Capítulo 27

“Não tem nada de bom.”

O conteúdo tóxico, criado pela cultura asiática, é totalmente diferente do ocidente, de certa forma seduz o leitor, induzindo-o a gostar dos personagens com todas suas atitudes duvidosas.

As favoritas sempre envolviam o incesto, principalmente de parente consanguíneo, como pai e filho ou tio e sobrinho, claro, com um toque de m-preg ou omegaverse.

Este conteúdo polêmico é extremamente popular na Ásia, e na Coreia não seria diferente, porque há uma maior ‘liberdade’ para criação deste tipo, sendo considerado proibido e degradável.

O que atrai, tendo um teor bem pesado, em maioria, envolvendo violência, abuso físico e psicológico, entre outros sabores.

Não se limitando a isso, mas também às ‘mais leves’ como ‘Kiss me If You Can’, única obra favorita da autora Zig do universo ‘Kiss me Liar’, outra coreana com carga dramática pesada é a ‘Divorce Twilight’, e também ‘Addicted’ da sua autora favorita Chai Jidan.

Mas as tops são em maioria incesto, e o número 1, que guarda em seu coração e faz parte da fanbase, ‘Uma Noite para Dois’.

Essa obra foi um divisor de águas em sua concepção de um ser tóxico e cruel.

Basicamente narra a vida de dois indivíduos com relacionamento conturbado.

O romance entre um cafetão muito rico, que tenta ser um nobre, e seu filho mais velho.

Ambos compartilham código sanguíneo, mas o pai força de todas as maneiras o filho a ter relações sexuais e formarem um laço amoroso.

A obsessão faz cometer atrocidades para submeter de todas as maneiras possíveis, utilizando métodos controversos.

Terminando com um ‘final feliz’, favorecendo o seme que conseguiu fazer uma lavagem cerebral na vítima e convenceu-a a construir uma ‘família feliz’, onde tem dois filhos.

O filho acaba adquirindo síndrome de estocolmo e passa a ‘amar’ seu agressor, do qual nunca mais poderá viver sem, mesmo sabendo o quão errado era.

O motivo de gostar tanto e distinguir personagem tóxico e suas imitações é pela maravilhosa escrita da autora que faz tanto repudiar quanto se apaixonar por ele, porque é envolvente como uma serpente pronta para induzir ao pecado.

Sendo tão vil e intenso, todos os acontecimentos que ocorrem durante os capítulos fazem com que a vítima não tenha escapatória.

Que ao redor não há ninguém para ajudar, como seu irmão mais novo, que o entregou ao lobo para continuar beneficiando a boa vida que o abusador lhe dava.

E até o amor de sua vida, que foi seu namorado durante a adolescência, cometeu atos terríveis contra esse.

No final, o espectador acha que o pai — a principal essência da maldade — não seja ‘tão’ terrível assim, convencendo a torcer para ficarem juntos, não importando o meio.

“Chega a manteiga derrete.”

Só que o adjetivo pobre e alegria não andam em sintonia.

Dando uma pausa, pois atualmente perderam a cor e o sentido, sobrando o mesmo modelo que se repete ano após ano.

Igual a uma prateleira cheia do mesmo brinquedo, lamenta-se por nunca mais se impactar com histórias que faziam críticas, trazendo o sentimento puro de amizade e companheirismo, ou sentir na pele a raiva e ódio por um personagem.

Ou se apaixonar e ser feliz com um final verdadeiramente bom de um casal que amou intensamente.

As scans atuais só querem trazer os manhwas ‘hot’ do momento.

São as queridinhas dessa geração pelos traços e cenas quentes de sexo.

As boas produzidas por algumas artistas estão perdendo espaço porque não se importam com o conteúdo e sim com traços, uma arte vazia.

E entende que não poderá se emocionar a ponto de chorar com a cena de sexo magnífica do casal de Saezuru.

O peso é forte, e para aqueles que acompanharam os capítulos e o passado triste do casal, vão entender o quão poderoso foi o encontro íntimo entre eles.

Também, a crítica foda de Harada na sua obra intitulada ‘Ni-chan’, sendo apenas um meme entre as ‘apreciadoras’, e a repulsa gerada no sexo brutal de Taki e Klaus de Maiden Rose.

“Tô ficando velha.”

São muitas que ficarão guardadas, com muito carinho, e infelizmente não terão o mesmo destaque que os conteúdos mornos dos manhwa coreanos, sendo que é apenas sexo jogado de forma aleatória como um belo ensaio pornô.

Por causa disso, desistiu de acompanhar qualquer obra, ficando afastada por um ano.

Esse afastamento não fez desistir de ser fujoshi, ainda é e sempre será.