Capítulo 83

Utilizando um batom que não tem em sua coleção, é recebida por latidos das duas cachorras.

 

Sua irmã, que estava na sala, presenciou sua chegada, sendo relatado por ela sobre o horário tardio.

 

A diferença é que seus braços ocupavam bolsas da loja que não eram vistas por aqui, pela situação atual, ligando os pontos que estava com o tal ricaço.

 

E do mesmo jeito, seu cunhado estava curtindo o segundo e último dia de folga, para trabalhar no final de semana.

 

O cheiro de comida simples, como macarrão, feijão e uma proteína rápida — cheia de aditivos químicos e saborosa — proporciona praticidade no dia a dia corrido.

 

Ao pôr tudo na mesa, Beatriz migrou do sofá para avaliar o que de fato tinha ali.

 

Ao contrário do outro que é ligado à saúde, esse é à estética e indispensável para qualquer ser humano que ame arrancar elogios por onde passe.

 

“Saiu com Mohammad?”

 

Já investigando o que tem dentro de cada sacola, ficou animada, por serem produtos de seu interesse, e até do seu esposo.

 

Breno, que estava no quarto vendo alguma coisa na TV, acabou atraído pela voz eufórica de sua esposa.

 

Saindo de seu trono, visitando o proletariado, chocado com o número de bolsas do desejo feminino, que raramente adquire.

 

Bruna removeu os saltos para sentir a superfície plana e gelada do piso, recebendo uma enxurrada de perguntas.

 

Sentando para relaxar depois de um dia frenético, concluindo em partes o planejado.

 

O homem pegou algumas endereçadas ao seu interesse, brincando em ter tal item.

 

“O que tem nas bolsas da Boticário é pra vocês, são coisas que Mohammad comprou, menos o perfume que é do meu pai.”

 

Ouvindo a confirmação, a caçula já agarrou o que é por direito, sendo o favorito.

 

Sempre quis ter, nem que fosse um único, para passar na pele, separando, cada um, foi adquirido em dobro, para prolongar o tempo de uso e aproveitar os benefícios.

 

“Ai, meu cunhado é tão legal, não imaginaria que compraria tanta coisa pra a gente. Queria agradecer pela gentileza.”

 

“Tem mais coisas, muito mesmo.”

 

“Mais coisa, Bruninha? É o que então?”

 

“É….”

 

Batidas suaves são ouvidas, tendo plenitude do que seria.

 

Outra vez, Belinha e Nina começaram a latir.

 

Seu cunhado foi recepcionado e surpreendido por alguns altos e fortes, um jeito amedrontador para concluir sua missão.

 

“Vanessa Cristina, são esses caras que vieram trazer o restante das coisas?”

 

“Porra, Mohammad! É assim que é discreto? Mais fácil uma melancia na cabeça, que passaria despercebido.”

 

Inconformada com a quebra de promessa, a jovem não tinha opção, a não ser aceitar tudo isso.

 

O problema seriam os burburinhos.

 

“Sim… deixa entrar.”

 

“Pode entrar.”

 

Sem entender o dialeto, por estarem sem o filhote e Alex para auxiliar nessa falha de comunicação, apenas entraram um a um na humilde e ‘pequena’ residência.

 

Beatriz, que não estava numa aparência legal, correu para dentro do quarto do pai e esperou esses caras deixarem tudo que trouxeram.

 

Seu cunhado ficou surpreso, por serem muitas, e em sua maioria pertenciam à loja esportiva de luxo, a original que patrocina times mundiais, principalmente o seu do coração.

 

Também as caixas da Dior e produtos de skincare de várias empresas que desconhecem, até comidas do Outback e KFC, não sobrando nada para uma segunda viagem.

 

E ver tudo organizado, coisas que só cogitaram em sonho, entraram em curto-circuito, porque de fato nunca ocorreu, e nunca poderá adquirir o que ultrapassasse os duzentos reais.

 

Querendo desbravar e saber qual lhe pertencia.

 

Só de olhar por cima, distinguiu quais eram os seus e dos outros, enquanto a caçula abria com todo cuidado as caixas icônicas.

 

Exibia produtos de banho e cuidado da pele, ultrapassando os dois mil por conjunto.

 

Imaginando os momentos especiais, como uma festa ou casamento.

 

Só que, quando perguntou, foi negado e explicado o motivo.

