Capítulo 28
“O que acha de escolher um local tranquilo, onde possa ter contato com outras pessoas e ler ao mesmo tempo?”
Bruna olhou, era uma pessoa bem legal, diferente da última, em que a profissional estava pouco se importando com seus pacientes.
Essa não, dava certa segurança em querer ajudar realmente a melhorarem e enfrentar seus medos.
Estava receosa, não queria sair de sua casa por nada, qualquer outro lugar que não fosse seu terreno era incômodo.
“Não sei…”
Rejeitou, querendo escapar.
“É bom sempre estarmos em um ambiente que nos faça confortáveis, que nos conecte com a natureza, mas também com outras pessoas. Acho importante essa ligação, e ajudará muito no processo da sua fobia.”
Bruna expressou uma reação conflitante, como se tirasse de seu lugar e fosse para outro incompatível.
Mas a profissional explicou que poderia fazer gradativamente e, se necessário, usar a música para não se sentir tão mal.
Pegando aquela informação, imaginou que fosse igual ao iniciar exercício físico para um sedentário. A psicóloga mostrou vários benefícios e deu opções vantajosas para aliviar o incômodo.
Citando até a biblioteca do seu bairro, que fica ao lado da antiga escola.
Como passaram muitos anos e a tecnologia avançou, não sabia se ainda funcionava, só queria ir um dia, em razão de passar a maior parte da vida lendo vários livros daquele lugar.
Não dando certeza, e também não rejeitou completamente, desde essa consulta ano passado, resolveu tentar mais uma vez.
No começo, Bruna era assim, mas depois de cinco consultas, tem uma certa facilidade para dialogar e se abrir.
Antigamente, era bastante fechada porque tudo que passou e os traumas adquiridos ao longo dos anos ainda machucavam. Depois que passou pelo processo difícil, foi encarando com facilidade.
Hoje se sente mais leve, sem seu cérebro lançar vários alarmes e interrompendo.
Claro, traumas jamais serão abordados num dia calmo em um café da manhã, todavia, não machucam e servem até como inspiração para a formatação do hoje.
Finalmente conseguiu superar depois de anos na luta e isolamento.
Já no grupo de mulheres, a jovem nunca é a primeira a falar e espera alguém fazer o deleite.
Com isso, lentamente, vai desenvolvendo as falas, conversas e aprende mais ainda sobre os desafios do próximo.
Acredita que todos os seres, com ou sem problemas psicológicos, devem fazer consultas regulares a um profissional capacitado na área.
Que saúde mental não é designada para os que sofrem com os males, mas, como método de prevenção.
Todos os dias, enfrentam ‘n’ problemas e, em maioria, não têm rede de apoio, acarretando várias dificuldades que se juntam em uma maior, dando um diagnóstico perigoso e danoso à saúde geral.
Bem, a maior parte não pode ter isso, por ser injustificadamente paga, e grupos financiados pelo governo são criados para uma parcela que já possui um diagnóstico danoso.
E isso é péssimo, dado que apenas focando nos que já têm problemas e excluindo o resto, só por ‘aparentar’ não ter um diagnóstico, faz com que o quadro da doença aumente, porque a parcela excluída que não tem acesso se torna paciente futuramente com esse diagnóstico.
O Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo, e isso não é surpresa.
A maioria vem dos que sofrem sozinhos, sendo sujeitas a viver em um ambiente que piore suas condições, e o mais importante, sem uma rede necessária.
Mesmo convivendo com familiares ou tendo um companheiro de vida.
Os remédios antidepressivos e calmantes tarja preta são vendidos e usados em alta escala, porque é um método para ‘tapar’ esse buraco catastrófico.
Quando percebeu o quão valioso um tratamento era, viu que todos deveriam ter acesso a esse benefício.
Planejou ir no dia seguinte, mas de alguma forma ficou com preguiça, principalmente por causa da previsão do tempo.
Então pensou em ir quarta, e o livro escolhido é a obra do Nicholas Sparks, chamada ‘Um homem de sorte’.
Desde 2015, quando comprou na antiga livraria Saraiva no shopping de seu bairro, nunca leu, na verdade, até tentou, só que não passou de duas páginas, portanto, ficou guardado na escrivaninha.
Com conselho e uma forma de tratamento, resolveu tentar colocar em prática, e também faz cinco anos que não lê um romance heterossexual e estava um pouco saturada dos romances gays.
Dando chance para o velho gosto.
O ruim é começar, já perdeu o tato por livros físicos e seu cérebro ficou viciado em leitura virtual, e achou que no início não daria certo.
Entretanto, aos poucos, pode voltar a ser como antes, quando ficava a madrugada inteira lendo e só dormia ao amanhecer.
E se não tivesse terminado, voltava rapidamente a fazer o mesmo processo até concluir.
A saudade estava aí, basicamente não sabe como estão os livros da atualidade, e se for a mesma sintonia que os livros que lia, não se arriscaria a lê-los por enquanto, se dedicando aos mais antigos mesmo.
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Capítulo 28
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No entanto, Bruna, prestes a completar 32 anos, já não sente mais essa faísca e deseja...