Capítulo 138
Sem fome, o lanche em sua mão só é para ela.
Entendendo que assim que entrar, e toda a euforia for embora, o terror atingirá e perceberá melhor o que de fato aconteceu.
Mesmo cometendo um procedimento bárbaro, sua roupa e pele estão limpas igual mais cedo, e sua alma está apreensiva, porém pura. Fez o certo, pela primeira vez não foi para o bem próprio e sim, por ela.
Tudo se resumia a ela, é a única que importa.
Desse modo, quando abriu a porta e encontrou o vazio, a TV ligada denunciava a insônia. Chamando suavemente, o cordeiro surge vestindo sua blusa, animado demais em vê-lo.
Talvez esse apego, depois de um trauma forte, tenha sido bom, assim é mais fácil depender dele.
“Trouxe o que pediu.”
Mostrou o famoso logotipo do McDonald’s, fazendo o sorriso abrir mais.
“Demorou…”
Se aproximou, e logo a encomenda foi entregue. Com isso, sem pedir, foi à mesa disponível para abrir a relíquia e matar sua fome. Poderia tomar banho, mas sente que seria uma péssima ideia, portanto, ficou.
Pois, assim que a bomba se instalar, precisará de seu apoio para suportar.
“Lembro que não consegui comer no dia que me despedi da minha mãe, e agora… estou bem animada, meu estômago está roncando muito.”
“Tudo bem, só coma, tá bom?”
“Sim, obrigada.”
E quando desembrulhou, e o hambúrguer favorito surgiu, os olhos cintilaram igual a achar ouro, e enquanto se deliciava no sabor e na batata crocante, o suco de uva de lata ajudava a escorregar melhor o alimento.
Mesmo contida, já habitou ao seu jeito de comer e não é feio, tudo é tão bonito e perfeito como a pintura de Van Gogh, e entende que esse estado não sumirá com facilidade, permanecendo pela eternidade.
E deseja que seja assim.
Quando menos esperou, o cérebro, que não funcionava como antes, exibe todas as cenas brutais, atingindo massivamente.
Mostrando o horror e o desespero ao ser levada para longe, tocada e quase violentada.
Os gritos de socorro eclodem em todo o espaço, enchendo-o por completo. Semelhante à consequência de uma granada jogada no centro.
Não é igual ao passado, em que esse mesmo órgão central amava guardar várias bugigangas nocivas para só lá na frente, quando estivesse velha, eclodir.
Foi agora, nesse instante, por isso, a metade do hambúrguer caiu no chão, e todo o ingrediente favorito se tornou desnecessário para enfrentar tudo de uma vez.
Sem parcelar em 12x.
“Mohammad, eu quase fui estuprada….”
Pronto, quando finalmente veio a claridade, tomou conta e, nesse momento previsto, a segurou e apertou para sentir todo o calor, e as lágrimas que não foram soltas se derramaram nesse instante.
“Pensei que morreria….. Eu morreria e ninguém acharia meu corpo….”
“Não, não permitiria isso, e se acontecesse….”
Travando diante de uma possível morte, mas precisa continuar e oferecer o maior conforto.
“Se acontecesse, acharia e daria o melhor descanso do mundo, onde repousasse em meio a um jardim de flores bem bonito. E faria companhia para nunca se sentir sozinha.”
“Por que, enquanto gritava por ajuda, ninguém me ajudou? Parecia estar em outro plano e ninguém me via, mas tinha tantas pessoas… Mas era como estar sozinha…”
“Estou aqui. Você não está sozinha.”
Bruna então imaginou as inúmeras vítimas que tiveram o destino pior e estão sem solução, apodrecendo em meio à mãe natureza, sem a chance de ser velada como deveria ser.
Rapidamente, compreendeu que a vida é verdadeiramente um sopro.
Se não é você ou seu corpo tentando te matar, os agentes externos desejam facilitar esse serviço macabramente.
Portanto, se perguntou quantas meninas já morreram na mão desse ser, quantas estão ‘desaparecidas’ sem a solução de seu caso e estão nos braços do destino, onde seu corpo se deteriorou e virou resto de nada?
Assim, desejou que tal cara estivesse morto, não naturalmente, porém do jeito que faria com ela. Pois, se não for ele, seria ela a fechar os olhos eternamente.
Sem se importar com a sujeira, o pé descalço pisou nos destroços alimentares e seguiu com ela em seu colo de volta à cama. O céu está clareando e, diferente do calor, veio o frio, logo, chuva.
As gotículas batiam violentamente no vidro da janela, noticiando que uma vida se foi e outra foi salva.
Ainda bem que sobreviveu.
***
No voo de primeira classe, Park Hyung visualiza novamente os papéis que Mohammad pediu para fazer. Momobani, que roncava, despertou ao mínimo movimento de seu sócio.
Nessa ala, que comportaria dez pessoas facilmente, estão apenas os três, devido ao problema da mulher não tolerar tanta gente ao seu redor.
E, quando viu pensativo, perguntou o que de fato quer saber.
“É um tanto estranho, Srta. Momobani.”
“Também achei, fiquei surpresa quando o secretário enviou a ordem, chega a ser um absurdo.”
“Sim, achava que era um amor de verão, mas… Está se mostrando um tanto corrosivo.”
“O quê? Pelo fato do presidente estar ‘amando’ outra criatura, a ponto de ceder algumas propriedades valiosas para dar de bandeja à sua amante?”
