Capítulo 50
Sangue, é tudo que eles podiam ver.
A faca, banhada com os fluidos do homem, deixou o casal atordoado.
Nunca fez tal pecado.
Na realidade, desde que a conheceu, percebeu uma natureza desconhecida e uma força descomunal.
“Tá tudo bem, tá?”
“Mas, eu… Eu…”
“Obrigada, obrigada. Não se sinta culpado por ter me salvado.”
O sangue em suas mãos passou pelo corpo nu que confrontou um inferno que há tempos não tinha.
E, graças a isso, a sua pureza limpou a mancha desse pecador.
Que questionou a razão de denominá-la como bruxa, se, na verdade, é uma santa.
***
Após tomar um banho e trocar para roupas mais confortáveis, estava de frente ao seu notebook, observando uma reunião na tela de 16 polegadas.
A Srta. Croft comandava, exibindo gráficos difusos e bem-ordenados.
O restante não estava em home office, e sim, sentados em suas poltronas anatômicas, em um ambiente escuro para melhor visualização dos dados.
Porém, ao seu lado, estava seu tablet e nele exibiam-se imagens do CCTV de 2014.
No mesmo ano em que foi contratada, cada quadro exibia imagens de diferentes ângulos, mas o fator principal era ela.
O motivo desse interesse é saber quem foi o responsável pelo seu feitio apaixonante, quem era o sortudo por receber sua atenção.
Em cima, onde ficam os teclados, havia várias folhas de fotos 3×4 dos funcionários dessa empresa.
Segundo a filtragem de seu secretário, que ficou durante os quatro anos em que a funcionária prestou seus serviços.
Só pelos rostos nesta folha, pode entender de fato quem foi esse rapaz e, além disso, não só tem o seu crush, mas alguns com quem se relacionou.
“Qual é o problema dela em só escolher os restos que não prestam para nada?”
Não entendo esse apreço por feios e com deficiência.
Nas antigas imagens do seu encontro com esses, sempre exibia uma feição que nunca conheceu ou poderá receber.
Uma estava tímida, igual a uma virgem que vai ao encontro pela primeira vez, o outro é no Parque Laje, em que está animada, semelhante a uma menina sapeca que ama se divertir ao lado daqueles que gosta.
Apesar disso, a ida para casa no ônibus, no ombro de outro, fez ter um amargor e queria destruir algo, qualquer coisa, nem que fosse outro ser humano.
Portanto, uma decoração muito cara foi atirada na parede com um único movimento de seu braço.
O estrondo da porcelana quebrando na parede assustou os funcionários que estavam conduzindo a reunião.
Em silêncio mortal, esperava alguma reação ou fala do presidente, mas não houve nada, por um longo momento.
Todos que trabalham diretamente e indiretamente sabem do seu humor horrível e do tratamento bárbaro que faz contra quem não obedece ao que diz.
Como o suposto incidente, que gerou a morte de um funcionário que fazia parte da equipe executiva liderada por seu secretário.
Tecnicamente, o funcionário caiu do edifício que pertence à sede Haroon, morrendo instantaneamente quando chocou com o chão.
O relatório policial considerou suicídio por estresse, já que ele deixou uma carta de despedida antes de cometer o ato.
Porém, na realidade, foi um empurrão de leve que o fez desequilibrar e acometer sua morte.
Para Mohammad, não foi um assassino, na sua convicção, quem fez o trabalho foi a natureza, só deu um empurrãozinho.
Só que o belo homem não sabe que, para a gravidade agir, precisa de uma ação.
A ação de sua mão encostando no ombro do auxiliar o puxou e empurrou para baixo, dando um efeito de espaguete com o baque no concreto liso.
“Continuem.”
O silêncio foi cortado por uma palavra, retomando o clima, enquanto a reunião e as imagens do CCTV seguem em velocidade estrondosa, gerando cenas incomodantes.
Como os dois que tiveram um contato mais íntimo, iguais a familiares de longa data.
Um adolescente de 16 anos, que trabalhava na época como jovem aprendiz, e o tal cara, na verdade, um menino que tinha uma paixão.
Ambos têm idades diferentes, sendo o outro maior de 20 anos, um ano mais novo que ela.
“Por quê? Por quê?”
A sonoridade de ‘why the fuck‘ perambulou para o outro lado da tela, deixando os diretores numa linha tão fina quanto um fio dental.
Não só isso, esse ‘amigo’ fez um belo contraste com a personalidade mais contida dela. Como o sol, que tem uma forte luz e esquenta por onde passa, não foi difícil atrair sua atenção.
Para piorar, tornaram-se melhores amigos, quase irmãos, a ponto de um entender o outro só pelo olhar.
Quando esse aprendiz não ia trabalhar nesse setor, ou estava fazendo o curso obrigatório, voltava ao modo de fábrica, mesmo com a presença da outra aprendiz.
O seu sorriso era retraído e menos fraco, o que não acontece com a presença desse.
Mohammad achava aquilo irritante, não se desgrudavam, como unha e carne, e onde estivessem, seja qual for o lugar, vão conseguir trocar carga positiva e negativa.
Intensificando o terror, o que não dava para maximizar, durante dois anos, trocaram presentes quando era o aniversário um do outro.
O artefato sempre era um perfume que mostrava a peculiaridade do seu gênero de nascimento, o abraço trocado e a alegria espontânea, como se recebesse a melhor coisa do mundo, é amargo.
E para ele, não era nada de mais, nem chegava a ser duzentos reais.
Quando Lucas foi embora da loja, por cumprir o contrato, abraçou todos, mas o dado na Bruna durou muito mais do que devia, como irmãos se despedindo.
