Capítulo 115
A paciência é uma dádiva que poucos podem adquirir, os que têm em excesso são tomados como idiotas e os sem, são chatos e irritantes.
Bruna possui o meio-termo, em dias normais, tem um pouco a mais e nesse período se encurta.
Quando viu toda a magnificência sentado em seu lugar, presunçoso, fez imaginar o preço milionário da fiança a pagar, caso relê a mão nesse indivíduo.
“Não vou gastar meu réu primário.”
“Por que simplesmente não respeita o meu espaço e me deixa sozinha?”
Beatriz, não queria sair por nada, ainda mais por ver esse lado autoritário e frio com um cara desejado.
“Estou… preocupado com você.”
Seus olhos analíticos sambaram de cima a baixo, vendo nitidamente todo seu pudor, e soube que usava só calcinha.
“Que delícia.”
“Tarado.”
“Até quando acorda, continua linda.”
Essa frase açucarada teve dois efeitos: no alvo desse afeto, que estava descabelada, com bafo e remela, deu vontade de vomitar, por ser semelhante a papo de pela-saco; já na irmã, soou romântico demais.
Podendo até ver os corações flutuando por cima de sua cabeça, apreciando em primeira mão um cara lindo, rico e verdadeiramente sincero.
“Preciso ir ao banheiro… e você, beba a água.”
O tom calmo, carregado de autoridade, fez soar brusco, para quem não está acostumado. Fazendo recordar do Marco, seu olhar sem vida, ignorando alguém que sofria muito.
Entretanto, diferente, ama o jeito de sua parceira e, como tal, tomou todo o líquido que antes era desagradável.
“Obrigado pela gentileza, cunhada.”
Mesmo forçado à ação, o líquido desceu refrescante e doce como a boca dela, por isso agradeceu que derreteu toda a guarda erguida.
“Não foi nada.”
O som abafado de líquido urinário caindo no vaso é nítido, o que elevou ainda mais o fogo da paixão. Educado, manteve-se ali, conversando coisas bobas e oferecendo o café destinado a duas pessoas.
“Obrigada, cunhado, estou viciada nisso e meu marido gosta muito do café com leite.”
“Fico feliz.”
“E vocês? Vão sair?”
“Sim.”
“Não!”
Ambos recitaram respostas opostas, onde no final o destino escolherá qual opção cabe nessa trajetória.
“Quero levar no Cristo, nunca fomos então, queria fazer esse passeio especial.”
“Ah, que legal. Também queria ir, o Breno foi, mas a trabalho e falou que é fantástico.”
“É…”
Não cogitaria ir sozinho, pelo desinteresse, na verdade nem no Brasil estaria, só insiste pelo fato de sua mulher morar aqui.
Com isso, olhou através da janela a paisagem verde e exuberante que a reserva tem a oferecer.
É bonito o cerco que os picos fazem, preenchido pela natureza que luta para sobreviver à ampulheta das eras, com moradias que mudaram ao longo da jornada, lutando para atrair mais atenção do que o verdejante.
Não havia barulho, apenas o canto de pássaros livres preenchendo o céu, e algumas espécies famosas pelo comércio ilegal zanzando e glorificando por não estarem numa gaiola.
Realmente parece um buraco.
Essa atmosfera seria valiosa devido à tranquilidade, ao paisagismo e a todo o resto para abrigar algumas mansões rústicas naturais.
O que Dubai tenta reproduzir, aqui tem abundantemente e o ar é limpo até demais.
“Aqui é bonito, né?”
“Sim, não vou mentir, são sortudos por tudo isso.”
“Hahaha. Mesmo assim, quero morar na rua.”
“Por quê?”
“Facilidade, segurança e a não instabilidade de faltar luz ou água.”
“Entendo.”
Mohammad observa o desejo dela e imagina o mesmo para Bruna.
Quer tirá-la daqui, por mais bonito e pacífico que seja, ainda é instável e não quer receber uma notícia trágica de sua parte.
Para isso, precisa seduzir seus familiares e convencê-los de que o que é seu é o melhor.
Só que não basta morar ‘no asfalto’, mesmo lá há violência pelo país ser um, então os lados oferecem insegurança ao seu coração.
Sem ajeitar o cabelo e de frente para o pequeno espelho de banheiro, escovar os dentes, supondo em expulsá-lo.
