Capítulo 22
Usando um conjunto de blusa enorme, comprado há mais de seis anos, e short de malha, por ser de tamanho GG, começava a ficar gigante.
Desde o diagnóstico de diabetes tipo 2.
Saiu dos 92 kg para os 78 kg, uma grande perda de peso, não exercendo nenhuma atividade, sendo completamente sedentária.
Isso só relata o relaxamento e falta de importância com sua saúde, uma vez que é desleixada com sua dieta restritiva, comendo tudo que não é permitido, causando assim um agravamento no quadro clínico.
Apenas toma o remédio prescrito, mas não é o mesmo empenho ligado aos antidepressivos, que há uma certa fidelidade.
E sempre ingere a quantidade não recomendada, para tentar ‘burlar’ o efeito danoso de sua dieta podre em nutrientes e rica em junk food.
No início, achou legal, um ato que não conseguia no passado.
Entretanto, percebeu que cada quilo perdido deixava-a mais cansada, causando um efeito adverso e não beneficiando, apavorando de certa forma.
Fora que, pelo aumento expressivo de peso, seu corpo ganhou uma proporção feia e flácida, principalmente na área abdominal, diferente quando emagreceu saudavelmente, causando uma redução proporcional.
Essa é horrível e suga como um dementador.
Sendo o motivo de não usar jeans.
O que revelou ainda mais a sua estrutura desproporcional, tornando-se a principal tristeza.
Ombros um pouco largos e quadril relativamente estreito, o que, propositalmente, fez-se esconder com roupas grandes e usar short e calça legging, não vendo beleza ali.
De alguma forma, desejava ter o padrão de sua irmã, que, apesar do peso, é curvilíneo e sua barriga não era tão proeminente quanto a dela, dando capacidade de escolher uma infinidade de trajes ‘provocantes’.
O seu tipo não é bem-visto esteticamente pela comunidade ‘plus size’, já que não se encaixa no padrão ‘curvilíneo’ que a categoria impõe, assim a maioria das mercadorias não são para ela.
O que exclui até dessa comunidade que luta a favor do ‘body positive’.
Tornando a causa nas mãos da mesma manivela da ditadura da perfeição.
“Por que é tão difícil ser mulher?”
Embora essa desproporcionalidade tenha o benefício que muitos lutam para ter e às vezes demanda muitos anos de prática, e mesmo assim, não consegue o efeito desejado.
O ‘avental’ abdominal não oculta a pele rígida e firme de quem frequenta academia há anos.
Tanto os braços quanto as pernas são duros, semelhantes à carne de galinha velha.
Fazendo não ter um acúmulo grande de gordura nessas regiões, evitando o ocasionamento de celulites e estrias.
O que, por si só, já é considerado uma bênção, tendo extrema facilidade no emagrecimento, evitando a flacidez, retornando à estrutura ‘natural’ sem ter um aspecto gelatinoso.
Seus familiares brincam, pelo fato de não conseguirem beliscar, por ter uma pele firme e a musculatura é mais evidente.
Impedindo de pinçar com os dedos.
Suas coxas são bastante elogiadas, por serem bonitas e extremamente uniformes, não mostrando nenhuma irregularidade.
Não somente isso, mas todo o resto, até as costas, onde possui um acúmulo maior de gordura, não tem como beliscar.
Sua bunda, apesar de pequena, é como dois blocos de concreto redondos e macios, sendo elogiada por seus irmãos.
Principalmente o mais velho, que, a cada oportunidade, gostava de bater nelas com força só para sentir a rigidez de não formar ‘ondas’ com o impacto.
Ainda que a estrutura seja categorizada como um ‘triângulo invertido’, o que cabe nas pernas não necessariamente vai caber na área abdominal.
Durante vários anos, nas tentativas de perda de peso, quando conseguia, formava uma estrutura equilibrada.
Perdendo a parte superior e não muito a inferior, causando um efeito bonito, com seus quadrícepes avantajados.
E a enorme facilidade de definição com pouco tempo de exercícios.
É confuso pensar que é uma característica adquirida ao longo dos anos contra a balança, entre os efeitos sanfonas da vida.
Que, na verdade, eram crises de uma doença ‘sem forma’.
Durante isso, transitou, adquirindo o bom desempenho.
Só que acabou sendo sua própria barreira, voltando à estaca zero e aumentando cada vez mais até chegar à obesidade.
Em 2014, no seu segundo e último emprego, pesava 86 kg, vestindo tamanho 48.
Em 2015, resolveu mudar seus hábitos alimentares, forçando uma dieta mais saudável, ingerindo quase nada de besteiras e a se alimentar de ‘verdade’.
