Capítulo 23
Automaticamente, assim que abaixa o short para fazer o ato, Belinha vem pra cima, se apoiando em sua perna, pedindo carinho.
O banheiro limpo precisava de um novo check-up.
Observando a calcinha para ver se estava suja de sangue e se realmente tinha resquício de início de menstruação.
A mancha amarronzada, migrando para o vermelho, indicava que um novo ciclo iniciaria e uma resposta da não fecundação.
E é esperado, visto que não tem relações desde os 29 anos, quando terminou o breve relacionamento de três meses com um cara aleatório de Madureira.
Esse ano, completará três anos que não sabe o que é um pênis masculino, a não ser em algumas obras BL, por ser um conteúdo ligado de certa forma à ‘pornografia’ censurada.
Mas não incomoda, pois todas as suas experiências desde os 22 anos, quando perdeu a virgindade, foram desastrosas.
Até hoje, nunca soube o que é sentir prazer em uma relação com o sexo oposto.
A princípio, não queria admitir.
Mas, toda vez que havia envolvimento com o sexo oposto, que acontecesse o coito, não sentia nada, imaginava que era a falha na química, só que, depois, durante o período de sete anos, com três relacionamentos, sem resposta positiva aos estímulos, percebeu a causa.
Foi aí, ano passado, que descobriu sua sexualidade.
A demissexualidade.
Não bastava só ser uma demi, mas acredita ser romântica.
A razão do seu diagnóstico tardio, mas preciso, foi o fato de confirmar com toda a célula de si a heterossexualidade, uma vez que tentou ter algo com uma garota naquele tempo.
A dúvida ‘adolescente’, se realmente gostava de meninos ou meninas, mas quando experimentou, simplesmente rejeitou imediatamente.
Coisa que não acontecia quando era com homens. Essa foi a resposta de não ser lésbica ou bissexual.
Entretanto, havia um problema.
Toda a vida girava em torno de vários amores platônicos, nos quais precisava, de certa forma, criar um relacionamento sério para ter algo mais profundo; era natural e não intencional.
Na infância, era aceitável por causa da fantasia sobre príncipe e princesa, felizes para sempre e tal.
Mas não, esses pensamentos perseguiram na adolescência, onde havia uma necessidade intrínseca de ter um certo vínculo amoroso para dar prosseguimento a outras coisas, como o sexo.
E tudo bem, era apenas romântica e sonhadora…
Só que, depois do primeiro relacionamento — onde houve a resposta atrativa e sexual — e aos 22 anos, onde iniciou de fato a sexualidade, percebeu o erro, sendo descoberto recentemente sobre sua funcionalidade.
Graças ao destaque e ao desbravamento das siglas LGBTQI+.
Descobrir foi semelhante a receber o diagnóstico da doença depressiva.
Então, mesmo não querendo, estava ‘ok’.
No entanto, não queria ninguém, conformou-se em não formar uma ligação profunda para se entregar total e finalmente saber que todos elogiam.
E, ao ver aquela coloração, seu sistema uterino estava realmente funcionando tão bem como nunca. Vestindo, necessitando de uma nova muda de roupa e um absorvente.
Caminha diretamente para a varanda, seu pai estava acordado assistindo TV na sala, deitado num sofá duro que comprou muito tempo depois que o antigo se deteriorou.
“É você, Bruna?”
Moveu a cabeça para não sair do lugar e ter que perder o conteúdo.
“Sim.”
Com a voz grogue, porque acabou de acordar, havia um pacote aberto de 32 unidades, estava cheio ainda e usava uma quantidade bem limitada durante os cinco dias.
Assim como sempre, o absorvente é grande, noturno, porque antigamente não existiam outros tamanhos como os lançados recentemente.
Na época, a menstruação durava 15 dias, sendo intensa, a ponto de os absorventes não darem vazão. O pior era à noite, usava dois noturnos para não vazar e manchar o lençol com sangue.
E não adiantava.
Mesmo dopada, com sedativos fortes, o relógio biológico arranjava um jeito de sair dessa sedação e alertar o vazamento.