Beatriz, que achou que, pelo menos, ajeitou a frente, observou que nem isso fez, vendo o total desleixo com quem possui um envolvimento.
“Como esse ser ficou encantado por ela? Totalmente desleixada, se minha mãe tivesse viva…”
“Mohammad, entre, vamos conversar.”
“Ok.”
Ao se levantar graciosamente, a sua altura mais uma vez assustou, que achou a casa pequena demais para comportar esse gigante.
Ao passar pela porta do quarto de seu pai, foi fechada imediatamente, deixando o animal de lado, que esperou sua chamada.
“Vem, Belinha, sai daí!”
Pegando no colo, a vontade de encostar o ouvido é gigante, mas, o que a porta não diz, essa cama gritará.
O espaço cheirava a coisas velhas, praticamente um quarto habitado por um idoso.
A cama box antiga, o lençol branco com flores azuis espalhadas e fronhas de cores diferentes, um misto que não agradava sua visão.
Os móveis navegavam entre o passado e o presente, com estética ruim, só que um é mais novo e o outro necessitava ser jogado fora.
O que sustenta a enorme TV de 46′, lutava para não desabar, talvez a estrutura o mantenha de pé, caso contrário, tudo seria perdido.
Mohammad via aquilo, como a imagem de uma cadeira frágil sustentando o peso de um obeso mórbido.
Com apenas três gavetas, havia um grande vão revelando, em plena bagunça misturada com peças íntimas dela.
É demais para seu TOC e fobia.
Para Bruna, estava limpo.
Pra ele, era semelhante à sujeira varrida para debaixo do tapete, porém, sente-se honrado em entrar aqui.
“Finalmente.”
O ranger, ao movimento brusco ao subir para deitar, fez mirar na parte que revela com detalhes sua calcinha laranja preenchida por bolinhas brancas, deixando tão duro quanto antes.
No entanto, foi rapidamente ocultado com a grossa coberta verde, deixando-o cabisbaixo.
O ar gelado não conseguia esfriar os corpos que queimavam iguais tochas e estavam prontos para colocar fogo em toda parte.
“Fala.”
“O que quer que fale?”
“O motivo de sua presença, imaginava que teria que arrancar dois braços pra subir o morro.”
“Quase, mas a urgência fez tolerar tudo e agora estou aqui.”
“Sinceramente, tudo fica menor com seu tamanho, parece que estou na casa da Barbie.”
“Haha.”
“Detesto esse lado. Do que adianta estar aqui, se rejeita tudo que me cerca ou onde moro? Onde tem que ser obrigado a aceitar a gentileza do próximo só por causa da condição financeira.”
“…”
“Sim, pessoas pobres tratam como gente, né?”
“Desculpa, fui indelicado com a sua irmã.”
“Não foi, na verdade, um elogio dizer ‘indelicado’, foi maldoso mesmo.”
“Não farei novamente.”
“Hum.”
Se cobrindo totalmente, a resposta estava ali, é para sair desse quarto, ao praticar algo inadmissível novamente.
E isso machucou, por prometer não ser assim.
Logo, mesmo ignorando seus instintos e sua pele pinicando com o lençol limpo, mas cheio de ácaros, deitou ao seu lado pedindo uma segunda chance.
A cama afundou um pouco, mas nada que não dê para suportar o peso de duas criaturas pesadas, envolvendo-as em seus braços, convencendo-as de seu arrependimento aparente.
E nada, sem resposta ou radar, não foi embora e permaneceu no mesmo estado até conseguir o que deseja.
“Te amo, não faça assim, prometo que será a última vez. Por favor, fale comigo.”
Sem paz, e com esse grude no seu encalço pronto para não desistir, tirou atenção da parede e mirou nele.
Próximos demais a ponto do ato falho de beijar seu nariz e pálpebras, suaves como todos os gestos feitos por ele.
“[…]Ainda vai tentar me entender. Quando eu não fizer mais sentido. E ficar comigo quando tiver visto. O pior lado de quem eu sou? Eu sou[…]”
O refrão cantado por Ludmilla e Glória Grove gritava em seu ouvido, implorando para questionar se realmente é o que deseja, o certo.
