Capítulo 59
“E por que evita o contato?”
Essa pergunta inofensiva e até banal, feita por estar curioso em saber da vida alheia, fez erguer a cabeça como se tirasse o foco da leitura romântica e olhasse seu passado realista.
Ao respirar fundo, se preparando para aguentar um impacto forte que socou por muito tempo, expondo de forma simples e clara.
“Sou o tipo que parei de acreditar nas pessoas, principalmente em homens. Inclusive como você.”
“Por quê?”
Reto e sem tempo de arrumar a mente dos sentimentos ruins sobre sua vida sentimental.
Óbvio, entende que não foi só isso, o que passou não era por uma desilusão romântica — antes fosse — mas uma colheita de abacaxi pelos erros e maldades que fez a outras pessoas.
Do mesmo modo que foi machucada, também fez e precisou passar por isso para colher, comer e enfiar no cu, o mal alheio a outras que nem tinham nada a ver com isso.
Depois de alguns segundos, rebateu somente o foco do assunto.
“Os bonitos gostam de mulheres do mesmo nível, alguns que são considerados belos pela sociedade, me viam apenas como um meio para chegar no objetivo final, que era uma amiga.”
“…”
“No final, sempre será escolhido alguém melhor, que ficava ao lado do crush.”
Balançada como se retrocedesse em sua adolescência, onde a maioria dos seus amores platônicos sempre ficava com a menina mais bonita de seu bairro, a qual foi usada para ser uma ponte que liga ambos.
Por estar cansada do papel de vela e ter seu coração quebrado constantemente por amar quem não liga para seus sentimentos.
E a usar para ser pombo-correio, encerrou a sua fábrica e aprendeu a se completar para não necessitar de outro para ser seu ‘inteiro’.
“Por que me enquadro nesse biótipo?”
“A verdade?”
“Sim.”
Espera uma reação sincera sobre o que acha de sua pessoa para depois conquistar seu coração, sendo totalmente o oposto do passado.
Mas isso… é difícil.
“Tem mó cara que já fez muitos corações quebrarem. Provavelmente, deve ter sido o motivo de suicídio de algumas.”
Mohammad solta uma leve risada, pois, de alguma forma, acabou sendo decifrado por uma que nunca conheceu, como se, perto dela, fosse um livro aberto.
O riso fraco acabou sendo imperceptível, pois não é boa entendedora de certas linguagens comportamentais.
As inúmeras que choravam ao perceberem que não as queriam do jeito que pensavam.
E para continuar tendo por perto, não recusava passar algumas horas de sexo intenso, que logo em seguida era descartada e substituída por outra boneca mais interessante que a própria.
Contudo, nunca faria isso, caso entrasse em seu caminho naquele período louco, não soltaria, permaneceria ao seu lado até hoje.
Não se arrependia do que fez, isso serviu para apreciar o que é ter uma mulher que deseja ardentemente.
“Já disseram que não podem julgar o livro pela capa?”
“Então, todos os livros que o destino me deu são lançados por coach.”
Retrucou com a analogia feita, o ideal que desejou a vida toda não surgiria e estava pronto para amar intensamente.
Pois, não se amava verdadeiramente como agora, desse modo, esperar que o outro ame, sem que a própria não fizesse isso como uma solução ‘mágica’, é tolice.
Compreendeu que seu jardim jamais precisou de borboletas para encantá-lo, ele por si só, já era demasiadamente belo.
Assim como desconhece o sentimento íntimo do amor, Mohammad está aprendendo o que sempre recusou a andar.
“A vida é uma caixinha de surpresas….”
“Não quero surpresa, só quero viver, cuidar do meu pai e morrer sem dor.”
Essas palavras cruéis sobre o futuro quase o fizeram agarrar e beijar os seus grossos e falar que só poderia fazer isso, caso recebesse sua autorização.
No entanto, atualmente e para sempre, estava proibida desse ato.
Caso faça, acreditava que vai destruir toda sua nova residência que demorou a ser construída.
Mesmo assim, não traria de volta, fazendo dela um enorme lamaçal, se afundando de vez, até decidir acompanhar ao seu lado.
“Não fale assim, não vai fazer nada, entendeu?”
“Hahaha! Se toca, não sinto nenhuma necessidade de ter alguém.”
“Por quê?”
“Estou completa.”
“…”
Em nenhum instante soube de um caso por fora, investigou em detalhes tudo que a sonda, e nada fugiu de seu pente-fino.
Entretanto, talvez essa seja mais esperta e tenha alguém a quem se dedicar, dando a entender que jamais será dele.
Bruna riu ao imaginar o mesmo, no entanto, é oposto e tratou de explicar.
“Não é isso, na verdade, significa que… como vou explicar…. Tá, nesse momento, eu, Bruna Vanessa, não vejo o motivo de alinhar com outro alguém porque não há necessidade disso, por amar a minha companhia.”
Essa frase, dita sinceramente, o espantou.
E essa rejeição doeu verdadeiramente.
“Ela não precisa de mim, como preciso dela.”
“Não se atreva a cogitar isso, não na minha frente.”
“Oh, alecrim, não faça assim, segue o bonde.”
Eu não preciso de você para nada!
“Isso dói muito, a ponto de uma bala não fazer o mesmo impacto.”
Foi aí que recordou aqueles rostos chorosos e lamentáveis de corações partidos com suas falas cruéis.
Bruna só representa o que um dia foi no passado.
