Capítulo 80
Apesar desse pensamento, não consegue notar que caiu em uma armadilha perigosa, e que a besta estava enrolando lentamente nesse fio forte de seda.
Que é confortável demais para a presa notar que pode estar errada ou terá uma chance de escapar.
Semelhante a colocar um sapo numa panela com água fria, e ao ligar o fogo, esse animal não pulará para fora, e sim, se habituará e até relaxará na sensação gostosa que o fogo proporciona.
Que só vai aumentando, até que esse anfíbio, antes de pensar em fugir, acaba morrendo.
Esse é o objetivo, fazer-se acostumar a ponto de confiar e depois estar tão envolvida que não pense em fugir dele, e ser perdoado por atos horríveis e degradantes, derivado desse amor que terá por ele.
O amor será sua fraqueza, podendo até ser maravilhoso e considerado puro, porém tem consequências graves quando o destinatário é a pior criatura do mundo.
Ao chegar à loja, parou de frente com a marca esportiva mais cobiçada do planeta, fazendo parte dos maiores times de futebol mundial e outros tipos de esportes.
Cada peça é confeccionada com tecnologia e de ótima qualidade, desfavorecendo o alcance, como seus imitadores.
O mais ‘em conta’ são os tops que sustentam os seios femininos e que ultrapassam a marca dos 100 reais.
Ainda assim, é elevado.
O cliente tem a certeza de que não estava levando algo de pouca durabilidade, e sim para a vida inteira.
Desse modo, defendia comprar produtos um tanto salgados, pela garantia dessa propriedade.
Mas enquanto o bolso não ajudava, adquiria outras mais acessíveis que infelizmente não ofereciam o mesmo empenho.
“Vamos nos divertir?”
“Essa brincadeira de gente rica é até engraçada.”
“O que custa gastar o dinheiro de um ricaço? Pode até bancar o Robin Hood, que nem vai se importar, na verdade, vai gostar de ficar gastando com peças que para ele são descartáveis.”
Refletiu, largando a hipocrisia.
Assim como tudo, atendentes que precisam bater metas são iguais aos dragões-de-komodo atrás das suas vítimas moribundas.
Portanto, quando os clientes colocam os pés, dois deles vêm em sua direção oferecendo sua ajuda, que pode custar 10%.
Ainda que seja essencial, Bruna acha um tanto irritante e até invasivo, pois esses funcionários não estão interessados em ajudar, e sim apenas vender.
Jogando de lado o gosto do cliente, causando um certo desconforto a ponto de levar por pressão.
Só que, antes de recusar, o homem foi rápido e cirúrgico, fazendo perceber que não é para ninguém ir até eles, caso contrário, sofrerá consequências.
“Tudo bem, senhores, fiquem à vontade.”
“Obrigada.”
Nada saiu de sua boca que ficou responsável por mostrar tudo.
Os funcionários ao redor queriam ter a chance de tentar alguma coisa, sendo impedidos para não se intrometerem e arriscarem a perder seus empregos.
Diretamente na sessão feminina, tops e casacos que sejam largos o suficiente para ocultar suas curvas geraram um apreço comum.
Inclusive os sem zíper com bolsos, para colocar suas coisas sem utilizar os seios como um suporte.
As cores variam, indo de um preto para um tom pastel, mas nunca algo vibrante demais como o rosa choque ou o tal rosa Barbie.
Havendo tamanhos variados, dos PP aos 2GG, dependendo de como ficar, o importante é não mostrar muito e ser confortável para usar no dia a dia e em casa.
O problema é o preço, como alguém consegue usar algo que custou quase 300 conto para uso domiciliar?
Isso é um absurdo, pois esperava ficar gasto o suficiente para usar em casa ou comprar um pão na padaria.
“Não se preocupe, pode usar em casa. São apropriadas para isso.”
“É tão caro, só esse casaco, é duas calças jeans da Renner.”
“Entendo, só que não quer algo confortável que use o tempo todo? Roupas de uso contínuo precisam ter um bom tecido, sofrendo com a força da natureza e desgaste natural das lavagens.”
“Não sei, pessoas ricas são engraçadas.”
Ironizou.
