Capítulo 116
A promessa em permanecer na sala só durou até a cama fazer os primeiros movimentos suspeitos.
A longa experiência no currículo soube diferenciar movimentos normais de sexuais, e pelo que pode perceber, decifrou que nesse quarto rola algo que há tempos não presenciava.
O dela não conta e queria saber como são os gemidos da mais velha.
A cachorra, em sua inocência, achou que abriria para entrar novamente, só que não, a dona petrificou com o ouvido colado esperando algum deleite para, mais tarde, zoar dos momentos ‘calientes’ de alguém tão ‘reservada’.
“As quietinhas são as piores.”
Riu por dentro, pois não podia estragar seu disfarce.
“O que?”
“Deixa fazer sexo oral em você.”
Em total complexidade, já sabe que ler um livro não é o que fazem, esse homem quer abrir o mar morto dela e fazer florescer vida ali.
E só por isso, já valia ser pega de supetão.
“Aceita, Bubu, e depois me conta.”
“Por que está falando isso? Pelo desespero?”
Não prendeu um riso fraco que carregava zombaria.
“Sim, mas não é só isso. Não quero só sexo, quero seu amor e tudo que privou de sentir. Acredito que, se der uma chance de experimentar novamente, pode se surpreender.”
“Saber o gosto do prazer?”
“Sim, e muito mais.”
Receosa, acredita que estava rápido demais e repensou sobre tudo que viveu e, na realidade, imaginou se esse embate é assim na comunidade masculina.
Ou simplesmente é algo exclusivo das mulheres.
Entre aceitar, fazer ou parar, quando se trata de Marte, vem fácil e até glorificado, mas quando vem de Vênus, o quadrado fica inverso e a esfera é deformada.
Mulheres foram ensinadas a dizer sim, quando são mandadas para tal, e também o inverso.
Quando a outra moeda impõe, a resposta define tudo, o seu ‘sim’ se torna variantes danosas e seu ‘não’, também.
É por isso que, quando a comunidade feminina era sexualmente ativa pela liberdade resguardada aos machos, era ditada como ‘fáceis’ e ‘descartáveis’, e o futuro tem duas faces.
Se converter ao ‘salvador’, limpando de seus ‘pecados’, fazendo nova para aprisionar a um casamento.
Ou simplesmente — como dita a nova geração fraca — cheias de filhos, sozinhas e procurando no amigo ressentido pela decisão negativa, um amor ‘negado’ durante a fase de ‘curtição’.
“Piada.”
Homens carregam troféus e recebem banquetes por mostrar a lista de várias com quem passaram o pau, e mulheres lambem migalhas por desejarem a mesma liberdade que esses têm de graça.
Devemos ser comportadas, almejar o sucesso, mas nem tanto, brigar, mas sem prejudicar o homem e lutar, não pelo poder aquisitivo ou sucesso financeiro e pessoal, contudo, por machos.
“Santa Beyoncé…”
No entanto…
“Brigamos e competimos por medo da carência e pau. Não tem como ser unidas, enquanto muitas brigam por paus que nem se importam em distribuir para todas que abrem a boca e suas pernas. Então, por que esse intuito?”
Somos inimigas de nós mesmas e lutamos entre si para alegrar nesse circo de horrores criado pelo patriarcado.
Somos brinquedos e objetos de uso, que impõem suas regras desde que colocam cores predestinadas e uma boneca nas mãos junto a um ‘kit cozinha’, para ensinar a ser ‘do lar’ como nossas antecessoras e sucessoras.
Portanto, o que impede de utilizar essa liberdade e experimentar, mesmo quebrando a cara no que é oferecido?
É pelo bem próprio ou ao sistema doutrinado por séculos?
“Não serei mais ou menos vagabunda por me divertir com um flerte, acredito que a luta venha pra trazer um oxigênio e não nos aprisionar ainda mais.”
“Já fez isso antes?”
“Ahn.. Não, nunca.”
“…”
O silêncio.
Longo, a ponto de pegar com a mão e sentir esse constrangimento.
Depois.
“Hahahahahaha.”
“Sei, sei, é estranho.”
