Capítulo 48

“Vamos dizer que é quase isso, tenho uma boa condição financeira, mas foi tudo pelo mérito do meu esforço.”

 

A frase: ‘Se eu cheguei onde estou, é porque MERECI!‘, do saudoso meme soltado toda vez que o nepotismo é usado para beneficiar quem viveu uma vida privilegiada, nunca foi tão real quanto a resposta de Mohammad.

 

Ela queria rir da situação atual, foi engraçado porque só viu na internet, mas agora, presenciando, notou que infelizmente existem pessoas desse jeito.

 

“Que tristeza, pelo menos esse playboy não é tão arrogante quanto parece ser.”

 

Segundo a publicação do ‘New York’, a meritocracia é uma mentira enquanto existir o nepotismo, e casos como esses são muito comuns.

 

O nepotismo está tão fundido no DNA da sociedade mundial que a cena de uma promoção ou até empregar parentes em instituições públicas sem precisar prestar concurso é uma situação bem corriqueira.

 

Por ver isso explicitamente, chegou a ser cômico e trágico.

 

Como um bom profissional, no reconhecimento das expressões faciais, Mohammad percebeu estar fazendo uma crítica silenciosa ao seu status social.

 

Embora não seja expresso em palavras, a sua face e até o sorriso debochado deixam tudo às claras, como um rio cristalino.

 

E isso só afirmou a sua visão de mundo, ditada em suas opiniões no Facebook.

 

É caridosa e se importa com a sociedade mais carente, e de certa forma repudia a classe privilegiada que sempre pode ter tudo.

 

Mohammad cruza constantemente com defensores desses ideais, na verdade, acha-os repugnantes.

 

Isso faz lembrar da santíssima Madre, uma das mulheres mais importantes.

 

Pelo seu amor aos pobres e sua doação à causa dos menos privilegiados.

 

Sua conduta em procurar conforto no Altíssimo e buscar por sua benevolência e cura instruiu os carentes a seguirem o que dizia.

 

Por mais que ensinasse a esperar a cura do Deus cristão, a mesma não pensou em procurar uma boa instituição de saúde quando ficou doente, fazendo toda a causa ser ações hipócritas.

 

Por causa disso, os similares aos ideais que defendem não deixam de ser ridículos, o suficiente para recorrer aos braços dos homens quando a situação aperta para o lado deles, deixando de lado a crença no que cura e salva tudo.

 

No entanto, essa não tem religião alguma, e na sua convicção acredita na ciência e nas ações da natureza, então, de certa forma, não seria desse nível.

 

Já que, em sua consciência, a ciência ajuda a salvar vidas e é através dela que os seres humanos, num período curto desde o seu surgimento, evoluíram muito.

 

Independente, pois, se puder escolher dar uma boa vida com condições favoráveis a quem ama, não medirá esforço em se sujeitar à vida que somente a minoria beneficiada pode oferecer.

 

Sendo assim, não importa realizar todos os desejos que queira. A hipocrisia dela fará com que fique ao seu lado eternamente.

 

Igual ao Logan, com a pitada da sem-vergonhice do Elsie, a jovem não conseguia decifrar o que estava pensando, mesmo dizendo de forma bem agradável e não machucando com palavras rudes ou pervertidas.

 

Ainda que tivesse essa intenção, entenderia a famosa frase de que homens não olham o corpo, se tem buraco é vapo.

 

Contudo, em nenhum momento expressou esse ideal, seus olhos estão quentes como brasa que acabou de sair do fogo, havia um interesse oculto através dessa mirada, como se estivesse fascinado por estar em sua presença.

 

Igual ao discípulo, na presença do seu mestre favorito.

 

Bruna reconhece esse tipo de mirada em fãs loucos por seus ídolos, e faz recordar essa intensidade de uma obra shounen-ai, ‘Star x Fanboy’, onde o seme ‘Star’, entende seus sentimentos por seu fã, o ‘Fanboy’.

 

Do jeito que se formou, dissipou, porque não queria alimentar essa loucura sozinha, queria manter o impessoal, como dois colegas de trabalho.

 

Assim, voltou à realidade.

 

“Gosta de rock?”

 

“Ahn… Por quê?”

 

“Sua camisa.”

 

Um bufo faz recordar do passado, na loucura por trás disso.

 

“Sou eclética, gosto de todos os tipos de músicas, sejam instrumentais ou o que me agradar, mas não sou fã de nada.”

 

“Então, por que dessa estampa?”

 

“Além de ser algo cômodo, que beneficia em muita coisa. Também recordo quando tive meu último amor platônico.”

