Capítulo 07

O homem tinha apenas um metro e setenta de altura, usava o uniforme social em contraste de azul-claro com uma calça social azul-marinho fornecida pela equipe do condomínio.

Mohammad observou todos os pontos negativos das vestes.

Sua mirada fria e minuciosa julgava a baixa qualidade do tecido com a explícita condição financeira do empregado, quase fazendo rir de escárnio.

Contudo, mantendo-se estático, apenas os olhos transmitiam a mensagem que emanava.

Não conseguindo levantar a cabeça, por causa da fama cruel do morador, se manteve contraído e curvado porque seria penalizado.

“Fale.”

Firme e forte, cortou o silêncio como uma faca afiada e os homens perceberam a impaciência.

Os empregados sentem que, se não falassem em 30 segundos, era para abrirem caminho à força, tirando o funcionário do meio.

Portanto, passaram-se 15 segundos e finalmente criou coragem, dizendo o que estava acontecendo.

“Sr. Haroon, alguns jovens entraram sem autorização na área privada do estacionamento e violaram seus carros.”

“Hum.”

Não era de curiosidade para entender o assunto e sim, se a equipe conseguiu conter os baderneiros e se foram punidos por danificar o seu patrimônio.

Mais uma vez, tentou explicar a parte complicada, contudo não tomava forma e som.

Mohammad entendeu que não fizeram nada, e que esses arruaceiros estavam curtindo uma festa na área de lazer, que provavelmente foi alugada por esses estrangeiros.

A política daqui é um tanto desfavorável ao morador, a administração valoriza muito os turistas estrangeiros que vêm curtir as férias, principalmente na estação mais propícia de Dubai.

Foi aí que montaram uma área especializada para receber esse grupo, alugando seu espaço para fazer suas festas particulares.

Eram turistas, já que residentes não eram tão precipitados a ponto de tomar uma atitude infantil dessa.

Concluindo a crueldade e a inflexibilidade entranhada, em hipótese alguma, pensariam em mexer em algo que lhe pertence.

“Não fizeram nada, não é?”

“Conseguimos tirar os jovens, porém alguns veiculos… ficaram danificados…”

“Que maravilha.”

Na mesma hora, um sorriso desenhou o rosto do tirano, mas seus olhos expressavam o oposto.

Tomando a frente, passando calmamente pelo funcionário paralisado que sentiu a temperatura decair para −15 °C.

“Vamos ver o que fizeram nos meus carros.”

Parado, os guardas o forçaram a andar, arrastando-o pelos ombros.

O caminho até a sala de monitoramento era de um andar de diferença.

Pela primeira vez, concedeu espaço a um estranho ao seu lado no elevador de uso geral.

Pensando que estava indo para o corredor da morte, o presidente continuava com a fisonomia utilizado por psicopatas antes de matar suas vítimas.

Sofrendo de hipertensão, rapidamente sentiu uma dor forte na nuca e seu estômago revirar, precisando vomitar.

Com um impulso, colocou a mão na boca para impedir o ato quase involuntário.

“Ahn… O senhor está bem?”

Ironicamente, conhecia esse sentimento, como um predador que sabe o cheiro de medo expelido por suas presas, era esse cheiro inodoro que emanava da pobre criatura.

Aquilo animou, amortecendo a forte fúria fervente.

A velocidade para o andar de baixo nem durou mais de 10 segundos.

Quando abriram, os guardas concederam espaço para Mohammad passar, que automaticamente virou à esquerda, indo diretamente à sala de monitoramento.

Idêntico a um ambientador, passou pela porta da chefia de segurança e seu corpo parou automaticamente de frente à porta branca em que estava escrito em preto ‘Monitoring Room’.

Embaixo, avisava que a entrada era somente permitida aos funcionários, e uma imagem pedia silêncio, pois era um lugar sensível a barulhos e todos precisavam estar totalmente concentrados na função.

Esperou abrir, porque estava bloqueada e precisaria da autorização com o cartão magnético em posse do empregado.

Congelado a uma distância de 50 centímetros e não conseguia mover um músculo sequer.

Dando a ordem silenciosa, Oliver quase arrancou o bolso da frente da blusa e imediatamente inseriu, a luz ficou verde, emitindo um pequeno barulho de destranque.

Assim, havia vários monitores que não expeliam sequer um som.

Exibiam várias imagens em sequência de pequenos quadrados na coloração preto e branco, como um filme antigo dos anos 40, e os que trabalhavam desviaram sua atenção para confirmar a presença de tal visitante.

Imediatamente, reconheceram a figura que usava apenas um roupão de banho e chinelos de couro.

E mesmo que fossem novatos, conheciam quem era o chefe da família Haroon pela sua enorme influência e principalmente aqui nesse país.

O ar gelado escapava pela passagem aberta, porém sentiram o espaço ficar mais frio à medida que olhavam para ele, que possui uma feição tranquila.

Aqueles, em sua maioria, são velhos religiosos, crendo que a concepção de inferno era um enorme caldeirão vermelho com a temperatura elevada, similar à lava de um vulcão em plena erupção.