E aquilo, que não estava bom, piorou a ponto de imaginar como seria bom presenciar o sofrimento desse cara.
Poderia fazer isso, tinha poder para tal ato, mas de alguma forma não conseguiu pegar seu celular para fazer o delito.
Não precisava dos seus cachorros, o mesmo faria o serviço enquanto é observado pelos outros, do mesmo modo que fez com o Takano.
Depois dessa despedida, quase não tiveram contato, não que saiba, já que não existem as antigas conversas, por ficar constantemente trocando seu chip telefônico.
Todavia, a jovem mudou para o mais social, ficando mais vaidosa consigo mesma.
Quantas vezes viu chegando no trabalho, com uma blusa de tecido leve e quase transparente que fizesse questão de evidenciar seus enormes seios no sutiã de bojo?
Dava para ver quase pulando para fora.
Ou quando emagreceu e usou um short de academia, que era tão curto que tentou achá-lo debaixo de sua saia de malha, mostrando suas pernas grossas e bem torneadas.
Até decorou onde tinha uma pinta característica na coxa direita.
O seu jeito de maquiar, que não é exagerado, mas dava um realce entre menina e mulher.
Toda vez que passava pelo setor, composto por homens, maravilhados com o cheiro desse perfume.
Foi quando sua paixonite passou a notar cada vez mais, até perceber que estava gamado.
Enquanto rodava as filmagens, o interesse unilateral acabou, de certa forma, tornando-se paralelo, onde o seu jeito não mudou, tratando igualmente.
Só os toques que eram feitos por ele passaram a vir dela também, chegando ao ápice das catástrofes.
O modo sutil de seduzir, as malditas camisetas que eram novas na época, davam um ar sensual com seus shorts curtos.
Semelhante ao visual usado pelas sul-coreanas, no intuito de atrair a atenção dos machos para suas pernas.
As pernas das coreanas comparadas com as da Bruna são um giro de 360°.
Sem nenhum buraco de celulite.
Quem malha constantemente sempre sonha em tê-las.
Essa sedução sutil durou um bom arco, onde não concluíram nada como um jogo que continua com o placar igual.
Mesmo sendo maiores de idade, se comportaram como dois adolescentes de colegial em plena ebulição dos hormônios sexuais.
Até o último Natal que trabalhou naquele covil.
“Ahhhh! Vou morrer!”
Nessa época, fazia parte da equipe do primeiro turno, chegando de madrugada para trabalhar no primeiro horário.
Pode ver todas as intenções por trás da sua pele.
O traje era igual, mas a intenção não.
De um jeito confiante, nunca visto durante os três anos, mostrado em rápida sincronia, o que era veloz ficou lento.
O seu andar e seus quadris balançando, com gingado de uma latina brasileira, desconhecia qual short usava por baixo, mas era bem curto.
De alguma forma, queria também saber qual era a calcinha, se depender do vídeo, uma grande não é.
A mochila estava somente apoiada em um ombro, deixando livre sua dança sedutora.
Conhecia esse jeito, sabe muito bem o tipo de mensagem que quer passar, viu no passado, com inúmeras que passaram por sua vida.
Como um perito, atacava no momento certo, e pronto, tinha sob sua cama.
Mas se fosse ela… Talvez não seria só na sua cama, mas no antigo apartamento, no carro, no jato particular e na mansão, onde não pudesse fugir mais.
Provavelmente, se conhecessem no momento em que tivessem 18 anos, teriam muitos filhos e, mesmo não completando o curso obrigatório, casariam e ficariam em Londres até completar a graduação.
Seriam 14 anos juntos, contando com esse ano.
Como pode ficar anos sem a conhecer? Por que logo depois de tanto tempo?
Se morasse naquele país, e não no Brasil, e tivesse visto pela primeira vez, sequestraria e manteria em cárcere privado dentro da sua propriedade, até se acostumar a não buscar pela liberdade, amando e dependendo dele.
Em vez daquelas mulheres, somente poderia dormir em sua cama e ter a liberdade de usar suas camisas para fazer de camisola.
Enquanto a vê subindo a escada, onde é a única parte com câmera, seu jeito distraído e mexendo em seu celular é uma desculpa para o esperar.
Mas ele não veio.
E quando percebeu que não estava em seu armário característico, seu semblante entristeceu por tamanho desapontamento.
Isso o deixou alegre, foi um alívio esse cara não aparecer, porque provavelmente, não seria esse tipo de imagem que estaria vendo neste exato momento.
Talvez quebraria seu iPad, dividindo-o em duas partes para apagar essa existência da sua frente.
Já bastam os outros.
Possivelmente, esteja pagando por tantos relacionamentos que destruiu, até casamentos que ficaram em frangalhos, por não conseguir conter seu instinto bárbaro em enfiar seu pênis em uma buceta que já tinha dono.
Não, com ela, não pagará nada, só receberá e terá.
Enquanto a reunião — que durava mais de duas horas — estava chegando ao fim, sua mente maligna pregou uma miragem pela primeira vez.
Mesmo na famosa maratona no deserto do Saara, onde teve que suportar não só o sol escaldante e o clima extremo da noite, diante de todas as adversidades, causou o mesmo impacto que essa bomba faz.
“Já não basta estar apaixonado, agora tenho que sofrer com essas consequências?”
Comentários no capítulo "Capítulo 50"
COMENTÁRIOS
Capítulo 50
Fonts
Text size
Background
As Mil e uma noites Dela com um espírito Obsessor
Dizem que o amor é a chave para o sucesso, capaz de unir mãos e garantir um felizes para sempre.
No entanto, Bruna, prestes a completar 32 anos, já não sente mais essa faísca e deseja...