Capítulo 110
Bruna apenas lavou a mão, um ato estranho pelo nervosismo, e saiu da gaiola, colidindo com o quarto dos hóspedes, que oferecia uma linda paisagem da escuridão.
“Por que traz tanta paz?”
A brisa gelada, numa noite sem nuvens, marcava uma temporada rara dos dias chuvosos e cinzas de Londres.
E era disso que agradava, recordando um passado que, para a época, era um futuro.
As melhores decisões sempre vinham com a noite estrelada e a brisa gelada, atingindo a ponta de seu nariz.
Igual aos refrescos oferecidos pela mãe de Cristina, de ‘Alma Gêmea’, garantindo o não envenenamento.
O vislumbramento saiu daquele banheiro fenomenal, colidindo aqui, contudo, nunca foi feito para o descanso, somente para aflorar o calor de dois corpos em brasa.
Jovem no barro, mas a mente adulta quase migrando para a sabedoria suprema, Bruna se ligou que a sacanagem rolava à solta.
Pela janela estar aberta, o som alto denotava que uma festa acontecia.
Como boa apreciadora do não barulho, fugia sempre da turbulência, em que as interações desgastavam rapidamente sua bateria social.
Cutia o que deveria ser curtido, todavia, não durava por tantas rodadas, resguardando-se num canto à espera do amanhecer e voltar para a casa.
O abrigo de um lar eterno.
Pela seletividade do DJ, questionou-se em qual ano estava, por identificar que desconectou da geração Z.
Ainda assim, por estar no meio, essas canções agitadas ainda faziam bem.
“Quanto tempo.”
De chinelos nos pés, foi poupada de sentir esse solo radioativo. Porém, os tererês batiam um nos outros, fabricando a sonoridade viciante.
A densidade capilar, junto com o comprimento, embelezava essa princesa de reino distante, um atrativo que não está nos olhos de muitos convidados.
E, pronta para sair desse ninho, foi com a cara e coragem pela porta fora.
Lá, perto da enorme escadaria que dava acesso a outros cômodos dessa mansão centenária, Mohammad ainda selecionava com qual corpo teria uma prévia.
Podendo ser até duas de uma vez.
Cansado de champanhe, permaneceu na cerveja que descia mais refrescante.
As abelhas que cercavam essa flor-cadáver não ligavam de seus nutrientes serem desviados, contanto que o néctar continuasse jorrando.
“Que tal irmos ali, hein?”
Os seios de uma o convidavam numa arte que ama demasiadamente, o provocando a ir com ela e não com a outra que pecava pela desvantagem.
Enfurecendo as que lutavam para ser selecionadas, igual a um concurso de miss, para somente um único apreciador.
Se no futuro as mulheres lutavam para se desvincularem da objetificação masculina, ainda eram consideradas um produto, imagina agora, onde o patriarcado tinha o poder devastador com seus tentáculos?
Cada uma era um manequim na vitrine, para que cada macho pudesse selecionar para sua cama e depois, serem jogadas na lixeira onde nem os catadores a desejam, desencadeando uma série de problemas mentais.
Logo, Lauren se aproxima, sendo o centro do fetiche desse cara.
As outras riram, pois achavam ridículo por se denominar ‘dona’ do coração desse buraco negro.
“Ora, ora, quem apareceu? Cansou de ficar na vitrine, bonequinha?”
“Ahn?”
De longe, continuou a degustar a bebida enquanto outras se esfregam o bastante para ganhar seu pênis.
“Estou falando dessa cabecinha tola. Acha mesmo que seria escolhida só por ser a ‘diferenciada’?”
Cabelos castanhos, o embate entre duas colorações mostra que loiras e morenas competirão por tudo.
“Tá, fala a que está sempre no meu calçado. Recordo bem que foi dispensada, pois ele preferiu ficar comigo.”
“Ok… Sua buceta não é especial.”
“Não me misture. Estamos distantes uma da outra, até porque o resto nunca deve argumentar com a refeição principal.”
“Vagabunda.”
“Lixo.”
Deveria terminar agarrada no cabelo, no entanto, essas leoas precisam permanecer inteiras para não perder a chance com esse abutre.
Lauren e, assim como algumas, não devem se envolver emocionalmente com quem apenas desejam triturar.
Igual a uma laranja lutando para ficar com o espremedor de frutas.
Perdendo a oportunidade de se autoconhecer e encontrar outros que verdadeiramente dariam o coração em vez da pata.
Dependência emocional é foda, desacreditando que a vítima esteja sofrendo, mesmo que ao redor revele o oposto.
Mohammad estava cercado de muitas, aquelas com quem passou a vara, mas na mentalidade dela, era a ‘única’ a ‘especial’. Por isso as tentativas frustradas em jamais desistir.
Como dizem, coragem não limita aqueles que não sentem medo, pois existem os imprudentes que se arriscam em algo que denota um pouco de raciocínio e amor-próprio.
Essa deveria ser a descrição da coragem, fazer, mas com consciência diante do medo.
Esse príncipe das Arábias nunca amou, e pelo andar da carruagem jamais cederia um camelo por qualquer flor desse jardim.
