Capítulo 156
Han Hyun-joo era conhecida pelo apelido de ‘a imperatriz de Jade’, pela beleza e uma geração fantástica.
A sua família — por parte de pai — era fabricante de tecidos existente desde a era Joseon, que montou fábricas em todo o país.
Mesmo com as guerras das Coreias, a proeminência da família Han era fortemente conhecida, agora, é só poeira de algo que foi grandioso.
O casamento com seu atual esposo, Cho Beom-shin, foi marcado por altos e baixos em que seu falecido pai não concordava, devido à crença da personalidade detestável dele.
Ainda assim, seguiu ao contrário do certo, e agora vem visitar e concluir o que um dia deveria ter sido remediado.
Beom-shin, após perder tudo, e ser indiciado pela morte de seu empregado, está atualmente na prisão de Pohang, sem o glamour de outrora, e sobrevive de cigarros e culpa.
Sua esposa, não veio visitar desde que pôs os pés aqui, e esperava essa atitude. Ferrou com tudo, pela ganância em querer mais do que não aguentava.
Entrando assim, em falência de algo que custou a conquistar.
Toda vez, em sua cela, quando olha para o teto, relembra as músicas sofisticadas, champanhe, risos e sua linda família comemorando mais um ano de sucesso.
“Como terminou tão rápido?”
Quando concluiu o plano, no qual acreditou ter se livrado, a alma de Kang Min-seok veio assombrá-lo, e com a foice vingativa ceifou seu poder numa única tacada.
“A vida não nasceu para os espertos.”
O guarda, um dos poucos presentes, notificou de uma visita inusitada.
“Hyun-joo…”
A surpresa na fala é pelo motivo de seu deslocamento até aqui, supôs que o certo, na verdade, o correto é esquecer, e estava se preparando para assinar a carta de divórcio.
Contudo, nada veio e mantém uma ansiedade de que a qualquer instante, um advogado viria para acertar tudo e se desvincular de sua querida esposa.
Mas…
“Hyun-joo… eu…”
Do outro lado, é proibido se encostar, o rosto tenta ocultar toda tristeza adquirida em tão pouco tempo, não utilizada maquiagem e parecia que sua vida se tornou trevas.
“Cho Beom-shin, vejo que está melhor do que nunca.”
“Eu… Perdão.”
A acusação veio pelo motivo de seu bom tratamento, enquanto ela, sofre pelo que o destino fez.
“Consegui um emprego numa fábrica de kimchi, moro no interior numa casa bem simples. Mas é o que consigo bancar com tudo que tenho em mãos.”
“Vendeu as joias?”
As preciosidades, era o que sempre amou, e valorizou com tanto esmero, olhando de relance, não tem nada em seu pescoço ou resto da estrutura, tudo, tudo mesmo virou cinzas.
“Sim, precisava me desvincular de Seul e do escândalo, e para continuar, vendi os que eram minha identidade.”
Sua voz é robótica e fria, tão quanto as grades e sua cama, se fosse descrever seria idêntico ao inverno mais rigoroso.
“Me perdoe, não pensei que… tudo desmoronaria, assim que cheguei esperei o papel de divórcio, mas, até agora, nada. Isso vem me matando bem mais do que tudo que fiz.”
“Deveria, mas isso não é foco, e sim a nossa filha.”
“Seo-yeon? O que aconteceu? Não tenho contato com nada, acredito que esteja com você.”
Hyun-joo expressou algo pela primeira vez, o tom choroso seco já dizia muito sobre o que ocorreu. Após seu marido ser preso, Seo-yeon, que deveria estar na escola, foi sequestrada e ficou um longo tempo sem saber de nada.
A polícia não ajudou, devido ao crime ocorrido, que estava ao lado da vítima, porém, conseguiu juntar alguma grana para saber do paradeiro de sua menininha, ou pelo menos, ter o corpo para fornecer um funeral decente.
Beom-shin entendeu que a notícia não é das melhores, e que sua filha deveria estar em grande perigo.
“Seo-yeon… nossa menina… Deus…”
O choro segurado agora é solto após ver o que não queria presenciar.
O homem contratado para encontrá-la a achou numa casa de prostituição na Tailândia.
Observando que o fôlego de vida desapareceu, e seus olhos estavam tão mareados e escuros pelas doses excessivas de heroína, para aguentar as horas massivas de sexo com vários homens velhos e sujos.
“Beom-shin, nunca vou lhe perdoar! Não ligaria de ter perdido tudo ou vendido o que tenho, mas sua ganância machucou nossa filha, nossa Seo-yeon…”
As fotos, vídeos… tudo isso parecia surreal, como se aquela não fosse a menina alegre e animada. O sorriso dela, foi enegrecido com a vida bárbara que foi posta para ter.
“Ela não consegue falar, drogaram a ponto de perder a capacidade de fala. O trauma sofrido, foi pior que o imaginado. Por isso, decidi dar o descanso merecido.”
