Capítulo 150
Momobani está com a feição fechada, e tudo por culpa de seu sócio que resolveu se enrolar nos lenções com seu marido o tempo que não lhe foi concedido, portanto, enfrentará a penalidade da besta.
Mohammad nunca machucou fisicamente, pois entende que isso não lhe causará nada. A vida toda foi forçada para não sentir dor, assim como ele e o secretário, então punir dessa forma é inútil.
Um gasto de energia insuficiente, logo, chicoteia onde mais doí, no dinheiro.
Mesmo sendo do antigo clã Kobayashi, alterou o sobrenome para viver em liberdade.
Filha de chinesa com o mais velho Kobayashi, Kaede nasceu defeituosa.
Não em aparência, pois foi o ideal, o que é esperado, contudo, sua mente não quis seguir o mesmo rumo que seu físico, adquirindo autismo leve ou a Síndrome de Asperger.
Olhando, quem conhece por fora daria como um ser humano ‘normal’, um tanto esquisito e criterioso, no entanto, comum.
Porém, para o patriarca, não foi bem assim, em que apenas serviu como escrava.
E era forçada a servir a todos, inclusive seu pai, que mal olhava em seu rosto. Momobani desenvolveu a fala tarde, onde, em maior parte, era calada, quase não formalizando uma sílaba.
Todavia, por ser uma experiência falha, virou o brinquedo sádico de seu avô, que amava servir a própria neta aos amigos que curtia espancar um defeito genético.
Por ser uma Kobayashi, aqueles que sentiam ódio da família usavam Kaede como alvo, e a espancavam a ponto de desmaiar e acordar após 48h.
Não sabe como sobreviveu, entretanto, deixou de sentir dor, não importa o quão doloroso não era acionada, fazendo ser mais resistente que tantos usados para isso.
No final, quando não existia mais nada, cometeu a chacina dos membros, o que lembra, é de seu corpo ensanguentado, uma faca em mãos e os corpos sem vida.
Fugir era a opção mais válida, o problema era sobreviver, assim, para lidar com esse novo mundo onde era foragida, pintou os longos cabelos negros para branco como neve.
E tomou a vida, em que seu passado não existisse, tendo gosto pelas cédulas valiosas.
E os defeitos rejeitados se transformaram em raridade, possuindo o desenvolvimento e inteligência fora do comum numa área, que adquiriu mais dessa joia venerada.
“Esqueci, pensei que fosse às 17h e não às 15h.”
“15%, iremos perder isso devido ao seu atraso, acredito que possa injetar esse valor novamente sem ajuda de Dominique.”
“Assim joga sujo.”
Desanimado, pois não poderá usar o dom do melhor falsário, para fabricar drogas e vender a preços astronômicos, como no passado.
“Detesto saber que meus três milhões serão tirados por culpa que nem é minha.”
“Daremos um jeito, existem vários casos que o presidente deixou pra depois, posso transformar na renda que perderemos.”
“É a senhorita, a oficial esposa, acha mesmo que dará uma chance?”
“…”
Sua boca quase foi sugada pela garganta, como se provasse uma bala extremamente ácida, retirando o líquido e os sentidos essenciais. Não, não perdoará, desse modo essa perda não terá como restaurar.
Mesmo que peça a Dominique, Mohammad impedirá que conclua para ensinar a não desafiá-lo.
A viagem toda foi marcada pelo silêncio, e o leite derramado agora escorria entre os dedos, sem chance de tê-lo de volta.
***
“O que está tramando?”
Esperando as figuras surgirem, o casal, que deixou a fascinação de lado, repousa no espaço externo numa rede feita de palha, cuja largura e comprimento davam segurança de sustentar dois pesos sem gritar por misericórdia.
A curiosidade venceu outra vez, queria saber do assunto tão crucial, mas dessa vez, não cedeu e esperou os atrasados chegarem.
“Vai saber, vem cá, fica ao meu lado.”
“Hum… Chega um pouco pra lá.”
“Eu sou o grande, mas é você que ama espaço.”
“Claro.”
Dando espaço para manter o equilíbrio, aproveitam os poucos momentos, assim, cada segundo é valioso, como a gota pequena de elixir da vida.
E, tocou no assunto que há tempos foi enterrado.
“Está se sentindo bem depois de comprar a empresa em que seu pai trabalha?”