Isso, era até que outra figura de um tempo futuro rompesse a bolha, causando um dos melhores efeitos borboleta.
Ao sair pela porta, a luz clara, não tão confortável, e estranhos que não falavam seu idioma, não expressavam a alegria de seu povo.
Mesmo bebendo, e os lábios arcados em um sinal de euforia, ainda era frio e morto, como qualquer velório.
O cheiro sutil de cigarro, e ora de uma erva polêmica, escondia também o uso do pozinho branco.
Confusa, mas não desesperada, Morfeu controla as emoções para que aceite aquilo como um círculo social distópico.
Festa estranha com gente esquisita, sem a sensação do ‘passando mal’, Renato Russo criou um lema amplamente usado para demonstrar estranheza ao ridículo.
Essa era a resolução dos fatos.
Os outros a encaravam, como se estivesse indo a um mercadinho.
Cada peça não valia um terço das logomarcas em seus corpos, e muito menos dois dedos da bebida ingerida.
Era para ficar no canto, com gente de sua espécie.
Os adereços em seu cabelo, coloridos aos extremos, conectaram-se a algo que não pertencia às ex-colônias inglesas, porque eram quentes e vividos demais.
Optando pela paleta latina, um campo irrelevante.
Servindo como um show atrativo, por notar essas nuances, Bruna apenas caminhou pelo corredor polonês, em que os olhares já valiam pelos chicotes de séculos.
“Quanta gente vazia.”
Apesar da colonização, Bruna desvinculou-se do viralatismo embrionário, achando engraçado a diversão desses blocos de gelo.
Cansada, esperando achar o objetivo para sair desse universo sem graça.
E no topo da escada, seus pés tocaram o primeiro degrau, imaginando que alguma Nazaré Tedesco a lançaria daqui, repetindo uma morte batida de qualquer teledramaturgia.
Só que não, foi recebida pela canção ‘Seduction’ de Usher.
Dali, o que estava no inferno, selecionou duas para abocanhar, Lauren foi incluída, não reclamando em ter que dividir.
Tudo para ficar o mais próximo.
Todavia, quando o cavaleiro concluiu outra garrafa e seguiria o rumo para cima, a canção acompanhada da visão de uma convidada inesperada o pegou desprevenido.
Bruna, como se estivesse em câmera lenta, visualiza o objetivo do jogo, o tal do ‘antagonista’ a ser encantado.
Bonito, até demais, não o reconhecia, havendo um equilíbrio proposital para que ambas as criaturas tivessem um embate colossal.
“[…]Mulher! Mulher! Sensual, sexy e gostosa![…]”
Algo lançado em 2006 fez tanto sentido nessa era, escancarando o cruzamento bem mais pegajoso que a intenção sexual.
Mohammad instantaneamente paralisou, não só o físico, mas o conjunto geral, e o único em movimento desenfreado era seu peito que decidiu pulsar loucamente por aquela luz.
Baixa, gorda e categoricamente ‘feia’, suas coxas grossas e sua roupa larga deixaram esticado, suando de nervoso com uma sede pelo calor gerado dessa estrela.
Num deserto, encontrou aquilo que sempre procurou.
“…”
O ar faltou a ponto de o comum ser tóxico e queria sentir o odor para continuar a função pulmonar.
“[…]Ela tinha confiança. Mas era tudo parte do jogo. Porque pra ela, não significava nada se tenho alguém. Ela sabia exatamente do que eu gosto e me deixou doido por mais. Tentação…[…]”
Bruna focou no interesse, encarando essa fixação como se estivesse sob seu feitiço, uma encarada estranha que ia além do prazer, algo profundo que só era visto em filmes românticos.
Lauren, que estava alegre pelo breve desdobramento, desmoronou quando viu o seu amor agindo do modo especulado.
Absorto, seus toques sutis não o despertam e, preso diante de um encantamento, a sonhadora apreciou sua maior inimiga.
“Vamos, Mohammad, estou doida para…”
Silencioso, era açucarado, entretanto não funcionava nesse deus que encontrou num novo meio de ser feliz.
O verdadeiro.
“Perfeita.”
“…”
Quando o alvo toca o solo desse inferninho, e o perfume cítrico passa para esse ogro, graciosamente concluiu a principal etapa.
Se apaixonou à primeira vista.
Não resistiu à loucura, perdeu e agora, diante dessa camponesa que o domou, não se incomodou em ter perdido no placar.
E, como se estivesse num ‘Movie Teen’, a jovem desfila por ele, que estava rodeado de muitas, em que um sorriso bobo por ser notado arqueou enquanto o dela achava graça dessa reação.
Sim, um olhar de amor foi expresso e o Mohammad encontrou a sua garota popular para venerar.
No entanto, como ventania, passou pegando da bandeja uma taça de champanhe.
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Capítulo 110
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Dizem que o amor é a chave para o sucesso, capaz de unir mãos e garantir um felizes para sempre.
No entanto, Bruna, prestes a completar 32 anos, já não sente mais essa faísca e deseja...