Capítulo 143
Shaaaaaa…
A cachoeira do chuveiro é forte e banha dois corpos fortes e perfeitos.
Era para Smith estar em seu posto, mas, desvinculou-se para matar a saudade de seu grande amor.
Olhando bem, subjugado, numa posição que aos olhos alheios não combina, é tão engraçado e magnífico.
“Por que, quando olho para você, não sinto medo?”
Perguntou, sendo mil vezes menos danoso que ele.
“Deve ser porque te amo, e nesse campo, não devemos temer nada.”
Exclamou Park Hyung.
“Verdade.”
Era dessa brutalidade que precisava, desse pau que parece mais uma arma do que feito de carne.
Tão grosso e viçoso, que seu buraco estreito ama receber.
Rosado como um pêssego, a língua flamejante penetra, fazendo esse réptil conhecer o sol.
Somente seu esposo foi capaz de domar e preencher com tamanha facilidade.
Rapidamente, seu modo predatório se rende, tornando-se dócil demais, algo nunca mostrado pra ninguém e que pertence somente a Smith.
“[…]Eu sou eu, e você é você. É o que eu sinto que você disse ontem à noite. Você usava uma jaqueta cinza. Que tem uma mancha de café tão familiar. Tudo como de costume. O nosso reflexo no vidro da janela[…]”
A canção ‘Stay With Me’ de Miki Matsubara ecoa pelo flat, ocasionando um emaranhado pegajoso de desejo e paixão.
É algo triste, pois remete ao parceiro perdendo o outro, expondo para fora o amor que não foi embora com a separação.
E o tema do casamento deles, Smith detesta, mas como é a favorita de seu marido, derrete enquanto penetra violentamente.
Estava pensativo, e na hora, extravasou sobre um incomodo em seu peito.
“Que dia vai largar desse brinquedo, hein?”
“Ahh… nn….”
A névoa de prazer o sonda a ponto de mal falar, o pau que mal foi colocado em totalidade ofuscou o ciúme latente.
“O contrato.”
“Eu sei, sei… Porra!”
Menos de um mês foi o suficiente para desacostumar com o ritmo frenético dele.
Essa semelhança com seu esposo fez fraquejar, por isso estava puto, detesta sentir ciúme, inclusive com algo tão fraco quanto aquele cara.
“Não quero enterrar outro engraçadinho por causa dos seus joguinhos.”
“Eu… ahhhhh… uhhh… te amo… sim… isso…”
“Tsk.”
Dizem que esse fenômeno só dura por pouco tempo, no entanto, não sabem como conseguiram resguardar essa chama depois de anos.
E esse começo, que é agradável e caloroso, antes era fechado e chuvoso.
Talvez a metáfora sobre o pote de ouro no fim do arco-íris seja mais que real.
E esses olhos verdes, que miram com tanta fogosidade, devoram quase por completo.
“Era para essa cor ser um tom frio, mas, por que me queimar tanto?”
***
“Estou morrendo de saudade.”
O peso muscular de seu marido é tão leve que encaixa perfeitamente em seus braços, como se tivesse sido feito para somente envolver.
Nem quando era mais novo, nos primeiros passos das emoções, conseguia erguer com facilidade como uma rosa.
“É uma cesta enorme de pêssegos suculentos.”
“Ursão, sabe fazer melhor que isso.”
“Sou péssimo em cortejo.”
“Hahahaha.”
Sem pausa, essa brasa passou para a cama, em que os beijos fizeram desligar do arredor e seu pênis sem proteção entrou novamente nesse buraco treinado.
“Era isso que precisava, não quero saber de mais nada.”
Planejou, mas caso não acertasse, esse membro era para nunca existir. Se dependesse de Smith, jamais cruzariam os caminhos, e essa alma gêmea viveria solitária com outro alguém.
“Como pude começar com o ódio, se te amo tanto?”
Relembrou de uma época doce, que brevemente ficou amarga.
