Capítulo 69
“O que está fazendo?”
Segurando uma garrafa d’água e um canudo de plástico, puxava o líquido transparente, mas importante à vida.
A perna direita está apoiada em cima da coxa dele, que analisava uma reação causada pelo calor.
Seus dedos apalparam a canela até os pequenos pés, que estavam grandes devido ao inchaço.
Esse é o motivo de odiar o verão, bebendo água às 7h40, o que raramente acontece.
“Desde quando suas pernas incham desse jeito?”
O dedo pressionou levemente, afundando, deixando marca no edema, o que o deixou preocupado.
“Desde a adolescência, todo verão. Já perdi as contas de quantas vezes fui para a UPA com o meu pai, achando que era algo perigoso, mas é só o calor.”
“O que diziam para melhorar?”
“Beber muita água, ficar com as pernas para cima ou usar uma meia de compressão.”
“E fez?”
“A perna pro alto, fiz, mas não adiantou, ficava inchada até o momento de dormir, já beber água… não é meu forte, e na época e principalmente agora, não posso comprar uma meia de compressão.”
A praça estava quase vazia, a presença do estrangeiro bonito não é mais interessante, fazendo parte da ambientação do bairro.
Mohammad percebeu que as pernas dela sempre eram grandes e inchadas, só que nunca tentou checar porque não deixaria tocar.
Contudo, como a situação estava se repetindo demais e havia um certo desleixo da usuária, resolveu verificar e entender a razão de odiar tanto esse clima.
A mulher não estava ligando de outra mão, tocando espantadamente pelo fenômeno plausível.
“Tem mais coisas de que não gosta?”
“Sim, muitas.”
“Fale.”
“Bem… Quando está muito quente ou no verão, isso acaba afetando minha alergia de pele.”
“Não era somente uma?”
“Quem dera. Mas tenho dermatite atópica e também a seborreica. Todos têm tratamento e faço constantemente.”
Mohammad conhecia esse tipo de doença, que é oriunda de bactéria e principalmente por fungos.
No histórico médico não constava nada, provavelmente a rede pública não soube correlacionar esses problemas com alergias.
O que pode agravar com o clima quente ou muito frio.
A dermatite atópica causava coceira e muita dor, pois a área afetada ficava ressecada, gerando um incômodo e constrangimento.
No qual o indivíduo evita mostrar certas partes, como pescoço, cabeça e algumas dobras, onde esses patógenos podem se alastrar.
“O que usa para tratar esses problemas?”
“Bem, para atópica, é o clotrimazol e o acetato de dexametasona. Já para seborreica, xampu anticaspa com cetoconazol, já o de contato, não preciso repetir.”
“Quem indicou?”
“Haha… Acredita que foi meu pai? Já estava sofrendo com esse problema desde 2022, e os remédios dados não estavam surtindo efeito, e depois da diabetes a situação piorou.”
“E por que ele indicou esse medicamento?”
“Para tratar a impinge dele quando mais jovem.”
“Aqui deve ser conhecido como Baycuten, não é?”
“Como sabe?”
“É um medicamento com princípio ativo de clotrimazol, é um antifúngico conhecido por outras marcas.”
“Hum, sim.”
“A alergia deixou marcas?”
“Só um pouco, nada alarmante.”
Queria ver para ter noção da situação, como viverá ao seu lado, onde o clima é insuportável com baixa umidade.
O ambiente interno deve estar em temperatura fresca de 20 °C para não acionar e nem fazer seus pés incharem.
Também contratará um profissional para fazer uma massagem linfática, reduzindo ao máximo esse edema, mesmo que toda noite repita o processo para não causar um desconforto na hora do sono.
“Será por isso que usa blusas enormes para esconder esse defeito?”
Cogitou, mesmo assim, não ligaria em tocar ou beijar.
“Já fez exames para saber se é propensa a pegar certos tipos de fungos?”
“Não sei, achava que era pelo tanto de antibiótico durante a erisipela.”
“Ahn, qual foi a causa?”
“Antes não sabiam o que eram e davam todos os tipos de remédios possíveis. Só que avançava, fiz o exame para saber se a bactéria invadiu o sangue…”
Entendeu seu quadro clínico no passado.
“O ruim é que acabou prejudicando minha vagina.”
Os antibióticos são criados para matar bactérias nocivas, auxiliando a defesa do organismo a eliminar esse patógeno o mais rápido possível, porém, causam efeitos colaterais ruins.
Em contrapartida, eliminava qualquer bactéria existente, incluindo as boas que auxiliavam na defesa do corpo.
Caso o paciente se estenda além do indicado, os efeitos podem surgir desde um desconforto intestinal até pegar outro patógeno que aquele micro-organismo combate.