 

“Poxa… é, né, entendo, cada um tem seu cheiro exclusivo. Uma pena, não poderei ter acesso a essa preciosidade, fico feliz pelas coisas que ganhei, vou usar até enjoar, hihihi…”

 

“Que bom, mas o resto podemos dividir, principalmente os de skincare que tem bastante.”

 

“Que delícia, vou utilizar pela primeira vez marcas caras nesse rostinho de bebê.”

 

“Tá bom, olha, já separei todos que pertencem aos dois, aqui tem casacos, calças de academia e outras coisas. E caso a numeração esteja errada, só me falar que posso trocar.”

 

“Essas são minhas? O tênis também?”

 

“Sim.”

 

Mesmo sem conhecimento especializado, era nítido que o tênis era caro.

 

É tanta coisa, tanta, que cogitaram reorganizar seus armários para caber tudo.

 

E seu cunhado não ocultou a animação e a satisfação pelos presentes.

 

Obviamente, a maioria seria usada para momentos específicos, longe da casualidade.

 

Em um juramento proposto por sua esposa.

 

O que não impediu a mais nova de ficar receosa sobre a vestimenta, é um hábito cultivado que demorará para ruir.

 

Já os casacos, foi algo conflitante, e cada um tem funções distintas, não importava tanto, usaria para ocasiões que fossem necessárias.

 

Evitando o guarda-chuva.

 

Jogou fora as desnecessárias e, por ter uma variedade maior de shorts, cogitou em descartar algumas, selecionando blusas que ainda são boas.

 

Também havia top, acostumada a usar em grande número, com diferença nos tamanhos do busto, sendo um pouco menor que a irmã, o que impossibilitaria certa confusão na hora de separar.

 

E, por último, as camisas sociais que ama demais, de várias estampas e desenhos diferentes de seu gosto — oposto do passado, que era para agradar outra pessoa.

 

Entretanto, que foi deixado de lado para desvendar as numerosas caixas de skincare, achou que abriria uma nova loja para cuidados da pele, em variedades conhecidas e algumas que nem sabia da existência.

 

Sua irmã até brincou, a sua avidez por conhecimento às vezes deixa a desejar quando se tratava de artigo da beleza feminina, o que no caso dela é o contrário.

 

“Verdade, acho que preciso receber ‘inteligência’ sobre esse meio.”

 

“Olha, tem até produtos asiáticos, oxe, esse nunca vi é….”

 

“Coreano.”

 

“Ah, sei lá, pra mim é tudo igual.”

 

Sorriu, porém, reconhece pelo alfabeto determinar a origem, nesse caso é hangul.

 

Como um bom conhecedor de seu corpo, todas as etapas, é dedicado à pele mista que tem uma zona T bem destacada.

 

Onde costuma acumular a oleosidade natural, prejudicando as sobrancelhas atingidas pela dermatite seborreica, que precisam constantemente de cuidado.

 

Assim, uma pigmentação por henna é deveras complicada.

 

Como são várias marcas com o mesmo objetivo, se adaptando conforme o consumidor, ficou em fase de teste e as duas começaram a divisão.

 

Deixando um montante para cada uma, e entender qual se adapta melhor, principalmente se tratando do efeito rebote que aumenta a oleosidade.

 

Principalmente para Bruna, que tem um sério problema com protetor solar, tanto os indicados, em que a sensação não é boa, e acaba doando à irmã, que tem uma melhor adaptação.

 

E também tem o fato da continuidade.

 

Em que não mantêm uma constância como Beatriz, mas dessa vez, tentará novamente.

 

Mesmo sem conhecimento profundo, perceba-se que o preço por unidade é um tanto elevado.

 

Já sua irmã, que respira nesse meio, reconhece a incompatibilidade com o bolso de um assalariado. Julgando por alto, acredita que tenha desembolsado um pouco mais de 25 mil reais.

 

“Esse cara não é só rico, deve cagar dinheiro.”

 

Apesar da falsa lembrança, que foi restaurada graças à tecnologia atual, acredita que Mohammad deve ser o próprio ‘Tio Patinhas’.

 

Reconhecendo o truque velho, algumas maquiagens surgirão ‘magicamente’ no armário dela e tudo bem, tem em excesso.

 

Os únicos que não serviriam são as bases e o pó compacto, porque são de tonalidade diferente.

