Capítulo 145
Dizem que a vida não anda, corre.
Esse é o lema essencial que Park Hyung usa quando lida com os acontecimentos absurdos ao longo de sua existência.
Assim que nasceu, seu avô, ainda vivo, não quis olhar em seu rosto, era homem biologicamente dito e comprovado.
O que é essencial para herdar a corporação gigante, só que não foi o suficiente para alegrar o velho, precisava de mais, a herança paterna pela escolha tola de sua filha acabou gerando consequências.
Nasceu homem, com funções biológicas masculinas, contudo, não ama como um ‘homem’ deve fazer, preferindo assim, o oposto, o que as mulheres cobiçam.
Logo, hoje, adulto e maior de idade, com todo planejamento feito por seu pai, deixando ideal para a família Kang, não foi o suficiente.
“Ahhh….”
“Porra…”
Cobiçava um certo rapaz de olhos verdes, mas nada impede de se divertir com os errados, não é uma donzela esperando seu príncipe e sim, humano.
Portanto, para que sua cama não ficasse entediada, os espanhóis eram frequentes.
Ao contrário dos asiáticos, eram um tanto ‘rígidos’, não frios, mas sem graça.
Queria calor, gemer e sofrer um imenso orgasmo, e pelo visto terá que esperar.
“Quando te vi, imaginava que gostasse do que faço, estou surpreso que ame ficar por baixo.”
“É o único momento em que permito alguém mandar em mim.”
A sua sede não foi saciada, e seu coração contínua vazio.
Quer amor, mas também um bom sexo, característica que no meio gay nem sempre andam de mãos dadas, às vezes é necessário lutar e persistir até conseguir alguém para dar o coração.
Atualmente, só consegue um parceiro fixo, algo programado para sentir prazer. E isso tem aos montes, além do desejado.
“Deseja uma garrafa d’água?”
Ofereceu o dono da casa, já se levantando e vestindo seu robe, o homem que deu a vida para satisfazer e oferecer sua melhor performance, viu que tal não sentiu o mesmo, deixando-o um tanto constrangido.
No entanto, Park Hyung é bem-educado e não toca no assunto, mesmo que não vá querer uma próxima vez.
“Por favor.”
Não precisava ir longe, no quarto tem um frigobar para as emergências.
Não era o único, então sempre abastecia com líquidos inodoros por entender que cansa, sendo uma intensa atividade que gasta uma certa caloria, logo, hidratar é uma boa alternativa.
“Ultimamente vejo indo ao bar com mais frequência, antigamente ia somente duas vezes na semana. O que aconteceu? Alguns dos garçons despertaram interesse?”
Uma pergunta leve para uma resposta peculiar, sim, está interessado num garçom, porém, aquele jovem é um tanto ‘hétero’ demais para seu gosto.
Ainda assim, não desisti, um impulso violento faz persistir.
Depois daquele pequeno embate, vem se tornando arisco e achou fofa sua reação.
“Pode ser.”
Lançou no ar, não importa, para quem faz parte desse meio entende que se interessar por hétero é cilada, quem se arrisca acaba se ferindo profundamente.
“Posso lhe dar um conselho? Claro, sei que não pediu, mesmo assim posso tentar?”
“Tanto faz, já sei o que vai falar.”
“Hahaha… mas sei que é algo batido e tal, mas não caia nessa não, eles podem parecer luzes brilhantes para nós, mas só servem para nos machucar.”
Park Hyung sorriu, um sorriso que remete a uma doce piada, mas com pitada de tristeza. O gay que não tiver a oportunidade de se apaixonar por um heterossexual e depois sofrer, não honrou fielmente a sexualidade.
Não é sua primeira ‘paixonite’, e sim diversas vezes quando era adolescente e na faculdade, e tem ciência de onde estava se metendo.
Smith era diferente, não para alimentar seu delírio, mas realmente diferente, o olhar já diz por si só.
Só precisa de um pequeno ‘empurrãozinho’ e violar, um bissexual saindo do forno.
“Obrigado pelo conselho.”
“Não foi nada, será que teremos uma próxima vez ou…”
“Lamento.”
“Tudo bem, foi bom do mesmo jeito.”
O tempo dirá… é dessa forma que esse camarada trouxe sua fixação até ele.
***
Dezembro, é uma época festiva que celebra o Natal, valorizando a reunião familiar. Todo lugar estava a caráter, implorando para o solitário se reunir com quem for, menos passar sozinho.
Smith, que está sozinho há tanto tempo, desconhece o calor de uma companhia; o sexo não conta, de alguma forma se tornou mais profissional que carnal.
O pau numa buceta sai por uma bagatela de 300, ou, se tiver sorte, 500 euros.
Enquanto rolava uma comemoração especial em homenagem ao aniversário do bar, que coincide com o aniversário do dono, os garçons tiveram que colocar um chapéu natalino e, se fossem selecionados, leriam uma cartinha para o destinatário presente.