“Não se trata de ser engraçado, é saber que o dinheiro gasto pode valer muito mais futuramente.”
“Igual a investir no mercado de ações?”
“Parecido com isso.”
“Hum… tá bom, gostei desse, tem GG ou um pouco maior que isso?”
“Vamos ver.”
Com toda a paciência, os dois passam por várias sessões e escolhem várias peças.
A garota, que estava em dúvida sobre qual comprar, foi mais certeira e pegou aqueles que vão causar uma boa sustentação.
“Tamanho G…”
Olhos afiados criam hologramas de como a peça ficaria em sua estrutura.
O tecido é bem resistente, possibilitando boa mobilidade para esses air-bags.
Mohammad foi enchendo a bolsa com vários que a agradaram, que rapidamente encheu com tanto casaco e top, tendo que pegar outra para colocar mais.
Os vendedores reconheceram que perderam a chance, há uma fortuna nessas bolsas.
Depois foram para as leggings esportivas, ali arriscava em cores um tanto extravagantes como um laranja, verde-claro e até estampados, enchendo mais uma vez outra sacola.
Não só escolheu para si, mas também para sua irmã, que usam roupas gastas e rasgadas, e pela dúvida, chutou nos tamanhos entre G e GG.
É tanta coisa que estava ficando um pouco preocupada, e os funcionários imaginaram que essa pobre coitada podia ser mais uma vítima de um cara rico.
Olhando como uma possível sugar baby, nada disso importa, o óbvio estava escancarado: esse ser iluminado nutria um amor forte que não estava na mesma vibe.
Causando um sentimento de inveja em certas dotadas de beleza, comparando à vítima da situação.
“Não entendo, lindo pra caralho, parecendo uma divindade, perdendo tempo com essazinha aí.”
Observava a comissão gorda perdida.
“Xereca.”
Solucionou todas as dúvidas que possam surgir futuramente.
“Tá de brincadeira, né? Olha a cara dessa songa monga. Tu vai me dizer que deve fazer gostoso? Nem no boquete se garante.”
“Não importa, o fato é a validade desse produto. Essa favelada tem prazo, e quando não for mais útil, outra do mesmo modelo e até melhor será posta no lugar.”
“Acho um absurdo, esses caras pagam por produto caro, mas são esquisitos, as da Vila Mimosa dão um pau nessa daí.”
“My pussy é o poder.”
“Hump!”
Enquanto definem o que de fato é ou o que estava acontecendo, se arrependem profundamente de não fazer parte dessa loucura de mais um bilionário.
A jovem olhou todas as seções de camisetas e não gostou de nenhuma.
Não é o mesmo que as que vestem.
“Não gostei.”
“São justas demais?”
“Sim, gosto de coisas largas para usar em casa sem nada por baixo.”
“Vai para a rua sem nada?”
“Sim, mas se limita nessa área.”
“Até quando vai pegar as entregas?”
“Claro, vocês gostam de mulheres, mas não entendem o universo feminino, o sutiã ou top, seja lá o que for, são desconfortantes, principalmente para quem tem seios com numeração maior que 40.”
“…”
“Por isso, é bom esse tipo de blusa, com a tranquilidade de que ninguém ficará reparando nos seus faróis.”
“Interessante…”
“Tsk, não gostei. Não tem outra sessão que seja maior do que as minhas? Pode ser na masculina, acho que lá é melhor, claro, tirando que deve ter mais camisa de time.”
“Vamos ver.”
Palavras curtas e até monossilábicas descrevem seu autocontrole, não agradou o fato de não usar um sutiã enquanto perambula para cima e para baixo, incluindo estabelecimentos onde havia um grande fluxo.
Pode não parecer, mas homens que desejam o sexo feminino gostam de seios, não importando a aparência física dessa mulher.
Os seios são únicos e atraem atenção como uma centelha que pega fogo rápido numa palha.
É algo natural e muitas vezes sem intenção.
Ocasionando fantasias sobre como fazer, e ter a oportunidade de ver bem avantajados, sem uma proteção ou suporte que segura, era um prato cheio e uma vista maravilhosa.
Pois, dependendo do movimento e ação, sem isso, voam livremente, atiçando ainda mais o tesão, correndo uma ereção a curto e longo prazo.
