Capítulo 124

No clima ameno, nota-se o péssimo humor de Mohammad, que saboreava cada coisa feita por ela.

 

A comida tinha um gosto nostálgico, feito por vó, apesar de nunca ter tido contato com nada disso, fez recordar que teve todo cuidado em cada receita.

 

O bolo de aipim foi seu favorito, onde não conseguia parar, havia coco ralado fresco, aipim, cremoso e macio.

 

Uma combinação perfeita sem estar açucarada demais.

 

Portanto, quando restou apenas um único pedaço, o secretário, que apesar da magreza sentiu as mesmas sensações que seu chefe, foi pegar também.

 

Só que, para ter o merecido prêmio, teria que competir com seu maior inimigo e que, nesse momento, não seria uma ótima ideia.

 

Desse modo, a mão que se estendeu para agarrar o último modelo estagnou, pelo fato de querer desistir, algo teimava em não fazer.

 

E só de observar essa desobediência, Mohammad olhou friamente, escancarando para não se arriscar, contudo, por estar ao lado dela, esse pobre cachorro lobo insistiu.

 

“Está bem abusado, secretário.”

 

Falou em árabe, e gotículas de suor se formaram na testa.

 

“Desisto?”

 

“Bem…”

 

“Tire, isso é meu.”

 

“…”

 

Continuou, mas com o poder sobrenatural do presidente, não tem como lutar.

 

Depois de recordar os castigos que um dia voltarão, não almeja isso.

 

Nesse sentido, o braço da esperança que lutaria contra o sistema opressor foi recolhendo-se aos poucos.

 

E um sorriso suave de vitória é expresso, fazendo entender que quem manda ainda é ele. Todavia, não esperava que houvesse um terceiro indivíduo ali.

 

“Mohammad, pare.”

 

“…”

 

“…”

 

Firme, interrompe o embate, fazendo os dois olharem em sua direção e todo semblante frio e sanguinário se desfez, surgindo um tristonho como uma criança sendo repreendida pela mãe.

 

“Deixa o último pedaço para o menino.”

 

“Mas…”

 

“Não, sempre tem o que quer, hoje será bom e cortês e deixará para o secretário.”

 

“Não quero.”

 

Teimou.

 

“Você comeu a maioria dos pães de queijo, não deixou nem metade para o pobre, agora vai dar esse último pedaço.”

 

Pegando, colocou no prato dele, que ficou agradecido pela gentileza e, para não desperdiçar, abocanhou, parecia mais saboroso que nunca.

 

Vê, fez o vulcão que ameaçava explodir expelir lava por todo extremo, é disso que odiava.

 

Não deveria ser assim com mais ninguém, somente com ele e ponto.

 

Estava pronto para avançar nesse cara, todavia, havia ela e não podia atentar a nada, assim, levantou e saiu a passadas rápidas do quarto.

 

Não sabendo como morrerá, engole o bolo com café quente pela garganta.

 

Bruna apenas suspira e pede para esperar enquanto resolve o assunto.

 

Nisso, o Ahmad se manteve esperando toda a fúria se transformar num mar tranquilo.

 

Mesmo estando em um cômodo diferente, separando completamente, o rosto em cólera não foi desfeito, e deseja terminar urgentemente de vez com esse verme que cisma em não escutar nada do que era dito.

 

“Por que está com esse mau humor?”

 

“Quero fumar, preciso urgentemente de um cigarro.”

 

“Você fuma?”

 

Um tanto chocada, em razão de que não possui o perfil de fumante, intrigada e, quando confirmado, impediu.

 

Não quer perder mais uma vez para essa praga. Logo um ser tão legal como ele.

 

“Vem, não fume. Faz mal à saúde, venha aqui e coloque a cabeça no meu colo. É menos danoso que isso.”

 

Sem remediar, foi guiado até o sofá e, quando sentou, repousou em seu colo confortante. Na realidade, é melhor do que fumar um maço inteiro.

 

E toda a ira se esvaiu, restando apenas uma poeira fina de ódio, varrida com seu afago, e tudo que aconteceu sumiu, afirmando que só o pertence.

 

“Se sente um pouco melhor?”

 

“Sim, muito.”

 

“Por que dessa atitude? O que fez para ter isso?”

 

“Detesto quando tenta tocar em algo meu, fez algo que não foi feito para fazer, e por causa disso teve sua atenção.”

 

“Ai, meu Deus, esse fardo é pesado demais para carregar, não tinha outra atribulada para sustentar essa cruz não?”

 

Um dos motivos de evitar outra pessoa era por serem problemáticos, semelhantes a crianças na fase inicial da introdução social.

 

Entretanto, agora é ensinar a esse velho lobo guerreiro a se comportar como um ser humano em sociedade.

 

“Sabe que tem um medo absurdo de você, né?”

 

“Se tivesse, não faria o que fez.”

 

“Tá, vai ser difícil, mas farei um pedido que no momento lhe deixará um tanto chateado.”

