Capítulo 127
Na suíte, Bruna tentava controlar todas as emoções conflitantes soltas como fogos de artifício.
E, por estar longe de tudo, sentou-se no sofá, presenciando um ataque de pânico.
“Eu não consigo respirar.”
Saboreando os dois lados, sabia distinguir.
A crise de ansiedade é quase similar ao pânico, só que fraco, sendo contida com uma dosagem mínima de clonazepam, junto ao exercício de respiração.
Já outro, é mais intenso, comparado a um tsunami, onde nem sempre um ou outro funcionam.
Só deve permitir passar e depois encontrar o alívio, assim, iniciou o mais temido que é a vontade de chorar.
Sem controle, chorou na frente de alguém que não é seu familiar.
O som é a mistura de dor e tristeza, ecoando por todo o espaço, fazendo entrar em desespero, notando o que acontecia.
Sem armadura, em que havia planejado uma solução, dessa vez não tem o controle para amenizar a dor sentida.
Apavorado, o sistema entrou em pane.
Ao vê-la assim, pegou-a com delicadeza e colocou-a em seu colo para confortar um pouco a tristeza que esvai.
“O que farei agora? Não importa o que faça, não adiantará de nada, continuará chorando e isso me mata.”
A angústia por não ter a solução não interrompia o coração machucado de sangrar.
Logo, sofreu junto, as almas se craquelando e uma dor nunca experimentada atingiu a ponto de não encontrar nada para sarar.
“…. todo seu dinheiro, arrogância, orgulho e frieza… nada disso será maior que ela na sua vida!”
Ao recordar as palavras de Lauren, nada nessa vida pode curar esse momento.
Portanto, sentiu-se inútil pela segunda vez.
“Desculpa, desculpa, não deveria ter levado aquele lugar…”
Consolando igual faz com um filho, fez carinho em sua cabeça e beijou a testa para amenizar a carga pesada, e os choros são como rios descendo pelo rosto, e gotejando em sua mão.
Cada gota é igual a facas atingindo violentamente.
O que não sofreu com os treinamentos do pai, tem com a tristeza sem fim dela.
E o misto queima para pagar pelo que fez.
“Mãe….. Mãe…”
Implorou para quem não estava presente, como da primeira vez.
“Me desculpe, por favor, me perdoe.”
“Se continuar, chorarei junto.”
Não conseguia falar outra coisa, nada diminuiria a culpa por fazê-la assim, e sendo consciente, doía como um inferno, não sabia que um sentimento pudesse fazer querer destruir meio mundo para amenizar e não a ver assim.
Mesmo com a ordem, não concluiu às duas horas completas, desse modo, foi surpreendido com os vídeos do ocorrido recente, mantendo a face oculta em que o presidente em fúria descontava na beleza nacional.
Vendo que algo horrível acontecerá, não para ele, mas para ela, que sofreu ataques horrorosos da outra.
Iniciando instantaneamente o trabalho, fazendo o melhor para derrubar os principais mais acessados.
Ao passo que o celular vibra, sabendo quem era.
“Presidente.”
“Venha aqui.”
“Sim, senhor.”
Terminada, saiu do quarto vendo Oliver e Sam, que souberam do acontecido.
Abrindo sem autorização, viu a cena nunca presenciada, ouviram em tom claro o choro forte saído dela.
A agonia posta para fora machucava cruelmente o pulmão, e seu nariz escorria uma quantidade considerável de muco.
Os pés feridos estavam envolvidos com a camisa dele para diminuir o sangramento e fazer o fluxo coagular, enquanto consolava.
Não adiantava, clamava pela mãe, ocasionando desespero e demonstrando a falta de controle.
Sendo bem ruim, pois nada fugia de seu jogo, e ver dessa forma fez os empregados presenciarem o perigoso.
“Derrube os vídeos que mostrem ela, contate Christian para descobrir os envolvidos nessa merda, e acione Park Hyung Suk.”
“Sim, presidente.”
“Quero que cada um receba toda a dor que causou. Não poupe ninguém. Oliver, chama os cachorros para fazer a guarda do andar, tirando os hóspedes, proíba qualquer estranho se for preciso, quebre os ossos.”
“Sim presidente.”
“Seja bem criativo.”
“Sim, senhor.”
Mohammad levantou com ela no colo, ouvindo apenas os soluços, mas os rios fizeram rastro no rosto.
“Delete tudo hoje.”
“Sim, presidente.”
Ao fechar a porta, o plano entrou em ação.
***
Christian, que retornou para Dubai, está em seu apartamento enorme jogando Fortnite, sendo o único da equipe que não faz guarda, ficando dentro do seu canil 24/72h.
A temperatura de 23 °C tornava o interior confortável, amenizando o tempo quente e seco do lado de fora.
E, por detestar o frio, se mantém assim para não causar uma hipotermia.
O jogo iniciava com o jogador sem nada, conquistando ao longo do turno, mas, ao contrário de outros que possuem respawn, esse torna tudo mais interessante, necessitando não só da inteligência, mas do cálculo e frieza do jogador.
