Capítulo 104
Mesmo com o som alto da TV, ainda assim, escutou o barulho na porta de entrada.
E levantou, sem ser percebido, sabendo que não é o serviço do hotel.
Foi certeiro, assim que abriu a porta, o golden estava com os itens em mãos.
Sam, que nunca presenciou o presidente nu, ficou surpreso com a imagem dessa divindade sem camisa, exibindo o físico que, até para ele, que cuida bem de sua saúde, não conseguiria ter.
E todos os métodos possíveis, não chegaria nesse patamar elevado, e além do que, seu rosto branco estava pintado levemente de vermelho, cobrindo com perfeição as bofetadas.
“Não foi uma, e sim duas! O que houve? Cadê a senhorita? Será que o corpo…”
E, por um segundo, aquela dúvida de estar acontecendo algo o perturbou, já que ninguém em sã consciência consegue atingir esse cara, nem uma leve ‘relada’ foi permitida sem retribuir uma forte investida.
Logo, acha que deve estar em algum hospital inconsciente.
Porém, o som alto gritava com intensidade que imaginou que o aparelho inorgânico ficaria rouco após usar toda a capacidade de som, para proporcionar um lazer à mulher que estava presente e parecia inteira.
“Já avisou ao secretário sobre a ordem?”
“Sim presidente.”
Mohammad exibe uma linha fina de satisfação, como se algo divertido fosse acontecer.
E, aos olhos do guarda, não é nada positivo.
A porta foi fechada sem um único agradecimento, e o jovem não ficou chateado, e sim, aliviado.
Pois se o elogiasse, mesmo o insignificante, primeiro acharia estranho e bizarro, depois seria invadido por um medo colossal.
Em razão de que, quando o presidente era educado, não é o intuito de engrandecer as qualidades, e sim por realmente estar puto e desejar praticar o mal àquela vítima de sua boa ação.
Acreditando que os elogios verdadeiros, e até os pedidos de desculpas, são destinados à pessoa que ama, sendo a senhorita.
Assim, prefere que seja frio, desdenhoso e com o ar característico de desprezo, do que receber qualquer tipo de elogio ou educação.
E só de imaginar, um arrepio gelado passou por sua espinha só de cogitar.
“Não quero isso para minha vida, nunca! Deus me poupe de qualquer palavra de agradecimento ou um singelo elogio. Tudo, menos isso.”
Implorou, jogando sua cabeleira dourada para trás.
Querendo saber o que será proferido para o secretário que ousou ir contra a correnteza.
E também, a coragem em esbofeteá-lo.
O saco com as moedas pedidas estava em suas mãos, surpresa com o quão novas são, chegava a reluzir por tamanho estado.
Mohammad também colocou uma bolsa qualquer, tinha que estar lá às 17h como prometido.
Diferente da chegada, não estava cansada e sorria o tempo todo.
“Vamos, quero andar de carro.”
“Tá bom.”
O andar vazio agora transportava outro hóspede carioca e, como qualquer um nascido em sociedade, o cumprimentou alegremente, sendo respondido com educação.
A sacola plástica continua com os itens a serem lavados e sabe que esse lobo roubou sua calcinha, só não entende como foi tão sorrateiro.
“Esse pinguim…”
E logo depois, a caixa metálica ficou silenciosa, e esperava que ficasse assim. Caso o outro cliente não obedecesse à atmosfera, não pouparia o interrompimento desse clima.
Quando foram abertas, todos saíram de lá para lugares opostos, seguindo o rumo da saída, já que precisavam voltar para suas humildes residências.
***
“Pai, vou ao cinema e comer alguma coisa.”
“Quê?”
Pego de surpresa, já que essa menina só vive mais presa que carcereiro em solitária, e todas as tentativas para estimulá-la a sair e, pelo menos, ir no shopping do bairro, eram impossíveis.
Desse modo, ouvir que, por vontade própria, em pleno sábado, deixou confuso, mas com fundo de felicidade.
Nisso, com os corres que fez durante a semana, ofereceu uma grana a mais para curtir melhor esse passeio e talvez encontrar um homem.
Bruna não se arrumou e vestiu as mesmas vestes sociais de sempre, porque não via nada ‘especial’, e sim, uma distração atípica.
Recusou qualquer carona, decidindo ir a pé, demorando uns 30 minutos, e de moto é uns 5.
O que, com a grana ganha, usaria esse método.
Saindo pela porta, o pai nem se importou de fazer algo para comer.
Ouvia o mashup de Ariana Grande e Cassie, descendo pela parte alta, por ser mais conveniente chamar uma condução.
[Acabei de localizar a senhorita, está descendo de moto, a placa é…]
Avisou Oliver, que estava na Alfredo, enquanto Smith, na Borda.
Ambos ficaram em pontos estratégicos para avisar, caso surgisse nesses lados, notificando o presidente.
O fato de não ir com ele deixou com a pulga atrás da orelha, e, para não perder de vista, a vigilância seria pesada.