E para a honra, é necessário gastar pelo menos acima de 15 euros em qualquer bebida. Uma forma legal de se divertir e ser bem capitalista.
“De ‘Bombom’ para ‘Furão’, ‘A nossa última noite foi inesquecível, mas por favor devolva meu cachecol, é o único que me mantém quente nesse inverno rigoroso’.”
“Hahahahaha!”
“Hey, Furão! Por favor, devolva o cachecol de Bombom, ninguém merece passar frio nesse inverno.”
Os risos e gargalhadas após a mensagem balançaram cada metro quadrado, e como sempre, Mike é o escolhido para expressar o desejo dos que querem pedir, ou até se declarar.
Nisso, muitos foram repassados, sorteados e lidos, houve até um pedido de namoro e dessa vez foi o outro rapaz, devido à sua voz aveludada de interlocutor, que passa uma sensação nostálgica nos mais velhos.
Smith só pensava em voltar para casa, isso não era com ele, tanto que quase ninguém lhe pede nada do que seja obrigatório, silencioso e cortês com qualquer um que pague pelas bebidas.
Só que o acontecimento de setembro não saiu de sua mente, foi rápido, doloroso e humilhante, porém, as pernas longas não saíram, sempre rebobinando.
E fica mais difícil, pelo comparecer todos os dias, nem que fique apenas uma ou duas horas e, às vezes, saindo acompanhado de outro homem para curtir.
Fora que sua técnica não melhorou e o frio tornava tudo mais complicado.
No estúdio, pelo valor do aluguel, não é tão adequado, fazendo-se agasalhar pelo aquecedor estar uma merda.
Tudo lutava contra seu progresso, e o dono do imóvel não liga para as reclamações, mas não tem como ir para outro canto.
Um apartamento é caro, vai além do que consegue, e toda grana juntada é para seu futuro, já que o governo não ajuda nesse tipo de esporte.
Está procurando algo mais acessível, mas nada é bom, os imóveis pelo que pode pagar são tão insalubres quanto onde mora, no qual, até se resolver, passará pelo inverno rezando para não adoecer, já que a conta hospitalar é um tanto salgada.
“Smith, vai lá pegar aquele espumante especial.”
“Sim.”
Isso só é pedido quando há algo bem especial, e nunca é servido um copo, se leva inteiro, igual a uma cesta de fruta fresca.
Faltava pouco, talvez quando estourar o espumante, será o fim e poderá retornar para casa.
E Park Hyung não apareceu, deixando-o calmo.
Assim que Jude estourou o espumante e deu fim ao seu aniversário, aos poucos os clientes foram sumindo até restarem os funcionários para organizar e voltarem para seus lares.
No entanto, assim que colocou os pés para fora, a imagem não vista surgiu em sua frente, usando um sobretudo negro, de cabelos arrumados e um sorriso presunçoso.
E já sabia o que aconteceria, e mesmo com esses sentimentos negativos, seguiu em frente ignorando esse estranho.
“Por que foge dessa forma?”
Siga em frente, só siga e vá embora.
“Francamente, seja solidário e coopere para te ajudar também.”
“No quê?”
Não adianta, as poucas palavras soltas desses lábios já o irritaram e, virou para saber o que de fato se trata.
“Um passarinho me contou que precisa de ajuda nos seus treinamentos, principalmente nos chutes.”
Conturbado, confuso e louco, não sabia que esse cara tinha a informação, mas já era, sabe seu ponto fraco, sendo um valioso informante para seu possível futuro rival.
“Vai se foder.”
Virou, continuando a caminhar, não tinha como usar a bicicleta, a rua estava escorregadia, sendo perigosa principalmente para seu caso, precisava cuidar de si, ficando forte e firme igual à rocha.
“Haha.”
Uma noite fria, nevando suavemente, a cidade continua viva, mas, esses dois estavam vazios, necessitando de carinho, e sabendo, foi atrás.
Cansou de curtir e se enganar, quer arriscar e saber se sua teoria é real ou apenas uma fanfic bem bolada.
Portanto, insistiu.
De guarda alta, Smith caminhou rápido para despistar esse louco de seu caminho, todavia, as pernas longas e bom condicionamento físico fizeram ser em vão, tinha que admitir que essa qualidade é irritante pra caralho.
“Vai continuar nessa? Ou quer que denuncie para a polícia por perseguição?”
Uma estratégia sábia, podendo ter efeito, mas esse cara não liga, e pelo que saiba, a rua é pública, dando a liberdade necessária.
“Se já é assim antes da fama, imagine quando for? O estrelismo não combina com você, e também, posso fazer o que quiser, o local é público.”
Droga!
Não respondeu, apenas seguiu em frente, sabendo que desistirá assim que ver a porta fechada, não será louco de invadir, e agora, não vai marcar bobeira como a última vez.
Park Hyung se divertia enquanto seguia seu objeto, era paciente, uma hora cairá em sua armadilha e pronto, não terá escapatória.