Só que, depois de ver a criatura, de beleza inquestionável, perceberam que o inferno impregnado ao longo dos anos por líderes religiosos era nada mais que um folclore imaginário.

O verdadeiro é gelado, a ponto de quebrar os ossos, mas, ao mesmo tempo, queimava em combustão. Irradiando radiação a ponto de não sobrar nada.

O silêncio permaneceu, e todos lutavam em suas mentes para empurrar uma vítima para falar com esse demônio.

Logo, o primeiro coordenador conversou com o morador sobre o ocorrido.

Deu passos seguros e colocou as mãos para trás, um gesto comum para disfarçar sentimentos conflitantes de pavor.

É um careca e usava óculos baratos num formato que não favorecia o seu rosto, envelhecendo ainda mais e dando um aspecto detonado.

“Bom dia, Sr. Haroon. Sobre o lamentável ocorrido, estamos tentando resolver o assunto da melhor forma. Os seguranças conseguiram expulsá-los do seu estacionamento.”

“…”

“E a administração do Golden Palace tomará medidas cabíveis para que o senhor não sofra prejuízos.”

O coordenador não tinha o que dizer, cometeram um erro fatal com uma pessoa perigosa, não só seu emprego estava em risco, como o de todos que trabalhavam de forma direta e indireta.

Tem ciência que a penalidade vinda do patriarca não seria mínima.

Se fosse outro, seria fácil remediar, pela maioria ser movida pelo próprio ego e soberba, que apenas um pedido de desculpa e uma pequena quantia de indenização por danos seria resolvido, mas não dessa vez.

Mohammad, como um avarento, é possessivo com cada coisa que tem, seja de valor material ou imaterial.

E esse comportamento costumava ser impiedoso quando acontecia qualquer coisa que danificasse essa propriedade.

O coordenador deveria ter enviado uma equipe de contenção assim que os turistas invadiram o sistema que impedia a entrada de estranhos.

Mas não deu ouvidos à intuição, que nesse momento salvaria de não perder o emprego e pagar uma multa milionária.

Portanto, tudo que podia fazer era implorar e se desculpar pelo erro fatal cometido.

Mohammad adentrou, o chão de alguma forma parecia distorcer ao absorver o grande impacto gerado pelos seus pés.

A cada passo, os presentes afastaram-se em sinal de fuga, para não estarem perto a um raio de um metro de distância.

“Socorro!”

Os seguranças mantiveram-se na porta, bloqueando para ninguém sair dali.

O outro encarregado estava com as costas coladas na parede ao lado, suando em desespero e pensando no que fazer.

Nesse exato segundo, queria tanto que o chão ou a parede engolisse, transportando para outro lugar, e não enfrentar o conflito, fazendo um ato covarde que é jogar toda a responsabilidade para o colega de trabalho.

O coordenador pensou em inúmeros meios ensinados antes mesmo de fazer sua função.

O gerenciamento de conflitos listava o modo de agir perante situações referentes ao condomínio, e no texto destacava como agir e reagir perante um cliente que teve seu patrimônio lesado.

Todavia, entre tantas opções que explicavam legalmente as atitudes para solucionar o conflito em si, não funcionariam com esse cara.

Era a margem, a exceção em que todas as soluções propostas não serviriam.

Semelhante a uma variante forte de um vírus, onde os medicamentos tradicionais para eliminar esse patógeno não surtiram efeito, e pior, não existiam vacinas para erradicá-lo, o que tornava um tanto delicada a situação.

Somente esperava pelo fim.

Ali, tudo pesou.

A pele encharcada, depois do longo banho na piscina, evaporou, deixando seco, mesmo em um local gelado pelo ar circulante.

Não sentia frio e nem estava arrepiado.

Parecia um dia ensolarado e quente, encarando os detalhes, não houve mudanças significativas desde sua chegada há 9 anos.

As toneladas de dinheiro ganho mensalmente pelos moradores e turistas não estavam sendo investidas no coração do condomínio, a segurança.

Apesar de os monitores serem novos, o CCTV é considerado o mais barato da linha.

Esse sistema é usado por empresas que não querem gastar ou não podem investir em uma tecnologia de ponta.

Notando que o grupo da Golden Palace estava investindo para maquiar os defeitos dos prédios, ao invés de realmente injetar no que é valioso.

A razão de não morar em um dos seus empreendimentos feitos pela construtora é o mau gerenciamento de seu falecido pai, que custou bilhões de dólares quando tomou posse.

Teve que consertar muitos erros e instalar mecanismos tecnológicos.

Houve indenização gorda dada aos moradores por vários problemas que seriam danosos à reputação da empresa.

Então, habita nesse lugar que acabou sendo tão perturbador quanto seus negócios.

“Vamos ver a proporção do dano.”

“Mas…”

“Senhor Patrick, sua equipe conseguiu atrair minha atenção…”

Mohammad colocou imediatamente a mão esquerda no ombro do empregado, que estava sentado de frente para o monitor.

Pressionando levemente, fitando o coordenador estático como um soldado que olhou diretamente para Medusa.

E continuou com um leve sorriso cínico.

“Aconselho cooperarmos amistosamente, pois somos cidadãos civilizados e não precisamos usar a violência, não é?”

“…”