“Você vai…”
“Sim, por amor, interromperei seu sofrimento. Decidi que, seria melhor arrancar sua alma dali para ser realmente feliz.”
“Hyun-joo…”
Beom-shin, que carregava uma dor imensa, agora é bombardeado com todos os tipos de ataques em que sua garotinha foi penalizada pelo seu erro, e que, terá que ser morta para encontrar o verdadeiro descanso.
Não contrariou ou impediu, entende que é o certo a se fazer, já que Seo-yeon está passando por um pesadelo.
“Tudo bem, só peça para, pelo menos, assistir à cerimônia antes da cremação.”
“Depois disso, enviarei os papéis do divórcio.”
O ultimato foi fatal e preciso, é o certo a se fazer, terminar um ciclo para ser feliz futuramente, só não sabe se também aguentará ficar no mundo dos vivos, não depois de saber de sua filha.
Mesmo com todos os defeitos, e a maldade invadindo e controlando sua razão, amava e sempre amou as duas mulheres mais importantes nesse mundo.
E, por esse sentimento benigno, resolveu se afastar e nem lembrar de seu nome.
Ao se levantar, não deixou de se curvar num claro pedido de desculpa, não existe orgulho quando sua vida vira um inferno, e junto, levam pessoas que deram maior valor e o motivo de permanecer.
Seo-yeon terá seu sofrimento rompido, podendo ser feliz num local que mereça toda a inocência que sua idade pode oferecer. A Terra, esse planeta, não foi feito para pessoas assim, em que o melhor é interromper.
E tudo isso, em nome do amor que eles sentem por essa criatura doce.
Hyun-joo, mal olhou em sua face, permaneceu curvado até ser chamado para retornar à cela. A mulher não queria que se matasse, quer vê-lo sofrendo até o último instante por tudo que fez à sua filha.
Saindo da prisão, pegou a única coisa que manteve, dando a última ordem ao mercenário que ajudou mais que seu esposo.
[Prometo que não sentirá dor, será rápido.]
“Sim, obrigada, farei todo o procedimento para transportar o corpo.”
[Sim.]
Todos condenam a eutanásia, por se basearem numa religião que não visa o sofrimento humano, que seus adoradores se tornam tão egoístas e maldosos, para o que realmente é necessário.
Hyun-joo agradece por nascer num lugar que não visa tanto esse lado, e compreende que interromper a vida, para os moribundos ou quem vive no inferno, é tão valioso quanto o prolongamento em nome de algo que pulsa compaixão.
E tomar essa decisão difícil foi a maior prova de amor e cuidado por quem sorriu docemente e a chamou incontáveis vezes de mãe.
O amor de mãe é complexo, e nem tudo é explicado.
A decisão de pôr um fim em quem mais aprecia doeu, como tudo, porém, sentiu paz em saber que Seo-yeon será feliz, aceitando como é.
“Obrigada, filha, foi a única coisa mais importante pra mim, mamãe vai te libertar disso… não irá mais sofrer…”
As lágrimas derramadas pingavam no solo acimentado, que absorve. Ainda é inverno, mas, o calor da primavera chegou mais cedo para um coração ferido.
***
Medo.
Uma emoção ideal para a sobrevivência humana é conhecida pela prevenção, para o hospedeiro não morrer assim que sair da barriga da mãe, nos fazendo ter cuidado e nos auxiliando quando há perigo ao nosso redor.
Mas, assim como tudo, esse sentimento é tóxico, igual ao ciúme.
Sim, essa emoção ou sentimento é um subproduto vindo do medo, que nos faz ter um maior zelo para não perder ou machucar tal coisa.
O ciúme sadio sempre será bem-vindo, no qual nos faz dar maior atenção, tornando aquilo valioso.
No entanto, e quando esse sentimento se torna prejudicial?
Quando há exagero, o ciúme se transforma em possessão.
Em que mistura o acréscimo demasiado de medo, que intensifica a raiva, transformando nessa coisa que vimos quase diariamente.
Esse bichinho é a maior razão do feminicídio, ou da maioria dos crimes passionais.
Que, os ex-parceiros ou, infelizmente, parceiros, são colocados num pote reforçado que sufoca, à medida que é chacoalhado.
Caso consiga sair, o pé dessa entidade maligna, pisa sem misericórdia. No qual, a morte é certeira.
Entretanto, existem leis para barrar o homicida de concluir o objetivo, ou os que acham como solução.
É lindo no papel, similar a um conto com final satisfatório, mas, a realidade tende a ser horrível.
Porque as autoridades que deveriam ‘ajudar’ crucificam as vítimas que precisam desse auxílio valioso que, na coragem em deter esse criminoso, são menosprezadas independentemente da situação passada.
É desses que se devem cobrar.
O ponto é que milhares pintam o quadro das fatalidades de um sistema judiciário que não pune o agressor, possibilitando que trafegue livremente com a restrição ‘invisível’ de não se aproximar dessas.