Como a área íntima feminina, que estava propensa a contrair certos fungos e outros nocivos.
E essas ajudam a prevenir a proliferação de certos invasores que prejudicam a mucosa vaginal, que fica perto do canal atingido pelo útero.
O longo processo antes de descobrirem de fato o que era deve ter causado esse desequilíbrio, onde no final acabaram pegando fungos que poderiam ser tratados com uma pomada especial para isso.
O problema é: quem passou isso? Era esse o seu questionamento.
“Quem ajudou a passar essa pomada?”
“Meu terceiro namorado, ahhhh..!”
Sentiu uma pressão forte e dolorosa, feita pela mão pesada, que não controlou a fúria de outro cara ter enfiado dedo dentro dela, foi sem querer quando a frase estava sendo formulada.
Só de imaginar que outro a tocou, ou penetrou, deixou-o em cólera.
“Tá maluco? Seu bruto! Meu deus está doendo..!”
Retirou a perna e colocou no chão, para massagear essa parte porque sentia igual a uma porrada, e com inchaço piorou.
Era a mesma sensação quando foi picada pela lacraia na antiga cama de solteiro.
“Caramba, Mohammad, o que tem nessa cabeça? Seu palhaço… que mão pesada da moléstia. Nem minha mãe chegava nesse nível..!”
Enquanto a vítima agonizava, só conseguia imaginar esse cara com seu dedo imundo aplicando o remédio ao redor do buraco, em que a posição revela sua beleza que deveria estar oculta.
Entretanto, como masoquista, queria mais detalhes.
“Desculpe, acho que fui um pouco bruto. Só queria ver se essa parte era sensível a certos toques. Vem, coloque a perna de volta aqui.”
“Não vai fazer de novo?”
“Prometo.”
Com o sorriso demonstrando segurança e uma garantia, a jovem cai na armadilha e coloca a perna direita novamente.
“Então, fale, só ele que fazia isso?”
“Não, minha mãe me ajudava também.”
“Quanto tempo ficou usando?”
“Acho que uma semana. Poxa, tá latejando….”
Uma leve recordação colide, e um arrepio de nojo daquele arco, e não era a doença afligida, e sim do próprio cara que decidiu ficar ao seu lado.
“Quem aplicava mais? Sua mãe ou seu ex-namorado?”
Essa pergunta, disfarçada de curiosidade, é a tentativa de deixar mais furioso, e dependendo da resposta provavelmente não controlaria a força, talvez….
“Meu namorado, como estava afastado por doença, e na época veio de SP para me visitar, dormimos no mesmo quarto e….ahhhhhhh! Porra, Mohammad, tá maluco?! Porra! Vai tomar no cu! Caramba, dói, caralho!”
A jovem saiu assim que sentiu a pressão mais forte do que a primeira, tentando controlar o som de quase choro para aliviar a ação feita por um possessivo.
Os xingamentos que saem de sua boca não são para ofender, e sim uma forma de expressar a intensa dor aplicada.
Enquanto xingava e gemia, Sam, que entendia o idioma, ouviu vários palavrões de raiva e dor saindo da boca de alguém que aparentava inocência.
É como ouvir um funk proibidão da boca de uma criança de seis anos.
Reclamando, porque o presidente não conseguiu controlar a fúria do ciúme que o invadiu ao ouvir o relato de que a mulher que ama já rolou na cama com outros homens.
Para o guarda, esse tipo de coisa é supernormal na sociedade em que vive, inclusive uma mulher, maior de idade e ativa sexualmente.
A jovem perdeu a virgindade aos 22 anos, o que é incomum, e durante esse tempo até os 29 anos, passou na mão de três, e todos penetraram dentro dessa buceta diversas vezes até gozar.
Mesmo que seja passado e não tenha ficado com mais ninguém durante o período, para o presidente deveria ser considerado um crime.
Se pudesse, cortava não só a mão, mas também o pau de cada um deles que entraram nela.
Depois fariam engolir, para sentir o gosto do pecado feito entrando em um solo sagrado.
Nisso, reclamava, os xingamentos baixos saem sem escapamento, e para Sam, que tem conhecimento sobre o fato dele odiar palavrões chulos, pensou que agiria e corrigiria por tal ato profano.
Porém, o que ocorreu foi totalmente o oposto.
O presidente estendeu a mão para puni-la e, com ela, apertou ambas as bochechas, formando uma careta fofa.
Sem reação a essa ação inesperada, só pôde ficar confusa enquanto suas bochechas redondas eram pressionadas levemente, forçando a formar um bico.
“Não xingue.”
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Capítulo 69
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