Prometeu não machucar os que ama, e na primeira oportunidade faz.
Martirizando-se, toda a gentileza para com ela era válida para mascarar suas atitudes horríveis.
Não sabe, por isso, assim como a canção, talvez moldar e educar esse animal a se tornar gente não seja em vão.
Esquecendo que os ensinamentos terminaram quando ele passou dos sete anos.
“Não faça isso de novo, me magoou de verdade.”
Não era sua mãe, ou muito menos a babá, ainda que implorasse para si e para ele, que encarava com misto de dor e alívio por ter outra chance.
“Tudo bem, pedirei desculpa para ela.”
“Tá, tá. Chega, tá sufocando.”
Afastou-se, envolvida no grosso edredom, mas não adiantou, na verdade, aperta mais e os beijos rondam todo o rosto.
Um cheiro suave, que inibia todo odor estranho desse cômodo, o que, gradualmente, foi atiçando a se envolverem mais e, devido a essa especialidade em transformar tudo em fogo consumidor, odeia ainda mais.
Assim, quando as coisas se intensificaram e conseguiu arrancar do casulo e trazer para seus braços, não rejeitou sua investida e quando tudo era só paz e gelado, a cama de seu pai esquentou com o envolvimento ‘decente’.
Nunca experimentou estar na cama com outra mulher que não estivesse nua e fazendo movimentos ritmados das peles se chocando, enquanto geme e urra freneticamente.
Não importa quem estivesse do lado de fora.
Sábado, um dia divertido feito para ser leve, não aconteceu nada, nem um único beijo pousou em seus lábios e, de alguma forma, gostou dessa falta de contato, apenas aproveitando o clima.
Tomaram cerveja, ouviram samba contando histórias bem loucas, arrancando risos e ficando com ciúmes.
E só.
Agora, em plena segunda-feira, invadiu seu ninho secreto e rolava com todo cuidado, como dois adolescentes em plena ebulição.
E isso é maravilhoso.
“Seja mais sutil, minha irmã está aí.”
“Essa cama velha é barulhenta no mínimo movimento.”
“Tá achando que tá na suíte? Aqui moram outras pessoas, devemos ter respeito.”
“Tá, duvido que, quando estão fazendo, pensem em dar respeito para vocês.”
“Não….ahhhh…..ai não… Droga….”
Não ligando para menores, apenas se preocupou em não ser óbvio demais e fez movimentos suaves com a língua na orelha dela, sendo um ponto sensível.
Fazendo toda a estrutura derreter igual a sorvete em dia quente.
Inconformada pelo jogo sujo, seu pé chutou o abdômen forte, sendo tão duro quanto um escudo de ferro, soando como um carinho gostoso e, por isso, mudou o ponto A para o B, onde tem familiaridade.
São tão macios, normalmente o diabético tem uma pele um tanto seca e áspera pela doença mexer com todo o resto, só que esses são como nuvens e tão gostosos de tocar e beijar, que o viciaram na primeira vez.
“Como cuida dos pés?”
Já beijando e suportando essa chuva que tenta cegar, relatando os métodos de tratamento e o produto usado diariamente, e vários spas caseiros semanalmente desde que ficaram rachados.
“Chega, quero ficar deitada até tudo terminar.”
“Por quê?”
“Detesto essa sensação.”
“Sentir prazer é um incômodo?”
“Sim, principalmente quando não sofre a reação completa igual a um membro amputado.”
“Podemos descobrir juntos.”
“Não quero transar.”
Recolhendo seus pés e se isolando novamente, vê que o problema era antigo e perturbava demais.
Não sabe como é estar em sua pele ao ser bem receptivo, mas para ela, que nunca soube o que era prazer após experimentar por segundos, era atormentador.
Assim, deseja tentar, dar para saber que pode ter tudo, fazer feliz e completa.
“Cordeirinho.”
Removendo a cara da coberta, fixando em sua direção, propôs algo nunca feito em vida.
“Vamos fazer um experimento.”
“O que?”
“Deixa fazer sexo oral em você.”
“…”
Sem resposta, pois nunca tentou e por não ter curiosidade.
E, depois de todas as experiências fracassadas, não queria acumular mais uma.
Desse modo, nem que esses olhos dourados o mire com tanta paixão propondo o que odeia, deu o veredito.
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