Capítulo 10
Mohammad teve que fazer várias paradas, porque necessitava concluir as refeições e as orações durante o dia.
O secretário enviou o relatório da resposta do advogado de Fadel e tudo foi concluído.
A equipe jurídica manteve a decisão, mostrando o embasamento no contrato registrado pelo juiz, então, não tinha como os advogados do patriarca Khalid revogarem alguma coisa.
Uma vez que assinou precipitadamente, não dando ouvidos à sua razão e seguiu o puro instinto da ganância.
Nazira ligou imediatamente para a enteada, reivindicando a posição dela como esposa para convencê-la sobre a decisão contrária, devido a ter muito a perder com isso.
Latifah ignorou os revoltosos gritos histéricos de sua madrasta e simplesmente aproveitou o sol quente daquele quase fim de tarde, na varanda com uma magnífica piscina.
É feriado, quer aproveitar ao máximo, não se importando com o estresse, por menor que fosse, e aturar as lamúrias de dois velhos não estava em sua agenda.
E continuou sentada, na espreguiçadeira, usando um belo chapéu de praia branco, feito pelo estilista italiano durante o lançamento da coleção de primavera e verão do ano passado.
Também, um lindo biquíni dourado que era extremamente pequeno em ambos os lados, enquanto sua pele recebia um pouco de vitamina D e UV.
Momentos raros em que podia ficar totalmente tranquila, usando uma roupa provocante, exibindo um corpo impecável distribuído em um metro e oitenta.
Nessa hora, a casa está vazia, o pessoal da limpeza já foi embora e o mordomo não vem nessa parte, por causa desse momento de lazer.
Dessa forma, costuma ter um frigobar lotado de várias bebidas.
Apreciava um delicioso suco de melancia, que vinha em uma lata muito charmosa, é a sua favorita e fez questão de lotar o mini refrigerador com bastante dela.
Apesar disso, não podia estender, pois precisava escolher o terno que usaria.
Em sua convicção, era de suma importância, mais que ficar à toa numa espreguiçadeira bebendo uma bebida gelada.
No entanto, sente que algo acontecerá.
Quando os fogos explodiram no céu, causando um espetáculo maravilhoso e tedioso, num evento anual muito aguardado — não de seu agrado, pela obrigatoriedade do serviço — viu que algo surgiria.
O que alivia o fardo é o simples fato de Dubai estar na melhor estação do ano, tornando-se fresco, mesmo não caindo uma gota de chuva.
Entretanto, algo estava incomodando por dentro, e sabia o que era.
O vento da mudança finalmente estava chegando.
Desde que se casou, esperava que tal fenômeno surgisse. Planejou a residência para quando essa mudança chegasse.
Seu marido, que é cético, não entende esse lado mais sensível que carrega desde nova.
Por isso, sente medo, depois de quase 10 anos esperando, teme esse vento, que poderá vir inicialmente como uma tempestade.
“É uma tempestade benéfica?”
Batalhou.
Mesmo trazendo coisas boas, isso não muda que seja uma catástrofe, por ser tanto violenta quanto brutal, nem que esteja atraindo somente coisas boas.
E que o principal alvo não é ela, e sim seu marido, ainda assim, como estão juntos, também se beneficiará.
Observando os últimos anos de convívio e uma amizade imperfeita, precisava conhecer o sol, pois vive eternamente em uma noite sem fim.
Apesar de ser reservado, a ponto de nunca ter contado o seu passado, presente e futuro, a mulher sente que é solitário, quase igual a um eremita.
A ponto de não reconhecer o que é realmente bom, que não se manifeste na forma de adquirir bens e poder.
Tudo é poder e mais poder, até suas antigas relações passageiras na universidade nunca tiveram um intuito maior do que saciar e conquistar.
Uma ganância inacabável, igual a um devorador que não se contém com o alimento em seu estômago.
Até hoje, não entende a razão pela qual ele a escolheu, já que é infértil, e nunca tocou sobre o assunto.
Até tentou questionar, mas ficou sem resposta, deixando assim no mar de esquecimento.
Constatando que todo plano arquitetado desde que se casou finalmente vai deslanchar.
Mudando para sempre.
***
Terminando uma parte, precisava levantar para se arrumar, deveria estar na aeronave antes das 18h20.