E como a segurança é falha, nessa terra paradisíaca, é benéfico para o assassino fazer o que bem entende, e no final, ser solto.
Sim, essa parte ainda não ensina que se deve punir esses tipos enquanto se preocupam em facilitar ao máximo a vida desses que andam constantemente com as mãos ensanguentadas.
Enquanto as vítimas?
Não é importante, exceto se estiver em ano eleitoral, aí, sim, as poucas podem ter o descanso de sentir o calor do sol e não o sabor da terra, quando são enterradas num caixão.
Isso não é nada divertido.
Vítima é vítima, independe da classe social e condição financeira e não se corrói com o passar das eras.
A cena desse capítulo, é apenas a ação do medo, que incentiva a raiva que injeta no ciúme, se transformando em possessão.
Bruna estava com o celular de Mohammad, pois o próprio não queria fazer isso. Ensolarado, comerão um saboroso churrasco caseiro, com carnes de primeira e bebida não alcoólica.
E para celebrar, a guarda que trabalha nesse turno foi convocada para relaxar um pouco, e para melhorar, sua irmã e cunhado farão presença, no entanto, faltava uma pessoa.
Sim, seu desejo de integrar o secretário veio assim que acordou, por imaginar que nunca teve a oportunidade, e como é brasileira, gostaria de apresentar não só a ele, mas a todos, como se degusta o verdadeiro de seu país, sem a ‘gourmetização’.
“Sem uniforme, hoje é pra se divertir… hahaha… Tá, tudo bem, tenha cuidado. Tchau.”
Ao desligar, respirou fundo para encarar a outra parte.
“Sem isso.”
“É sério?”
O tom não é doce, carregado de algo tóxico que escorre, derretendo o solo.
Bruna lembrou de um BL de uma autora favorita, em que o personagem tinha o dom de ler os sentimentos fortes dos usuários que vinham em forma de palavras.
E isso, varia, podendo ser inofensiva, ou corrosiva a ponto de ferir seu interior.
Como tal, sentiu que os sentimentos expressos por Mohammad eram tão horríveis a ponto de invadir seu pulmão, machucando-o seriamente.
“Todos têm o direito de, pelo menos, descansar, ninguém nasceu pra ser burro de carga.”
“Não, um ser como esse, não deve se misturar conosco.”
Paf!
Desviando por um triz do vaso decorativo que espatifou na parede, Bruna está com as emoções à flor da pele. Para chegar a esse nível, é preciso machucar a ponto de não dominar o impulso e a raiva.
“Cala a boca!”
A frase carregada de fúria, fez entender que falou o que não devia, agora, recebeu as consequências.
“Bruna…”
“Cala a boca! Cala a boca! Cala essa maldita boca!“
Não é assim que planejou, mas a possessão invadiu e acabou dizendo que deveria ser exclusivo ao escravo, logo agora que estavam tão bem, chega isso para destruir o que têm.
Ao respirar para lidar com a situação, fitou, ocasionando dor similar a um ataque direto em seu coração. Falando algo que causou a reação, sem querer ser dessa forma.
“Eu tô pouco me fudendo como foi sua criação, ou como fizeram enxergar a vida, mas nunca tente diminuir alguém que me salvou daquele pesadelo.”
“…”
“E, antes de ser ingrato, agradeça, pois sabe bem o que haveria caso não me encontrasse.”
O papel dos pais é fazer daquele pingo de gente, pronto para o meio social, ensinando as tradições, o modo de portar e até leis básicas para não cometer um delito grave.
Mohammad não teve isso, treinou muito o seu lado intelectual e se tornou o número um, mas os ensinamentos em meio social foram bem pobres, pois seu pai planejou ter uma máquina perfeita.
E para conquistar, tem que passar por cima de tudo e todos sem se importar com valor ou sentimento. Tendo isso, em último lugar. Só que agora…
Com a raiva de sua parceira, aprendeu que esse conceito pequeno e até inútil, é muito importante, devendo ser pelo menos bem mascarado para não existir variantes.
Bruna valorizava o secretário, salvou sua vida e, mesmo antes, sempre o olhou do jeito limpo, como ser humano e não um animal.
Como Mohammad foi acostumado a tratar.
No que desencadeou uma emoção arrancada, retornando após quase 36 anos recluso, conhecida como vergonha.
Essencial para entender, que nem sempre somos o topo, o vencedor, tornando-se humilde.
E com essa explosão, onde o orgulho foi quebrado, compreendeu que não deve ser dessa forma.
“Quando voltar a ser gente, aí voltaremos a nos falar.”
A última martelada foi o suficiente para compreender que, caso não tire isso, o que sempre teve sob o pé, roubará facilmente o que lutou para conquistar.
Fazendo o medo consumir por completo.
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Dizem que o amor é a chave para o sucesso, capaz de unir mãos e garantir um felizes para sempre.
No entanto, Bruna, prestes a completar 32 anos, já não sente mais essa faísca e deseja...