Capítulo 125
Na província de Gangwon, a cidade de Jeongseon é um vasto terreno cercado por montanhas, sendo menos atrativa para o turismo, em que o isolamento parece o ideal para o pano de fundo.
Christian, que não viam nessa época, pelo inverno, estava ao lado de um dos líderes mortais da Coreia.
“Isso tudo mesmo? Que capricho é esse em comprar esses lotes?”
Não custou barato, todavia, o que era caro para esse árabe?
“Um vilarejo. Essa é sua nova ambição.”
Agasalhado ao limite, essas áreas nessa estação costumam ser terríveis para seu corpo frágil.
“Se estou aqui, significa que não será tão ‘pacífica’ assim? Qual é a premissa?”
“Primeiramente, um presente, logo, um cartel ideal de drogas e armas.”
“O que aconteceu com a Gênesis?”
“Ahn… Continua de pé.”
“Hmm.”
Voltando, haveria quase tudo que se espera de um vilarejo comum, mas com um toque especial: seria profundamente enraizado no setor primário, com foco na agricultura familiar.
Não espera obter lucro desse meio, mas montar uma fantasia e arrecadar mais com seu jogo sujo.
Gradualmente, Mohammad começa a tecer um plano meticuloso, alinhando-se aos desejos de sua amada.
Bruna sonhava com lugares cercados por montanhas, numa vila acolhedora onde todos os cidadãos se conhecessem.
No entanto, essa realidade era tipicamente artificial, e nem mesmo aqueles atraídos por sua fachada perceberiam que viviam em meio a uma vida embasada em ilusões.
“Isso será perfeito, o esquema para atrair aqueles que mal conseguem sustentar uma vida em Seul, podem vir pra cá à procura de algumas oportunidades que serão oferecidas.”
“Isso inclui alguns estrangeiros?”
“Brasileiros, para ser o correto.”
“Complicado, nós somos um tanto resistentes a tudo que seja de fora, principalmente que não seja europeu ou americano.”
“Sr. Sung, faça acontecer. Entende o temperamento do presidente quando a linha não segue o mesmo pensamento, não é?”
Um sorriso, o mesmo dado antes de acabar com Brutus, arrepiou esse veterano em não tentar pisar no calo do grande devorador de tigres.
“Com certeza.”
“Obrigado pela compreensão. Agora, é com a construtora e todos os pormenores foram resolvidos.”
“…”
“Sinceramente, se o primeiro ou segundo líder estão ocupados, pelo menos deveria ceder o Dom pra isso.”
Mas, como tem pendências e o rancor do seu chefe é duradouro, entende que sempre será escolhido quando o clima glacial pede.
“Atchiii!”
Na SUV, o aquecedor o esquenta por completo, deixou o passageiro fumando o cigarro, imaginando a gorda porcentagem com esse capricho para uma mulher que mal o ama.
***
“Escutou o que disse?”
“Sim senhorita.”
“Duas horas, sem usar o celular. Vai comer, descansar ou apreciar a beleza da costa. E depois nos vermos, ok?”
“Farei como pedido.”
Com o celular desligado, uma ordem agradável caiu sobre si.
Finalmente, depois de anos, poderá relaxar as horas de descanso fazendo o que bem entender e aproveitará para comer sem pressa.
Degustar e deglutir com calma e depois passear pela orla vendo outros seres curtindo esse sol abençoado.
“Obrigado, mesmo sendo passageiro, é o melhor presente da vida.”
E saiu da suíte, supondo tomar um saboroso sorvete de uma sorveteria aqui perto ou até comprar alguma coisa como lembrança.
Para quem nunca teve hora de descanso, 120 minutos são a eternidade.
O casal resolveu se deslocar um pouco longe do hotel, sendo tão renomado quanto o cinco estrelas, e recebeu o Oscar pela culinária.
Que, no final, acabaria sendo uma péssima ideia, pois a dama rejeitada por Mohammad na noite do leilão está ali.
Tão rancorosa quanto.
Ficando tão intenso, depois da foto enviada por sua ‘amiga’, a expressão e a gentileza com a outra era como engolir várias agulhas.
E para quem é acostumada a ter tudo, incluindo o desejo masculino, ser rejeitada não é uma opção.
Igual a uma bomba autodestrutiva, estava nem aí com o resto, apenas queria o ‘hype’ e ganhar algo com essa vingança.
Tornando-o um ser mesquinho, falso e cruel.
E toda fúria seria descontada em alguém que não tem nada a ver, porém, a beleza não contava que estava acompanhada do ser mais aterrorizante das mitologias humanas.
A vítima é o restaurante MIiG-Me, considerado um dos melhores do RJ após o Zenith.
De todos que teve o prazer de conhecer, desde os mais simples até os considerados ‘chiques’, não se compara com esse, que realmente mostra uma ambientação elegante.
Onde brinca com uma paleta de tons escuros e vibrantes, contrastando com o branco puro que ilumina o espaço.
