Capítulo 157
“O que está fazendo aqui?”
Na janela, que é feita de uma mistura primitiva para refrescar de manhã e aquecer à noite, o jovem de mesma idade que a parceira observava o luar.
Raras vezes chovia, ainda assim, sente-se regado e frutífero nessa vila simples.
“Tenho medo.”
Dentro dessa limitação, a garota estava seminua, ela não recebia vários homens toda noite, mas apenas um, que vale por cem.
“Do que?”
Fitando seus olhos negros, o nariz proeminente dessa comunidade, faz crer que roubaria todo o ar existente.
“De você deixar existir.”
“Hahaha.”
Um riso, iluminou outra vez esse sol que parecia uma bomba relógio.
“Cuidado. Quanto mais pensamos, mais pode acontecer.”
“Nem brincando.”
Era para os deuses ouvirem, e não fazerem o que sua ansiedade sismava em perpetuar.
No final, ela se foi, e ele, perdurou até que na velhice se foi junto.
***
As coisas estão ficando complicadas, o pai está notando que algo acontece com a mais velha, saiu ontem avisando sobre o compromisso, e não retornou.
No entanto, a mais nova deu a cobertura perfeita até o casal ter força para falar a verdade.
Acalmando assim, o coração.
E por essa habilidade, Beatriz e Breno, estão indo curtir um dia na nova mansão no Recreio.
Bruna manteve segredo, todavia, está animada, porque hoje terá churrasco com carne boa. Para auxiliar, precisa dos braços de seu marido para fazer o evento.
“Nunca acreditei que Bruna fosse tão sortuda.”
“Depois de errar, a sorte bateu em sua porta, e veio com força. Quem diria, encantar um bilionário… somente em ficção essas coisas acontecem.”
Observando o lado que só via rapidamente, no antigo emprego, teve a bênção de visitar várias casas de famosos e verdadeiras mansões. Pena ser algo ligeiro, onde nem era oferecido um copo com água.
Comprovando que ricos, mesmo tendo uma antecedência pobre, são tão mesquinhos quanto.
Sam está alegre, terá o prazer de trabalhar no que representa lazer, comerá churrasco e uma ótima bebida na companhia dela.
Entende que é errado, como todas as coisas, mas e daí? O presidente não sabe ler mentes, e guardará isso, no fundo de si, igual ao secretário.
E falando no diabo, está em outro carro para curtir algo agradável a pedido dela, seu coração pulsa ao ouvir o tom de sua voz, é uma felicidade inexplicável.
Nunca recebeu nada, apenas observava distante o presidente ter todos os tipos de festas. Claro, evento de rico é maçante, mesmo quando é para menores.
Era tão pesado, que se questionava se realmente o ar era respirável. Mas, vendo o semblante dele em idade tão jovem, o tédio eminente sufocava, por estar no território que tanto despreza.
Sorrisos, bebidas, música clássica… não havia barulho e as poucas crianças eram tão robóticas quanto o próprio aniversariante.
Só que, no futuro, onde caminha para a felicidade, entende que o ar é descomplicado, sem a atmosfera densa do passado.
Como qualquer comemoração.
Bruna voltou para a cozinha, e separava os ingredientes para iniciar o procedimento. Até o momento, Mohammad não apareceu, fazendo crer que, quando tiver seu tempo e entender o erro, voltará e pedirá desculpa.
No entanto, a sua face, não havia desdém, era deprimente e triste, soube que a vergonha entranhou a tal ponto de endurecer sua estrutura.
E não se incomodou, foi o certo, melhor alertar agora do que mais tarde, no qual ficará mais nocivo do que é.
“Quem manda me interessar por um jovem mestre, criado ao ardor do capitalismo?”
Sem partido, possui um senso do pudor e olha com mais cuidado a vida humana, odeia quando tentam desprezar o outro sem motivo, ou pelo simples fato de ser ‘divertido’.
Nem que não tivesse socorrido, ainda é de toda valia, não merecendo as palavras e a categoria.
Bruna ainda fica confusa sobre a essência da maldade que habita em todos nós, que mais nova relembra quando um grupo de crianças, matou um filhote de cachorro, bem diante de si.
O choro do animal que mal nasceu e lutava para sobreviver a perturba atualmente.
Ou quando, um falecido gato muito querido de seu beco, foi maltratado por homens que bebiam suas cervejas enquanto sufocava debaixo de uma torneira correndo água.
Aquilo fez tão mal, que não aguentou o impulso e se salvou daquele terror, onde todos, olharam surpresos e alguns exibiam a culpa.
Mas, depois desse dia, o animal tão carinhoso acabou encontrando seu fim.
