Capítulo 12

Durante o percurso, os seguranças não precisaram se preocupar com perigos, só que não podiam relaxar, assim como animais marinhos que dormiam no mar.

Os guarda-costas precisavam habilitar uma certa parte do cérebro para qualquer evento suspeito.

O secretário continua ativo, não para de trabalhar teclando incessantemente, só interrompe quando utiliza o banheiro ou ingere algo.

Assim como em quase todos os dias, dorme tarde e acorda cedo para agilizar a agenda.

Os dirigentes estavam tranquilos no que diz respeito à trajetória, não havia nenhum fenômeno natural que pudesse atrapalhar o percurso e ter que fazer um pouso de emergência em algum país do continente africano.

Em poucas horas, chegariam ao oceano Atlântico, sendo quase 80% do caminho percorrido.

O copiloto verificou a quantidade de combustível, se poderia cruzar o oceano de forma pacífica sem precisar fazer nenhuma parada.

Também prestaram atenção no radar, procurando alguma coisa que pudesse ser fatal.

A dupla se comunica, ligada na torre com os alertas enviados.

Desse jeito, só poderiam usar o piloto automático caso fossem utilizar o banheiro, se não, deveriam manter suas posições até o final da viagem.

O espaço que habita está com iluminação baixa, estimulando o cérebro a desligar o sensor de alerta e descansar.

Um tanto gelado, ajudava a entrar em um estado de sonolência gradativamente.

A pequena janela da aeronave está bloqueada, impedindo a luz do alvorecer de incomodar o sono.

Ao contrário de seu país, no hemisfério sul já é verão, desse modo a luz solar chegava mais cedo, iluminando em plena madrugada.

A aeromoça foi fazer sua ronda da madrugada, para verificar se todos estavam bem.

Assim que entrou na cabine dos passageiros, viu o secretário fechando o notebook, para descansar algumas horas.

Antes de iniciar mais um dia.

Ao olhar para baixo, perguntou se precisava de algo.

“Um Tylenol e meio copo com água, por favor.”

“Sim, senhor.”

Retornando para a cozinha, na caixa de primeiros socorros, pegou o medicamento e encheu meio copo de água mineral gelada de uma garrafa lacrada, colocando os itens em uma bandeja de prata.

“Obrigado.”

Coloca a cápsula vermelha na boca, enquanto empurra garganta abaixo com um único gole de água.

Além de usar óculos, devido ao diagnóstico de esforço visual, tem o costume, depois de um dia cansativo, de tomar um remédio de alívio rápido para a dor de cabeça.

Portanto, ajeita-se a poltrona e repousa a cabeça num pequeno travesseiro confortável, fecha os olhos esperando o efeito e a oportunidade de dormir em paz por breves momentos.

***

Já é um novo dia, Mohammad acaba de voltar da sua segunda oração do dia, e, perto da hora de servir o almoço, o piloto avisa que está chegando no Rio de Janeiro.

A luz exterior, que estava bloqueada, deixava a luz artificial fazer o trabalho.

Ao contrário de outros, que conseguem consumir qualquer alimento vindo de viagens aéreas, o homem ingeri nada que seja daqui, isso inclui qualquer alimentação.

Há exceções, quando está em seu maior jato e consegue levar o chefe de sua propriedade para cozinhar refeições frescas para o consumo.

No entanto, quase não usa, ficando em jejum, bebendo água ou alguma bebida alcoólica.

Se aproximando da capital carioca, o humor começa a piorar.

Só de saber que vai pôr os pés nesse lugar, um azedume sobe, e imagina mandar o pedido de Vitória para o inferno e retornar para casa.

Contudo, caso não realizasse, daria um jeito de fazer algo que realmente o irrite, então quanto mais rápido, melhor evitará uma dor de cabeça.

Após uma hora, o comandante anuncia que está sobrevoando o estado e anuncia o clima que girava em torno de 31 °C, mas com umidade acima dos 60%.

Como iam seguir em direção à zona norte, onde ficava o aeródromo Galeão, faltava pouco tempo.

Os passageiros já estão acordados e conscientes do pouso, todos comeram sanduíches prontos na hora do almoço e estavam preparados para fazer o serviço em terra.

O aeroporto fica na Ilha do Governador, e o carro responsável pelo transporte do presidente até o Belmopan esperava desde as oito da manhã, com outros veículos que os acompanhariam até o destino.

Mohammad queria apenas sair e ir diretamente ao estacionamento, seguir viagem sem falar com ninguém.

Como a verificação do passaporte e a fiscalização da alfândega brasileira eram responsabilidades do secretário, seria guiado para chegar ao trajeto final.

Quando anunciou a manobra de pouso, os passageiros, com a aeromoça, colocaram o cinto.

Já eram 12h50, e pousaram com sucesso.

A viagem atrasou devido ao piloto ter reduzido a velocidade ao chegar em território brasileiro, por causa da confusão com a torre de controle, fazendo-a dar a volta completa antes de chegar no destino.

Ultrapassando o tempo previsto.

Mohammad tirou o cinto, mas se manteve ali pelo acordo com a fiscalização.

Os seguranças, com o secretário, mantiveram suas posições à espera da equipe para autorizar a entrada de todos no Brasil.

O empregado já tinha em mãos o passaporte do presidente e o dele, os outros também.

Assim que foi aberta, os responsáveis pela alfândega já estavam presentes, todos pertencentes à polícia federal.

Quando a aeromoça autorizou a entrada dos três homens, eles subiram as escadas vestindo o uniforme e usando óculos de sol.

Um dos funcionários falava inglês fluentemente e seria responsável pelo diálogo entre os funcionários.