Continuaria com os afazeres, mesmo estando em outro país, e seu secretário vai junto.
Seis homens da guarda estavam no Brasil, esperando seu senhor chegar.
Assim que saiu do escritório, encontrou Latifah que usava um roupão muito bonito da Gucci.
Estava com os cabelos úmidos, do mergulho na piscina.
Reconhece a beleza de seu cônjuge, para uma nativa, estava acima de muitas atrizes e modelos que trabalhavam para o entretenimento, tanto que, quando usa a vestimenta islâmica, não diminui em nada sua graça e beleza.
Entretanto, achar não basta, não a vê como atrativo sexual.
Por isso, são mais colegas com benefícios financeiros do que amantes.
Enquanto continuarem assim, melhor.
Planejou pagar uma barriga de aluguel para ter um herdeiro, assim como seu pai fez; mas agora não é o momento, talvez só daqui a quatro anos, quiçá.
Apesar de nunca querer conceber, parece ser o tipo ideal de mãe, nesse aspecto poderia relaxar em relação aos cuidados básicos.
Latifah solta os cabelos que possuem um bom caimento.
Sempre faz alisamento para manter os fios baixos e alinhados, enquanto a cor é única, um chocolate quente que derrete o corpo no frio.
“Perdeu alguma coisa aqui?”
“Sua ruga está tão nítida, indico processar o Dr. Calil, pelo mau procedimento, ou talvez seja apenas a idade, Sra. Khalid?”
“Não fale nem brincando, imbecil.”
Latifah olha para o espelho no corredor, procurando algum sinal desse mal.
Aplicou botox no dia 20 de dezembro para ficar perfeita durante as festas de final de ano, especialmente no ano novo.
É extremamente vaidosa e cuida muito bem do físico, realizando procedimentos estéticos regularmente, fora seu ritual noturno de skin care.
Odiava qualquer sinal de envelhecimento, chegando a quase matá-la.
No entanto, não realiza os mais invasivos, somente o botox para corrigir e manter a pele com o aspecto mais natural possível.
“Se continuar, talvez confundam futuramente com uma boneca de plástico em vez de um ser humano, não é, felina?”
“Não vou xingar… Não vou xingar….”
“Haha.”
Seu sorriso irônico é quase macabro.
Mohammad não media palavras quando era para tirar sarro de sua parceira.
Gostava muito de explorar o humor ácido, sobretudo com quem não suporta piada relacionada à sua aparência, em especial quando faz questão de chamar de ‘a nova mulher-gato’.
Depois de muito tempo, sorri e a beldade continua a se observar, vendo se sua pele não está esticada demais.
Antes de sumir no corredor, chama sua atenção dizendo que separou a roupa que usaria durante a viagem.
Mohammad vira as costas e balança as mãos, fazendo entender que compreendeu.
Deixando-a plantada em frente ao espelho, semelhante a Narciso, encarando o próprio reflexo.
Pega o celular para ver se havia alguma coisa.
Vai ao site jornalístico nacional e rola para baixo procurando algo interessante. Até que:
[Jovens turistas que estavam curtindo as férias em Dubai são brutalmente agredidos]
O título sensacionalista chamou a atenção do espectador, que clicou.
Embaixo estava a foto da repórter em frente ao Noble Care Hospital, que fica em Jumeirah Lake.
A profissional não era nativa, e sim uma estrangeira que trabalhava para a empresa.
Embaixo, estava escrito o ocorrido, quantos foram agredidos e os nomes dos jovens.
Todos, como percebeu, eram adolescentes na faixa etária de 15 a 17 anos, apenas crianças.
Porém, estavam gravemente feridos, principalmente o líder, de 17 anos, na UTI, em coma com um edema cerebral, pelas pancadas fortes na cabeça com um objeto duro.
Os outros estavam em observação em quartos normais, apresentavam fratura exposta em algumas partes e costelas quebradas.
Além disso, perderam os dentes da frente.
Mohammad achou gratificante, ao continuar, ver que, apesar dos esforços da polícia e do governo, as vítimas não estavam em condições de prestar depoimento devido ao trauma psicológico causado pela ação.
Logo, continuarão investigando para descobrir quem foram os responsáveis por algo tão terrível, inclusive contra turistas.
Depois de ler a matéria, coloca o aparelho no bolso e entra no seu quarto.
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Capítulo 10
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