É a verdade, nunca praticou o ato por ser íntimo demais, nojento, com receio e cuidado para não pegar nenhuma IST.
E toda vez que recebia, era vestindo uma camisinha. Nunca lamberam seu pau sem nada, devido ao mesmo receio.
Sejam virgens, não confia em ninguém.
“Honey, que dia saberei o sabor de sua língua em mim?”
Perguntou um dos seus casos, uma freguesa frequente em sua cama, que apreciava seu sexo e sua performance e queria experimentar o oral, cogitando ser tão bom quanto o seu membro.
“Nunca.”
“O que?”
“É surda?”
“Mas…”
“Esquece, sabe que odeio essas frescuras, além de ser repugnante.”
Terminava de fumar o cigarro e gostaria de continuar até liquidar todas as cinco camisinhas, mas o papo sobre oral acabou estressando.
Para não perder a conquista, mudou o foco e começou a chupar o pênis, que rapidamente fez a chama do desejo florescer.
Enquanto oferece algo que odeia, é um ótimo indicador de que o amor por ela transcende sua maior regra, e todo receio e autocuidado para não se contaminar com doença venérea não existem.
“Eu te amo, a ponto de implorar por tudo que oferece, isso inclui o sabor de sua buceta.”
Fixando, apresentou todo o quadro e sua oferta em fazer o melhor.
“Caso não agrade, ou não sinta, paro e podemos continuar o que fazemos sempre, mas, por favor, vamos tentar.”
“Por que eu?”
“É a minha escolhida, minha mulher e o amor da minha vida. Quero ser íntimo a ponto de unir nossos corpos por completo.”
“Hum.”
Desconhece essa procedência e não controlou a vontade de beijar e amolecer essa guarda.
Lançados despretensiosamente, faz aceitar esse presente misterioso.
“Apaga a luz.”
Falou baixo, perto do ouvido, ao sentir que algo a vigiava.
“Ainda vou te ver, porque é manhã e o sol clareia tudo.”
“Tudo bem, só faça.”
“Ok.”
O móvel fez outro barulho, denotando a ação poderosa a seguir.
Já faz anos que não acontece nada desde a morte de um dos antigos donos e hoje, a nova geração fará festa nesse velho amigo.
Com tudo apagado, o coração dela palpita forte por querer ocultar essa parte, e enquanto Mohammad tirava a camisa para amenizar o calor, a dama citou um segredo que pode mudar o rumo da história.
“Eu não me depilo, ok? A mata tá alta, mas é bem cuidada e tratada.”
“Tudo bem, não sinto nojo em nada que envolva você.”
“Hum… Ok, é só um teste, se não gostar, é pra parar.”
“Tudo bem, cordeirinho. Tenha paciência, por mais que não tenha reservado esse pau, pelo menos guardei isso.”
“Hahahaha.”
Como dizem, cavalo dado não se olha os dentes e, do mesmo jeito que não era virgem, a tal ponto é também e não pode cobrar nada, só por agora, mesmo passageiro, sente-se exclusiva de algo.
Sem camisa, revela o que tenta esconder, logo, cobriu-se com a coberta, fazendo-se sorrir pela vergonha que sente de si própria.
Na verdade, é tão linda quanto tudo, uma joia rara de valor inestimável.
Assim, a tratou com exclusividade, como uma dama e esposa, fazendo carinho, dizendo coisas que nunca escutou e beijou as áreas que foram lentamente cedendo a tocar.
E, mesmo querendo ficar nu, aguentou e permaneceu assim.
“Um teste, um teste para toda a vida. Farei nossa vida sexual como a primeira. Seremos adolescentes até nos momentos mais difíceis. Eu te amo.”
Apoiando-se com todos os travesseiros, a cama parecia pequena, com esse gigante glorificando como algo precioso.
É engraçado e vergonhoso, mesmo assim, a timidez não dominou por completo, onde pode contemplar a reação pela primeira vez.
Não existe resistência quando o parceiro é certo, cada toque, uma cócega e um calor desconhecido.
Não sendo o primeiro, tratava como única, relaxando, fazendo ser namorada e não um interesse unilateral.
É divino ser adorada.
