Capítulo 159
De manhã, bem cedo, Mohammad finalmente consegue concluir o que está em sua rotina, o nado livre numa piscina específica da mansão lhe dá a liberdade desejada.
Está concluindo outra etapa importante, seu corpo, que ficou um longo período sem a atividade, demonstra uma certa ‘resistência’, mas nada que faça parar e sim, continuar.
Bruna, que saiu mais cedo, ocultou a verdade para o pai, informando que caminharia, portanto, a não desconfiança em sair antes mesmo dele pôr os pés, e no carro, o sono e a preguiça invadem por acordar às 4h30 da manhã.
Que a seduz para dormir novamente.
Só que, resistiu.
E indo novamente para o Recreio, lembrou da zoação de ontem.
Mohammad pilotou até a Zona Norte e levou não só ela, mas sua irmã e cunhado, que discutiam sobre o fato de seu esposo ter ficado um longo arco ocupando o cinema para ver Boku no Hero.
O combinado era cada um ver um pouco do que gosta, mas seu esposo apoderou-se e viu os episódios nessa maravilha, que dava a sensação de um verdadeiro cinema.
Aos poucos, esse tipo de clima vai caindo em rotina. Mohammad já viu alguns embates e até acha um tanto divertido.
Sentirá saudade.
Hoje seria o dia em que retornaria para Dubai, mas, graças ao seu egoísmo, só irá na segunda mesmo.
Quando pisou no território de alto padrão, relaxou e, de chinelo, saiu do veículo cumprimentando a todos, e, como é de praxe, fará o café da manhã.
Alex, a guiou até onde encontra o chefão, perguntando sobre o que será servido. Por ser calado, não nega que a mulher dá uma sensação de liberdade.
“Farei bolo de cenoura.”
“E também pão de queijo?”
“Quê?”
Parece que a culinária nacional seduziu esse estrangeiro que fala seu idioma, dando para ver o cintilar nas órbitas.
“Se tiver os ingredientes, tudo bem.”
“Obrigado.”
Chegando à área da piscina, Bruna ouviu o chacoalhado das ondas e o barulho da água respingando para cima. A força exercida é gigante, exaltando o poder de seu usuário.
“É todo dia isso?”
“Sim, senhorita, constantemente no mesmo horário o presidente faz atividade antes do desjejum.”
“Ahh…”
Lembra que a temperatura é baixa, em torno de -1°C, o que é surpreendente para o tanto que suporta.
No entanto, recorda-se de uma curiosidade sobre os que nadam em lagos congelados e sobre alguns benefícios ganhos durante o processo e a vida.
Apesar disso, as desvantagens beiram ao fatal, como a necrose e a hipotermia, caso ultrapasse o limite que o organismo aguenta.
Mas entende que Mohammad tem conhecimento, e como foi treinado a vida toda, esses efeitos quase não o atingem, colocando uma meta onde tanto o exterior quanto o interior trabalham juntos.
Alex se despediu, restando eles.
Mesmo concentrado, Mohammad soube que estava ali pelo som de sua voz.
Bruna foi até a ponta e se agachou, para cumprimentar quando chegar nessa extremidade.
O ar gelado produzido chegava até si, só que o clima bloqueava a sensação gostosa, dando frescor.
De roupa social e chinelo com meia por tirar o sapato, queria pôr pantufas para tornar mais confortável.
Por estar perto, deu braçadas para alcançar rapidamente, igual a um motor de barco, sente o barulho de cada movimento, chegando até si.
Esse tipo de urgência, ou sentimento em desejá-la, ainda deixa mareada, é muito intenso e vai além da capacidade aguentada.
Igual tentar encher um balde pequeno com litros de água além do extremo.
E, quando chegou para lhe dar o prêmio por conseguir, falou do jeito que derrete seu coração.
“Bom dia, lobo mau.”
Seu olhar chega a brilhar, é como ver a coisa mais importante, visualizando o rabo invisível balançando de tanta animação.
Era para ter medo, um tubarão-branco em seu habitat emergindo da água, contudo, ficou e achou tão lindo quando estava fora de sua casa.
Os olhos dourados ficam mais quentes à medida que passam juntos, e se questionou se pedia mais um tempo aqui.
Porém, impediu e permaneceu no lago do esquecimento.
“Oi, cordeirinho.”
O sorriso que um dia aterrorizou hoje causa calor, tão bonito e alinhado que beira ao exagero. Sim, ficar com um cara perfeito tem seu lado positivo.
“Já terminou?”
“Sim.”
Mentira, ainda faltava uma volta, todavia, com a presença, desistiu e saiu.
O contato com o exterior causou um leve choque, como sempre, já está acostumado com a sensação pelo ecossistema em que vive.
O traje de banho masculino, que não seja uma sunga, é tão másculo que beira ao engraçado.
Seu corpo é fenomenal, não crendo que não consegue glorificá-lo.
“Parece irônico, mas transar com algo idealizado por autora BL é espantoso.”
Bruna ainda tenta encaixar Mohammad como um flex, mas não importa o quanto se esforce, esse ser desafia sua lógica em colocá-lo numa categoria que infelizmente não se encaixa.
“Por quê?”
É uma brincadeira saudável, entretanto, que não invada o direito alheio.
Todos têm uma péssima visão dos que apreciam o yaoi.
Só que, por ser desse meio há muito tempo, separa ficção da realidade e mantém o respeito aos casais homoafetivos, deixando a vontade sem perturbar pelo que é uma arte.
Para ela, obras desse gênero são iguais a artes que expressam um poder ideológico forte, que permite apreciar sem misturar.