“Sei que isso nunca aconteceu, a Sr. Latifah não tem direito a nada que pertença ao presidente, apenas ficará com o acordo que possui. Tudo é do herdeiro, só que… sinto que será problemático.”
Revendo os contratos, Mohammad exigiu que alguns imóveis, 80% de lucro da Health World no Brasil, algumas ações valiosas e também a metade do resort em Taiwan — conquistado com tanto esforço após roubar de Beom-shin — vão para ela com quem tem caso.
É muito dinheiro.
Basicamente, essa ficará milionária da noite para o dia.
“E também tem esse aqui.”
“Que?”
Um contrato que não deveria ser mostrado, e o mais valioso, sendo a espinha dorsal de todas as riquezas do grupo Haroon, é mostrado na tela do notebook de seu sócio.
“Droga.”
Expressou-se sem emoção, mas abismada.
“Mohammad não faz nada precipitado, tem ciência do jogo que joga e sabe que no final sairá vitorioso. Essa mulher já tem o destino traçado, mesmo não querendo, será futura esposa dele.”
Historicamente, um fato nunca feito acabou acontecendo na geração do terceiro melhor Haroon. E, pela primeira vez, uma esposa herdará metade de tudo que pertence ao herdeiro.
E os escolhidos a presenciarem isso, não previram o melhor, principalmente tendo Fadel e sua filha mais nova, que cobiçam o prêmio há décadas.
***
A decisão de não ficarem até o final do check-out foi dela, apesar de ser bem tratada e colecionar boas memórias, as ruins prevaleceram, e queria sair dali.
Então, assim que despertou, apenas trocou de roupa e toda mala não organizada foi posta para dentro do porta-malas.
E, olhando uma última vez, gostaria de voltar, mas só quando a mente e a alma estivessem bem para enfrentar tudo tranquilamente.
Diferente de antes, que foi apagada, dessa vez, acompanhou as gotas de chuva caírem no vidro fechado em silêncio.
Assim que chegasse no flat, apenas deitaria na cama e veria qualquer coisa para apagar as cenas desagradáveis da sua mente.
Pela primeira vez, quem conduzia o veículo era o secretário, usando seu traje habitual, como se todo calor no paraíso fosse embora em segundos.
“Que tal vermos os melhores momentos de Luciana e Miguel?”
Sabendo do apreço ao casal, apenas balançou a cabeça confirmando, não importa, poderia estar passando um filme slasher, se tivesse ao seu lado dando calor, já é o suficiente.
E lentamente, a animação foi substituída pela melancolia.
***
“Poxa, lobo mau, planejei uma viagem tão perfeita.”
A chuva que perseguia Minas se estabilizou no RJ, afastando o esquenta para o carnaval.
“O que iríamos fazer?”
“Sexo. Queria transar pra caramba, ficar bem assada de tanto receber pirocada, só que… foi uma pena.”
Deitado numa confortável cama, num domingo à noite, Mohammad, que não dormiu bem, agora usa seu óculos de grau, enquanto teclava no notebook.
Quem visse, duvidaria de que são ficantes, pois se comportam igual a um casal em bodas de ouro.
“Também queria, mas na próxima vai dar tudo certo.”
“Que dia? No dia em que voltar de Dubai? E meus desejos? Todo mundo já provou, também quero saber.”
A mão inquieta, que cansou de se comportar, malandramente foi em direção à cobra adormecida, provocando uma fagulha nessa lareira automática.
Não quer fazer, pois senti que ainda é cedo depois de tudo que aconteceu.
Entretanto, essa diabinha não se daria por vencida.
E concentrado em várias planilhas, e com uma reunião online, suas mãos entraram no moletom quente, e atiçou a despertar.
Por não ser de ferro, acordou, inchando imediatamente, contudo, pela ocasião, o fogo não acendeu, deixando brincar do modo que preferir enquanto edita suas obrigações, esperando iniciar a call para verificar como andam as coisas na empresa.
“Quer ver humilhação maior? É, esse cara está com a artilharia pronta, mas se recusa a entrar em batalha. Porra, quero transar!”
Enquanto brinca com o pênis, a call inicia e a reunião com os diretores começa.
Lá já é outro dia. Havia certas coisas que estavam deixando a desejar e precisava consertar para não ter consequências e alterar no lucro mensal.
A maioria estava presente, menos Park Hyung, que chegaria no dia seguinte. E o secretário começa a lançar os tópicos que precisavam de uma maior atenção.
“Poxa, Mohammad, vai me deixar no vácuo? Sacanagem!”
Não tem como ocultar, os poderosos conseguiam ver um chumaço de cabelo escuro no colo dele, que claramente estava sentado numa cama.
É nítido, não é pelo animal, pois o presidente odeia qualquer interação com animais de estimação, então só podia…
[Algum problema?]
Ao ouvir a voz bruta, com acentuação na irritação, os que deduziam pararam e voltaram ao profissionalismo.
Comentários no capítulo "Capítulo 138"
COMENTÁRIOS
Capítulo 138
Fonts
Text size
Background
As Mil e uma noites Dela com um espírito Obsessor
Dizem que o amor é a chave para o sucesso, capaz de unir mãos e garantir um felizes para sempre.
No entanto, Bruna, prestes a completar 32 anos, já não sente mais essa faísca e deseja...