Os beijos quentes, junto aos toques, queimavam o que já estava em chamas, fazendo entrar nesse teor alcoólico viciante.
“Está preparada?”
Com a mão na barra da sua calcinha.
“Mais ou menos.”
“Não tenha medo, não farei nada para te machucar.”
“Eu sei.”
Confiando em suas palavras, essa quimera em veste de lobo dava sua credibilidade em não machucar seu coração quebrado, desse modo, removeu totalmente a peça.
***
Bruna apoiou sua cabeça, não estava muito a fim de falar, queria terminar e depois dormir um pouco para logo se divertir no passeio arquitetado.
Mohammad passou no teste, os vinte minutos pareceram cinco, foram os melhores do planeta.
Nem o dedo de Márcio conseguiu tal proeza em fazer visitar o céu.
Também ficou enfeitiçado pelo sabor intenso em seus lábios e não queria parar até todo néctar deixar de escorrer por sua boca.
Como um manancial primordial, trazendo vida a esse corpo morto.
Os gemidos contidos eram seu combustível pelo trabalho feito, e quando o despertador acionou, todo o clima quente desmoronou e tiveram que interromper.
No final, vão partir para o segundo round e serão eles mesmos, sem nada impedido de liberar o que estava acorrentado.
Mantendo-se relaxada, não se importou com a aparência bagunçada, pois daqui a pouco se tornará pior.
Após feito, auxiliou-a a se arrumar, mesmo criticando seu jeito bagunçado com as roupas, prendeu seu cabelo e a vestiu.
Colocando algumas no saco plástico para tomar banho, e como se o destino fosse bom, ficará um tempo a mais para jantarem juntos.
E a promessa em pedir desculpas foi feita com o humor nas alturas, e a mulher entendeu que, na realidade, só precisava de um bom laço de ‘prachana’ para melhorar o humor.
“Tudo bem, desculpo, sim, só não faça de novo. Não perdoo da próxima.”
“Obrigado, prometo lhe recompensar pelo mau comportamento.”
“Claro.”
Os olhos brilharam em saber o que será, e têm ciência do quão caro era conquistar seu perdão.
Agradecendo à irmã por acertar após anos errando.
Equilibrando-se com perfeição, deu atenção a ela e à estrada, toda cena passa diante de si e seu cérebro viciado suplica por mais, até essa fonte esgotar, que tem um sabor e cheiro intenso de laranja.
Nunca amou doce, mas desse mel quer provar por toda a eternidade sem nunca enjoar.
Seriam três dias, o tempo necessário para mergulhar no prazer até não acabar.
Depois que experimentou, não será o mesmo do passado.
Quando saiu para entrar no hall, Joe foi responsável por levar o veículo até o estacionamento, percebendo a mudança.
O olhar dela não é o habitual, e sim predatório.
O semblante sério e o puro desejo estampado na forma impassível, enquanto o presidente não fugia do normal, mas, enquanto o peso da dominância estava sobre ela, no seu chefe era o oposto.
Antes de sair, era um misto de preocupação e raiva, e agora, volta ao estado que viu algumas vezes.
Só que mais intenso.
A senhorita seguiu em frente, sendo acompanhada logo atrás, já explicitando quem realmente comandava esse relacionamento.
“Que tipo de trabalho fez para ter perante os seus pés?”
Não só ele, mas no filhote também.
“Realmente é uma bruxa.”
No elevador, mora o silêncio, a sacola na mão dele, igual à sexta, estava vazia.
Assim que pôs os pés, a porta foi fechada, sério, mostrou suas verdadeiras garras diante desse que é considerado nocivo para toda a população mundial.
Ocasionando fervor, e como lobo, rapidamente suas orelhas ficaram em pé, preparadas para receber qualquer ordem.
“Separou roupa pra mim?”
“Sim, está em cima da cama.”
“Tenho dois pedidos.”
“O que?”
“Quero comer morangos, suculentos. E depois, descansar um pouco, ok?”
“Depois que colocar algo sólido, pode dormir e logo vamos sair.”
“Ok.”
Quando menos esperou, pegou no colo, carregando com toda animação e delicadeza para dentro do aposento real.
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Capítulo 116
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