Capítulo 88
O pedido é entregue para as meninas, que fazem a preparação, sendo algo simples e comum nos lanches e desjejum.
As bebidas quentes e geladas têm uma decoração fofa, havendo vários desenhos, como o urso e o coelho, que agradavam ao público feminino e até homens, que curtem um lado ‘kawaii’.
Fora uma gama de bebidas que vai desde o cafezinho expresso até um mocha de matchá.
Todos os tipos inimagináveis são servidos aqui, e devido a essa variedade, as funcionárias tiveram um duro treinamento para decorar a preparação do menu.
E todos são capacitados para fornecer um atendimento de qualidade, sabendo lidar com conflitos desde clientes problemáticos a casais, que é distinto de um solteiro.
Pelo cuidado e atenção, a cafeteria é extremamente cheia.
Causando fila de espera, e com o temporal acompanhado de um frio relâmpago, as bebidas quentes vão sair como água.
Falando em clientes, uma nova onda ansiosa já ocupa cadeiras vazias, procurando e até brigando por posições privilegiadas que ficam perto da ala sul, na enorme janela de vidro.
Chegava a ser hilário, ninguém experimentou o sabor de um BRT ou um busão, mas quando chegam loucamente procurando uma vaga, é semelhante à sobrevivência de muitos nessa selva de pedra.
Portanto, as funcionárias que enfrentam essa realidade acabam se divertindo com esse desespero para conseguir tomar um café tranquilo.
Porém, com esse grande fluxo demográfico vindo de vários pontos, havia um cronograma programado, que fazia o mesmo pedido.
Tanto, a gerência reservava esse espaço, porque não é pouca coisa, e sim dono de um grande empreendimento brasileiro.
Tornando-se uma presença exclusiva, entretanto, hoje não poderá usufruir desse benefício, pois havia um casal ali, e esses tinham um grau acima desse empresário.
Assim que viu duas figuras ocupando seu lugar, pediu esclarecimento à líder desse desrespeito.
Isso já aconteceu algumas outras vezes, e essas eram removidas e locadas para outra parte para oferecer conforto a um único muito rico.
E hoje, não se repetirá.
“Sr. Cavalcante, infelizmente não podemos atender o pedido por motivos da ordem da diretoria, pois os clientes são amigos próximos do dono.”
“Como assim? Quer dizer que aqueles têm uma ligação direta com o patriarca Haroon?”
“Sim, senhor. E, por enquanto, será ocupada por eles. Posso indicar outro espaço que separamos para o senhor.”
Mirando de longe, a vestimenta junto a um boné faz sentir uma sensação de conhecimento, contudo, o braço musculoso tampava a face, dificultando o retrato falado.
“Humpt! Isso é um cúmulo, esquece!”
Sentou-se numa outra parte que também dava visão exterior.
A encarregada conseguiu dobrá-lo sem precisar acionar a gerência, e a família Haroon é um nome forte demais para ser ignorado.
Logo, o senhor de 70 anos resolveu obedecer seu instinto e não causar um alarde com figuras de uma cadeia elevada.
Lentamente, outra fila de espera se formou, dando a opção de fazer para viagens.
As funcionárias começaram a circular para atender à massa faminta.
O som agradável da playlist que combina com a ambientação causou uma percepção de estar em outro universo, que difere do que é apresentado do lado de fora.
O cardápio personalizado acolhia como um enorme coração que ama todos os gostos e hábitos saudáveis.
Os pedidos do casal chegaram e, com abundância, o mocha tradicional servido num belo corpo de vidro e uma espuma branca de leite atraiu o seu olhar, que nunca experimentou isso.
E seu sanduíche de queijo quente, de fabricação brasileira, tem uma textura mole e cremosa com casca mofada, e a geleia de tâmaras de fabricação própria enfeitava o que nasceu para ser triturado.
O pão, robustamente, é 100% integral, sem grãos nas laterais, que estavam levemente tostados, dando uma estrutura crocante e não dura demais, facilmente mordido, ocasionando um sabor que harmoniza com a geleia de frutas.
Tornando-se perfeito e quente.
“Atualizei minhas preferências para misto de queijo. Isso aqui é muito bom.”
“Gostou?”