“Não sei, sinto entorpecente, é estranho, mas, ao mesmo tempo, dá um alívio. Mas esse alívio me sufoca, como mãos da morte.”
Ninguém conta os defeitos em se envolver com um rico, tudo é lindo, mas a jovem, que passa na pele, sente que, apesar de bom, ainda é ruim e a qualquer hora pode desmoronar.
Seu pai e cunhado não comunicaram nada sobre essa mudança drástica, e não sabe se estará preparada para ouvir.
“Não se preocupe, antes de saber da gente, farei seu trabalho o mais tranquilo possível.”
O afago depois da tempestade faz viciar, como recompensa depois de enfrentar o caótico, e não sabe como viverá quando terminar.
“Será que vai terminar?”
O que era alívio se tornou pesadelo, logo, é a razão de não querer se aprofundar, pois sua mente é viciada em gentileza e agora, em prazer.
“Mohammad.”
“Sim?”
“Posso deduzir uma coisa?”
“O que?”
O que dirão, decidirão nas próximas horas ou dias, dessa forma, todo cuidado é pouco.
“Tem certeza de que me conhece agora?”
“Por quê? É pelo fato de me apaixonar à primeira vista?”
“Sim.”
Não tem como fugir, ainda não acredita que foi amor à primeira vista, parece profundo demais para algo rápido. É como se todo amor, preso dentro da gaiola, fosse solto e derramado abundantemente.
Portanto, não crê, sente que é algo que seu consciente não tem direito de saber.
“Tá tudo bem. Não vou embora dessa forma.”
“Nem quando transarmos hoje?”
“Não. Permanecerei igual chiclete no cabelo.”
“Hahaha.”
O carinho dado é real, tanto quanto seu coração que nunca amou, e tudo era ódio e ganância. Então, se conhecesse antes, sem saber, ficaria satisfeito de que nasceu somente para ela.
Hoje, unirão seus corpos e suas almas, farão amor, marcando para sempre igual a uma aliança em seus dedos.
***
Os advogados, que deveriam ser profissionais com seus clientes, estão atrasados. Ao sair da SUV, tanto Momobani quanto Park Hyung rogam pela misericórdia de sua dama mestre.
Entende que, o que soltar de sua boca, Mohammad atenderá, desse jeito, usarão de seu encanto para conquistar a confiança dessa Perséfone.
“Tente convencê-la, assim poderemos recuperar os 15% perdidos.”
Incentivou a quem não é boa nessa arte, tranquilo, respira o ar dos viventes antes de entrar nesse submundo.
“Sr. Takano, Dmitri… o presidente continua nervoso?”
Queria saber como abordar a sua falta de profissionalismo.
“Está tranquilo, a senhorita está de bom humor, por isso, não acontecerá nada.”
“Que os deuses te ouçam.”
Adentrando nesse universo, em que o rei e a rainha curtem um tempo no campo Elísios.
Sem pagar a moeda ao barqueiro, conseguem ir sem despertar a fúria de Cérbero. E clama para que a senhorita seja tão boa quanto relatam.
Mohammad ouve passos, e abaixa a camisa com o top dela, ocultando a brincadeira que faziam para liquidar o tédio. Não é preciso saber, são os dois incompetentes pela leveza do caminhar.
“O que houve?”
“Chegaram.”
“Ahh…”
Bruna não mudou de posição, continua sentada em cima dele, que está ereto. Ao ver as criaturas, encantou-se pela beleza de Kaede, e sua madeixa perfeitamente branca.
Idêntico a uma raposa das neves.
A posição simples deles já diz muita coisa, não precisava dizer que tal é muito importante, a ponto de seu melhor cliente olhar com ardor, acentuando o vinagre que habita em si.
“Presidente, a fruta que ela come, eu faço várias receitas.”
Enviando a mensagem de não ameaça, garantindo o laudo de sua sexualidade e seu casamento.
“Perdão, presidente, houve um erro de minha parte e cheguei atrasado.”
“20%.”
“…”
“…”
Não esperava que fosse tão extremo. Momobani, que já é branca, ficou translúcida, visualizando a sua doce grana criar asas e voar para longe de si.
“O que disse?”
Como não é em seu dialeto, queria saber a razão de estarem tão brancos quanto papel.
“Chegaram atrasados, logo, retirei 20% do orçamento.”