 

Quando ouviu isso, o fogo que sondava automaticamente esfriou, igual ao ferro jogado no gelo.

 

Contudo, achou interessante essa ideia de usar coisas que remetem a um romance do passado.

 

Mesmo sentindo essa raiva incômoda, não permitiu que fosse colocada para fora, agindo assim, normalmente.

 

“Quanto tempo faz isso?”

 

“Quase seis anos.”

 

Busca em sua memória, sobre o relatório que gerou esse acontecimento, em segundos, lembrou-se do dia 11 de julho de 2018, tal como quando saiu do seu último emprego.

 

E, através disso, percebeu que sua antiga paixonite frequentava ou era da mesma rede em que trabalhava.

 

Pelo desenho na camisa, gostava do estilo heavy metal.

 

“Ele gostava de heavy metal?”

 

“Como sabe?”

 

Observando a coloração preta desbotada, nem percebeu a qual banda pertencia, só queria sair para a rua e essa estava lavada e dobrada na sua gaveta.

 

Olhando melhor, viu que pertencia à banda metaleira.

 

E achou divertido citar sua ex-paixão, e está vestindo algo que remete aos sentimentos antigos.

 

“Essa banda é famosa, na faculdade sempre tinha alguns caras e garotas que usavam direto.”

 

“Ah… qual faculdade fez?”

 

“Economia. Estudei em Londres.”

 

“Caramba… aprendi durante um semestre sobre fundamentos da economia, e não foi legal.”

 

Apesar de ouvir isso e saber qual universidade frequentou e o curso escolhido, ainda assim, perguntou sobre sua escolaridade.

 

“Fiz RH, está incompleto porque não tinha mais dinheiro para pagar a última mensalidade, então não posso pegar o diploma.”

 

“Pretende pegar o diploma?”

 

“Pretender, pretendo, mas a questão é a grana mesmo. Não posso ter esse deleite, e consequentemente nunca poderei. Mas não me arrependo da escolha que fiz, foi o certo e está tudo bem.”

 

“Hum…”

 

Tem o histórico das contas bancárias, principalmente a poupança, onde recebeu seus direitos trabalhistas e o seguro-desemprego durante cinco meses.

 

O histórico apresentava várias movimentações para todos os tipos de coisas, até compras na internet.

 

Contudo, era dali que tirava o dinheiro que pagava à sua faculdade privada.

 

Todavia, existem duas transições feitas no dia 21 e quatro dias depois.

 

Destinado a uma funerária que fica no Andaraí e outra, na administração do cemitério do Catumbi, o valor dos 5 mil reais restantes serviu para pagar esses dois lugares.

 

E ligou os pontos sobre o motivo.

 

A mãe, que faleceu em 2019 devido a uma sepse pulmonar que originou um ataque cardiorrespiratório, morreu no dia 21 de janeiro, que caiu numa segunda-feira, e consequentemente foi ao final da tarde com tempo favorável.

 

Esse dinheiro serviu para pagar o velório e o enterro.

 

Sobrando nada para a universidade.

 

Devido a isso, acabou desistindo e, por não poder trancar o curso, a dívida nos dois semestres finais gerou dividendo de quase dois mil reais e seu nome foi parar no SPC.

 

“Não, a conta foi paga.”

 

Logo em seguida, dois meses depois, teve seu primeiro ataque de pânico, desenvolvendo o quadro depressivo que dura atualmente.

 

Bruna, sem querer, fez um ato que, aos olhos de muitos, é proibido.

 

“Que relógio bonito.”

 

O toque sutil na peça e não na carne, transpassou o calor nele, que golpeou covardemente.

 

“Gostou?”

 

Nem precisou mandar, apenas um único clique foi suficiente para remover a peça de seu pulso.

 

Os seguranças que viam a ação questionaram se é real o fato de o presidente chegar a esse nível de generosidade.

 

“Claro, mas odeio os que têm ponteiros. Demorei pacas pra entender o que significa.”

 

“Quantos anos?”

 

“19 ou 22 anos, por aí. Posso tocar?”

 

“Sim, fique à vontade.”

 

Bruna aprendeu uma lição no passado quando teve seu primeiro emprego, que ajudou a entender a lógica de não tocar naquilo que não lhe pertence.

 

E agradece ao Marco por dar esse chá de simancol.

 

O peso é completamente diferente do que seu pai usa, de certa forma causaria incômodo caso carregasse para todo lado.

