Capítulo 152

Num ambiente árido, o sol beija como um francês, a vila distante em que abriga a pobreza, uma garota de 15 anos que escapou do ardor da prostituição, veio com uma bacia para coletar água potável.

 

É recente a sua chegada, mas o seu amor garantiu segurança e conforto.

 

Onde a cama é macia demais, tem comida para manter um batalhão alimentado, e um amor, que jurou jamais acontecer.

 

O foco, no entanto, é no fuxico descarado sobre sua intimidade.

 

As velhas que usavam o chador, cochichavam sobre os gemidos frequentes na pequena casa que foi tomada como o ‘ninho do amor’.

 

Para se misturar ao restante, a jovem teve que aprender a usar a vestimenta e ocultar a maior parte da sua beleza.

 

“Estou falando, toda noite, assim que o sol cai, essa casa recebe a visita de um senhor misterioso.”

 

“Não tem vergonha de ficar recebendo homens o tempo todo?”

 

Essas velhas são o pé no saco!

 

“Nossa vila não é rica, mas essa conduta fere Alá, se o profeta estivesse vivo, com certeza daria um jeito nessa libertina.”

 

Com a bacia cheia, seus pés forrados saíram desse antro poluído, e adentraram em sua morada, rezando para que retorne para passar o amanhecer juntos.

 

“Se esse idiota não fosse tão feroz, com certeza meu nome não taria na boca do povo.”

 

Nunca imaginou que a doçura daquele cara, se transformasse em fogo quando tiveram o primeiro contato sexual.

 

“Ainda assim, o amo.”

 

***

 

A equipe da noite, que veio substituir a da manhã, expressava em suas faces o cansaço precoce.

 

Mesmo que o condomínio forneça uma segurança avançada, o presidente sempre tem algo a mais para tornar tão impossível quanto.

 

A tarefa é essencial e o erro deve ser consertado, por isso, Sam está apavorado, por ser selecionado para algo que provou ter várias brechas.

 

Nunca aconteceu, os mais antigos não sofreram com o problema, e Mohammad nunca ficou desprotegido, contudo, com a senhorita, a história é outra.

 

Como se o destino brincasse com sua cara, colocando-o em situações nas quais todos foram treinados constantemente.

 

“Boa noite, líder.”

 

“Boa noite, bem, está tranquilo, fizemos a última ronda e o casal está na suíte.”

 

“Hoje será uma noite bem divertida e conflituosa.”

 

“Sim, nunca imaginei que o sexo fosse algo mais profundo do que estamos acostumados.”

 

Olhando para o dedo arrancado, viu a precisão de Charlie, fazendo um ótimo curativo numa área que nunca estudou.

 

“Sem Damian ou Jason, fica difícil quando acontecem essas coisas.”

 

“Que nada, líder. Uma garrafa de uísque, uma boa agulha e linha, pronto, sem problemas. O bom é que não terei problemas para atirar, ou pilotar um helicóptero.”

 

Sim, Oliver tem dons que o primeiro líder não possui, sabe pilotar aves metálicas iguais a carros, foi por isso que saiu dos EUA para a França, não almejava fazer parte do exército e lutar contra o terrorismo.

 

“O presidente tende a ser calculista em suas ações, fez pensando que ainda será útil. Igual ao meu olho, minha visão direita é melhor que a esquerda, devido a isso, só tirou o ruim.”

 

Relatando como se o torturador fosse seus salvadores, o papo gostoso sobre arrancar membros terminou numa despedida fria, em que os que ficaram durante as doze primeiras horas se aconchegavam num banho quente e lenções suaves.

 

“Líder!”

 

Chamou Joe, que vagava pela enorme propriedade.

 

“Sim.”

 

“O que vai rolar na avaliação de março?”

 

Uma vez ao ano, é feita uma avaliação geral na guarda de elite, na qual o secretário está incluído. Juntando a condição física e psicológica.

