Capítulo 55
Quando estava com Karen em seu carro, a mulher não parava de deslizar sua mão em seu pênis como se estivesse sedenta.
No banco do passageiro, não percebeu o cheiro de sangue da defunta, como se fosse nada.
Mohammad menos ainda.
Mesmo que suas narinas sentissem o cheiro característico ferroso.
Só queria chegar em casa e, em seu quarto, gastar todos os três pacotes de camisinhas reservadas.
Na realidade, quem deveria estar indo era a Lauren, pois a convidou, porém, como morreu, ligou para Karen, para não desperdiçar essa noite e a grana gasta com o produto.
Durante a preliminar no veículo, seu pênis, que achava estar totalmente ereto, não estava.
E sim, normal.
Como se tentasse poupar energia, para uma noite regada ao prazer.
E foi assim no elevador, na presença dos guarda-costas.
Ao entrar, a princípio, seu cérebro estava anestesiado pela vontade de enfiar seu pênis dentro dessa buceta, e isso perdurou por cinco segundos.
Os malditos cinco segundos imperdoáveis.
Inclusive a ida a convite daquela inútil, com certeza estaria agora com sua outra metade, subornando-a a ficar e aprisionar em seu castelo.
Era uma fragrância suave e cítrica de bergamota.
Por ter um olfato sensível, sempre gostou de ambientes limpos e estéreis, nunca gostou de produtos que possuem perfumes.
Todos, cada cômodo e móveis, tinham que obedecer ao regimento com produtos certos que não possuíam essas características.
Incluindo a lavagem de suas roupas.
O importante é a limpeza e estar livre de qualquer germe.
Todavia, esse doce aroma permeou e fincou-se no cérebro.
Acionando o instinto, que nem sabia que existia.
“Me solta, seu demônio!”
O efeito do choque passou, restando a naturalidade dos fatos. Carregando em seus ombros, pegou o elevador ocupado por outro morador.
Mesmo diante da tempestade, Mohammad mostra-se compassivo. Já o outro, ri entre o nervoso e a justiça.
Até encarar uma mordida em sua orelha e um puxão nesse cabelo imaculado.
“Mulheres, né?”
“Sim, sempre tão difíceis.”
“Socorro!!! Helpppppp!”
O inglês básico serve pra isso, firme, a mão cerra a barra do vestido para não revelar sua vergonha.
Anos que mora aqui, nunca presenciou o filho do dono tão sorridente, uma alegria, deixando-o como um ser de luz, mesmo a vítima implorando pela presença das autoridades.
Fora que as mulheres ao seu redor eram deslumbrantes, muitas apareciam por aqui e fugiam tão desengonçadas como se o furacão as jogasse longe.
No entanto, a felicidade estava diante dessa que, apesar de bonita, não chega aos pés de muitas formosuras.
O cabelo sendo puxado, em que fios estão nessas mãos pequenas, é mais do que o suficiente para esse bom morador praticar uma boa ação, no entanto.
“Com licença.”
Não fez.
A porta do elevador abre em seu andar, largando a vítima ‘ao Deus dará’.
E outra mordida atinge a parte lesionada.
“Calma, vida, não precisa dessa impaciência.”
“Vai se foder, seu pau no cu.”
“Tão melódica.”
Não sabe, e também não lembra, o porquê gostou, e não possui nenhuma memória afetiva que o faça gostar disso, nem da própria fruta é chegado.
Mas, quando essa fragrância entrou em sua mente, viu ser o melhor do mundo, e combinava com essa criatura.
Apesar do corpo desenvolvido, como de qualquer moça, a composição em si é extremamente pura, sem mancha, como se acabasse de nascer.
É muçulmano, e doutrinado a seguir a lei do Alcorão e fazer as cinco orações diárias obrigatórias para se tornar um bom discípulo.
E sempre olhou com desdém as famosas estátuas ou esculturas criadas pela igreja católica.
