Capítulo 148
A infância de Bruna foi absolutamente normal, e ganhou alguns brinquedos conforme a condição financeira dos pais, contudo, a garotinha sempre fugia dos bonecos que se assemelhavam a um bebê.
Sempre buscando as opções como Barbie ou a própria Susi.
Sendo seus favoritos, entretanto, quando brincava com alguns colegas do antigo beco, não importava em ser mãe de mentirinha.
Ainda assim, a sensação sentida era tida como ‘estranha’, como se não agradasse tanto esse papel.
Até chegar à fase da adolescência, nessa época, eclodiram muitas meninas engravidando, até sua vizinha, que tinha apenas 14 anos, engravidou.
No entanto, a ideia de conceber era um tanto esquisita, onde imaginava em perder a virgindade, mas sem a ideia de engravidar.
E o fato de escapar ou incapacidade de ter filho, durante toda etapa onde havia uma atividade sexual, é igual a receber um presente milionário.
Não queria, na verdade, não tem capacidade de ter um por não possuir o tal instinto maternal.
E mesmo perguntando, tanto para a mãe quanto para a irmã, não tinham a resposta necessária.
Logo, pela dúvida, desejo e não necessidade, agradece em escapar de algo que não nasceu para ser, porém, o fato de estar ao lado de Mohammad…
Porque sente que não terá escapatória, algo lhe diz que será mãe por bem ou por mal.
É esse o conflito, por não querer essa fatalidade.
Já para Mohammad, acontece o oposto, é obrigado a ter um filho, um herdeiro.
Devido à linhagem Haroon ser predominante, um filho é a chave para que a descendência não se perca, nisso, a necessidade é obrigatória.
“Sr. Haroon, quanto tempo.”
“Sim.”
A festa comemorativa do aniversário do império estava lotada de burgueses poderosos e alguns peixes medianos.
Curiosos para saber se o novo herdeiro estaria para chegar, caso não, essa relíquia seria fragmentada, se perdendo no tempo.
“Sua esposa é tão encantadora, meu filho se casou na mesma época que o senhor e já tem dois filhos, estamos ansiosos para saber como será a face do novo Haroon. Com certeza, deve ser tão magnífica quanto os pais.”
“Verdade, acredito que está chegando a hora.”
Esse comentário foi lançado ano passado, já possuíam nove anos juntos, contudo, pelo fato de Latifah não conceber nada, a alternativa é usar uma barriga de aluguel, só que não seria agora.
Esse era o pensamento, ter daqui a cinco anos… mas, de alguma forma, depois que conheceu ela, o impulso de ter um filho acentuou-se, e deseja com DNA deles para ser amado e não usado para que o nome Haroon seja perdido.
“Será uma ótima mãe.”
Precisava garantir a segurança, para no momento que souber não rejeitar.
“Não, não seria, não nasci pra isso, não sei o que é ser mãe.”
“Tudo bem, aprenderemos juntos.”
“Não quero.”
Assim, abraçou fortemente para sentir toda a segurança que não abandonará nesse momento. Em seu colo quente, sente que a insegurança está esvaindo, como a energia negativa lançada para fora.
Não há preparação para a maternidade, até aqueles que esperam não sabem o que fazer quando a barriga cresce ou o bebê está formado, necessitando dessa para sobreviver por um longo tempo.
E também desconhece como surgiu o amor pela nova criatura, não tem manual, só simplesmente acontece.
O amor pode ser multifacetado, uma hora é grande, outra é pequena demais, e para esses lados há solução.
Caso estivesse preparada, seja financeiramente e com uma estabilidade mental, tudo bem, mas quando não possui, a melhor opção é não ter.
O aborto salva vidas, tanto do novo ser quanto da mãe.
Pois não importa o quanto glamorize a maternidade, quando a criança nasce estará sujeita a uma sociedade que quer o matar.
Por isso, a hipocrisia que ronda sobre a permissão do aborto.
É por esses pensamentos que deveria permitir o procedimento, porque nem todas estão preparadas para conceber ou amar outra vida.
A dúvida mata, no qual, quando não há prevenção e querer, quem sofre é o ser que não pediu por isso.
Logo, o carro que estava do outro lado surgiu bem ao lado deles, como se lesse os pensamentos do presidente, que não pensou e entrou com ela, e caminhando sem rumo, permaneceu em seu colo, esperando toda dor sair.