***
“Ei, garoto! Tem certeza de que deseja trabalhar aqui?”
Perguntou Jude, um famoso senhor gay que comanda um bar polêmico e lotado, visando a comunidade LGBT.
O ano era 2010, e Smith completou 17 anos, essa época saborosa para descobrir e degustar o ápice da maturidade com a presença de seus familiares, experimentava o ardor da vida adulta, na procura de emprego por não ter ninguém para auxiliar.
É órfão, seus pais, amorosas pessoas, foram mortos num acidente trágico de carro devido a um bêbado que pilotava em alta velocidade, que no final, não morreu.
Mas conseguiu deixar essa criança sozinha.
Smith precisava desse trabalho, estava prestes a concluir o colegial, porém o banco pegou a casa para quitar as dívidas, fazendo esse adolescente sentir a solidão.
Por isso, pelo desespero e morando em um abrigo para sem-teto, aceitou receber um salário de algo que odeia.
“Precisamos de um garçom, e o pessoal ama gastar quando o funcionário é bonito, bem, se me entende.”
“…”
“Só sirva e seja cortês com os clientes, a maioria respeita quando recebe uma negativa. Eles só vêm desestressar e conversar, nada muito sério…”
Enquanto o empregador explicava a situação, foi dado o uniforme para vestir. O espaço só funciona à noite e fecha de madrugada. O seu trabalho é ser simpático e fazer cada um gastar uma bela quantia.
Esse estabelecimento está de pé há anos, antigamente era um refúgio para os perseguidos devido à sexualidade, sendo o point favorito das batidas policiais.
Todavia, nunca conseguiram fazer nada, pois cada um colaborava no disfarce, e hoje, nada impede de serem o que são.
“Cada funcionário tem 30 minutos de descanso, depois voltam ao trabalho. Não se preocupe, os dois que estão há anos são héteros, vai se sentir confortável na presença deles.”
Tentou aliviar, já sabendo desse ‘problema’.
“Te vejo às 19h, tudo bem?”
“Ok.”
Depois de muito tempo em silêncio, saiu a voz que gostaria de escutar e, pela maturidade, a mistura grossa com a pitada da infância formava algo único.
Pela sorte, agora tem o que comer nesse inferno que chama de país.
***
[Hyung-Suk, seu pai, deseja resposta, sabe que não agrada em nada ter pegado o avião e fugido para a Europa.]
Exclama sua mãe.
Park Hyung Suk, de 23 anos, fugiu de seu país para se distanciar da fúria de seu progenitor. E não sabe como retornar, a grana e tudo que possui continuam, mas não queria voltar.
O privilégio de ser o famoso advogado e herdar os negócios da família não atraía tanto. Queria amar, ser amado pelo que é e não do jeito que desejam.
Ser gay em um país que odeia essa sexualidade é o inferno. Decidiu ir para a Europa porque desistiu de ir para os EUA, agora está em dúvida se é o certo ou não.
Preciso encontrar um caminho.
O apartamento é grande o suficiente para três pessoas, com dois quartos com suítes e uma bela varanda num bairro de luxo.
Não quer ir para o exército, lá as coisas são sádicas para quem é homossexual, portanto entende que seu pai, uma hora ou outra, pegará pelos cabelos e devolverá à sua terra, obrigando-o a casar com a filha do Sr. Choi, outra figura importante na Coreia.
Talvez transar seja a solução.
Assim, por meio de pesquisas, encontrou um bom ambiente para achar o que procura.
“Mãe, não voltarei por um tempo. Avisa ao pai que ficarei até resolver, depois retorno para casa.”
Casa…
Mentiu.
[Hyung-Suk, é suicídio, sabe o quão perigoso é desafiar ele, seja bonzinho e volte agora.]
“Não, até logo.”
[Par….]
Desligando, a ação representou o interrompimento dessa ligação maldita.