 

“Fale.”

 

“Se não notou, é tão humano quanto você. Então, creio que o mínimo de respeito deveria ter. E se não consegue, pelo menos trate com o mínimo de decência, tudo bem?”

 

“Não é um ser humano, e sim um animal. Um bichinho que ganhei para treinar como sempre quiser e punir quando faz algo errado, não, não é e nunca será um ser humano!”

 

Mesmo que peça com gentileza, nunca aceitará que aquele verme seja um ser humano, não como eles.

 

“O que posso fazer?”

 

“Se não consegue separar as posições hierárquicas, pelo menos não trate cruelmente, fale o necessário e não seja impiedoso. Pelo menos, pode favorecer um convívio profissional, principalmente para ele.”

 

“Não gosto disso, tem que entender que existe um senhor que comanda e o subalterno que acata todas as suas ordens, se não, não haverá respeito.”

 

Logo, um puxão de orelha.

 

“Cordeirinho…”

 

“Escute, malandro, seja reto sem ser tirano. No profissional, fale o que deve ser feito e só. Isso não diminuirá sua autoridade, na realidade ajudará, não causando problemas danosos, como tirar a própria vida.”

 

“Se acontecesse, seria a melhor notícia de todas, com certeza beberia minha melhor bebida e comeria um pedaço de bolo.”

 

“Por favor, seja menos escroto, ok?”

 

Delicadamente, enquanto fazia carinho, de um jeito que trouxesse uma súplica que não era expressa com os lábios.

 

Percebendo que não aceitaria, com certeza seu cachorro tentaria se matar e, se conseguisse, Bruna ficaria muito chateada e o culparia pela morte dele.

 

O que o deixaria mais puto em razão de todo desprezo cair sobre si, e não deseja isso.

 

Não, depois de tudo que conquistou, e para não perdê-la, acatará o pedido.

 

Depois que retornar, o esquema será o mesmo por não estar na jurisdição da sua salvadora, o que não deve fazer e permitir, é ‘matá-lo’ ou deixar cometer o ato.

 

Porque não terá como esconder, e isso é um tanto perigoso.

 

E não pegará tão ‘pesado’ a ponto de matá-lo.

 

“Tudo bem, mas também não quero que o toque ou fale desse modo.”

 

“Isso é um tanto exagerado, não é como se estivéssemos nos agarrando ou nos amando ardentemente, só estou tratando como qualquer um que merece um bom tratamento.”

 

“Eu não gosto.”

 

Olhou para esse adulto deitado em seu colo, agindo como uma criança mimada, só pelo fato de negar o inegável.

 

“Pedido negado é um absurdo. Não se preocupe, não estou afim dele.”

 

Mohammad levanta e mira bem nos olhos dela, chateado como se a ideia fosse péssima, causando mais mal do que bem.

 

E mesmo queimando, não desiste, percebendo que não mudará seu jeito.

 

Aproximando-se, mexeu no cabelo e começou a beijar na tentativa de fazer mudar e ver seu lado também.

 

“Mohammad… Sei o que pretende com tudo isso….”

 

“Então, não faça, tá?”

 

“Continuarei negando… ahh…”

 

Os beijos que eram bitocas se transformaram em um megazorde, aquecendo-os, e todos descontados em pontos sensíveis como orelhas e pescoço.

 

Só não podia ir mais longe porque teria que despir completamente e isso não seria bom, pelo empregado que está aqui.

 

O que causaria curiosidade, e mesmo que toque, não quer outro vendo seu corpo nu.

 

Quando trocou de posição, fazendo-se ficar por cima, sua parte íntima entrou em contato com sua ereção, causando ebulição.

 

Barrado por camadas de tecidos, não diminuiu a ânsia de querer transar nesse momento.

 

Cabia perfeitamente, na direção certa de seu buraco, e o roçar deixava nebulosa de prazer, como se estivesse se encaixando de verdade.

 

Já na mente dele, queria muito tirar essa peça e enfiar em seu interior, gozando tudo que vem guardado.

 

Ainda não é o momento, por isso, controlou-se fortemente e apenas deixou seu pênis na saudade, degustando esse buraco estreito.

 

“Eu quero transar, quero AGORA!”

 

Gritava os instintos, queria fazer por completo, não ligando para visitas ou pelo simples fato de menstruar, só esse pau dentro de si urgentemente atingido, e intensamente até chegar ao ápice.

 

No entanto, a razão, que perdia forças gradativamente, quando o quadril cedeu um pouco e essa barreira entrou em contato com a dele, disse algo que não queria falar.

 

“Eu quero muito fazer sexo.”

 

“Eu sei… também quero, mas espera um pouco…”

 

Chegava a ser engraçado, falando desse jeito, vai totalmente contra o que sempre seguiu anteriormente, e com outra mulher, era só encapar e enfiar no buraco e gozar, esse era o esquema.

 

Entretanto, não é virgem e já passou na mão de outros, mesmo assim, quer fazer completo de modo nunca feito, e aproveitar cada etapa, desde o início até chegarem à plenitude.