***
Beatriz está no sofá, pensativa, depois da longa conversa de ontem à noite e de Breno levar as crianças para casa. O que foi ocultado foi revelado, e agora espera a consequência, mas, aquela maluca não falou ou mandou nada.
Algumas conversas, áudios que ocultam a verdadeira face, foram postas para os três ouvirem, fazendo crer que tudo é verdade.
A tristeza, indignação e raiva se acentuaram, o que é normal, já que isso nunca foi mostrado e o pai que era o vilão, se transformou no oposto, onde é um martírio.
Os dois mais novos ficaram arrasados, já que são mais apegados, enquanto o mais velho soube o quanto a mãe o rejeita, pelo fato de ser parecido com seu pai.
A mensagem de raiva, explicitando que enviaria para um abrigo, deixou-o arrasado.
Entende que está um tanto rebelde, e sua personalidade bondosa não é a mesma, descobrindo que não era tão amado, e que seu pai, assim como a madrasta, são tão inocentes quanto eles.
Por tudo, cada um chorou a sua dor, vendo que a verdade tende a machucar e ferir profundamente.
No entanto, até agora, nada aconteceu e Breno está em silêncio.
Está muito calmo para seu gosto, igual ao vento agradável antes da tempestade.
“Essa mulher está aprontando alguma coisa.”
Sente que deverá estar preparada para o que vier, e até pensou em acionar um advogado caso a situação ficasse preta demais.
“Aconteceu alguma coisa?”
É cedo, e sua irmã chegou após a confusão.
“Nada, só estou pensando numa coisa.”
“Tudo bem.”
O bom dela é que não insiste em nada, deixando em paz quando necessário, exceto que seja uma fofoca que não a envolva nesse meio.
“O cunhado está vindo?”
“Sim, quem vai cozinhar é ele.”
“Humm.. Amo o arroz dele.”
“É, hoje vai ser cordeiro e umas coisas árabes.”
“Estou animada, o bolo de chocolate tá muito bom, molhadinho e a cobertura nem parece que é diet.”
“Verdade, nunca imaginei que um riquinho soubesse cozinhar.”
“Haha…”
Hoje é o dia de Breno trabalhar, e até então está dormindo. O assunto gastou mais energia do que um mês inteiro de serviço.
E, olhando para tudo, viu que nada mudou, que, de alguma forma, queria transformar o interior, e abordou o assunto com ela sem a pretensão de fazer nada.
Aos poucos, o que martelava foi esquecido, dando formato ao que é falado, e quando deu 9h, ele chegou.
Mohammad está com várias sacolas, mas que não são tão pesadas. A musculatura bem desenhada, causou uma leve sensação de beijá-lo.
E, como não queria sair de casa, faltou à consulta.
Prometendo que estará na próxima, desse modo, não interrompendo o ciclo.
A decisão de cozinhar foi pelos elogios à sua perfeição não utilizada, e também pelo pedido de ontem, que fez mudar toda uma trajetória.
“Não vá… Embora na sexta.”
“O que?”
O carro andava sem rumo, indo a lugares que não tinham importância de passar, tudo para acalmar o coração aflito da esposa.
O ardor ainda queimava em seu peito, e por tudo que aconteceu na última viagem, sente que queria um pouco mais por perto, antes de ficar um longo tanto sem se verem.
“Não vá embora, passe esse fim de semana comigo, segunda tu embarca.”
O visto como turista só dura 180 dias, apesar de nascer de uma brasileira, recusa a nacionalidade, restando apenas a de saudita, portanto, não permanecerá mais que isso.
Além do que, o período pode alterar conforme a nacionalidade do sujeito.
Notificou à Latifah que retornaria na sexta, mas agora, com a súplica de seu amor, fez esquecer e aceitou.
Voltando assim, numa segunda à noite.
E, por mais dessa quebra de rotina não o deixou chateado, mas feliz, pois o seu trabalho estava começando a brotar, e espera que dê frutos rapidamente.
Quando Latifah recebeu a notícia sobre a nova mudança, não reclamou, só que andar por Dubai está um saco.
Qualquer lugar que vá tem fotógrafos e paparazzis a cercando, implorando seu parecer numa suposta ‘traição’ de seu honorável esposo.
“Sra. Khalid, o que acha sobre o comportamento do Sr. Haroon?”
“Qual é o motivo do envolvimento com essa estrangeira?”