Até que o barulho de sirenes é ouvido, e longe, um ponto vermelho ilumina atrás de um enorme edifício. E, aos poucos, os dois sentem que algo estranho aconteceu para haver tanta luminosidade.
O barulho da sirene dos bombeiros fica mais alto, a ponto de apavorar o jovem que desistiu de fugir e correu na direção onde localiza sua casa.
Não queria acreditar, mas tudo revelava ser o que sabe o que seja. Fogo, cheiro horrível de madeira, pessoas ao redor, e todo um sonho sendo desperdiçado.
Smith só tinha esse lugar para chamar de seu, as suas lembranças e conquistas estavam ali, principalmente o dinheiro juntado para custear seu maior sonho.
E agora…
“Ei, garoto! Saia daí, vai se machucar!”
Avisava um dos bombeiros, que tentavam diminuir as chamas violentas.
Os alertas e avisos ao dono do imóvel sobre o problema nas fiações foram em vão, é tarde, o passado, presente e futuro foram destruídos nesse fogo consumidor.
Park Hyung, que se divertia, ficou em silêncio, enquanto observava todos os sonhos serem destruídos.
O frio e a neve não eram o bastante para liquidar esse pesadelo, e pela primeira vez se sentiu incapaz.
Nem sempre observar a derrota alheia é gostoso.
Para Park Hyung, que era humano, não funcionava dessa forma, por isso, sentiu a dor de outro, de alguém que não lhe desejava.
No final, quando tudo terminou e sobraram cinzas, continuou ali mesmo após a saída dos profissionais, tentando assimilar o que de fato aconteceu.
E, parado por mais de meia hora, Park Hyung fez algo que prejudicaria amargamente.
“Sei que é estranho, e não nos conhecemos, mas se quiser um teto até as coisas se ajeitarem, pode ficar na minha casa.”
“…“
Nessa hora, deveria dar ouvidos à sua razão, dizer não, facilitaria muito para futuros problemas e cicatrizes profundas. Mas não queria voltar para o abrigo, lutar novamente, passar fome e sobreviver nessa selva.
Uma casa quente, com algo macio para repousar — não rápido como seu trabalho extra — porém, até conseguir se estabilizar, era por isso que de sua boca saiu a maior sentença.
“Tudo bem, eu aceito.”
O caminho cruzado, predestinado pelos deuses, fez esses dois tão singulares sentirem todo o ardor da realidade, e um amor tão profundo que atravessou décadas.
***
“Smith, ainda me odeia?”
Na madrugada, os corpos exaustos do sexo intenso vieram com um sedativo poderoso o suficiente para mantê-los desmaiados.
Agora, são maduros e nada impede o amor.
Essa pergunta solta toda vez é o motivo central do que de fato aconteceu quando Park Chan-woo entrou em suas vidas.
Foram os melhores dois anos, se conheceram, amaram e entrelaçaram seus corpos em uma única metamorfose, mas quando esse inimigo surgiu, Smith saiu prejudicado.
Sua carreira no MMA foi destruída, e seu segredo para tentar sobreviver e custear isso caiu do precipício, pois a academia não poderia associar sua imagem a um garoto de programa e gay.
O que formulou a sede de vingança contra pai e filho.
Só que, após ser contratado pelo presidente, o reencontro entre os amantes não foram nada amistoso.
“Park Hyung-suk, seu desgraçado!”
O avanço, não era para abraçá-lo, mas lhe socar e deixar deformado.
Aquele banheiro ficou pequeno quando eles se enfrentaram em que, esse guerreiro que aprendeu a usar corretamente a perna, viu seu amor com dificuldade em fazer desmaiar com um único golpe.
“O que aconteceu?”
“…”
O silêncio desse ex-jovem mestre foi o suficiente para desvendar que aquele parasita conseguiu remover a técnica mortal de seu filho.
A sombra clara dos pontos em que, foi quebrado, fez o peito de seu ex-parceiro queimar em ódio pelo principal causador.
No entanto, nessa procura de novos cachorros para integrar sua equipe de elite, ofereceu de bandeja a cabeça de Park Chan-woo, porém, não pôde fazer o mesmo com o filho.
Já que é útil.
Logo, para terminar essa história após escutar a verdade, liquidaram esse mal juntos.
Fazendo o conglomerado Prince ser derrubado, virando mais uma conquista do império Haroon.
“Não, não sinto mais.”
É verdade, não tem amargor ou ódio, foram usados para atingir um objetivo maior e terminaram com a morte desse mal.
Sendo finalmente livres, como desejou há mais de 14 anos.
“Eu te amo.”
“Eu também, mesmo fazendo passar vergonha em ter durado pouco tempo com aquela prostituta.”
“Porra! Aquele filhote linguarudo não fecha a boca.”
“Hahaha.”
Ao longo desses quase dez anos, aprenderam o que não puderam fazer naquele período e, finalmente, podem sorrir sem preocupação do fantasma de Chan-woo retornar.
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Capítulo 145
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