Entende que é um tirano e perigoso demais para enfrentar, deveria ficar e ser bonzinho fazendo tudo que foi mandado, mas não, a rebeldia e a sede pela liberdade fizeram-no tomar esse rumo.
Não quer ser uma marionete, lutou, adquiriu resistência e audácia para fugir dessa bolha que chama de plano perfeito. Na verdade, seu pai se comporta igual a um parasita.
Sugando a energia vital de sua mãe, enquanto enche o bolso de grana de algo que deu certo.
O casamento polêmico da filha única não deveria acontecer dessa maneira, foi um erro se juntar ao seu segurança e gerar um filho.
Como o falecido avô explicitava, foi um erro ter se apaixonado por um pobre e gerar algo errado.
E, Park Chan-woo, concebeu vida a uma aberração.
Agora, onde tudo é seu, esse sanguessuga espalha seus tentáculos por todos os negócios importantes e faz festa para mostrar a riqueza que não lhe pertence.
Nesse impulso, seu filho, que não deveria ter nascido, fugiu para a Espanha para escapar disso e ter uma vida normal.
Maldito.
***
“Hey, Jude! Esse é o novato?”
Perguntou um dos meninos que trabalha há um tempo, o motivo de permanecer mesmo após terminar sua graduação, é pela atmosfera animada e a boa gorjeta que os clientes dão, assim, tem como segunda renda.
“Sem gracinha, Mike.”
Avisou para não cometer um dos seus trotes.
Smith observou o espaço sem soltar um pio, era seu primeiro emprego e estava querendo filtrar tudo que o rondava.
Era um bar normal como qualquer um, só que as cores rosa pink, roxo e azul e a bandeira da comunidade LGBT estampada na parede são bem fortes para suportar.
É uma nova década, e muitas coisas continuam em descobrimentos, por isso, existem variantes que os ‘viventes’ desconhecem e que somente quem está por dentro sabe.
Dessa forma, Smith, que nunca se interessou, acabou se surpreendendo pelas cores vivas representadas pelo grupo que detesta.
O que estou fazendo aqui? Mas, quando conseguir uma boa grana para participar do primeiro campeonato, vou me mandar dessa merda.
Esse era o plano, conseguir o máximo de grana e iniciar sua carreira no MMA, já treinava numa academia de graça, que viu potencial nesse garoto desenvolvido demais para sua idade.
Músculos, altura e força, o resto é adquirido com a experiência.
O fato era que seu jeito imaturo e pavio curto transformava-o numa bomba ambulante. Não sabe quanto já o desafiaram e perderam diante dessa qualidade.
Um cachorro. Um cachorro de raça vivendo nas ruas.
Essa é a característica principal que definia Smith.
“Calma, Jude, vamos receber com todo ‘cariño’ possível.”
“Hey! Leva essa caixa para o depósito, vamos que daqui a pouco o bar abre.”
Falou outro que é menos palhaço que Mike, fazendo-o pegar a caixa de cervejas cheia. Todo dia, os garçons chegavam cedo, mais ou menos uma hora antes da abertura, para organizar o ambiente.
A limpeza ficava a cargo de uma senhora, que trabalha há dez anos com o dono, por isso, está acostumada.
“Novato! Não fique parado, ajude o Mike.”
Foi aí que a ficha caiu, deixou de ser um adolescente que se divertia e estudava para ser um trabalhador comum, ganhando uma grana para alcançar seu sonho ambicioso.
Desse modo, ajudou a despachar todas as bebidas para o armazém e depois organizar as prateleiras e mesas.
Em nenhum momento queria amizade e sim grana, focando o máximo para permanecer até tudo dar certo.
Com a chegada dos primeiros clientes, Smith engoliu seu preconceito e nojo, e lentamente foi criando o profissionalismo.
E essa vida pacífica durou apenas uma semana.
“Garoto! Não… Olha, atinja aqui, seu chute precisa melhorar! Não quer ser um vencedor? Então, melhore essa porra.”