Fora que, quanto mais avança, o storm — ou a tempestade — corrói a vida do jogador, dificultando para os participantes a conquista de vitória a longo prazo.
“Nanno, seu desgraçado!!”
Quando estava para derrotar o último adversário, o celular tocou e, sendo proibido ignorar a chamada do secretário, deixou-se ser morto e saiu da partida.
“Secretário.”
[O presidente tem um serviço, e precisa ser entregue uma parte hoje mesmo.]
“Sim, fale.”
As telas de jogos e chat foram trocadas por um sistema usado para trabalho.
Durante, seus dedos teclavam sem parar, iniciando o procedimento, e observou o que aconteceu, vendo que o caldo seria entornado e que todos nesse meio seriam queimados.
Isso se dava pela expressão do presidente ao punir a mulher, uma nunca vista.
Por meio da invasão dos celulares dos clientes no restaurante, o sistema realizou um reconhecimento automático, revelando dados pessoais e potenciais conexões empresariais.
Filtrando apenas aqueles que ofenderam a senhorita, incluindo a agressora.
No total, entre os trinta presentes, pelo menos dez estavam envolvidos.
Passando pelo banco de dados, aprofunda, caçando possíveis fraquezas nas zonas onde atua.
Tudo é importante, sendo útil para quebrar a máscara e destruir o muro de defesa, igual à torre de Jericó.
“Conseguiu apagar os que mostram o rosto dela?”
Já acessando outro sistema para agilizar o processo, impedindo o alcance, bloqueando o número de visualização e logo excluindo para sempre.
[Uma parte, também limitei o alcance, mas creio que faça melhor. Quando obtiver todas as informações, envie para o Sr. Park.]
“O que? É tão grave para envolver aquele demônio de terno?”
[A senhorita se machucou, o que ocasionou uma crise de pânico. E também não parava de chorar.]
“Ah….tá, tô pouco me fudendo para quem vai se ferrar, enviarei os dados em uma hora.”
[O presidente avisou para ser criativo com os que difamaram a imagem dela.]
“Ok, ok.”
“Acredito que o Ursão ficará feliz com o aparecimento daquele crocodilo.”
Encerrado, o viciado no mundo tecnológico acionou com um clique a sua playlist, ampliando o som agitado.
A animação duplicou, imaginando o que aquele demônio aprontaria.
E ao som de ‘Super Shy’ da NewJeans, fantasia esse belo caos.
***
Park Hyung Suk é um dos que não se deve brincar, além de fazer parte da alta cúpula da corporação Haroon, é dono de um dos maiores escritórios do planeta, sendo um ano mais velho que Mohammad.
Apesar de ser ariano, possui a paciência de uma planta carnívora.
Esperando a oportunidade de algum desavisado entrar e ser preso em sua armadilha, e ser lentamente corroído no ácido que derrete as entranhas das vítimas, restando apenas o exoesqueleto.
E, além de tudo, é gay.
Sim, é gay e perigoso.
De mesma altura que Dmitri, possui um físico fenomenal, escolhendo ser passivo nas relações, mas não se engane, consegue ser tão fatal quanto um crocodilo no giro da morte.
Um perfeito predador, seu gene sul-coreano não leva os traços angelicais dos artistas do entretenimento, e tem uma língua irônica e venenosa, chicoteando a moral de qualquer um que atravesse seu caminho.
Até hoje, não entende como um urso caiu em seus encantos.
Bem, não tem problema, o desejou e agora tem.
Sua sócia navega pelo apartamento do casal, ali habitava o gosto deles.
Sendo feito um para o outro, fotos do casamento na Holanda, passeios de férias pelo mundo, jantares em datas comemorativas… é tão brega quanto.
Ainda que cuspa veneno, é um romântico incorrigível com seu parceiro que também não sai da curva.
E agora, deveria interromper a alegria desse que se divertia com outro alguém.
Seu corpo branco e cabelos negros fartos e lisos estão bagunçados e molhados de suor enquanto desfrutava do sexo no quarto de visita.
O pênis em brasa apunhala de um jeito violento, é quase igual ao seu esposo, mas não tinha o mesmo empenho, tornando tudo uma bosta.
Além do que, o tamanho não agradava, gostava que fosse maior e bem mais grosso.
Por isso, mesmo nessa situação de prazer, Smith não saía de sua mente.
“Que dia tu vai voltar, seu filho da puta!!”
Implorou para se abastecer e gozar rapidamente.
Enquanto isso, sua sócia, que não é flor que se cheire, entrou, pegando trepando com seu casinho contratual, que é filho de um dos sheiks bem famosos na área, casado recentemente.
A semelhança com o esposo é um tanto alarmante, declarando explicitamente o quanto esse bastardo ama seu marido.
Nisso, observam a mulher de origem japonesa, que utiliza o penteado maria-chiquinha, de cor tão pálida quanto um defunto, e seus olhos redondos num óculos, vestindo um terninho costumeiro.
O comum é a frieza, dando a personalidade tipicamente excluída da sociedade.
“Logo agora que estava me divertindo?”
“Tem cinco minutos, se não, não restará um pau ou um cu para continuar se divertindo.”
