Capítulo 65
No portão de alumínio de casa, estava temerosa em entrar, já são mais de 9h, e com certeza, sua irmã estava acordada e seu cunhado também.
Não queria falar nada do que estava acontecendo, na verdade, não há nada o que explicar, já que não rola nada entre os dois.
E são apenas desconhecidos, que estão se conhecendo.
Apesar do interesse nítido, não quer arriscar, ao saber o tipo de sentimento que poderia emergir e, no fim, será um capítulo de autoconhecimento.
Não queria voltar ao antigo, desse modo, deixou esse nervosismo primário para o fundo da gaveta.
E encarar a situação atual.
Eles tentarão obter o máximo de resposta e, depois, subornar a investir em algo que não quer.
Com a mão livre, caçou a chave no meio dos seios, ao pegar, observava o belo chaveiro metálico em azul e prateado da ponte de Salvador.
Uma lembrança comprada por sua mãe, quando foi à última vez à Bahia, e essa recordação estava pendurada na chave que dá acesso ao interior de seu castelo.
Ao girar, a cachorra alarme começou a latir, alertando que um intruso entrava em sua morada.
A veterana, de alguma forma, reconhecia quem eram os de casa e não acompanhou.
Bruna respirou profundamente, porque estava muito nervosa.
Antigamente, quando era iludida, ficava alegre ao contar os feitos notórios e raros de uma xavecada do sexo masculino.
Seu estômago se enchia de borboletas, e todas as suas esperanças eram depositadas nesse ser que mirou para ela.
No entanto, depois de tantos fracassos em confiar rapidamente, tornou-se o que é hoje: arisco e desacreditado a qualquer coisa relacionada a essa área.
Desse modo, por mais que o deus grego venha falar durante esses dois dias, não sentia nada, transformando-a como todos os outros que não têm uma ligação forte.
Idêntico a tomar Sertralina.
Ao abrir, Belinha ficou animada por ver a irmã de sua dona, que trouxe algo diferente e interessante.
“Como é boa essa fase.”
“Belinha? Volta agora.”
Disse da sala, o seu coração tropicou, e pensou em deixar essa prova criminatória em um lugar que não possa ser notado, para depois colocar em seu armário.
Ainda assim, a caixa é espalhafatosa demais, sendo visível a olho nu, estragando o disfarce.
“Que foi, piri? Por que tá latindo?”
A voz masculina de repreensão à pequena cachorra deixou a garganta travada.
Além do que, vêm mais coisas daqui a pouco, portanto, se esconder agora, outros serão descobertos, piorando a explicação.
“Como queria que ficassem enfurnados no quarto. Por que não está fazendo calor o suficiente como no ano passado?”
Chateada por essa falta cometida pela mãe natureza, todavia, tem que encarar, o importante é manter esse segredo de seu pai.
O resto, vai saber como lidar.
“Por quanto tempo, espertinha?”
Quando seus chinelos fizeram os barulhos habituais de arrastamento, como se carregasse um moribundo, a caçula percebeu ser sua irmã que chegou de seu passeio matutino.
A cachorra pulava animada, sob duas patas traseiras.
Quando chega na entrada principal, em sua mente estava repetindo o mantra de que tudo ficará bem, para contar com calma o que realmente estava acontecendo.
Para não interpretarem errado.
Beatriz, que estava no celular, fixada em seu Instagram, usando o seu fiel óculos comprados ano passado pela piora ocular aos 26 anos, olhou para o lado, para saber se de fato era ela entrando por aquela porta.
Se fosse uma situação normal, apenas olharia, diria um ‘oi’ entre os dentes e voltaria para sua atividade comum do dia a dia.
Porém, não foi isso, é a mesma, com todos os membros de seu corpo e com a mesma vestimenta que usa para sair de casa.
Todavia, o seu jeito é estranho, como se quisesse esconder algo que não dava para ocultar.
E sabia muito bem que essa atitude era uma péssima razão para esconder certas emoções conflitantes.
Após analisar minuciosamente, seus olhos seguiram a linha do braço direito que segurava algo grande que não pertencia à casa.
“O que é isso? Que cara estranha é essa?”
“E…”
“Fala! O que aconteceu? Que caixa é essa na sua mão?”
Percebeu-se, consequentemente, que seria um longo dia para explicar a travessura do destino.
***
[Obg pela gentileza, a comida estava ótima. Eu e minha irmã amamos os produtos que enviou. Posso dividir cm ela? Ela tb faz dieta e podemos nos ajudar. Obg, ótimo dia! ♥]
Trinta e uma palavras e 167 caracteres, numa mensagem de agradecimento enviada no seu número pessoal, vista no WhatsApp.
O emoji de coração foi a cereja do bolo. Uma gentileza não vista presencialmente.
Como se existissem duas Brunas diferentes, habitando o mesmo corpo.