 

Isso inclui todos os passos românticos elaborados na mente.

 

Concluído, poderá foder o quanto quiser até a eternidade. Mesmo durando o dia todo, ou até esgotarem suas energias.

 

Assim, não deseja ceder, não quando conheceu o amor.

 

“Por que não podemos?”

 

“Não é o momento certo, vamos tentar outra coisa, tudo bem?”

 

“Hum….”

 

“Desculpa, por favor, me perdoe.”

 

Como uma serpente, sua mão invade o interior da camisa e toca os seios.

 

Quando apertou um deles, começou a queimar mais e nisso, não se importou em tirar.

 

Quando a vestimenta caiu, a posição foi trocada, o pequeno sofá que lute para suportar o desejo de dois adultos em chamas.

 

E, por estar vulnerável, seus seios foram atacados por uma boca audaciosa e não conseguiu controlar os gemidos.

 

De estômago cheio, graças à senhorita, espantou-se pela demora, já se passaram vinte minutos e nenhum dos dois retornou.

 

Era desconfortável o território dele, mantendo-se colado na cadeira, prometendo não sair por nada, até ouvir os gemidos.

 

Sem temor, agora presenciava o possível coito dos amantes.

 

Não é surpresa, já que finalmente são compatíveis, sendo normal uma cena dessa.

 

Mas esses são totalmente opostos daquele dia, é gentil com uma pitada sensual.

 

Fazendo esquentar como antes, e tentando barrar, caso aconteça e esse vislumbrar, receberá uma punição tão pesada que, passando anos, não esquecerá, marcando pelo resto de sua vida.

 

Dando asas à curiosidade, a tentação atingiu querendo presenciar esse momento íntimo, se é diferente ou igual às outras.

 

Portanto, saiu e foi bisbilhotar, e dali concluiria a tese.

 

Graças aos pés leves, não causou barulhos na caminhada e os gemidos femininos reverberados, tanto que daria para gravar como se estivesse no meio.

 

Ao abrir com toda delicadeza, para não atiçar a audição sensível desse cara, os gemidos deixaram quentes.

 

Ressaltando os comandos ao guiar o parceiro com as mãos.

 

E aberta o suficiente para colocar a cabeça, presenciando algo nunca imaginado.

 

Na antiga vida desse senhor, quando era um herege, a maioria dos encontros era feita em seu apartamento, na realidade uns 60%.

 

No entanto, não descarta outros tipos de encontros como gang-bang, orgias e casas de swing.

 

Nem sendo comprometido, conseguia ir nesses eventos reservados para casais mais ‘liberais’.

 

Por vezes, sempre o acompanhava para participar nessas libertinagens, e teve o prazer de ver transando até chegar ao ápice, e as posições envolviam o mínimo, na realidade, nulo de contato ‘íntimo’, românticas para dizer a verdade.

 

Preferia as que afastam do que ler como ‘casais’.

 

E também gostava de arriscar nas bem bizarras que necessitavam muito da flexibilidade da parceira.

 

Contudo, não envolviam nada amoroso, caso tentasse, essa era seriamente repreendida e até sofria uma ‘penalidade’ para nunca repetir.

 

E, por ver, já teve a confirmação.

 

Os dois estavam emaranhados num arquétipo íntimo e melódico, estando sentados com as pernas retas enquanto ela, só de calcinha, montava por cima, e a mão esquerda envolvia-a, dando estabilidade, na realidade, é para ficarem grudados.

 

Sua boca lambia o seio esquerdo, enquanto o dedo indicador e médio afastava a calcinha para penetrar com força e voracidade.

 

O membro duro, batendo no meio da bunda, não controlava sua excitação, suas mãos seguravam firmemente os ombros expostos dele.

 

É a primeira vez em contato com o nu dela, e soube que é o oposto crítico das belas que tal pegou.

 

Então, por que queima e deseja estar ali, arrancando a imagem dele e se colocando no lugar?

 

E ver com o rosto corado, não pela atividade em si, mas pelo fato de jorrar todo seu amor e devoção a essa mulher, fez repensar o que é realmente a essência da beleza.

 

Para qualquer mortal, é estético e agradável, arrancando profundamente do carnal.

 

Entretanto, para os apaixonados, não.

 

Quem tem a capacidade de amar é chegar até o topo da montanha, mas também, o fundo de todas as coisas, experimentar o céu e ter coragem de pisar no inferno.

 

Como eles.

 

“Uhhh….ahhh….. fundo…..”

 

“Eu te amo, eu te amo. Seja somente minha.”

 

As súplicas amorosas, as mãos as erguem e as beijam lentamente, como se degustassem o gosto do outro e, ao mesmo tempo, juntassem as almas, como galáxias.

 

Verdadeiramente, encontrou sua alma gêmea.

 

A encarada amorosa, o sorriso de cumplicidade entendendo um ao outro sem palavras.