Capítulo 146
O beijo, uns dizem que condena e outros significam a porta do paraíso, uma iniciação adquirida ao longo das décadas desde o surgimento da humanidade.
Acredita-se que cada espécie vivente tem seu ritual para a iniciação do acasalamento.
Contudo, seres humanos podem fazer o ritual sem se aprofundar ou concluir o ato em si, algo louco e único representando tantas coisas.
E como tal, duas pessoas podem sentir inúmeras reações, outros nojo e às vezes prazer, e por último, amor.
No quarto do pai, após o almoço para descansar um pouco sob um ar gelado, duas mentes de pensamentos e posições sociais distintas cruzam suas línguas enquanto o corpo jorra hormônios prazerosos.
No entanto, cada um sente sentimentos diferentes.
Quando o homem borbulha de amor, a mulher só sente tesão. Duas fórmulas perigosas que mantêm na zona inquietante da ‘friend zone’.
Ou simplesmente algo bem ‘colorido’.
Nunca cogitou em ter parceiro, sempre quis um ‘namorado’ era seu sonho desde que foi bombardeada com todos os hormônios e conflitos na adolescência.
Agora, curte a fase de não se compromissar sem algo profundo.
Já para Mohammad, foi algo corriqueiro na época da faculdade, porém, nunca ficava nisso e não tinha tais sentimentos.
Fácil, porém, passageiro.
“Eu te amo.”
“Haha..”
A cama, um casal especial, não comportava ele que é grande demais para os parâmetros ‘normais’.
Cada país ou até continente possui parâmetros de altura da população nativa. Bruna desconhece o padrão dos Emirados ou do Oriente Médio, mas acredita que Mohammad é uma aberração ou um titã em forma humana.
Tudo é enorme, corpo, músculo e o pau, sim, de alguma forma não sente medo ou receio quando toca com as mãos, só que, de alguma forma, imaginar entrando em si sem estar sob efeito do tesão, dá um certo apavoro.
Está há 3 anos sem fazer sexo, o último parceiro tinha um pênis considerado grande e grosso, e doeu quando fez pela primeira vez.
E vendo agora, não sabe, mas acredita que pode sangrar.
“Peraí…”
Desvinculou-se dessa boca, não tinha ninguém, seu pai estava trabalhando, sua irmã e cunhado curtindo a praia, somente eles e as cachorras, sentindo a segurança em fazer isso.
“O que aconteceu?”
Com a luz apagada, a luminosidade natural não ocultava, mostrando o rosto avermelhado dele.
“Era gentil quando ficava com uma virgem?”
“Huh…”
Lembrar desse fato não doía, é natural fazer esse tipo de pergunta e entendeu que sente receio ou até um certo medo pelo tamanho de seu membro.
E mesmo não sendo virgem, pelo tempo sem atividade pode machucar.
Nisso, compreendeu o questionamento.
Pelo que recorda, as que perderam a virgindade com ele avisavam que doía, contudo, o seu jeito um tanto ‘gentil’ conseguia mudar o efeito, fazendo sentir prazer.
Com ela, quer ser o oposto, fará o impossível para relaxar e inebriar a ponto de esquecer a dor e focar na ocasião.
“Sim, tentava ao máximo oferecer prazer.”
“Puff! Estou vendo que vai doer.”
“Entendo que esteja com medo, é grande e um tanto grosso, mas não se preocupe, farei sentir prazer e qualquer dor será substituída por essa névoa.”‘
“Tudo bem, vem cá.”
Dessa vez, seus beijos não focaram em seus lábios, e sim no rosto e topo da testa, fazendo o momento suavizar. Bruna, querendo dormir, amava o calor, e, removeu a camisa e grudou para beneficiar do oferecido.
Mohammad envolveu-se com o edredom e com seu braço, manteve o mais quente possível. A cachorra ficou do lado de fora, esperando a oportunidade de adentrar.
Todavia, não seria hoje, por enquanto, o tempo será deles.
***
“Ei! Já imaginou em um dia se apaixonar profundamente?”
Lauren conseguiu uma oportunidade única, Mohammad não come nada na faculdade, todavia, os dois tinham um trabalho em dupla. Não acreditou quando o professor selecionou seu nome e dele para fazer a tarefa.
É raro acontecer, na maioria das vezes, reuniões em grupo é de cinco pessoas para ensinar a importância do trabalho coletivo e a produtividade na união.
No entanto, Mohammad queria terminar rapidamente, principalmente com Lauren, que se tornou chata à medida que o tempo passa.
Era só sexo, mas o seu fetiche fez laçar o coração dessa usuária que queria conhecê-lo e ter seu amor de volta.
“Não.”
Continuou a teclar no notebook, para agilizar o modelo, antes mesmo do tema ser lançado já tinha o certo para entregar, e com Lauren seria um tanto estressante, pois toda hora lança perguntas ridículas e invasivas sobre sua privacidade.