O piso de madeira escura, polido até brilhar com a mais sutil luminosidade, confere um charme oriental, aconchegante e requintado, sem excessos.
É o cenário perfeito para se sentir à vontade e saborear o melhor da culinária oferecida.
Embora o horário limitado anteriormente restringisse as visitas noturnas, uma nova oportunidade surgiu com a introdução de um cardápio para almoços.
A transformação ocorreu após o reconhecimento do turismo brasileiro, permitindo que o espaço abrisse suas portas ao meio-dia para o bem-estar dos frequentadores.
Essa mudança foi uma verdadeira tacada de mestre: a clientela duplicou durante as doze horas de funcionamento, em contraste com as cinco horas anteriores.
E, devido à sua localização privilegiada, próximo ao grande hotel, muitos hóspedes se deslocam até aqui para se deliciar com as iguarias servidas.
Bruna usava o mesmo short de malha após o banho, mas a camisa é outra.
E seu cabelo preso num coque alto, ajeitado na frente para disfarçar o frizz frontal.
Dentre os clientes, é a mais simples, mesmo havendo uma boa quantidade usando trajes de banho.
Já Mohammad… desbancou todos ao redor pela aura pesada que exala, vestindo apenas um short e uma camisa simples de marca esportiva.
E o chinelo — o mesmo que aproxima a acessibilidade financeira — nos pés desse cara parece ser de ouro.
E pela beleza extraordinária num boné curvado, causava desconforto na comunidade masculina, não se sentindo à altura ao andar tranquilamente.
E ao seu lado, a mulher, fazendo o contraposto.
“Vamos sentar ali, perto daquele quadro legal.”
Apontou que mostrava uma linda mulher da era Meiji tocando shamisen, típico instrumento utilizado pelas gueixas.
Chegando mais perto, era para um grupo maior, por isso, queria mudar para não causar transtorno pelo egoísmo, em querer ocupar um lugar onde serviriam seis facilmente.
Logo procurava outro ponto, só que o seu colega sentou e insistiu em ficar.
“Mohammad, não é legal ficar aqui, é errado essa atitude.”
Alertou baixo, mas nem se moveu e permaneceu a ficar à sua frente.
“Vai teimar mesmo?”
“Senta logo, é ideal já que vamos pedir muita coisa.”
Fitando essa massiva quantidade de músculo, sabe que não brinca em serviço quando se trata de comida, já viu em primeira mão quanto ingere, sacando que não encheu o suficiente.
“Minha mãe amaria esse cara.”
Imaginou a velha, que além do problema com gordos, amava um bom comedor.
Preferia sentar de frente, ficando encostada na parede para melhor conforto.
Instantaneamente, foram atendidos por um não nipônico, mas muito cortês.
O problema é o cardápio, conhecia certos tipos por ter uma noção sobre o lado culinário japonês, e alguns pratos chineses devido às novels da Chai Jidan.
No entanto, possui receio de pedir as opções cruas pelos noticiários ‘isolados’ de infecções fatais, sobre a má manipulação, e por isso evitou tudo que fosse cru ou apenas maçaricado.
Escolhendo os cozidos e grelhados, eliminando qualquer hipótese de não ser a próxima vítima.
Mohammad percebeu e queria saber o motivo dessa fuga contra algo amplamente famoso.
“O que houve? Não gosta da variedade dos crus?”
“Não é isso, antigamente, sim, mas depois de ver tanta notícia por intoxicação alimentar, parei e agora só se for bem frito ou cozido.”
“Não gostaria de experimentar novamente?”
“Não sei…”
Sentindo-se um tanto sem graça.
Entretanto, sabe que não conseguiria colocar uma coisa que amou à primeira vista.
“Que tal fazermos assim? Vamos pedir algumas degustações e provarei. Caso esteja ruim, não coma.”
“Certeza? Tem medo da morte, não?”
“Se quiser, sim, mas tenho habilidade de perceber se é uma iguaria fresca, contaminada e outras coisas.”
“Hum… tá, mas não coma, faça o que falou e, se não tiver bom, nós passamos para os fritos e cozidos.”
“Tudo bem, se tiver ruim, vamos sair daqui e comer em outro lugar. Ok?”
Essa ‘opção’ é uma ameaça clara para não cometer o erro por saber o que vem depois.
“Tudo bem.”
Mesmo exibindo um sorriso doce, seus olhos diziam o oposto, são afiados e prontos para tornar essa parte em desconhecido.
Bruna olhou bem os menus para degustação e pediu uma mistura de nacionalidade. Rejeitando os doces.
O mais aguardado são os baozi, que fizeram história despertando o gosto pelos tradicionais bolinhos a vapor e o sabor do kimchi desde que leu algumas novels coreanas.
E só, já os crus passariam pela inspeção dele, saindo apressado, informou sobre o cliente especial.
Nisso, mudaram os cronogramas para fazer o melhor menu de suas vidas.