[Acredito que o Sr. Haroon, esteja querendo se desvincular da Sra. Khalid, soube por boca pequena que possivelmente é estéril, por isso, que o ‘Imperador’ esteja procurando uma nova ‘aventura’, para assim, ter sua semente.]
[E, acredita que o motivo da traição é o fato dela não lhe dar um herdeiro?]
[Não só isso, recorde que a Sra. Khalid não é nomeada como a décima quinta Haroon, portanto…]
[É verdade, um caso um tanto peculiar.]
[Concordo.]
Saco, Saco, SACO!
Mas, graças à sua equipe com a de Mohammad, permaneceu nas especulações.
No entanto, seu pai não sai de seu pé, senão, perderá essa boca que foi fundamental para colocá-lo no patamar em que estão atualmente.
[Latifah, nunca imaginei que fosse tão inútil, agora, por erro seu, a nossa família cairá num buraco tão fundo que jamais poderemos nos erguer.]
As últimas palavras dele determinou que só foi um meio para conquistar a fatia gorda desse bolo contaminado.
Sempre foi rejeitada, jamais recebeu nada e foi usada para tal. Em que jamais concluirá o plano de ganância dele.
Em que não está nem aí, só quer viver sua vida e fazer essa nova cônjuge, a nova Haroon.
“Mohammad, o clima está bem quente e devemos seguir o protocolo de emergência.”
[Sei.]
“Notifique o secretário e marcarei alguns jantares e eventos para comparecermos, e farei uma pequena comemoração do nosso casamento quando for o Layfat al-Hjjad.”
[Faça como combinado, notifique o Dr. Richard.]
“Entende que terá que jantar na casa do meu pai durante o Ramadã, não é?”
[Haha… é um preço a se pagar se quisermos protegê-la. O secretário acionará a emissora, daremos uma entrevista para afugentar toda essa droga.]
Merda…
Esperou e rogou por esse momento, entretanto, apesar da dificuldade, não imaginou o quão grande ele é.
Só se encontrarão na quarta ou quinta mesmo, já que viajará na segunda à noite.
As doces e breves férias terão que dar uma pausa para remover toda essa sujeira e ser o casal perfeito.
“Pelo amor de Alá, que esse casamento aconteça o mais rápido possível.”
Implorou para a única divindade que possivelmente tem ouvidos para ela.
***
“As coisas tá preta lá nas arábias?”
Conclua o que veio fazer aqui, e o cheiro é ótimo, e sim, está difícil, mas não impossível, pois tem uma equipe grande para criar o que deseja.
“Sim, só um pouco, nada complicado.”
“Hum… tem certeza de que vai querer ficar e não ir na sexta? Se quiser, tudo bem, não desejo piorar o que já tá horrível.”
“Só me preocupo com você, o resto não interessa. Latifah sabe lidar com qualquer tempestade. Assim que pôr os pés em Dubai, acredito que verá cenas que não lhe agradarão.”
“Hahahaha.”
O sorriso, o doce carregado de deboche, acabou sendo seu favorito, não sabe o quanto aguentará, já que Ramadã terminará em abril, onde fará uma grande comemoração de um casamento de mentirinha que dura 10 anos.
Bruna não está preocupada, no início, sim, o choque de saber o óbvio deixou-a encucada, agora, continua igual. Não sentindo esse desespero, contentou-se com o papel que sempre desprezou.
“Não sei por que, sinto que o seu grande amor vai odiar esse clima meloso com sua esposa.”
“É o intuito, Hana tem contatos com várias emissoras e páginas de fofocas, o nosso objetivo é deixar a confusão confusa, para acreditar que realmente somos um casal.”
“Ahh… quando fizer a entrevista, envia pra mim a tradução, quero saber como lidarão com isso.”
“Tudo bem.”
O suspiro cansado é a resposta de quão complicado é quanto à pena imortal de Sísifo.
No passado, não precisava se importar.
Quando havia a fagulha da desconfiança, rapidamente ativava esse ‘modo emergência’, onde forçava a voltar ao que era antes.
No entanto, não é uma pequena pedra, e sim a montanha, tudo para protegê-la e fazê-la ter o conforto de uma vida anônima até oficialmente se casarem.
“Quero te apresentar umas coisas.”
“O que?”
“Quando terminarmos aqui, levarei para uns lugares e vamos conversar sobre algumas coisas importantes.”
“Hum.”
Não sabe o que seja, mas sente que ficará chateada, entretanto, com o jeito, fará com que fique no passado, formalizando a atmosfera que tem agora.
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