Os outros dois apenas ajudariam na fiscalização dos passaportes e das bagagens trazidas.

Então, assim que puseram o pé no piso liso e brilhante, o secretário já estava de pé com um sorriso amistoso para recepcioná-los bem.

O do meio é um senhor de mais ou menos cinquenta anos e cabelo liso totalmente grisalho, sendo cortês ao cumprimentar.

“Bom dia, Sr. Ahmad. Sou o delegado Estácio, responsável pela polícia federal do Rio de Janeiro e também pela alfândega brasileira.”

“Bom dia, Sr. Estácio.”

“Esses são os agentes Rafael Monteiro e Fábio Di Cessando, que fiscalizarão os passaportes e as bagagens, tudo bem assim?”

Ahmad percebeu que o inglês não era avançado, tropeçando em algumas palavras da língua nativa, mas deu para entender perfeitamente o que foi informado.

Gentilmente, mostrou os passaportes que estavam em mãos, enquanto os outros verificam o restante do pessoal.

Apesar de ser minucioso, a parte da verificação foi ligeiramente rápida, porém não podiam devolver em virtude de verificar a bagagem dos passageiros.

Os agentes pediram licença e, com a aeromoça, foram até onde as bagagens estavam guardadas.

O delegado manteve um sorriso apertado, mantendo-se firme para transmitir autoridade.

Os guardas sabiam dessa posição, era uma falsa segurança; em pontos certos, mostram os seus piores pesadelos.

Completando em dez minutos, retornando com a mulher confirmando a verificação.

O delegado sorri para o secretário, que finge uma sensação de alívio.

“O Sr. Haroon, pretende ficar quanto tempo no Brasil?”

“Três dias.”

“Qual é o assunto a tratar aqui?”

“Assuntos familiares.”

O delegado olha mais uma vez, para ver se pega qualquer reação falsa que denote insegurança, no entanto, não encontra.

Estava tranquilo que, apesar do gesto, torna-se difícil de decifrar.

Por isso, pega o carimbo que sempre leva consigo e marca todos os passaportes.

“Sejam bem-vindos ao Brasil, espero que a estadia do Sr. Haroon, em nosso país e principalmente no estado carioca, seja maravilhosamente bem.”

“Muito obrigado, Sr. Estácio, o presidente ficará muito feliz com a ótima recepção.”

Os dois trocam apertos de mão amistosos para encerrar o assunto.

Assim que saem, os quatro seguranças vão diretamente até a moça e perguntam se houve algo suspeito durante a fiscalização.

“Não, nada senhores.”

Eles saem para retirar as malas e transportar as bagagens com segurança dentro da SUV que os espera.

Diferente do dono, que levava várias bagagens, os outros só tinham uma mala simples e pequena com itens básicos, como ternos para usar durante os três dias.

O secretário foi até a outra cabine para alertar sobre o fim do processo e o aguardo de sua saída.

Derramando o último gole de conhaque, levanta-se da poltrona.

Apesar da altura da aeronave, Mohammad era imenso, o que fazia o espaço encolher um pouco.

O empregado sente o leve aroma do licor, mas o perfume mascara a fragrância alcoólica, dando um ar maduro.

Assim que dá os primeiros passos para fora, o sol da tarde atinge o rosto, destacando mais ainda a pele branca e iluminando seus belos olhos que se transformam em ouro líquido.

Alguns seguranças que vieram primeiro, junto com os que sobraram, cumprimentaram-se curvando-se. Sua voz, apesar de densa, era suave.

O presidente observa e pergunta ao líder que veio antecipadamente sobre o trajeto para chegar até o hotel que fica de frente à praia de Copacabana.

“Será um percurso de 25 km com duração de 45 minutos. O fluxo do trânsito nesse horário está normal, não há grande movimentação em direção à Zona Sul.”

“Aqui adotou o horário de verão?”

“Sim presidente. O governo atual adotou novamente o horário de verão, então estamos uma hora adiantado.”

“Notifique o filhote que faça o percurso em 35 minutos.”

“Sim presidente.”

Takano se curva mais uma vez e pega o celular, avisando Sam sobre a mudança na duração da viagem.

Na frente, o secretário estava logo atrás com os dois seguranças, fazendo o perímetro para que ninguém se aproximasse a menos de dois metros de distância.

Caminhando pela área que indicava uma viagem privativa, alguns passageiros visualizaram Mohammad usando um lindo terno que combina com a elegância.

Apesar de não ser Ano Novo, o aeroporto estava lotado para embarque e desembarque a todo instante, um volume alto pelo mês propício para o turismo brasileiro.

As belas praias e a aproximação do carnaval em fevereiro, influencia o fluxo demográfico nessa jornada dos blocos carnavalescos.

Fora o show artístico das escolas de samba no sambódromo.

Ainda assim, Mohammad não estava ligando, não agradava nada que vinha daqui, isso inclui essa época.

No qual não é original do povo nativo e sim, uma apropriação iniciado no antigo Egito.

Enquanto passava pelo piso rústico, o pessoal não desgrudavam, não deixando de admirar a bela imagem.

Tanto o feminino quanto o masculino ignoravam quem estava ao redor para focar somente nele, similar a Buda rodeado com sua aura.

Se tratando de um figurão, não é a roupa, e sim a classe ao caminhar e a feição estoica que transmitia sofisticação.

As mulheres automaticamente expressavam um sorriso tímido, querendo fazer esse Adônis mirar para elas.

Mesmo assim, não conseguiam, implorando por essa visão.

Também tem medo de se aproximar, por causa da aura escura que sondava, afastando-os com um aviso sutil, igual a uma bela rosa coberta de espinhos de ferro e venenosa.