O que fazia acordar surpresa, indo diretamente para trocar tudo, short e calcinha, e colocar uma nova remessa para durar o restante das horas de sono.
Atualmente, é extremamente pontual, um ciclo de 30 dias, caindo no primeiro dia de cada mês, com fim no dia 5.
Pegou o pacote fechado e retornou para se banhar.
Não gostava dessa marca porque não era macia e sim plastificada, cheia de furinhos que incomodam quando atinge sua capacidade.
Na ida para o quarto, seu pai perguntou o que estava fazendo.
“Vim pegar um absorvente.”
“Está menstruando? Oh! Vai ver o lençol de cama, não quero deitar naquele lugar cheio de sangue.”
Respirando fundo, revirou os olhos por tamanha incredulidade, compreendendo que antigamente manchava com bastante frequência, mas agora, no máximo, a calcinha com um borrão forte, nada que passe para o segundo tecido.
“Não manchou.”
“A tá. Vai tomar banho?”
“Claro.”
Seu Paulo voltou a se confortar no sofá duro com uma almofada no pescoço.
É verão e, por ser cedo, o sol não explorou todas as suas funções.
Em algumas casas, podia ouvir o som das músicas dando boas-vindas ao primeiro dia do ano.
Pela véspera, caiu no domingo, o brasileiro emendou o final de semana de sexta e comemorará durante esses quatro dias. Hoje é o encerramento antes de voltar à rotina, e não seria menos animado do que os outros três.
Sendo o churrasco uma tradição, a ceia, feita normalmente na véspera, sobrava como acompanhamento.
Já perto da cozinha, viu a famosa bacia grande plástica azul com várias peças de carnes descongeladas dentro d’água, e ao lado a louça para lavar, não muito, mas tinha.
No quarto, pegou um novo short e calcinha, já que não ia trocar de blusa.
Pegou a toalha em cima da cadeira e foi ao banheiro. Tudo isso com a cachorra seguindo para todo lado.
Ela olhou para trás e, inocentemente, ficou parada esperando dar um passo para também entrar no cômodo.
Estreitou os olhos, e Belinha olhou em sua direção, apenas esperando.
Não incomodava, é apenas uma característica, só que da última vez, cagou o lado de fora. Nesse dia, Breno limpou o local, pondo um pano recentemente limpo e seco.
Esse era o motivo, mesmo expulsando, de alguma forma, com tamanha cara de pau, arrombava a porta sanfonada sem tranca e ficava ali esperando concluir sua limpeza corporal.
“Sombra.”
O animal, que não compreende bem a linguagem humana, ficou alheio, apenas esperando a movimentação.
Como uma flecha, se instalou no pequeno espaço.
Ao girar o pequeno alicate três vezes, uma quantidade considerável caiu. A princípio, é gelada, mas depois fez o barulho característico indicando a funcionalidade.
“Santo Lorenzetti.”
E assim, a temperatura foi se adequando até ficar confortável.
A princípio, deixava correr pela estrutura, antes de passar o sabonete, sentindo o interior escorregadio, igual ao fim de uma relação, o modo de expelir sangue mudou drasticamente.
Antigamente era semelhante a um líquido meio grosso, como um corte por faca, que com a coagulação torna-se mais espesso.
Era uma sensação chata e desagradável, porque, além do líquido, de certa forma, fazia cócegas leves.
A sensação era idêntica a fazer xixi intermitentemente.
Só que o líquido grosso foi substituído por um gelatinoso, uma mistura engraçada entre lubrificação natural com sangue.
Sentia-se em preparação para uma penetração, mas na realidade era apenas seu sangue menstrual.
Supõe que, caso estivesse fazendo o ato nesse período, o pênis entraria com extrema facilidade.
Até a coloração mudou, o vermelho mais escuro se tornou claro e vívido, coisa que não acontecia.
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Capítulo 23
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As Mil e uma noites Dela com um espírito Obsessor
Dizem que o amor é a chave para o sucesso, capaz de unir mãos e garantir um felizes para sempre.
No entanto, Bruna, prestes a completar 32 anos, já não sente mais essa faísca e deseja...