Principalmente a de Maria.
O semblante calmo e compassivo causava desgosto como uma comida intragável.
E mesmo que viva em sociedade, sempre mostrou explicitamente sua opinião sobre essa santa, assim como todos os que o adoram.
No entanto, tudo mudou quando olhou para ela.
Diferente de Bruna, Mohammad enxerga as variadas cores de uma paleta completa, agraciando-se com o tom de sua pele, cabelo e o vestido.
O fundo do pano é azulado, que somente conheceu uma vez na vida, e as pequenas florezinhas que decoravam são tingidas de vermelho.
Assim como a escultura que tanto odeia.
A cor negra, num fundo amarelado, são iguais pinceladas de tinta dourada, e sua cabeleira cacheada e longa servia como véu que a cobria até um pouco abaixo das costas.
E, molhados, a chuva não lavou esse perfume que inebriava nessa caixa metálica.
O semblante inocente não afugentou ou acionou sua acidez, mas aprisionou, amarrando o nó de sua alma nela.
Diante dessa medusa, teve o prazer de ficar petrificado pela sua brasilidade envolta nos panos de sua xenofobia.
Dando razão para aprender o dialeto.
E o desprezo pela santa a fez sair de seu pedestal e se apresentar pessoalmente na sua frente.
E, como pecador, queria se ajoelhar diante deles, para se redimir e ser limpo novamente.
E a palavra proibida proferida por Karen removeu-o do transe, penalizando-o pelo ato covarde em seu momento.
O intuito não era matá-la, mas fazê-la calar a boca e não desrespeitar novamente.
Depois, jogaria para fora do edifício e se trancaria com essa menina em seu quarto.
Nesta expectativa criada, seu membro lateja, querendo afundar nesse poço e derramar o líquido em sua cavidade.
Os gritos, na chance de lutar pela sobrevivência, recuaram quando o elevador chegou no último andar.
O corredor revela marcas de um crime, que jamais serão solucionadas.
Karen foi removida por ordem e lançada à calçada como um trapo velho surrado.
Agora, esse lobo ou besta deseja a monogamia e viver uma vida a dois.
Pena que a outra parte não deseja igual.
A pouca força se esvai por seus poros, pesado demais para ser erguido, tremeu como se o ar circulando fosse tão frio quanto o pior inverno da vida.
Seus olhos ardiam e, assim como Karen, pediu por clemência.
“Não chore… Vai ficar tudo bem….. Bem….”
O pensamento de força, para não sucumbir ao terror psicológico, que estava arrastando-se na insanidade da realidade.
Era para ser um sonho, por qual motivo é tão vivido?
O rosto dos seus entes queridos, que permaneceu no momento mais aterrorizante, estava bem colorido como sua visão antiga, antes de entrar nesse inferno.
“Chegamos.”
“…”
“Não fique assim, vou cuidar bem de você.”
A joelhada dessa rebelde atingiu seu nariz, que milagrosamente quebrou, pegando desprevenido quem não consegue ler facilmente.
E a queda bruta não amorteceu, machucando seu braço esquerdo.
“!!!”
O sangue escorrendo do nariz é o mínimo, sem a adrenalina, se for à torção, incapacitará a ponto de enfiar várias agulhas no seu fígado.
Trancados, as duas voltas com a chave relataram o fim.
As mesmas duas voltas que imaginou ser sua salvação, agora são o prelúdio da sua morte.
“Não vou desistir assim, vou lutar até não sobrar nada.”
Na mente, só pensava em encontrar algo o suficiente para machucar, mas quando chegou lá e abriu a gaveta onde ficavam os talheres, não tinha nada.
Estava vazio, em desespero, implorou para ter um fundo falso.
Um riso sarcástico escapou, e lembrou que nessa casa não tem nada.
Como a canção cantada por Vinícius de Moraes.