E ver, descendo com outro homem, mesmo em situação profissional, não é legal, além do que, na descida por ser íngreme demais, o medo fez segurar na cintura do rapaz acostumado a esse tipo de ação.
O filhote, também de moto, seguiu os indivíduos para caso haja um desvio de percurso e impedir antes de qualquer coisa.
A velocidade é segura, mas o modelo não é de seu gosto, que mesmo de capacete demonstra um ligeiro medo, e em vez de segurar atrás, continua na cintura e, por si só, acenderia o ciúme dele.
“Líder, não há desvio, tudo tranquilo, daqui a pouco chegarão no destino.”
[Ok, não o perca de vista e avise caso aconteça algo.]
“Sim, senhor.”
E seguindo a rua quase sem trânsito, num sábado maravilhoso, só imaginou nos acontecimentos de hoje à noite, onde poderão curtir uma farra regada a bebida e um maravilhoso gang-bang, no melhor prostíbulo carioca.
Mohammad aguardava na entrada que dava acesso ao Grajaú.
Ao ser alertado, seu peito borbulhava como óleo quente ao saber que veio com outra pessoa.
Vestindo-se de forma simples, ficou em pé enquanto alguns transeuntes e funcionários descansavam com a ligeira sombra quente e o tempo firme.
Até que a localizou, desde que descia a mão dupla, a sua vestimenta preta e cabelo amarrado não saíram de sua mirada.
“Por que faz isso? Por que o inútil daquele filhote não consegue ser tão ineficiente quanto devia?”
Cogitou conversar com o novato sobre seu erro.
Todos da guarda devem estar a um pé à frente, sendo o básico e deveria ser passado para frente, e agora têm que ver essa cena desagradável das suas mãos e corpo colado com outro ser.
Após pagar, devolveu o capacete e agradeceu por chegar inteira.
A moto é alta demais, daquelas modernas que todos desejam, mas repudiam devido à insegurança durante o percurso.
Cruzando a rua longe da faixa, o coração fica na garganta, mas como é cria, foi sem medo.
Não é difícil achá-lo, é semelhante a um enorme farol espalhafatoso, mesmo de boné, não ocultava seu tamanho e beleza.
No peito, convenceu-se de ser nada especial, todavia, quando mirou, um sorriso de expectativa surgiu, trazendo algumas palpitadas fora de curva e logo se estabilizou.
“Tudo bem, não é um encontro.”
“Oiii!”
Disse animada, para um rosto preocupado.
“Por que não atravessou na faixa? Notou a velocidade dos carros?”
“Ok, tudo bem, tô viva, vamos.”
Foi à frente, para curtir o geladinho e aplacar o calor exterior.
Nada novo sob o sol, o espaço continua o mesmo, só difere para seu companheiro que estava acostumado com lugares enormes, como o Dubai Mall.
Logo, contemplou o pequeno e simples ambiente que não é agraciado com lojas tão importantes.
“Bem, é um bairro simples, por isso a ‘simpleza’.”
O primeiro ponto são as Lojas Americanas, comum para quem quer curtir um cinema e não pagar um preço exorbitante pela pipoca e refrigerante.
Um mundo nunca antes entrado.
Desordenado — para quem possui obsessão por ordem — mas possuía tudo que precisasse, não focado em apenas uma coisa, contudo, deixou-o desnorteado, querendo correr dali.
É tarde, propício para curtir e depois ir para o lar com a missão concluída.
Desse modo, não importou gastar os 44 reais nessas besteiras e muito menos impediu de deixar ser feliz hoje.
“Gosta desse ou desse?”
Mostrou dois pacotes de salgadinhos, de sabores distintos.
“Esse.”
Raramente come algo industrializado, que não seja alguns fast foods na era universitária, portanto, esqueceu o gosto.
“Tá, gosta de coca, né?”
“Bebo até veneno caso me ofereçam.”
“Hihi.”
Não é mentira, tudo por essas mãos era aceitável e hoje degustará o que detesta.
Com tudo feito e seu suado dinheiro terminado, agora ficará por conta do cavaleiro.
O esquema adotado é o mesmo: ir ao cinema, curtir um bom almoço e depois levar para casa.
Nada de mais, ou fora do anormal, todavia, o destino não tem planejamento e segue seu ritmo, podendo prejudicar ou beneficiar.
Dessa forma, seguiu implorando que algo fora da curva os prendesse mais.
“Experimente.”
Ofereceu uma colherada do sorvete de torta de limão, queria experimentar e falou para comprar o que foi feito.
O gosto doce deixou-o zonzo, é demais, tanto que ficou preocupado com a glicose dela.
“Doce.”
“Bom, isso sim. Caramba, a fila está enorme.”
Mirou para o único cinema perto de casa, e a fila dobrava pelo fato de chegar o começo do outro mês, e as férias escolares gradualmente estão se despedindo.
E estava lotada, principalmente de crianças e adolescentes.
