Capítulo 60
“Eu te amo.”
Ouvindo a frase, em meio ao luar sem uma lamparina, a mulher que vive nesse inferno para sobreviver admirava o calor dessa gigante azul.
Tão quente.
Seu sistema solar não comportava uma criatura que estava a milhões de distâncias, e não compreendia o motivo de não perturbar o sistema gravitacional dos planetas que orbitam ao seu redor.
“Por quê?”
Ferindo igual a uma faca, o cavaleiro muito rico que viajou para ter sexo encontrou o amor.
“Não sei te dizer a razão.”
***
Mohammad entendia esse sentimento, sendo mais forte que o amor oferecido.
Mesmo não amando como antes, o sentimento de rejeição e amargura ficará em seu peito para toda a vida.
O caso é igual ao de Bruna, que, depois do impacto forte em algo sempre idealizado, nunca mais será igual.
Pois sempre achará que nunca será retribuído o tanto que doou.
E entender que alguém machucou algo tão sagrado, de certa forma, partiu seu coração.
O mesmo modo operandi adotado por décadas.
E vê-la com esse semblante cabisbaixo, com a estrutura abalada por exercer o que nasceu para fazer e ser rejeitada, fez querer quebrar os ossos e cada articulação desse cara.
A imagem da Virgem Maria, esculpida por Giovanni Strazza, exibindo o amor pelos mais necessitados e os pecadores, estava chorando pela primeira vez, onde seu único e verdadeiro amor foi desprezado por um mortal.
O que o ex-plantou, Mohammad infelizmente deve colher.
E isso é inadmissível, essa divindade só merece ser amada e adorada, não o contrário.
O que fez, perdeu para sempre o solo sagrado que essa Santa oferece.
Coisa que nunca fará, será o único a secar suas lágrimas e amá-la intensamente, a ponto de não precisar daquele mortal o venerar, pois quem fará isso, é ele.
“Vamos tentar.”
“Ahn…?”
Ouvindo repetidamente o que soletrou, significada cilada das grandes. A ponto do meme do ‘Bino’ colorir por completo.
“Tá maluco, vou nada.”
Além do mais, não sabia que estava tão piedosa assim, detesta mostrar esse lado desprezível.
A qual foi sua companhia para gerar atenção, no entanto, falar do passado que, por mais dos anos, ser rejeitada ainda era uma sensação amargante.
“Não pude evitar.”
“Vamos partir do início.”
“…”
“Vamos ser confiantes, apoiar mutuamente e consolidar em cima de uma rocha, para nunca ser derrubados pelo vento ou oceano. E se aceitar, quando estiver preparada, secarei suas lágrimas para nunca chorar novamente.”
No papel é tão lindo, mas na hora essas palavras se tornam tortuosas e perigosas demais, não evitando de levantar e sair andando.
“Preciso fugir disso.”
Mohammad, que lançou seu melhor lance, a sua dança para que a fêmea o aceite como parceiro, é rejeitado outra vez.
O que não impediu de ir atrás dela.
“Bruna, espera.”
“Que saco!”
Parecia o clichê estadunidense, em que a mocinha fora da curva rejeita o bonitão.
O desespero na face dele é plausível, parece que essa mocinha já esgotou a cota de embromação.
A ponto de esquecer o seu valioso livro.
“Por favor, só me escuta.”
As pernas roliças impediram de ganhar um turbo, sendo alcançada rapidamente.
Essa declaração foi o que sempre esperou, desde o instante que cogitou amar outra criatura sem laço sanguíneo, todos aqueles romances de animes e filmes prepararam-na para escutar esse tipo de declaração.
E sonhava, o que nunca chegou a si.
Tudo por um coração partido.
“Que raios explica essa perseguição pelo amor?”
Idêntico ao organismo, que cria defesas para lutar contra um inimigo externo, não desejava abrir o portal e expressar aquilo que foi sua ruína, permanecendo ali.
Supõe-se que, por ser romântica, o prazer só viria caso não estranhasse esse novo agente externo, igual aos outros.
“Sabe que não poderei retribuir o sentimento dedicado a outra pessoa, né?”