 

E isso a chateou um pouco, por gostar dos produtos dessa marca.

 

O boss final são as caixas da Tiffany & Co., que caiu pra trás pelo fato de a Bruna ganhar seu primeiro conjunto de diamantes.

 

Nas orelhas, pescoço e no pulso são delicados e poderiam ser usados no dia a dia sem chamar muita atenção, claro, não dos ladrões.

 

E falou que não usará o bracelete, pois seu pai é um ótimo conhecedor.

 

Com tudo separado, remove do mesmo jeito que foi ensinada, devolvendo-o dentro da caixa, para ser ocultado no meio das roupas no armário, longe das vistas do pai que ama um perfume feminino.

 

“O primeiro diamante só é a porta para tantos que virão.”

 

Admirava a joia, que infelizmente estava impedida de usar pelo seu querido cunhado.

 

Breno prestou mais atenção nos alimentos, bem embalados, e nos seus respectivos potes e sacos.

 

Queria provar o frango tão desejado desse fast food, ainda que houvesse uns três baldes grandes com vários molhos de acompanhamento para saborear à vontade.

 

E a famosa costela do Outback, de aproximadamente 750g, é duas belas peças que serviriam seis pessoas tranquilamente.

 

Por ser quase final de semana, sem uma preocupação em fazer comida, passou a adotar esse dia em especial como uma refeição livre, que sempre é uma besteira.

 

Porém, diferente dos outros dias, com itens caseiros para economizar uma grana, será o dia da fartura, o maná que Deus resolveu abençoar essa pequena família, com comida de qualidade e bastante calórica.

 

Para não causar suspeita no patriarca, todos foram colocados em potes plásticos com tampa e qualquer traço que demonstrasse certa desconfiança foi eliminado.

 

“Hoje vamos comer bem, graças ao namorado da Bruninha.”

 

“Pare com isso.”

 

“Que saco, aceita logo.”

 

“Não é bem assim, mal nos conhecemos, e a intenção pode variar em inúmeros fatores desconhecidos, e até vocês. Parece que ninguém vê TV, ou casos graves de violência e até tráfico humano.”

 

“Olhando para esse lado, a novela ‘Salve Jorge’ mostra bem essa realidade e como os traficantes seduzem as vítimas e seus familiares.”

 

Breno, que ficou calado depois da fala polêmica, apenas cogitou se fosse verdade.

 

O melhor é sair antes que dê merda, porém não tira a hipótese de realmente gostar dela, e pela dúvida, não se intrometeria e deixaria que o destino se encarregasse desse futuro incerto.

 

***

 

Enquanto isso…

 

Em clima beirando sempre paz e tranquilidade, esconde-se uma realidade sombria ocorrendo na suíte de luxo de um certo homem em fúria.

 

A maioria dos objetos decorativos, que deveriam ser mantidos intactos para encantar um novo hóspede, foi quebrada, tudo foi destruído por mãos fortes, deixando bagunçado.

 

Não equivale a nada, sendo reposto com facilidade e até de qualidade superior que oferecem.

 

[Ahhh….. Faz assim…]

 

[Ugh… acho que vou gozar……ah…]

 

[Eu também……]

 

Paft!

 

A garrafa de uísque, levada pelo serviço de quarto, acabou de ser lançada na parede branca, manchando-a com o líquido âmbar, exalando o odor forte de álcool e outras essências de especiarias.

 

Um item desse custa muito caro, tanto que não é indicado para rompantes de fúria.

 

Os três que compõem o time observam essa beldade destruir cada pedaço desse espaço que é o sonho de consumo de qualquer mortal que levanta antes do alvorecer.

 

Essa voz melodiosa e carregada de luxúria ardente pertencia à pessoa que ama, o ato de contato íntimo entre dois namorados é ouvido por todos agora, podiam sentir a carga prazerosa entre eles que curtia um sexo por telefone.

 

Não somente áudios telefônicos, mas milhares de fotos explícitas da nudez guardadas numa memória externa.

 

Mesmo depois de quase sete anos após o rompimento, as partes de seu corpo que ocultavam seu rosto, usando trajes pequenos ou os seios grandes em fotos de boa qualidade, de todos os jeitos possíveis que se possa imaginar.

 

Todas estavam em posse desse cara que chamou de namorado.