Nunca esperaria esse tipo de mensagem vindo de sua boca, o máximo seria um agradecimento simples, com intenções verdadeiras.
E não essa maravilha que, no final, tem um emoji.
Apesar dessa mensagem calorosa, de alguém que é um pouco frio, fez flutuar em nuvens.
A foto utilizada no perfil não é seu rosto, e sim a imagem de internet de uma personagem que desconhece, mas demonstra toda a fofura de alguém meigo, como essa usuária.
Principalmente o nome de perfil, contrariando seu jeito impassível e controlado de ser.
Que lutam para se destacar no mesmo recipiente.
O seu status, que nunca foi alterado desde 2022, em que iniciou sua aventura nas traduções, continua lá como se fizesse tal atividade.
A foto nas redes e na realidade não combinava com as três entidades que definem uma só criatura.
Como se a inteligente, irônica e debochada fizesse parte do personagem atrás da cortina.
E a meiga, inocente e bondosa, ficava aqui.
Ao mesmo tempo que gostava das três, queria ficar somente com a segunda.
Enquanto isso, teria que se contentar com a sincera, machucada e suicida.
Ao enviar outra mensagem, para responder todas as 31 palavras, afirmou o que seu cachorro transmitiu.
Como mágica, a resposta veio mais rápido do que esperava. Com uma obediência e outro agradecimento.
Nisso, não se aprofundaria e muito menos telefonaria, deixaria tudo para depois, quando estivesse mais confortável, para pegar o que é seu por direito.
Sam, que chegou no momento em que estava almoçando, relatou os detalhes sobre a residência dela.
Explicitando o quão é simples, mas organizada e limpa.
Além disso, algo desagradável que não queria ouvir: saber que a mulher de seu interesse dorme no mesmo quarto que seu pai, deixando-o um tanto incomodado.
Mesmo que afirme só haver dois quartos, e um deles é ocupado pela caçula e seu esposo.
É um assunto que deixará para depois, e, montar sua rede para transformar esse pássaro selvagem em uma linda espécie, domada e amorosa.
Durante esse período, o sol se pôs no oeste, e o belo crepúsculo foi embora para dar as boas-vindas à noite calma, e agitada para alguns que trabalham na madrugada.
Nesse horário, somente bares, casas noturnas, restaurantes e prostitutas conseguem adquirir o melhor ganha-pão.
Pois a noite não foi feita só para dormir, e sim para se entregar aos inúmeros tipos de prazeres que a sociedade moderna oferecia.
Ainda que essa área seja dominada pela criminalidade, agiotas e cafetões, a cidade continua fabulosa como sempre.
Mesmo os mares das áreas ricas estão cheios de sem-teto que procuram se lavar com água salgada, para aliviar o cheiro ruim de mijo e cachaça.
Continuava bela.
E nessa madrugada fantástica, sem muito tráfego, somente aqueles que se aventuram a prestar serviços de transporte particular para quem queira viajar por todo lugar.
Dois jovens, usando roupas pretas e toca ninja, esperam para invadir um estabelecimento que é um centro de pesquisa e ações sociais.
O belo portão azul, que não é muito alto, foi pulado por uns deles que precisavam fazer seu trabalho, e o mais rápido possível.
Amanhã acontecerá o primeiro encontro de mulheres de 2024.
A ONG é uma ponte e uma reunião entre quem passou ou passa por momentos tortuosos, que resultaram num diagnóstico complicado.
No intuito de auxiliá-las a perceberem que todas sentem o mesmo sentimento diante desse acontecimento, sendo ouvidas e acolhidas.
E, curiosamente, quer saber o que a jovem fala, sua vulnerabilidade é apetitoso para o seu coração.
Nathaniel, é sorrateiro como um rato, adentra com sucesso.
Nessa condição, sua ótima visão de um animal noturno conseguia delimitar possíveis obstáculos à frente, indo diretamente ao destino.
Sacando, como um frequentador assíduo, o escocês com parentesco alemão vai à pequena sala que tem a porta de correr feita de vidro temperado.
Dentro, há muitas mesas escolares desorganizadas e uma mesa de madeira no final, igual a uma sala escolar.
Com a cópia da chave, abriu o recinto que não mostrava resistência.
Não acendeu a luz e foi diretamente ao lugar onde colocaria a escuta.
Como é uma sala usada por outras pessoas, o grampeador filtraria todas as atividades que acontecem aqui, mas somente as reuniões do grupo serão ouvidas.
Ao instalar o mecanismo e fazer o teste, estava tudo bem e poderia ser usado nesse exato momento.
Quando Joe recebeu a notificação do sucesso da missão, avisou para sair dali.
Como um bom ninja, que entra e sai sem ser notado, Nathaniel pula o portão com a agilidade de um felino e entra no veículo alugado pelo líder.
Concluindo o outro objetivo, sendo mais complicado que o antigo.
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Capítulo 65
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