“Dramática, vocês são sérios demais.”
“Que língua é essa?”
O convidado confuso na maré do tesão questiona o japonês fluente de seu parceiro.
Se fosse o Sr. Romero, bateria à porta pelo mínimo de educação que possui, mas como é um fracassado, não tem pudor em ser direto.
“Cinco minutos, tenho todas as informações daquele otaku depravado.”
“Tá, ei, docinho, vamos encerrar, preciso trabalhar, use o banheiro para se limpar e retirar qualquer vestígio que sua esposa possa perceber. Bye.”
“…”
O parceiro que se esforçava ao máximo foi dispensado. Park Hyung apenas vestiu um robe para ter noção do que realmente aconteceu.
No escritório particular, havia o material reunido, com as identidades dos suspeitos e envolvidos.
O advogado, ainda sob efeito dormente no traseiro, sentia o lubrificante artificial escorrer pelo buraco, sentou-se em sua poltrona para analisar com cuidado.
“Então, honey, o que aquele nerd nos enviou?”
“Não precisa agradecer.”
“Poxa, parece até pecado querer aplacar um pouco a minha solidão.”
“Literalmente estava odiando.”
“É, né… uma emergência.”
Não negou, estava odiando, com o tempo essa ajuda estava virando um estorvo e pensou em procurar um melhor.
“Aqui possuem todos a serem acionados no processo. O serviço veio mastigado, graças àquele depravado que organizou do jeito que gosto.”
“Nome, data, dados bancários, empresas, patrocinadores, parceiros, familiares e… sério que até os animais de estimação estão incluídos?”
“Dá para arrancar uma boa vantagem de animal de estimação. E precisará rever a constituição brasileira, o processo acontecerá lá.”
Não é preciso ser cartomante ou gênio da adivinhação para ler o semblante desse cara. Ao saber que vão se encontrar, tudo guardado será posto para fora, por isso, não esperava os minutos para pegar o avião e chegar no RJ.
“Ahn… então prepare sua melhor roupa de verão, parece que vamos curtir muito a melhor época do país.”
“Sim, já basta o clima sufocante de Dubai, agora vamos encarar o verão úmido brasileiro.”
“Não se esqueça, é pelo presidente.”
“Hum…”
Encarou, revelando as verdadeiras intenções.
Passando o olho, viu que o show será divertido, isso alimentará a internet por um bom tempo.
Por ser um serviço ligado ao escritório, a grana entraria.
“Quanto vai nos pagar?”
“Vinte milhões, então faça o melhor, sem gracinha, é para manchar e acabar com a reputação, tirando o máximo de recurso possível.”
“E quem é essa menina nas gravações?”
“A matriarca.”
O motivo das loucuras daquele cara.
“…. Srta. Momobani, faremos história nesse país tropical.”
“Já selecionei a equipe, incluindo a estagiária dessa nacionalidade.”
“Por que a estagiária? Tem tantos melhores.”
“Além de seu espanhol ser ruim, o português é inexistente. A estagiária é o tipo ideal para encarar o júri brasileiro, como relatei, é pela esposa, caso cometa um erro estamos destruídos.”
“Convoque a reunião, esses filhotes de cachorros não sabem o quão assustador um tigre pode ser…”
Citando um velho ditado de sua terra, viam esses colocarem as cordas em seus pescoços enquanto gritavam para o carrasco remover o alçapão.
Principalmente a causadora, Chloe Becker ou simplesmente ‘The Chlose Beauty’.
Importante no ramo da maquiagem, nasceu no RJ em Parada de Lucas, e iniciou seu canal em 2020, ano em que eclodiu o surto da pandemia mundial.
Mas, apesar do nome, a família não é importante, basicamente de classe média baixa, morava em um apartamento simples.
Desde o destaque da filha, mudaram-se para um condomínio de luxo em Alphaville.
Assim, é peixe pequeno, sendo removido facilmente, igual a todos os seus amigos que participaram do ocorrido.
***
À medida que a noite engoliu o dia, Mohammad degustava o sexto copo de conhaque, descia queimando e amargo, e tudo que lembrava era seu rosto triste.
Tudo foi adiantado graças à equipe, que recebeu a resposta imediata de Park Hyung, e ao dia da sua chegada.
Mas faltava algo.
Algo esperado desde que saiu com ela daquele lugar e…
Toc, toc.
“Entre.”
“Presidente, perdoe pela intromissão, mas possuo um recado urgente.”
“Hum.”
Vendo em pé e perdido, imaginou se era a melhor hora, só que não tinha como, a bomba explodiu e seu nome estava na boca do povo.
“Deram um prazo de 24h para se retirar.”
Sim, um sorriso macabro encerrava sua teoria com perfeição. Era o que faltava para pregar o último prego no caixão desse lugar.
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Capítulo 127
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As Mil e uma noites Dela com um espírito Obsessor
Dizem que o amor é a chave para o sucesso, capaz de unir mãos e garantir um felizes para sempre.
No entanto, Bruna, prestes a completar 32 anos, já não sente mais essa faísca e deseja...