 

Porém, encarando o físico desse monstro, acreditava que poderia até andar com duas caneleiras de dez quilos cada, que não afetaria em nada.

 

“Pesado.”

 

“É porque é feito do aço 904L.”

 

“??”

 

“Bem, só lembre da marca Rolex, que entenderá do que estou dizendo.”

 

“Ahhh.”

 

Continua estranho, o presidente todo compassivo e sorridente com alguém que pegou algo seu.

 

“O que está acontecendo?”

 

“Huh?”

 

Nathaniel, um fã de seu ídolo, acreditava que não era o modo correto de conquista.

 

“Pelas histórias, nunca fez isso.”

 

Quem o diga, Dmitri e Takano são a prova viva do comportamento predatório de seu chefe.

 

Colocando no seu pulso, a dama riu pelo fato de nem encaixar, mesmo ajustando ao máximo, ainda ficava frouxo.

 

Seu pulso é delicado demais, e sem querer, Mohammad viu as marcas do crime, num passado conturbado.

 

“Deve ter custado muito.”

 

“Mais ou menos.”

 

“Ah, tá, sei.”

 

Nada para esse cara é absurdamente caro, essa joia em que brinca com as mãos para o bolso desse muquirana é trocado de bala.

 

Em nenhum momento, o outro lado mostrou impaciência ou aborrecimento, como se lidasse com a curiosidade dos inocentes, que sutilmente tocou na sua pele quente.

 

“Ficaria bom caso colocasse uma pulseira de platina.”

 

“Sim, sempre amei essas coisas. Quando trabalhava, comprei umas joias da Rommanel, pena que não posso usar o brinco.”

 

“Alergia?”

 

“Sim, tenho dermatite de contato desde que me entendo. Minha mãe relatou que teve que me levar às pressas, pois parecia que minhas orelhas iam cair.”

 

E tudo para deixar sua criança o mais feminina possível.

 

“Olha, talvez existam alguns que sejam hipoalergênicos, muitas vezes o metal ou aço usado cause essa reação.”

 

“Por isso que não uso mais.”

 

Um dos furos continua milagrosamente aberto, enquanto o outro fechou por completo.

 

“Gostou mesmo?”

 

“Sim, é bem discreto.”

 

Sem se importar com o estranho à sua frente, devolveu o relógio, colocou a mão esquerda na gola da camisa e puxou um celular velho e desgastado.

 

Vislumbrou toda ação feita, como um frame pausado, os seios, sustentados pelo top de academia, balançaram, dando uma sensação gelatinosa.

 

Nessa hora, percebeu que o suporte não estava conseguindo aguentar o peso de seus seios fartos, que logo balançaram com a ação.

 

O celular estava bem no meio das bolas macias, que se mantinham firmes e aquecidas pela temperatura corporal da dona.

 

Nisso, como estivesse mexendo na bolsa cheia de coisas, tira o telefone de lá e, com uma expressão de felicidade, verifica o horário.

 

Toda essa ação fez o corpo agir, e como o apito ultrassônico destinado a adestrar cães, quando foi acionado, seu pênis reagiu.

 

Inchando a tal ponto, de estar totalmente duro como uma rocha.

 

A mesma sensação de ontem voltou com força total, sendo tarde demais, como um cão ensinado a obedecer a um único dono, seu membro só queria se afundar dentro dela.

 

Nesse momento, sua cabeça imaginava todos os tipos de loucuras insanas para fazer com esses seios, inclusive colocar seu enorme pau no meio deles enquanto usa para esfregar rápido, e assim espalhar seu gozo pelo busto todo.

 

Esse movimento penetrativo, ou coito intermediário, é muito usado em mulheres com essa propriedade.

 

O nome dado é devido ao passado da humanidade, em relatar não só a mulher, mas seus atributos como símbolo de fertilidade e sensualidade.

 

Milhares de artes desse ato revelam o quão a sociedade primitiva adquiriu bons gostos para o sexo atual.

 

‘Tit job’, ou mais formalmente ‘breast sex’.

 

Cogitando quantas vezes já realizou isso, muitas que tinham essa protuberância se beneficiavam dessa técnica, já que era uma das coisas que o agradava.

 

Suas mãos estavam comichando, impacientes, faziam movimentos rápidos alternando entre o dedo indicador e o mindinho, semelhante a tocar em duas teclas de um piano.

 

O motivo é para controlar a impulsividade em não pegar e realizar a velha fantasia que não é feita há quase uma década.

 

Provavelmente, se a levasse para seu quarto, com certeza os familiares denunciariam por desaparecimento, pois nunca retornariam a vê-la.