“Claro! A melhor sensação do mundo, o pão é gostoso igual ao que enviou, só que menor.”
“Sim, esse tamanho só é servido na cafeteria.”
“Essa geleia é diet mesmo?”
“Sim.”
“Não dá para acreditar, melhor que não é, e dá para sentir uns pedaços da fruta como se fosse um purê.”
É difícil acreditar que tudo isso aqui é indicado para pessoas com restrições.
A Health Fitness foi fundada em 2014, o primeiro negócio feito pelo atual presidente. Mas a ideia surgiu em 2002, aos 14 anos.
Percebeu que os alimentos direcionados a esse público possuíam um gosto horrível e nada saudável devido aos aspartames e conservantes exagerados.
Então, foi aprimorando e esboçando vários rascunhos sobre alimentos naturais e o seu funcionamento.
Investindo pesadamente em genética para a fabricação de certos ingredientes utilizados em receitas, gerando impacto mínimo na saúde humana.
Fazendo algo seu, se espalhar em outros meios ligados ao bem-estar.
O motivo por virar artigo de luxo foi um mero fator colateral que deu certo, e hoje esse grupo consome produtos dessa empresa.
Arrecadando anualmente bilhões de dólares.
No entanto, o foco era nesse rosto contente que amava se sabotar, a ponto de assinar seu atestado de óbito.
E, finalmente, sentiu-se orgulhoso dessa realidade.
Se fosse antes, com certeza dedicaria esse novo empreendimento a ela.
“Que mundo engraçado, criei um negócio que serviria mais tarde para ela, parecia que Deus estava montando as peças de forma ordenada e calma, para encaixar e a encontrar….”
Pensou, enquanto devorava o sanduíche agridoce, com uma expressão linda.
Ao provar o mocha, a espuma de leite formou um bigode fino na pele escura, ficando bem fofo.
“Está bonitinha com esse bigode.”
Acha graça de algo que não tinha motivo, mas observando esse rosto arredondado, comendo alegremente e bebendo um líquido que não é de seu agrado, fez imaginar em querer ver mais disso daqui para frente.
Sem perder tempo, ergueu seu braço e, com sua mão, limpou o bigode de leite e lambeu em seguida, como um beijo.
“Doce.”
Não se tratou dessa quantidade, e sim da área dos lábios dela, que desapareceu o brilho do gloss.
“Como quero provar de novo esses lábios.”
As frutas em pedaços pequenos em camadas são muito organizadas, para alguém que não gostava de morango.
Havia uma equipe grande cuidando de tudo, desse modo, o preparo é eficiente, com todo cuidado como se cada um fosse único.
Bruna mirou onde via as funcionárias, recordando-se da época em que trabalhava como balconista.
Ver sorrindo e até brincando umas com as outras, para disfarçar o ambiente complicado que é o atendimento ao público, fez perceber a imensidão da saudade e também o quanto é roubado.
“Não deveria, mas sinto falta do meu antigo emprego…”
Outra vez foi expelida para fora, por odiar estocar.
A tristeza era um misto de falta e também consciência.
“Como oito horas podem ser mais fortes que as horas restantes?”
“…”
Não é surpresa que se envolveu com uma comunista, ao contrário de Latifah, que flutua numa eterna transição.
É verídico que o capitalismo faz com que a mula ache que sua família é o meio de trabalho e não o que está em seu lar.
Onde o discurso de equipe é trocado por ‘família’, e seus patrões são seus pais superprotetores que impedem de ter contato com os de sangue.
Bruna foi vítima desse sistema por um longo período.
Por isso, por mais que entenda seu papel em sociedade e a razão da crueldade dessa familicia, ainda sente falta dos muitos momentos com outros prisioneiros.
O que torna um antídoto letal, em que a base mesmo consciente ainda remoí em saudade das algemas dessa prisão sem fim.
“Era um bom ambiente onde trabalhava?”
“Sim, principalmente depois que fiquei no primeiro turno. As meninas eram um amor, tinham nossas intrigas, mas nada tóxico e danoso.”
“Tem alguém que queira agradecer, sendo tão importante quanto elas?”