Um combo delicioso, que qualquer novo idoso detesta.
Não havia filmes bons, e a maioria era focada no público infantojuvenil, então, nada que adultos nessa faixa possam gostar.
Assim, pensou em desistir e fazer outras coisas, mas o quê?
“O que faremos? Não tenho sobrinho ou filhos para ver essa faixa etária.”
“Podemos ir ao Cristo Redentor, ou curtir uma praia, sei lá.”
Idêntico a um balão murcho, seus sonhos foram fragmentados e, sem um porto, teve que mudar os planos, mas, o kit cinema foi comprado em vão.
“AquaRio?”
“Tudo bem, e depois?”
“Sei lá, como Zeca Pagodinho diz, ‘Deixa a vida me levar’.”
Guiando de volta para irem de carro, seduz a uma loja enorme ligada à área da beleza, com grande variedade de marcas para todos os tipos de cabelos, principalmente as curvaturas.
O motivo: mudar.
Seria rápido, comprar e sair. E por isso, ignorou qualquer enrolação por parte do homem que passou a amar esse lado.
“Phytomanga?”
“Sim, vi que é ótimo para cabelos que amam nutrição e óleos, como os cacheados e crespos.”
“Hum… é, seu cabelo é um tanto seco, mas que tal esse aqui?”
Apontou outro, ligado apenas à hidratação, que logo foi descartado, por detestar o efeito gerado, que fica ‘leve’ demais, causando o efeito ‘nuvem’ indesejado sem definição.
“Meu cabelo fica volumoso demais e não tem a definição, então, descarto. O objetivo é pegar o que gosto e ficar bom, sem o cronograma.”
“Crono o quê?”
“Sem tempo, depois explico, vamos pagar as coisas.”
Na cesta havia muitas coisas, o consumismo invadiu, colocando o que aprendeu, mirando sempre nas vertentes da nutrição, principalmente os óleos e manteigas.
“Ah…”
Nada sobre ela era torturante, uma novidade gostosa que jamais cansaria.
Quando saiu, manteve o mistério e não aguentou quando seguia rumo ao maior aquário latino.
E, pelo que via, não teria devido à moça se manter calada, pensando.
Na verdade, deseja iniciar um novo passo e voltar à raiz, a qual não usava nenhum tipo de química.
Supôs cuidar, deixando tão natural quanto nasceu.
Passar pela transição sem fazer o corte químico.
A sua sorte é o fato de descansar no tempo certo e não fazer sucessivas vezes como no passado, logo, retornar será mais fácil, só terá que insistir quando a raiz brotar.
Mas, no final, estará bem, é um processo natural, assim como todas as coisas, acredita que não abandonará. Como foi no passado, onde enfrentou a batalha de quase cinco anos.
Os cachos serão os mesmos, porém, acredita que mais da característica crespa aparecerá, e a mistura, com o pé no 4C, surgirá aqui ou ali.
Proclamando um território que há tanto tempo foi arrancado.
“Coloca Clair de Lune, por favor.”
“Ok.”
Conhece, foi uma das primeiras a serem ensinadas e considerada até básica, tinha apenas 2 anos, um bebê para dizer a verdade, com o intelecto de um adolescente deslizando os dedos no piano.
Ao longo do processo, havia um pequeno público privilegiado para contemplar o ‘gênio’ da família Haroon.
“Sr. Haroon, finalmente conseguiu.”
“Mohammad foi criado para isso, ser um gênio e imbatível.”
“Hoho.”
“Ali, um prodígio precisa rever os laços para o casamento.”
“Sim, mas quero aperfeiçoar essa máquina com cuidado e deixá-la imparável.”
A melodia, saída de um piano caro, deixava a criança alheia, e todos os rostos que cercavam seu pai eram vazios e meros borrões negros, perseguindo o dinheiro e o sucesso que dava gratuitamente.
Era divertido, no final, cada um caiu em ruína através de suas mãos.
As mesmas que tocavam uma melodia calma e romântica.
E essa máquina…
“Aumente a intensidade.”
“Sim, senhor.”
As ondas de choque eram como massagens, transpassando por seu corpo e reanimando suas vontades.
Por se adaptar à dor, a eletricidade ligada pelos pontos certos não surgia efeito, deixando esse velho eufórico.
“Você será a minha melhor criação.”
E o matou.
Pereceu pela criatura que idealizou, preparou e ensinou.
“Adeus, Ali.”
“…”
Sim, a nomenclatura ‘pai e filho’ era um enfeite, na verdade, estava para cientista e criatura, um soldado perfeito.
Para liderar um império rico e forte, por isso, esse experimento eliminou seu criador por ver que era o mal que arruinaria esse poder.
Antes ele do que todos a seguir.
Um, pelo bem dos seus.
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Capítulo 104
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As Mil e uma noites Dela com um espírito Obsessor
Dizem que o amor é a chave para o sucesso, capaz de unir mãos e garantir um felizes para sempre.
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