Mirando em outros pontos, procurou uma saída para fazer cativa.
Criar a demanda.
E vieram os riscos na clara tentativa de suicídio.
Olhando assim, com tudo que representa, as marcas de uma luta sombria repetem para si que não acontecerá outra vez, nem que a colocasse num quarto para impedir o ato.
“Tudo bem, mas ainda tenho esperança sobre nosso futuro.”
Essa face era um tanto encantadora como um jovem mestre birrento que foi renegado ao básico.
Nisso, Bruna sentiu vontade de tocar nessas bochechas magras.
“Tão fofo.”
Boom!
A pele pigmentou num vermelho vivo, uma reação que nem o melhor mentiroso pode mascarar. Igual à cena de Syaoran quando percebe os sentimentos por Sakura.
Os empregados não deixaram passar em vão, conhecem há um certo tempo e sabem que esse Amo é perfeito em mascarar suas emoções, mas uma simples mortal desmoronou a barreira, revelando o fervor apaixonante.
“Isso é complicado.”
“Por quê?”
“Caia na real. Não quero repetir a música ‘Take a Bow’, como fiz durante 15 anos.”
“[…]Todo mundo é um palco. E cada um tem o seu papel. Mas como eu saberia… O caminho que a história tomaria? Como saberia que você partiria… você partiria meu coração[…]”
O refrão, cantado pela Madonna, conta a história de uma mulher iludida e usada por seu grande amor.
Quantas tiveram que cantar quando eram enganadas e usadas por ele?
Quantas vezes viu chorando em seu quarto frio, após ser usada numa cama quente?
O refrão expressa o sentimento verdadeiro e nítido de quem foi corrompida por um ser de trevas, onde a melhor saída foi ficar louca, ou dar cabo da vida, como Lauren em 2010.
Entretanto, ver o rosto disfarçado de forte num tom melancólico e triste, não ocultando as memórias ruins quando costumava desejar o amor de outro ser humano, foi aterrador.
Todas as tentativas de amores platônicos ou de relacionamento sério, despedaçados em pedaços, o coração inocente.
“Vamos devagar, nos conhecermos melhor e criar uma amizade. Permita que a conheça também. Posso garantir que nunca farei cantar isso.”
Bruna solta um riso solitário, enquanto recebe outra barganha de um inimigo três vezes maior.
Não quer chorar novamente, servir de tapume a outro que não a ama, e nunca amará.
E pessoas como esse ser, que demonstrava um belo arco-íris ao redor, pisotearam vários corações com seu pé.
“Pra quê? É um desperdício. No final, não ficará lá. Assim como ele, não ficou.”
Soltou sem ao menos frear, não queria ser sincera ao extremo com um estranho, causando um estalo por soltar essa criatura novamente.
“Por que não consegui frear essa sinceridade?”
Assim como tal, só amou uma única pessoa em toda a vida, num breve furor arrebatador que viveu na adolescência.
Mesmo passando pelo que passou e encontrando a si, ainda machucava, e estava se acostumando com o ardor desse abacaxi que não veio descascado e com coroa espinhosa.
“Isso vai perdurar por um longo caminho.”
Na época, estava começando a entender o corpo, na experimentação do que é ser uma mulher, o fato de querer alguém que a amasse intensamente a quebrou durante o período de dois anos de relacionamento.
O amor, que durou por um longo arco, estava fadado ao fracasso. Imaginou que poderia fazer alguma coisa — o mesmo que aprendeu e ensinou — e não funcionou.
O que foi importante, a ponto de sentir coisas nunca experimentadas, foi também o que quebrou seu coração.
Como tudo, a sua tampa, por mais que seja boa e de extrema qualidade, não serviu nessa panela e insistiu nesse utensílio, onde, no final, notou que a realidade difere da ficção.
O amor não cura tudo, não transforma ninguém, só faz o usuário permanecer nesse ponto.
Mesmo que, no final, essa panela o despreze e rejeite toda vez que tentava mostrar sua melhor versão.
“Fui a escolha perfeita, mas não a certa.”
No final… não adiantou, assim como um organismo que rejeita outro corpo estranho, mesmo para manter salvo e tirar dos braços da morte, é assim que foi seu amor pelo Márcio.
Era um corpo estranho, em que o seu amor não serviu, como não aconteceria com sua amiga.
Assim, até hoje, depois de 15 anos com essa canção na cabeça, e pelo fato de não o amar mais e ficar feliz por tudo que conquistou, com quem ama e tem uma vida, continua sendo a pílula amarga da felicidade.
O trauma do passado, na flor da idade, descobriu o fel da rejeição e abandono.
E não quer experimentar mais uma vez, mesmo que esse, um lindo ser com a seletividade à disposição, o ame intensamente, como seu segundo namorado.
Nunca amará outra vez.
Traumatizado pelo resto da vida, tornou-se incapaz de oferecer o mesmo nível de carinho, afeto e paixão.
A sua fábrica de coração fechou quando completou 18 anos, e nunca mais foi aberta, para ninguém, para nenhum dos que se relacionaram.
E assim será, até o resto de sua vida.
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Capítulo 59
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As Mil e uma noites Dela com um espírito Obsessor
Dizem que o amor é a chave para o sucesso, capaz de unir mãos e garantir um felizes para sempre.
No entanto, Bruna, prestes a completar 32 anos, já não sente mais essa faísca e deseja...