O risco de entrar em colapso é logo ali, e pensou na possibilidade de se render e jogar de boa vontade para a morte.
Mas um sentimento minúsculo, como um grão de areia, dizia para continuar, portanto, recorre às geladeiras, onde em uma delas tem garrafas de vidro.
“Essa é a chance!”
A esperança é mínima, mas dela pode surgir a vitória para atrasar esse monstro.
Os pés criaram asas indo em direção à primeira geladeira, e ao abrir uma das portas, permaneceram do jeito que memorizaram.
Sem pensar, pega o que está próximo de sua mão e agarra como um filho precioso.
E, como não dava para alcançar o lavabo, usaria essa arma contra seu carrasco.
Mohammad tem apreço por tudo que toma como propriedade, o que é valioso e somente seu.
Sua casa, seus carros, roupas e até as bebidas alcoólicas.
Principalmente seu favorito, uísque 12 anos, que comprou por 350 mil libras.
Ver seu saudoso uísque pela metade, nas mãos dessa suicida, não causou raiva como de costume, e nem se importaria caso quebrasse no chão e derramasse o líquido âmbar nesse solo.
Não é valioso perto de conquistá-la.
“Não faça isso, seu ombro…”
“Cala essa maldita boca, não quero sua falsidade. Me tire dessa merda, e não falamos mais disso.”
“Não.”
“É o quê, mermão?”
Parecia fricote, esse modo infantil nesse adulto era como confrontar um catarrento que teve tudo de mão beijada. E esse ato é merecedor de um tabefe.
“Não sou sua mãe.”
“Nem quero, agora, larga isso e deixa ver esse machucado.”
“Vai se foder.”
Escorrendo mais, Bruna questionou se é imune à dor, pois o baque foi forte, deixando marcado, e o ferimento será visível a todos.
E, como nada, pegou uma das mãos e, com o polegar, pressionou a parte superior do nariz, enquanto o indicador se firmava na base.
Em um movimento ágil, ele empurrou para reposicionar os ossos quebrados, um estalo ecoando na sala, declarava o destino selado.
Deveria existir a agonia, mas como um brinquedo, usou a habilidade que só em filmes violentos oferecem.
E logo, o mar de sangue estancou, deixando-o como novo.
“Caralho…”
“Pronto, agora vamos ver esse ferimento.”
E, pela idiotice ou o momento, agiu bestamente e lançou a garrafa como uma bomba, que espatifou numa zona remota perto do belo sofá.
Assim, pensou que talvez se caísse na novel, não seria uma má ideia.
“Nãooo! Me soltaaaa!”
Talvez Chai Heon não fosse tão ruim quanto esse cara, ser Seo Hee-min não seria uma maldição e sim uma bênção.
Os cacos se espalharam, alertando que não seria boa coisa andar descalço.
Mohammad, segurando-a sob sua corrente, apenas sorriu como a arte de uma criança.
Se outra fizesse, não teria o mesmo destino doce que essa recebeu.
“Você é baixinha, mas tem força nesse braço, hem?”
“Não…”
Como súplica, não cedeu.
Percebeu melhor as nuances dessa camiseta branca com respingos pretos que não soube identificar.
Da esquerda para a direita, como se uma bola cheia de tinta fosse atirada ao seu lado e os respingos passassem para a camiseta.
No entanto, a bola atingida se chamava Lauren Sullivan, e esses respingos que enfeitam a blusa são seu sangue.
Se pudesse enxergar como a visão natural, não teria esse tipo de lógica.
Longe do chão, notou que a força da gravidade não funciona quando é envolvida por ele.
Ao contrário de Karen, carregada como um peso morto descartável, essa foi levada com delicadeza de uma rosa frágil.
Para não intensificar o quadro.
E, à medida que esvai, o redor fica turvo como se aviso para o despertar estivesse atingindo, em que os ecos dos passos são engolidos pela escuridão.
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Capítulo 55
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