Essa frase tem uma resposta, e sabia disso, todavia ainda assim, com esse amargor, quer entender esse ser tão especial a ponto de criar um laço de amizade forte.
Tanto que, mesmo sem contato ou distante, considera como um querido.
“O Lucas foi muito especial e conseguiu me transformar de dentro para fora.”
“…”
“Nossa amizade, que teve um prazo de validade, foi valiosa. E, graças a isso, pude encarar a vida profissional, em que milagrosamente dividia os dois lados.”
Não foi fácil, sobre as meninas e o papel importante que fizeram na sua vida.
Relatar o papel de Lucas nessa pequena e curta trajetória fez seus olhos encherem de lágrimas, no entanto, não estavam prontas para serem derramadas.
E, não acreditando, começou a tocar sua música favorita do Jorge Vercillo, ‘Encontro das Águas’.
Que tocava direto na rádio da loja, para os clientes fazerem suas compras e consumirem produtos do setor de atendimento.
Ouvindo, em quem queimava a saudade e quase em prantos por relatar o desconhecido, fez perceber que, de certa forma, o jeito atual foi graças a eles.
Principalmente esse tal cara, que conseguiu, com seu jeito simples e alegre, quebrar essa concha dura.
Agora entende o porquê dela brincar e zoar com seus erros, traumas e até com suas dores.
Foi devido a esse cara, e mesmo sentindo raiva por ser o responsável pela mudança do seu grande amor, viu que se não fosse, provavelmente nunca sairia de lá.
“Até que aquele fedelho fez um bom serviço.”
Só não poderia se ver mais, porém, é grato pelo trabalho bem feito para que pudesse colher todos os frutos que outro plantou.
“Vai querer comer o resto?”
No prato, deixou o pedaço do sanduíche que não estava mais quente, a xícara vazia e sobraram dois dedos do pote de salada de fruta.
“Não, estou cheia.”
“Realmente tem um estômago de pássaro.”
“Quero ver os doces.”
“Não é surpresa.”
Esse regime semiaberto moldou uma esfera conflitante e benéfica.
“Continuo amando.”
Antes que pudesse chamar a atendente para recolher as coisas, Bruna, que tem a genética adulterada, reuniu as louças e colocou tudo na bandeja, levando com maestria.
Como se estivesse acostumada a essa rotina toda vez que vai a um estabelecimento longe de casa.
As funcionárias ficaram apavoradas por não concluírem o trabalho.
Esvaindo o sangue da líder, que tornou-se fantasmagórica com o cu na mão.
Tanto que foi diretamente até lá e, com toda delicadeza, ajudou a pegar as coisas.
“Muito obrigada, senhorita, não precisava. Nós já íamos pegar, mas agradeço a gentileza.”
Nervosa, segurava a carteira de trabalho.
“Sabe se aqui aceita currículo?”
Inocentemente, o impensável foi soletrado.
“Tem vaga?”
“É, sei que não tenho experiência, mas trabalhei com atendimento por quatro anos e meio num mercado, e gostaria de saber se posso deixar um currículo, quem sabe se surgir algo…”
A intenção verdadeira, de quem quer voltar à ativa, foi sincera ao pedir emprego numa loja que emana luxo da cabeça aos pés.
No entanto, não sabia como responder, poderia lançar a famosa frase de ser analisada pela equipe de RH, que nunca aconteceria.
Só que esse lugar pertence ao cara com quem está ficando, sendo um tanto chato, em razão de que pode prejudicar seu emprego.
“Bem…”
Esperançosa por uma afirmativa positiva ou uma ligeira promessa, queria tanto voltar à ativa, mesmo estando em recuperação, talvez tentar uma nova chance em algo que sabe fazer.
Experimentando o efeito dessa dose maldita.
Principalmente por querer retornar ao mercado de trabalho.
No entanto, não conseguiu cuspir nenhuma decisão ou certeza, pois essa jovem já tem a atenção do dono, um imperador praticamente.
Esse é seu medo, as duas palavras podem definir seu futuro daqui para frente.
“Fale.”
Uma voz masculina exigiu que a funcionária falasse o correto.
Mohammad estava com um olhar assassino, ordenando a escarrar a resposta.
E de branca ficou translúcida.
“Ai meu cu!”
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Capítulo 88
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