“Que isso, não foi tanto assim. Deixa de ser chato.”
O rosto dela, em leve zombaria, fez esse lobo entrar em saia justa, não está com raiva, é apenas uma repreensão pelo modo extremo.
“O quê? 15?”
“Não, ainda é muito, eles vão ajudar no processo, então abaixa esse valor.”
“Tudo bem, 3%.”
Ao ouvir a decisão, a alma da sócia volta ao corpo, recuperando os dezessete que seriam perdidos, fazendo o agradecimento que tanto foi doutrinado.
Ainda assim, acredita que, caso aparecesse depois de um momento mais íntimo, essa porcentagem seria nula, privilegiando o total e não essa quantidade.
Talvez uma próxima vez, caso estivesse com sorte e não sofresse por isso.
“Trouxe os documentos para serem assinados.”
“Sim.”
Mohammad volta a ser monossilábico, os empregados agradecem que essas frases não vieram com algum tipo de castigo.
Guiando a parceira, nesse instante será algo para ser lembrado, onde Bruna, que desconhece tudo, ficará rica antes mesmo de assinar o acordo pré-nupcial.
***
Ouvindo a tradução do que de fato acontecerá, sente que está no céu, igual a flutuar de modo bem negativo. Cada vez que ouvia o preço de cada propriedade que passará para seu nome, o desespero caía sobre si.
Não entendia, pois deveria urrar de felicidade, finalmente, depois do longo tempo provando a pobreza, quando coloca a colherada generosa da riqueza, teve vontade de cuspir.
Como se isso, fosse pior que os anos engolindo o que limitava em muita coisa.
Está milionária, o que seu pai e 90% dos brasileiros sempre desejou: casas, hotéis, empreendimentos valiosos e as lojas da Health Brasil…
E ainda tem a parada da glândula.
Entretanto, essa parte é ‘ok’, quer ser curada dessa limitação, contudo, o resto é demais, bem além do que planejou e, tem medo de que a queda seja maior que o voo.
“Está tudo bem, senhorita?”
Em inglês, foi despertada daquilo que deseja não ser acordada.
Os advogados viram que não recebeu bem a notícia, era para estar pulando de alegria e euforia, o amor do presidente é tão poderoso que impede o seu lado muquirana de surgir.
Já Mohammad, que por pouco tempo já conhece, entende que não foi recebida com boa-fé, mas um empecilho para todas as coisas que conhece.
“Cordeirinho, está tudo bem, confio em você.”
“…”
Essa confiança, que tem medo, sempre desejou isso num relacionamento, mas por que está sendo mais ruim que bom?
Deveria ser oposto, e agora, não tem como voltar já que o amor desse cara a laçou, no qual desejaria estar em submissão a uma anaconda que pelas cordas de seu parceiro.
“Tão sufocante e… hipócrita.”
Querendo que terminasse, agora, só falta sua assinatura e tudo que um dia cobiçou será seu.
“Isso não é um pouco demais?”
Finalmente deu o ar da graça, em que a frase veio carregada do peso que tenta sustentar.
“Quero que fique bem, que não falte nada enquanto estiver fora. Não deseja ajudar em casa?”
“É muita coisa, exagerado.”
“Entendo, vai ficar tudo bem, sei que não fará nada de ruim.”
“Mohammad, tenho medo de mudar, ser uma pessoa desprezível pelo que tenho em mãos.”
Esse é o foco, essa agulha fina que perfura a camada da derme resistente, gerando incômodo, entendendo que tem medo da ganância.
Sendo a preocupação principal, Mohammad, ao respirar nesse meio há tantos anos, vê que a grana é o fator principal por pintar a alma clara em escura.
A jovem não cobiça essa peculiaridade, não quer que sua alma seja colorida com a coloração apática e danosa.
“Tá tudo bem, tudo bem. Sei que não será isso, confio plenamente.”
O modo consolador para o prêmio desejado, fez o peito afundar em conforto, é sempre assim, desde que conheceu, é levada à estratosfera, e depois, com o mínimo de ação, é trazida para o solo firme.
O seu vício, algo que não deixará de ter.
Ficar com Mohammad, é sofrer emoções conflitantes que tentam a corromper, mas, retorna a ser como antes, não sofrendo nada.
“Tudo bem.”
Por fim, aceitando o destino.
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