Embora estejam contidos, davam certa segurança de não mostrarem seus bicos mamários.
Ainda assim, seu pau estava duro e o movimento de caminhada lenta faz balançar e até ressaltar levemente o bico eriçado pela temperatura baixa.
Em que são pequenos demais para as mamas protuberantes, oferecendo facilidade para a amamentação ou brincar com a língua.
E pela analogia, queimava em raiva, o fato de o golden retriever ter o privilégio de presenciar em sua forma natural, sem ocultar sua natureza, se deliciando no desenho perfeito.
O pior, se essa blusa é a vestimenta social, com certeza as usadas em casa são mil vezes piores, revelando até demais.
“Usa outro tipo de roupa em casa?”
“Sim, Deus me livre de usar as que uso pra sair, senão, não teria nada.”
“E sempre fez isso? Ter roupas diferentes para uso em casa e para a rua?”
“Claro, desde que meu cunhado foi morar lá, tive que mudar meu modo de vestir.”
“Como assim?”
Quanto mais se afundava, mais coisas desagradáveis e até absurdas eram mostradas num rosto que não ligava para os fatos, e cada revelação era um soco forte em seu estômago.
Saber que, por hábito adquirido desde que entende, vendo sua mãe fazer, andar pela casa com os seios livres sem algo para cobrir na frente de seus familiares, principalmente o irmão e o pai, foi como um raio atingindo o topo da cabeça que dividiu em dois.
“Hahaha… Que época. Não gostei disso, não, não tem aquelas lojas que vendem blusas personalizadas de bandas e animes, não?”
O clima congelou, não devia ter perguntado e sua mente se flagela atrás de informações de algo que não existe.
Na sua cultura, é estritamente proibida e até passível de punição conforme a sharia.
Esses relatos, considerados inocentes por parte dela, de confiança extrema nos seus familiares, são bizarros.
Se fosse à frente de algum interesse amoroso, até seria intragável, mas na frente dos homens que não possuem um elo afetivo?
Tinha que mudar, queria mudar, entretanto, estava distante demais para fazer isso, mas como?
Essa sensação de não ter controle de algo o deixava irritado, a ponto de matar.
Os seguranças viram a fúria silenciosa de Mohammad se espalhar por todo o espaço e perceberam que algo de errado não estava certo, deixando ultrapassar o limite do ponto de ruptura.
Alguém pagaria por isso, e esses caras não queriam ser os alvos dessa descarga.
“Continua tendo essa atitude?”
“De quê?”
“Andar pela casa nua?”
“Claro que não, tá maluco? Só quando estou com minha irmã, tenho o senso do pudor e respeito. Droga, não tem nenhuma camiseta que seja legal.”
“Pode fazer um pedido para mim?”
“Qual? Que não me deixe desconfortável, ou seja, contra minha vontade, tudo bem.”
“Não vai lhe causar nada, na verdade, te proteger.”
“Hum.”
“Usar algo por baixo quando for sair de casa, principalmente se for para fazer algo ou pegar uma encomenda.”
O pedido feito não soou como algo ruim ou desagradável, deixou curiosa, que detestava essa ação, e as camisetas, por serem escuras e largas, escondem qualquer coisa.
“Pra quê?”
A frase, que passou pelos lábios grossos e brilhantes, soou como uma curiosidade inocente.
Mohammad poderia ser direto e impor a ordem, mas não deve usar esse tipo de linguagem, pois esse pássaro ainda é selvagem demais para obedecer a uma ordem direta, então usou um outro método.
“Não importa como, os seios continuam sendo um desejo, e o fato não é exclusivo para sustentação, mas para prevenir um possível assédio.”
“E…?”
“Por mais que as roupas ocultem ao máximo, o que não está protegido atiça o interesse masculino, que involuntariamente pode ser um fator de risco para você que é mulher.”
“…”
“Parece um tanto contraditório sobre isso, porque nem isso a protege, porém, o fato de usar algo por baixo reduz um pouco essa probabilidade.”
“Hum….”
As palavras expressadas, numa preocupação genuína com seu próprio bem-estar e segurança, foram algo relevante e devem ser pensadas.
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Capítulo 80
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