 

Apesar desse conflito entre razão, emoção e um membro duro, sua expressão é tranquila, como se nada estivesse acontecendo.

 

E, seus olhos tomaram um novo tom quente, devido à intensa luxúria que o atingiu como impacto de um caminhão.

 

Sua calça, de pano maleável, não conseguiu conter a barra de ferro quente que estava querendo entrar em outro corpo quente.

 

Embora tudo esteja acontecendo nesse exato momento, ela só teve olhos para a imagem no seu celular, expandidos como se visse algo aterrorizante.

 

Nesse instante, levantou-se, onde pôde ver melhor até quase a altura do seu umbigo, mesmo tendo 1,52 cm de altura, ao vivo parecia bem menor, como uma criança de 12 anos.

 

Vendo mais de perto, o tecido da camisa larga balançou pela ação súbita, porém não conseguia ver o molde de sua curva.

 

Mesmo sabendo que é acima do peso, queria conhecer, tocar e afundar seus dedos longos nas dobras de sua cintura e…

 

“Eu tenho que ir!”

 

Parecia estar atrasada para alguma urgência, e em sua expressão demonstrava culpa, como se tivesse feito algo às escondidas.

 

Rapidamente, devolve o celular para a área quente de seus seios.

 

De alguma forma, a música, que não foi trocada e continuava a repetir, irritou e pensou em trocar enquanto caminhava.

 

Foi tão inesperado que, antes de perguntar, suas pernas curtas já caminhavam com pressa.

 

De algum modo, achou engraçado, como pinguim tentando correr em superfície.

 

Mas não queria terminar assim, queria vê-la no dia seguinte, desse modo, quando estava alguns passos à frente, chamou sua atenção.

 

A mulher, que só pensava em voltar para casa e começar a fazer as coisas para o almoço, parou e virou.

 

Seu rosto estava um grande ponto interrogativo e tentou entender o motivo disso.

 

Os transeuntes, que circulavam pelo local, olhavam disfarçadamente para ambas, indignadas.

 

Na convicção, queriam a resposta, como um homem extremamente atraente quereria algo com uma mulher de beleza medíocre e relaxada consigo própria.

 

Nesse tempo, ficou quieta, esperando o que tinha para falar.

 

“Amanhã.”

 

“… Amanhã, o quê?”

 

“Amanhã, mesmo horário.”

 

A jovem não conseguiu entender as palavras soltas, pois estava com a mente lotada sobre os afazeres domésticos, não compreendendo o que rolará e o misterioso horário que não foi citado.

 

“….”

 

Sufocou um riso, que interrompeu quando a boca impediu de completar o ato, mas achou que estava debochando da sua falta de interpretação.

 

“Amanhã, às 6h30, esperarei no mesmo lugar que conversamos.”

 

“Ahn…”

 

A resposta dada foi conflitante e estranha, porque costuma sempre estar aqui, durante cinco vezes por semana.

 

Só hoje, houve um imprevisto e decidiu descer mais tarde.

 

“Não posso confirmar nada.”

 

Disse para encerrar a conversa e fazer dele mais um que passa em sua vida e depois desaparece.

 

“Amanhã, nesse horário. Não se atrase. Se não, vou te achar e buscar onde mora.”

 

Esse ultimato não foi uma ameaça vazia, que não haveria cumprimento, mas a pura verdade.

 

Caso se atrase por cinco ou até oito minutos além do prazo estipulado, se enfiaria naquela ratoeira e bateria no portão de sua casa.

 

Se for preciso, abriria a porta com a cópia da chave que tem.

 

A vítima achou exagerado o modo de expressar, que era brincadeira, coisa de gente pontual.

 

Contudo, apesar de o seu rosto estar demonstrando tranquilidade e até sorridente como uma deliciosa piada, seus olhos diziam o contrário.

 

Fazendo valer a promessa.

 

De alguma forma, Bruna não leva isso a sério, já que esse playboy criado a leite com pera, que teve tudo e ainda se beneficiou do nepotismo para ter o que tem, não colocaria o pé na favela com medo de algo ruim.

 

Além disso, nem sabe onde mora, muito menos andar em um lugar onde os becos são como labirintos para quem não é criado lá.

 

No entanto, deu seu ultimato.

 

“Te espero aqui, não se atrase, senão… Não vai gostar da surpresinha que farei.”

 

Um instinto adormecido que não era útil desde a adolescência aflorou, seu coração acelerou um pouco, sua mão estava formigando e seus membros um pouco enrijecidos.