram móveis mais simples com carro de segunda mão.
Por não ter dinheiro para custear um ensino de qualidade para a primogênita, a moça teve que estudar em uma rede pública perto da área, tendo que andar até chegar à instituição.
Jesuíno teve que trabalhar numa pequena agência imobiliária como gerente, um emprego que conseguiu graças a um amigo de longa data.
Entretanto, a família Valença tinha um grande trunfo na mão: sua filha.
Além da beleza, Victória tinha uma inteligência incomparável, a qual seu QI é de quase 190, o que é extremamente raro.
A influência em inglês dava praticidade de falar outros idiomas.
Durante a escola, se destacava muito, inclusive em matérias de exatas.
A jovem conseguia fazer contas complexas apenas usando a mente e nunca precisou de calculadora.
Após completar o colegial, prestou vários vestibulares para o curso de economia em rede pública, sendo aprovada em diversas instituições.
Mesmo possuindo mentalidade, a sua beleza acabou sobressaindo, sendo descoberta por uma agência de modelos que sua mãe levou uma certa vez através do conselho de uma amiga.
Assim que vislumbrou, notou seu enorme talento para as passarelas.
O corpo era perfeito e único, uma mistura de beleza europeia com as curvas acentuadas tipicamente brasileiras, além disso, a altura ideal para a profissão, com seus 1,82 m.
Quando conseguiu convencer, Victória começou a treinar sua postura e andar.
E foi como achar ouro em meio à lama.
Perfeita, então a agência arriscou sua estreia em um desfile em São Paulo, sendo um tremendo sucesso.
Imediatamente, a jovem de 18 anos ganhou destaque nos veículos de imprensa e sua marca registrada como femme fatale foi espalhada pelo território nacional.
Fazendo vários comerciais para a indústria da moda e até garota-propaganda nos cartões-postais brasileiros.
O sucesso internacional foi relâmpago, com duração de apenas três anos, onde se consagrou como Victória Bourbon, sobrenome usado de parte materna.
No auge do sucesso, fazendo trabalhos para várias marcas de luxo e estilistas importantes, foi em junho de 1987 que a modelo de 20 anos conheceu o antigo patriarca Haroon.
Em uma festa de confraternização organizada por uma empresa farmacêutica.
Estava lá, porque era garota-propaganda da empresa na época, e precisava vincular sua imagem com a corporação para atrair novos investidores, e um deles era o antigo presidente Haroon, que na época tinha 42 anos.
Ali ficou encantado com a beleza da brasileira, não sexualmente; na verdade, estava procurando uma barriga de aluguel perfeita para gerar seu herdeiro, visto possuir misofobia.
E foi através dela que viu a oportunidade, após obter os dados, Ali ficou animado por saber o nível de inteligência com o QI avançado.
Dali fez a proposta direta, o primeiro encontro foi agradável, explicando seus objetivos e havendo muita grana em jogo, muito mais do que arrecadaria sendo modelo por mais de 10 anos.
Além disso, propôs uma carreira impecável, em que todas as melhores oportunidades na indústria do entretenimento estariam aos seus pés sem precisar se esforçar.
O empresário achou raro e valioso, principalmente para quem ainda estava caminhando nesse meio.
Gananciosa, não pensou duas vezes, aceitando carregar o filho do patriarca.
Logo em seguida, submeteu-se a uma inseminação artificial.
Assim, em cinco de agosto de 1987, Victória ficou grávida de seu único filho, que nasceu em 01 de maio de 1988.
Após o nascimento de Mohammad na Arábia Saudita, foi submetida a uma esterilização ordenada pelo antigo presidente para que nunca mais pudesse conceber outro ser, sendo seu filho o único no mundo.
Victória, que não tinha conhecimento da operação invasiva, logo se mudou para a França e se aposentou, se transformando em um ícone para novas modelos e estilistas.
Hoje, aos 57 anos, não tem um parceiro, teve inúmeros casos esporádicos no auge da beleza após se mudar para a França, porém vive sozinha em uma grande mansão onde reside na vila.
Eles não mantinham contato, a última vez foi para indicar Latifah, ao descobrir que Ali estava procurando uma noiva para seu filho.
Depois disso, nunca mais.
Só que, no dia 20 de dezembro, contatou outra vez pedindo um favor inusitado.
Após ter o filho, nunca mais retornou para o Brasil, apenas ligava de ano em ano para a casa dos pais para saber a situação deles, ainda assim nunca mais encostou os pés na terra natal.
Por causa disso, não compareceu ao sepultamento deles no final da década de 90, apenas enviou o dinheiro para fazer a cerimônia de velório e pagar os túmulos no Caju.
Todavia, o apartamento onde passou o resto da infância até os 18 anos continua a ser pago e mantido, graças ao dinheiro enviado todo mês.
Mas dessa vez, quer se desfazer e apenas recuperar as recordações afetivas que são as fotos e alguns documentos importantes.
Entretanto, não quer sair do conforto de seu lar e se deslocar para o bairro da zona norte, então deixou esse trabalho para o seu filho.
“Filha da puta.”
Ela pediu que Mohammad fosse exclusivamente para onde nasceu, no Rio de Janeiro, para resolver todas as papeladas do imóvel e pegar as fotos com seus pais.
O motivo da velha senhora fazer isso é para concluir seu capricho contra o falecido patriarca por torná-la estéril.
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Capítulo 04
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