“Se apaixonar significa estar na porta para o amor, depois que entra nunca poderá sair.”
Com essas palavras, algo desagradável vem ocasionalmente em sua mente. Fogo, cheiro de plástico queimando e a raiva profunda.
Portanto, parou de fazer o que deveria concluir, e foi direto ao ponto.
“Se for para ser inútil, é melhor fazer com quem está afim dessa porra. Preciso concluir esse relatório para me livrar de você. Então, pare de querer ser minha ‘amiga’ e foque no que é pedido.”
Lauren, que está acostumada com o tratamento, sentiu mais uma vez o coração ferido, e como tudo, não adianta tentar adentrar nesse território, sempre será expulsa.
E depois do recado, seu colega continuou a teclar, tentando esquecer essa memória horrível.
“Desculpe.”
Falou baixo, o que não atingiu que continuou com o serviço.
Quando finalmente abriu os olhos, o quarto já não estava tão claro assim, imaginando ser tarde, Bruna continua dormindo, desligada de seu próprio mundo.
Logo, recordou dessa conversa, sim, finalmente conseguiu se apaixonar e entrou pela porta do amor sem querer sair. Antes era baboseira, agora é valioso demais para perder.
O que seu ‘eu’ antigo falaria, caso visse sentindo o que tanto desprezou?
Riria, ou pior, zombaria, insinuando o quão fraco ficou para se render a algo considerado ridiculo.
Mesmo assim, não importa, já passou e o passado não pode mexer no futuro, não nesse onde existe ela.
Beijando delicadamente em sua testa.
***
Demorou, mas conseguiu, Bruna acordou bem grogue e agora esperava terminar um dos seus desejos favoritos.
Bolo de chocolate, com cobertura de brigadeiro e granulado bem pretinho.
Pediu antes de cair no sono, e nesse instante a massa bem escura estava indo para o forno. Não sabia que fazia tais coisas e ficou próxima para ver o passo a passo e do modo que pediu.
Nem muito doce, com fundinho amargo e cobertura do mesmo jeito.
“Tá com uma cara boa.”
Elogiou quando viu assando, o forno não era dos melhores, e demoraria para cozinhar. Todos os ingredientes são de sua loja, sendo assim, diet.
“Espero que goste, é a minha primeira tentativa.”
“Tá com cara boa, nem parece sem açúcar.”
“Bem, farei a cobertura.”
Mostrou duas latas de leite condensado.
Ao abrir, enfiou o dedo verificando e, pasme, tinha gosto de leite condensado normal.
“Só pode ser magia.”
“Tá, agora preciso concluir as coisas.”
“Ok, ok.”
Bruna só pegou uma cadeira e ficou sentada na cozinha vendo fazer algo que nunca botou a mão, e perguntou várias coisas, principalmente:
“Ei! Já imaginou em um dia se apaixonar profundamente?”
Uma pergunta, dois períodos diferentes, o passado e o futuro se mesclam através da boca da sua paixão, e do mesmo jeito que estava ocupado, agora não é um incômodo.
A mesma feita por uma beleza encantadora, com quem teve um caso passageiro, e o dela, de sua futura esposa, não cruzam ou fazem conexão, sabendo que é o mesmo.
“Não, nunca imaginei.”
“E como se sente agora?”
Um sentimento quente invadiu, não sabe o que é, porém, é bom, não é fraco, e sim, forte demais para largar e firme demais para quebrar.
“Sortudo e privilegiado.”
De alguma forma, essa declaração fez comichar, um leve ardor inexplicável. E tudo bem, abriu a porta, agora tem que respirar fundo e arriscar a entrar.
“Bem fofo.”
Logo algo inesperado acontece, o barulho de batidas desperta desse universo, trazendo de volta a realidade.
Bruna pensou que fosse seu pai, pois às vezes esquece a chave de casa e faz isso para entrar, e seu coração está acelerado para não ser isso, entretanto, a vida é cheia de surpresas e outra vez bateram, com mais urgência.
Fitando Mohammad, querendo uma solução, sendo um tanto complicado para seu sogro flagrar antes de estar preparada e queria escapar pela janela, dando a volta facilmente.
Mas..
“Vou lá, qualquer coisa, vamos lidar.”
“Ok.”
Não tirou a hipótese de sair pela janela, desse modo viu-se distanciar até chegar à porta principal, rezando para não ser o que pensou.
E assim que destrancou, três criaturas surgiram com rosto de sempre, todas de idades aproximadas e que de vez em quando aparecem.
Logo, desejou que fosse o pai.
“Oi, tia Bruna, meu pai está aí?”
“Oi, tia.”
Sim, os filhos de seu cunhado estão bem diante da face, não entenderam, ninguém avisou da visita deles e acredita que nem os responsáveis sabem.
“Ele não está, saiu para resolver um assunto. Quem trouxe vocês?”