Foi doloroso, rápido e marcado.
Agora, foi o cúmulo, sentiu o desprezo, tanto que teve vontade de vomitar.
“Como consegui me envolver a tal ponto com alguém tão desprezível?”
Ainda assim, não consegue soltar.
Continuando, com todo cuidado, corta as batatas para a maionese, sua mente longe não viu a presença do personagem que chegava à espreita e envolvia-a em seu calor.
Calada, continuou a fazer, esperando sair algo dessa boca audaciosa, e nada.
Por ser gigante, não conseguiu apoiar sua cabeça em seu ombro, apenas mantendo junto e criando coragem para expulsar as palavras certas, e fazer desse mar, calmo.
“Me desculpe, foi errado falar aquilo.”
“…”
Não tendo o retorno, continuou até ter o coração de volta.
“Minha criação foi horrível, nunca aprendi sobre o valor humano. Sei que fui um monstro, e não é dessa forma que deseja.”
Não se trata de desejo, e sim, hábito, a falta de algo pode ser importante no futuro. Bruna acredita que o tipo de criação dele foi de péssimo a horrível, diferente dela que, entre acertos e erros, conseguiu cultivar o básico e essencial.
“Dizem que a mentira tem perna curta…”
Virou-se, sentindo essa muralha impedir de alguma forma, igual a uma prisão bem elaborada.
“Eu não acredito nisso, na verdade, são longas, tão longas que, no momento menos oportuno, envolvem nossos pescoços e nos sufocam. Você aprendeu a mentir, e hoje, desconhece a verdade.”
“Sei, mas pra você eu não minto.”
“Pelo que sei, e não coloco a mão no fogo, sim, só que… deve omitir pra caralho.”
“…”
“Não vou forçar, mas…”
A vontade de beijar foi intensa, mas aguentou para saber o que sairia de seus lábios.
“Não minta, entendo que existam coisas que devem ser ocultadas para o meu bem físico e mental, mas, não baseie nosso relacionamento em algo frágil, que qualquer vento derrube.”
“Tudo bem.”
“E, como falei, não trate assim, foi fundamental por estar viva. Sou eternamente grata por isso.”
“Não… não faça isso, não seja bondosa com esse inseto…”
“Tudo bem, farei o possível.”
Visualizando, a desconfiança ainda persiste, tem medo de deixá-los sozinhos. Mohammad é violento a ponto de machucar até os que ajudam.
“Me ajude, tem muita coisa pra cortar.”
“Ok.”
Pegou a faca afiada, que brilha intensamente de tão amolada, imaginando cortar a barriga de seu empregado e fazê-lo engolir suas entranhas enquanto agoniza em seu próprio sangue.
Avisando que o que é seu só lhe pertence.
Com auxílio dele, os preparos tornam-se bem ágeis, aliviando o fardo durante as conversas paralelas que somente ambos entendem.
Beatriz, que adentrou no território inimigo, fica encantada com a imponência do condomínio fechado, cada residência ocupa uma boa área, com design único.
A expressão é semelhante à cena do filme Shrek 2, quando os três personagens conhecem o reinado ‘Tão, tão distante’.
Ao tirar os óculos, para visualizar melhor, não acreditou o quanto sua irmã é sortuda.
“Uau….”
Queria saber se é sonho, enquanto seu esposo se sente incomodado pela vestimenta escolhida.
“Olha! Uma casa inteira de vidro! Que sonho!”
“Para de gritar.”
“Eu não estou gritando, só mostrei uma coisa.”
O casal que se aproximava da última mansão não imagina que sua gana possa ser tão perigosa quanto.
O secretário que está sendo alvo desse sanguinário sofrerá alguns percalços da vida, tudo pelo simples fato de amar.
Takano, sendo responsável por esse turno, não esqueceu os gritos de raiva dela, sem saber o que disse, entende que, pelo calor do momento, coisas boas não eram.
Principalmente, com a expressão do presidente, nunca vista em vida, era um misto de dor, tristeza e vergonha.
Em toda a existência, a vergonha era algo que não morava ali, similar a uma roupa sem graça, que mesmo em meio a tantas combinações não lhe servia.
Deixando tão horrível quanto.
Só que, quando chegou, foi a primeira vez que não teve vontade de destruir nada, permaneceu parado tentando assimilar o sentimento novo.
Desse modo, entendeu que, com a chegada dela, está experimentando reações e emoções jamais sentidas, e por ser novo, não consegue reagir, ficando tão petrificado quanto uma rocha recém-formada.
“Quantas outras faces serão reveladas?”