 

São testados para saber se ainda têm valentia, ou são descartados.

 

Portanto, a importância de treinamento e uma boa alimentação, mesmo o álcool presente em suas vidas, possuem dietas específicas para cada biótipo.

 

Oliver observa que o tempo nas terras tupiniquins fez o estresse aumentar pela presença da mulher, todavia, a alimentação é seguida à risca.

 

O problema central é como o presidente lidará, pois seus instintos estão à flor da pele, e passará um treinamento bem mais rigoroso que o início.

 

“Dmitri não consome tanto álcool, somente antes de dormir. O problema é o Christian e o Damian. Eles não seguem bem a dieta, se entupindo de doces e besteiras. Fora que aquele nerd não está comparecendo aos treinos.”

 

“A vida em home office faz negligenciar o seu dever.”

 

“Só que dessa vez, o presidente não será tão bonzinho.”

 

Independentemente de liderar um grupo grande, Mohammad sabe das coisas que sondam seus subordinados, não passando despercebido a negligência de seu cão cibernético.

 

Só está dando corda, em que, no final, puxará a ponto de sufocar levemente.

 

“Espero que Santana não tente fugir como tantas vezes.”

 

Supondo que não terá o filhote para buscar as suas escapadas. Já Joe está eufórico, pois faz tempo que o presidente se ausentou desse serviço.

 

***

 

A vida é cheia de surpresas, onde o ser humano, mesmo compartilhando a espécie de primata, difere, até gêmeos idênticos não fogem dessa peculiaridade.

 

E, para isso, a sexualidade e gênero são essenciais para formalizar em qual grupo específico tal reagente pertence.

 

Só que, colocar nesse quadrado delimitado causa estranhamento, e cada um expressa essa estranheza do seu jeito.

 

Para a jovem, que possui um diagnóstico próprio sobre como seu corpo funciona, tem medo antecipadamente. Similar quando perdeu a virgindade aos 22 anos.

 

Não pela dor, mas pela reação em si, sempre perguntou o motivo do gemido, por sempre fingir, no entanto, assim que conheceu, essa dádiva veio naturalmente.

 

Compreendendo que são palavras em forma de som, e cada um expressa sua canção. Dando a entender ao destinatário, um misto de sensações boas ou ruins. Mohammad tem um critério sobre o que é solto da boca da fêmea.

 

A única coisa tolerável, pois sempre gostou de fazer sexo.

 

Então, quando ouviu os gemidos de seu amor, ao lamber seus pés ou, quando finalmente chupou sua buceta, os contidos barulhos de alguém treinado a não ser espalhafatosa são idênticos às melodias, podendo escutar toda a vida, que não cansaria.

 

E hoje, saberá como é quando se afundar em seu interior.

 

O banho, numa banheira automatizada, bem espaçosa, foi preenchido com tantas emoções que nem o Rei Roberto Carlos conseguiria expressar.

 

Coberta com uma boa camada de espuma e decorada com pétalas de rosas, o casal que fará uma atividade carnal brinca em meio aos beijos, doses moderadas de champanhe e risos.

 

O que não combinava, na realidade, quando há, nada mais faz sentido.

 

De cabelo seco e amarrado num coque que acende sua sensualidade, sente pela primeira vez a cobra que não está forrada com uma cueca.

 

Sempre que tomavam banho, Mohammad não tirava a peça no intuito de domar sua bestialidade em adentrar nesse buraco.

 

Não queria fazer no momento errado, agora, que surgiu depois de tantas adversidades, deixou livre e sentindo o calor da parte externa dessa entrada que anseia por tanto tempo.

 

Caso o passado e o futuro se misturassem, e aquela dama que furou o bloqueio do secretário em nome da fúria por não ser escolhida entrasse em choque, e logo, por tamanho desespero, cortasse os pulsos ao presenciar o amor negado, sendo jogado em outra que não é de seu ‘nível’.