Incentivou o treinador, desistiu dos estudos, apenas focou nos essenciais, não morrer de fome e treinar para ser alguém na vida. O semblante de seus pais vai gradualmente sumindo, e espera que virem fantasmas, quase imperceptíveis.
Contudo, algo impedia de melhorar o desempenho.
Em intervalos, treina em seu novo estúdio, alugado graças à ajuda de seu emprego e às gorjetas altas dadas pelos clientes, e assim como o proprietário relatou, quando recebem uma negativa, são respeitosos e não insistem.
E essa atitude o deixou surpreso, pois tomava como desagradáveis, agora só é tragável, claro, quando vê contato íntimo sente vontade de vomitar, porém a grana entra e também…
Muitas mulheres, mais velhas, sentem atração por novinhos, e Smith era um desses, logo, para auxiliar na renda, faz sexo e ganha uns trocados bons.
Não é nada que sua mãe admiraria, mas precisava sobreviver e, para isso, tem que se rebaixar muito, até conseguir conquistar seu prêmio.
“Garoto, aos poucos estou sentindo que evoluiu, mas vê se consegue melhorar nesse chute.”
“Sim, farei isso, obrigado, treinador.”
“Não foi nada, até amanhã, mesmo horário.”
“Sim.”
Correndo, para jogar uma água no corpo e ir para o bar, o táxi que vinha em alta velocidade quase bateu na bicicleta, é uma ciclovia, estava no direito, entretanto, o motorista queria ultrapassar pelo cliente impaciente, fazendo-o quase ter um acidente.
A bicicleta tombou, e para dizer que não é impaciente, a atitude para cima do causador fez o senhor permanecer ali para não sofrer a penalidade desse brutamonte, até que o cliente que necessitava chegar no destino saiu.
Smith queria reclamar, estava furioso com o péssimo resultado nos treinos e com medo de perder a única coisa que importa. Quando viu o ser misterioso, toda raiva foi direcionada a esse cidadão.
Um coreano, bonito e alto.
Mediam a mesma altura, só que as pernas dele, num belo terno e cardigã, eram fantásticas, longas, iguais a um modelo.
“Qual é o problema?”
Respondeu em inglês, Smith, que só sabe seu idioma natal, não entendeu o que de fato queria dizer, por isso, respondeu como pôde.
“Quase fui atropelado, se acontecesse, ia ferrar com sua vida!”
Park Hyung, que mora há poucos dias, não era bom no espanhol, não sabe o motivo de não ter ido para a Inglaterra, onde estaria tranquilo e confortável em usar o dialeto de quase 99% dos habitantes, mas agora, não pode voltar.
Com a ajuda de sua mãe, que possui uma pequena herança dada por seu avô, ela utiliza essa reserva para fugir de seu pai.
“Não compreendo.”
“Quê? Que porra disse?”
Bonito, belos olhos e corpo perfeito, mas um trombadinha.
Eram as qualidades que vieram primeiro.
Park Hyung queria chegar a uma festa de aniversário de um amigo querido, formado na mesma faculdade de Seul, mas pelo que vê, esse cara atraiu sua atenção, uma pena ter um linguajar pífio.
“Disse, não te entendo.”
O espanhol horrível fez com que Smith visse que era um estrangeiro perdido no paraíso, veio sem ao menos treinar ou, pelo menos, se importar. Um tanto desrespeitoso para seu gosto.
E apenas pegou seu transporte e xingou baixo, partindo dali, deixando confuso com a atitude repentina.
“Que cara doido.”
Assim, entrou e falou para seguir caminho, todavia, um ficou cravado na mente do outro. Enquanto Park Hyung não esqueceu os olhos esmeralda, Smith não para de pensar nas belas pernas desse cara.
E foi assim que os caminhos se cruzaram, um amaldiçoado e um azarado.
Cada um com problemas difusos e conturbados, todavia, a química era compatível a ponto desse homofóbico ficar encantado pelo que mais odeia.
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Capítulo 143
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