Entretanto, quando se afastar de sua linha central, aos poucos, num curto período de quase dois meses, voltará a ter as velhas características.
Ou até pior.
Se for relacionado ao secretário, terá pena, pois só foi mais uma vítima do olhar bondoso dela, que trata todos iguais e respeita a essência de cada um.
Se o presidente é a disciplina e a força, a senhorita é a bondade e a gentileza.
Perto de seu dono, são puros animais, com ela, humanos.
“Hey, líder!”
Chamou Charlie, como terá uma missão importante, não voltará com o restante da equipe.
“Sim.”
“O que aconteceu com o presidente?”
“Sobre?”
“Sei lá, está bem esquisito, apesar de aparentar calmo diante da senhorita, algo me diz que explodirá a qualquer instante.”
Lembrando do confronto, entende o questionamento. Charlie tem o dom único de ler as emoções e notar mentiras com apenas uma olhada.
Por isso, o questionamento.
“Acho que sofreremos quando chegar a avaliação.”
“Droga… logo agora que estou me acostumando com esse campo florido.”
Estar no terreno dela é como ficar sob o céu no qual a personalidade de Mohammad é suprimida a ponto de reagir como ser humano, e tolerar muitas coisas.
Charlie, que é calmo, ama terrenos assim onde possa deitar sob a grama à medida que o sol esquenta o corpo.
Contudo, não se enganem, por mais dessa peculiaridade, é o mais sanguinário da equipe.
“Teremos que esperar até tomar posse de seu território.”
“Ano que vem? É muita coisa, até lá me acostumarei com o ar massivo e radioativo dele.”
“Do que está reclamando? Depois do filhote, foi o único a não receber tantas correções.”
“É porque sou um camaleão, a nossa qualidade é se misturar ao ambiente e não morremos na primeira oportunidade. Fico contente em colecionar apenas dois tapas.”
“Ahn… esse clima bom terá fim, detesto ter que voltar para Dubai.”
“Mas suas férias não são em abril? Vai visitar seus antigos colegas de serviço?”
Todo ano, volta para o Japão e visita os túmulos daqueles que compartilharam tempos alegres. Tirando esses, o resto foi morto por suas mãos.
“Sim, comprarei uma garrafa de saquê e brindarei esse tempo pacífico.”
“Tem sorte de ter alguém para compartilhar o peso acumulado…”
“Esqueci que seu pai era um grande filho da puta.”
“Verdade, mas está morto, sinto falta mesmo era de minha madrasta, pena que aquele velho a matou.”
“Era muito bonita…”
“E com a personalidade doce igual à da senhorita… droga….”
O passado de um jovem mestre não foi suficiente para curar a ferida aberta.
Charlie, um canadense de linhagem nobre, desistiu de tudo, após manchar suas mãos com o sangue de seu pai.
Foi um tempo agridoce, unir seus ideais comunistas com todo ódio que rendeu memórias fixas que compartilha um pouco.
“O calor dela… Era igual ao sol…”
Uma estrela, que sucumbiu a uma morte precoce por um buraco negro, talvez estivesse próxima demais desse horizonte, que infelizmente foi desintegrado pela sede assassina e cruel de seu falecido progenitor.
Se arrependendo por não aceitar pernoitar com ela, feridas por todo o corpo, olho roxo, cortes por vidros…
Ela não era esposa, e sim um saco de pancadas.
O carro que vinha com o casal entrou, alertando que será bem mais animado do que imagina.
Eles, que não tiveram contato diretamente com a riqueza, ficaram encantados pela última mansão.
Muito maior que as outras, gastaria tempo para desbravar cada canto, então, a ficha caiu de que a riqueza de Mohammad é absurda.
“Já imaginou se morasse aqui?”
Beatriz é cativa pelo que é apresentado. Como se a vida atual não bastasse.
E não está sozinha, seu pai tem a mesma direção, nem que sua irmã e seu marido não tenham o pensamento.
“Caramba… Nobru vai morar aqui?”
“Quem dera, viu essa entrada? Cheiro de riqueza é diferenciado.”
“Sim….”
O fato de não ter a mesma ambição não significa que não deseja ser rico, almeja a riqueza, mas com os que ama por perto.
Portanto, se mudar para outra área, distante de seus parentes, é o mesmo que arrancar um braço bom e fingir que nunca se importou com ele.
É difícil se afastar de seus familiares, são seu chão e apoio, e, casado, ainda são tão importantes quanto.
“Bruna falou que tudo aqui é tecnológico, a maior parte funciona por comando de voz.”
“…”
Como um idoso, é complicado assimilar a tecnologia, o futuro… o que acabou gerando aflição.
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