 

A sorte é que as divindades proíbem esse método para manter a homeostase, por isso, podem aproveitar sem a interrupção de alguma maníaca carregando amor.

 

“Prometo nunca mais te abandonar.”

 

“Mesmo com a arma na cabeça.”

 

“Sim, darei um jeito de matar qualquer um que impeça de tê-la.”

 

Não é mentira, uma ameaça clara a todos, incluindo seu próprio sangue, o seu amor por ela beira ao caos em que engole aqueles que tentam ameaçar sua utopia perfeita.

 

E envolvendo-se numa água em temperatura morna, cercado de tudo que desprezou, é a razão de jamais a abandonar.

 

“Então não terei a dádiva dos cinco minutos?”

 

“Hahaha, infelizmente não.”

 

Ao beijar suavemente seu pescoço, sentiu o gosto de seu aroma, doce, mas ácido.

 

Uma ponte torta, em que algumas partes podem se quebrar com facilidade, seu coração está desse modo.

 

Depois de tantas desilusões, o caminho ficou um tanto deteriorado, fazendo o guerreiro usar uma estratégia diferente.

 

Quando a viu, já programou em seu interior ficar para todo sempre. Seu coração já era seu antes de dizer que deseja o artefato.

 

E anseia pelo casamento, vida a dois e seus filhos.

 

“Te amo.”

 

“Tudo bem, tá tudo bem.”

 

Consolando o sentimento que pulsa 24h, entende que um dia sentirá o mesmo, e atingirão o nirvana.

 

“Está pronta?”

 

O tempo ali chegou ao fim, agora é ir para o prato principal, e para isso, fará lenta e delicadamente, para dar o prazer e perder o medo no que mora entre suas pernas.

 

“Não sei, não faça perguntas difíceis.”

 

Bruna, que conviveu com a timidez, invadindo toda vez que encarava o sexo oposto, foi empurrada desde que conheceu esse cara.

 

Agora, quando conhecerão o que é o sexo com amor, essa habilidade invade outra vez, fazendo seu rosto afundar em seu ombro e a vergonha de ser tão ruim quanto imagina, entranhou.

 

Revivendo a adolescência, fez seu parceiro borbulhar de alegria pela arte que pisava.

 

E, engolindo tudo com farinha, beijou a ponta de seu nariz perfeito e não acreditou que teria uma noite regada ao prazer, com um ser mais-que-perfeito.

 

Dando a resposta sem ao menos sair som.

 

“Tudo bem, cordeirinho, prometo lhe levar ao céu sem ao menos precisar de um jatinho.”

 

“Hahaha.”

 

Levantando-se envolta em si, saiu do molhado para presenciar o seco, onde serão cobertos de suor e um amor devorador.

 

A passagem do banheiro para o quarto foi de sorrisos e pequenas mordidas no lóbulo de sua orelha.

 

Quando finalmente chegou à cena principal, colocou seu corpo nu que molhou suavemente o tecido.

 

Não entende, contudo, sabe que é novo, o sentimento de insegurança invade, desafiando a ser melhor do que o seu passado.

 

A sombra do que era, ameaçava o que deseja ser hoje, não quer transar como antes, alimentar o instinto, e sim, complementar o que falta em sua alma.

 

“Quer que desligue as luzes?”

 

“… tudo bem…”

 

A mesma que invadiu quando fez sexo oral nela, é idêntico que pede para fazer a honra, queria ver tudo, todavia, para o primeiro momento, deixará o máximo confortável.

 

“Vai ficar tudo bem, meu amor.”

 

O beijo suave, em doces palavras de segurança, foi o remédio perfeito para amenizar a ansiedade que tenta tomar o controle.

 

Nervosa, agora é dar a função a outra emoção perfeita para tal caso.

 

E não importa a escuridão, Mohammad parece brilhar mesmo na pior noite possível, servindo de farol para quem tinha apenas uma boia.