“O que acha de, na segunda, irmos para o Museu do Amanhã e depois passear de barco na Urca? Lá possui um restaurante flutuante que amaria ir.”
Embora o começo tenha sido conturbado, com todos esses três dias e essa invasão na sua propriedade, passou pela mente dar outras voltas.
Amou conhecer o Cristo Redentor, foi aterrador.
E queria comer em outros pontos, que para uma carioca eram desconhecidos.
“Na segunda?”
“Sim, nós sairemos depois do café assim que estiver aberto, entretanto, é você quem manda.”
“Hum… é. Me fala uma coisa, que dia vai voltar para casa?”
A pergunta sobre despedida bateu e doeu profundamente, como se o tempo encurtasse e precisasse voltar para Dubai, mas não estava pronto para deixar sozinha. E, como prometido, será sincero.
“Dia nove de fevereiro, às 18h30.”
Veio dolorida, também atingiu quem não esperava pela rapidez.
E o silêncio, tentando assimilar o que foi jogado e preparar para suportar o sentimento da saudade, porque nunca se encontrarão.
“Não pense assim, não vou lhe abandonar, visitarei uma vez ao mês. Se quiser, pode ser toda semana.”
“Não vai mesmo deixar degustar a solidão, né?”
“Jamais, quando fixo em algo, não desisto por nada. Eu te amo muito, vai além da minha capacidade. E, desistir não existe no meu vocabulário.”
“Entende que a distância destrói laços, né?”
“Não quando se trata de nós dois. Não sou como os outros, não serei um cometa, vim para ficar mesmo. E adianto que sou um bom inquilino.”
“Sei… quem não te conhece te compra.”
“Mas fui desagradável em algum momento?”
“Sem comentários.”
“Sim, errei, mas não elimina a hipótese de sermos felizes.”
“[…]E você pode contar pra todo mundo que esta é sua canção. Pode ser bem simples, mas agora que está pronta. Espero que você não se importe. Espero que você não se importe que eu expresse em palavras. Como a vida é maravilhosa com você nesse mundo[…]”
A estrofe da canção ‘Your Song’, de Elton John, tocava enquanto ouvia essa declaração mais que especial, e se perguntou se existiria alguém como ele, talvez seja único, como um eclipse solar híbrido.
Provavelmente, não acontecerá outra vez.
A cena de ‘Esqueceram de Mim 2’ cita uma moradora de rua cuidadora de pombos que salvou o protagonista.
Relatou ter se apaixonado perdidamente, só que, no final, acabou desiludida e não se abriu para mais ninguém.
Até surgir outra pessoa, que estava disposta a amá-la, todavia, pelo coração ferido, rejeitou e aceitou abraçar a solidão.
E uma coisa dita pelo protagonista é verdade, às vezes recebemos algo e ficamos com receio de usar para não gastar, mas o tempo é uma manivela que gira o tempo todo, mostrando o que servia antes, logo não servirá.
Por ficar velho e pela inutilidade, lamentamo-nos por não aproveitar a hora certa e ter usado quando deveria ser usado.
A tristeza nos ensina a ser empáticos, a nos importarmos com a vida e também nos ensina que não somos super-heróis, e certas fraquezas e a própria expressão são necessárias para nos trazer a percepção de que somos apenas humanos, mesmo desenvolvidos.
Possuímos fraquezas, que precisam ser sentidas e colocadas para fora.
Porém, não podemos viver nesse ciclo continuamente porque é tóxico, isso inclui todas as emoções e sentimentos que criamos interiormente.
Devemos ter um pouco de tudo para sermos completos, com intensidade é prejudicial, até a felicidade é ruim, quando usada demasiadamente a ponto de distorcer o que vivemos.
Permanecendo nessa bolha, um cercadinho particular em que governa isso e nada fora é o ideal.
Seja um pouco feliz, triste, raivoso, medroso, nojento e um tanto ansioso.
E sair desse mundo triste, erguendo os braços com a agulha específica, furando o que a deixou presa por muito tempo.
E ser finalmente completa.
“[…]Espero que você não se importe. Espero que não se importe que eu expresse em palavras. Como a vida é maravilhosa com você nesse mundo.[…]”
A última estrofe termina, e é imediatamente trocada por outra, e assim ocorre incessantemente, até os dois se encherem de tanta comida e voltarem para o quarto dele, que acabou se tornando outra casa para ela.
“É, não custa nada tentar.”
Ao ouvir, com o pé na afirmativa e dúvida, deixou completamente feliz e entendeu que percorreria um longo caminho para conquistar seu coração.
Comentários no capítulo "Capítulo 125"
COMENTÁRIOS
Capítulo 125
Fonts
Text size
Background
As Mil e uma noites Dela com um espírito Obsessor
Dizem que o amor é a chave para o sucesso, capaz de unir mãos e garantir um felizes para sempre.
No entanto, Bruna, prestes a completar 32 anos, já não sente mais essa faísca e deseja...