Adquirindo o costume da ingestão de verduras e legumes, o que não fazia desde a infância.
Com isso, aliado à caminhada na ida e volta para casa, em menos de um ano emagreceu 14 kg.
Seu antigo trabalho ficava na rua Uruguai, na Tijuca, e para chegar até o Grajaú a caminhada era de quase 3,5 km.
Sendo relativamente rápido, selecionando rotas seguras, devido ao horário, deixou de usar o vale-transporte e passou a sair mais cedo, totalizando 7 km por dia, seis vezes por semana.
Antes de sair, um pouco sonolenta, pensando em tudo que aconteceu, ouve barulhos de arranhões na porta, feitos por um animal pequeno que não tem costume de cortá-las, tendo conhecimento do causador.
Ainda é cedo, um pouco antes das 8h.
Isso não é surpresa, dormia cedo e acordava nessa faixa, não muito além disso.
Ao abrir a porta de madeira, pintada com tinta branca, vê uma criatura extremamente eufórica e animada, balançando o rabo de um lado para o outro como um chicote.
De pelagem curta e preta, seu nome é Belinha, uma imitação falhada da raça pinscher, popularmente chamada de vira-lata, só que de proporção pequena.
“Bom dia.”
Belinha chegou recentemente à família, ano passado, antes do mês do seu aniversário, em julho.
Era da prima de seu cunhado, marido de sua irmã, que não podia cuidar porque a família vivia fora.
Deixando o animal sozinho.
Para evitar, pelo fato de sua irmã querer um porte pequeno para ser criado em casa, adotou.
Categoricamente, embora tenha certa proporção física de um pinscher, em tamanho, peso, arcada dentária e até a popular ‘tremedeira’ que afeta essa raça, tem o formato da face e focinho de um vira-lata.
E sua melhor qualidade é ser muito carinhosa e carente, amava atenção e gostava muito de amor, sendo receptiva.
Claro, qualquer estranho que não esteja habituado vai rosnar e latir, só que não na questão de defesa do território como a Nina, mas no intuito de afastar por medo.
É bastante covarde, não costuma ficar no mesmo lugar que um estranho, sempre fugindo de alguma forma.
Apesar desse instinto ‘covarde’, quando bem-acostumada e confiante, aceita investidas facilmente, sendo ‘folgada’, por ser algo que quer direto e não para de pedir.
Além disso, não gosta de ficar sozinha por muito tempo.
Quando vê tanto sua dona quanto Bruna saindo, há muito latido, choro e uma certa ‘gritaria’ como se estivesse maltratando.
O medo é um dia alguém, defensora da causa animal, passar por sua porta em um momento em que não há ninguém em casa.
Contudo, por enquanto, isso não ocorreu, e continua a ter essa mania e esse grave problema com carência.
Diferente da Nina, outra vira-lata, só que de porte grande e bem conhecida no país pela pelagem alaranjada.
Já está ficando velha, onde completará seis anos esse ano.
E veio apenas com três meses de vida de outro estado, onde seu pai trabalhava.
Da ninhada, foi a mais adoecida e cheia de problemas, porém, na época, Bruna trabalhava em seu antigo emprego e conseguiu salvá-la com a grana de suas férias.
Desde então, a caramelo cresceu saudável e é responsável pela segurança da residência, ficando desde os seis meses na laje, murada para sua segurança.
Ainda assim, é um pouco covarde e oposta a Belinha, que é hostil com estranhos e não é receptiva.
Por mais que o acesso à laje seja bloqueado com uma porta de alumínio, a vidraça é transparente e desfocada, que com qualquer um vai reagir latindo e, se der acesso, atacar.
Então, costuma ficar muito nessa parte e não tem acesso ao ambiente interno, principalmente quando há alguém.
Dessa parte, tem medo de sair e fica assustada longe de seu território, o que a faz agir de forma um pouco violenta.
Tirando todo agravante, é dócil quando confia, aceitando suas investidas positivas com amor.
Com todos em casa, onde há um maior convívio, é mansa e ativa, correndo a pouca área e latindo quando vê uma movimentação estranha de algum animal, como rato e saruê.
Belinha fazia seu movimento habitual quando a via, pedindo colo e dizendo alegremente um ‘bom dia’.
Parecendo que seu dia foi horrível.
Com certeza, quando sua irmã foi dormir, ficou latindo e batendo na porta durante a madrugada, em razão de não fazer suas necessidades básicas na varanda.
Portanto, quando percebe a presença das favoritas, faz seu famoso sinal de fumaça, chorando e arranhando a porta com suas duas patas dianteiras para tirar de sua prisão de ouro.
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