“Não quero o mesmo amor dedicado a outro, sim, que me ame como é agora. Mesmo que demore para conseguir.”
“…”
“Por favor, me dê uma chance.”
Nunca se humilhou tanto como faz aqui, contudo, valia o preço para tê-la ao seu lado.
Utilizou a soberba e a arrogância, mas nesse instante, o desespero o dominava por completo.
“Cara, jamais vou amar ninguém.”
Comentou Sam para Charlie.
“Cuidado com essa língua.”
“Nah!”
Encarando o mesmo calor que fez milhares abandonarem tudo e até sua identidade, porque esses não eram cálidos, como estava sendo redirecionado para ela.
Esses, que fizeram sofrer meio mundo.
Que só eram bonitos, porém frios quanto o zero absoluto, para aquelas que só queriam experimentar o calor, um que não vinha de seu corpo e de seu pênis incandescente e sim, o que tem em seu coração imóvel.
“[…]Fazê-los rir. Vem tão fácil. Quando você chega na parte. Aonde você parte meu coração (parte meu coração)[…]”
O coração que queima como fogo ardente, logo para quem fechou a fábrica e cercou o belo jardim com muro de espinhos.
As mãos trêmulas agarrando fracamente seu braço provam sua teoria.
No entanto, não sabe o porquê ou o que de fato estava acontecendo, quer acreditar nas doces juras desse demônio, que possui um órgão vital que suga tudo, até a própria luz.
“Minha luz, vai aguentar ficar perto desse horizonte de eventos? Sem expelir os restos que um dia foram humanos?”
Igual a uma pequena chama brilhante, quanto à estrela que aquece seu planeta e dá vida aos que habitam.
Talvez dar uma chance seja um ponto sem retorno onde, no final, o pequeno mundo sucumba como as milhares de estrelas que passaram em sua vida.
“Que porra…”
O xingamento, escutado por todos, fez um arrepio fino subir pela espinha, só que o outro compreendeu ser benéfico porque sente que aceitará sua proposta.
“Mas, deve ser do meu jeito.”
Deu o veredito, uma coisa nunca vista desde que terminou o último breve relacionamento.
***
Bruna, que tinha a guarda alta bloqueando qualquer coisa vinda desse estranho, relaxou, o sorriso mostrava o pouco da inocência perdida depois de um longo período aprendendo com seus erros.
“Bem… acho que será um prazer te conhecer, vamos ser ótimos amigos.”
A feição estava na sua frente, e nesse instante será só sua.
Concluindo o plano original.
Em 2025, levará para Dubai, onde morará na casa que planejou e construiu, e nunca mais voltará para a terra natal.
Na realidade, não saberá como era a vida antiga, e duvidará do local de nascimento e tomará como lar onde vive.
Assim, se tornará o único que amará para toda a existência.
“Também estou feliz por isso.”
O sorriso sincero expressava uma alegria que se tornou comum.
Nem quando se satisfazia com o sexo ou as conquistas sobre as desgraças de grandes poderes chegou perto de ser amigo de alguém que não poderia tocar enquanto não fosse permitido.
Entretanto, será passageiro e, quando for o momento certo, o seu corpo não será a única coisa tocada, e sim, a alma.
Graças a esse mínimo detalhe, pelo fato desse começo, essa pequena decisão em deixar pisar em seu santuário será danosa para os que estão ao redor.
Pois, como conseguiu ficar na entrada desse íntimo que estava restrito ao pessoal autorizado, ninguém poderia permanecer, e quem quiser, terá que aguentar a força do seu machado que terá o prazer de desmembrar cada parte.
“Droga….”
Bruna sente o aviso do corpo, que ronca ferozmente por algo sólido, e o achocolatado pronto já foi utilizado.
“O que foi?”
“Estou com fome.”
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Capítulo 60
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As Mil e uma noites Dela com um espírito Obsessor
Dizem que o amor é a chave para o sucesso, capaz de unir mãos e garantir um felizes para sempre.
No entanto, Bruna, prestes a completar 32 anos, já não sente mais essa faísca e deseja...