Mohammad que estava apreensivo, escutou vozes infantis e fez a pergunta, interrompendo o ato para entender o que de fato está acontecendo.
Quando o mais velho explicou sobre o plano maquiavélico da mãe deles, entendeu que alguma coisa deu errado.
“Entrem, vou ligar para seu pai.”
Eles não traziam roupas, pelo fato de aqui já ter tudo, portanto foram enviados sem nada, e calmamente vislumbraram Mohammad, que instantaneamente ficaram paralisados.
Sem uma feição receptiva, é lindo, deixando cegos iguais mosquitos diante de uma luz forte. E, como é um desconhecido, apenas cumprimentaram bem secamente.
Sem resposta, os três ficaram sem graça.
Quando surgiu, não tinha como ocultar esse cara e, apresentou, como são crescidos, possuindo uma educação um tanto ‘cristã’, relatou algo que melhorou o humor desse e causou um peso nela.
“Gente, esse é o Mohammad, meu….hum… Namorado.”
Seu coração batia fortemente, a ponto de querer esconder-se, já o outro é nítido a alegria.
“Seu namorado?”
Perguntou o do meio.
“Sim, sou namorado dela.”
“Ahh… Vocês vão morar juntos, igual ao meu pai e à tia Bia?”
“É…”
“Sim, futuramente casaremos.”
“…”
“Porra, fudi com tudo, por que não disse apenas ‘amigos’?”
Com a bagunça feita, apenas pediu para os três esperarem no quarto e perguntou se estavam com fome.
O que é nítido e precisava se comunicar com Beatriz o mais rápido possível, pegando o telefone.
Só que ninguém atendeu, como sempre, mudando agora para seu cunhado.
[Fala Bruninha.]
Perguntou Breno, bem-humorado, voltava para casa depois do dia na praia, comeram lagosta e tudo que têm direito, e satisfeitos, os casais queriam apenas relaxar em seus aposentos, contudo, três criaturas não permitiriam isso.
“Breno, seus filhos estão aqui.”
No viva voz, ouviram a notícia abaladora, e Beatriz, que se bronzeou o bastante para ter marquinha, não acreditou que em plena terça os filhos de seu marido estavam em sua casa.
[É o quê? Como assim?]
“Não sei, simplesmente chegaram, falou que foi a mãe que trouxe eles.”
[Tá de sacanagem? Breno, você vai enviar os três de volta é hoje! Peraí, Bruninha, já estamos chegando, cruzamos a ponte Rio/Niterói.]
“Tudo bem, faremos um lanche.”
[Obrigado… caramba, eu não sabia…]
A discussão foi interrompida com o fim da ligação.
Mohammad continuou mexendo a panela para o brigadeiro não empelotar, o mau-humor foi posto para fora com a frase recente, com isso, pegou o celular dele para notificar algum guarda sobre a encomenda.
“Mohammad, quem é o que fala português.”
“Dog Guardian número 3.”
Achando um absurdo não falar o nome, queria resolver o problema, assim não se preocupou e apenas enviou alterando a antiga ordem.
“Tia Bruna, o que meu pai falou?”
Disse a única menina, sendo a queridinha tanto pela mãe quanto pelo pai, seu jeito doce ofusca uma atitude desagradável que somente a personalidade da mãe possui.
De alguma forma, acredita que essa mulher viu o status ou foto do casal se divertindo no Arraial do Cabo e, com raiva, enviou os filhos para de alguma forma trazer complicação.
E parece que funcionou, mas sua irmã não deixará barato e devolverá de barriga cheia.
“Está vindo. Não se preocupe, daqui a pouco estarão aqui.”
Informou e, pelo fato de estarem com fome, pegou o saco de pão de forma, fazendo um queijo quente. Em nenhum momento abriu o bico, mantendo-se concentrado no seu dever.
Não fez muito, apenas um pão para cada e com a bebida.
“Comam, depois vai ter mais, ok?”
“Sim, obrigado.”
E assim que retornou, seu parceiro concluiu uma parte apenas esperando o bolo assar por completo.
Observando o estado, foi-lhe dar um pouco de carinho, impossibilitados de falarem algo, se mantiveram em silêncio.
Após 40 minutos, o casal que teve um dia paradisíaco reconheceu que a realidade tende a ser bem cruel.
Não bastava a atitude infantil, não se aguentando pela raiva, enviou uma mensagem de texto para escancarar que a ideia foi sua, cortando o momento ‘agradável’.
Fazendo retornar ao inferno, que queima há quase 7 anos.
Comentários no capítulo "Capítulo 146"
COMENTÁRIOS
Capítulo 146
Fonts
Text size
Background
As Mil e uma noites Dela com um espírito Obsessor
Dizem que o amor é a chave para o sucesso, capaz de unir mãos e garantir um felizes para sempre.
No entanto, Bruna, prestes a completar 32 anos, já não sente mais essa faísca e deseja...