Ou, como sempre diz, o que fica na ficção permanece lá, saindo disso, é respeito à realidade.
Então, não atingi a extremidade delimitada entre os casais reais.
Mantendo-se distante de tudo que envolva isso, pois assim como ela, precisam ser respeitados e ter sua privacidade preservada, incluindo a mental.
Quando vestiu o roupão, não impediu de fazer o que ama e carregou em seus braços, no qual, quando estiver longe, sentirá falta de não andar no chão.
“Tô com muita fome.”
“Sei disso, vamos fazer as coisas porque também estou.”
Os chinelos que lutava para manter nos pés caíram, sendo deixados para trás. E, por usar meias, não sentiu o contato exterior.
Joe, que viu, pegou e acompanhou o casal até a sua residência.
***
“Acha que o Sr. Haroon pode se casar novamente?”
Perguntou uma amiga.
Hana está em sua casa para tomar um café da tarde, ali tem de tudo, mas, na dieta, já que não desejam alterar o peso que têm.
Bebendo uma xícara de chá, engoliu o líquido adocicado e bem quente, mas, em vez de causar uma sensação gostosa, veio arranhando como cacos de vidro.
A menção do assunto é pelo fato de que nos quatro cantos estão comentando um possível caso do presidente com a estrangeira misteriosa.
Causando apreensão em seu peito, que não deseja a conclusão.
“Não sei, mas acredito que não. E mesmo que fosse, a segunda esposa para os Haroon não tem o mesmo privilégio que a oficial.”
“Como assim? Sua irmã não foi colocada no livro dourado, então o risco aumenta, sabendo que poderá ser a oficial.”
Hana quase expulsou o líquido para fora ao marcar bobeira, é óbvio que poderia ser a décima quinta, até porque, quando a mão de Latifah foi pedida em casamento, imaginou o seu nome escrito.
Só que, para felicidade, Mohammad não fez, dando esperança para tomar seu lugar.
“Bem, meu cunhado não é apegado às tradições, já demonstrou diversas vezes o amor que sente por minha irmã.”
“Claro.”
Mas é explícito, não é comum e nem muito aceito o patriarca ter duas esposas, diferente do que é retratado no Alcorão, dando direito para cada uma, nesse é totalmente oposto.
Só há um segundo casamento quando a primeira não fornece um filho homem, e para conseguir um herdeiro, a entrada de uma segunda é essencial para gerar o descendente.
Que somente a primeira tem direito a tudo, inclusive a sentar à mesa, enquanto a outra é tratada igual a uma empregada, servindo como animal reprodutor.
Portanto, Hana ainda tem fé que não seja como muitos estão comentando.
Só de lembrar da voz e do relato de outra amiga, a raiva acende, quase explodindo.
“Contamos que seja verdade, será chato ter que formar um laço com uma completa desconhecida.”
“Nem fale.”
“Falando em casamento e filhos, como foi o resultado da inseminação?”
A semente daquele inseto tenta furar todas as barreiras, dando um aspecto áspero na garganta.
Porém, para conquistar o que deseja e ter aquela atenção novamente, aceitou gerar e depois fará igual com as criaturas.
“Ainda é cedo, mas o doutor confirmou que dessa vez terei meu filho homem.”
“Fico contente, meu menino já tem cinco anos e possui energia por cinco.”
“Realmente, menino difere de menina, as minhas são bem calmas, chega a dar estranheza.”
“Mas é o ideal, meninas têm que ser delicadas e não rebeldes, a ponto de não desrespeitar os pais, inclusive os homens.”
“Hahaha.”
A risada graciosa contamina toda a pequena sala particular.
Hana precisa manter as aparências, pois o marido dela é um grande investidor do banco de seu marido, e graças a isso, os lucros andam em poupa com a grana injetada.
Não vendo a hora de assinar o pedido de divórcio e tomar o lugar desse possível casinho.
***
A força esvaiu, movimentar e exercer várias funções numa cozinha cansa.
Removeu o tabuleiro grande de bolo de cenoura, enquanto Mohammad termina de fazer a cobertura de chocolate.
Sim, quer comer o tradicional com calda bem pretinha.
Tudo que fazem não afeta a glicose, pois o resultado dos exames foi alarmante, a ponto de tomar outro medicamento para não introduzir a insulina.
“10,4 de hemoglobina glicada?”
Diante de si, questionou como sua namorada sobreviveu com tudo isso.
Está além do imaginado, seu modo de vida foi além da expectativa.
Um sinal grave para colocar insulina, contudo, não queria e recorreu a outro meio até fazer a cirurgia.
Esse exame foi enviado para o Dr. Aubinet, para conhecer o quadro geral de saúde, por isso, não pode e nem deve consumir nada com alto índice glicêmico.
Realizando uma dieta rigorosa no pré e pós-cirurgia.
Sua mão tremeu, como se a morte estivesse batendo na porta, pronta para levá-la para longe.
A teimosia em fazer o exame veio com a pesada aceitação de que estava com medo do resultado, que no final foi essencial.
E tem como recuperar, enquanto estiver aqui, não permitirá que coma nada que fuja do objetivo, e ajudará a fazer exercício.
A jovem que viu o bolo com a calda maravilhosa acendeu o lado formiga, está feliz por encaixar na restrição, mas sem exageros.
“Depois, vamos andar na esteira.”
Ao ouvir o aviso, o corpo habituado ao sedentarismo murchou igual a uma flor malcuidada, faz séculos que não sabe o que é isso, e com sua chegada, anda de carro pra cima e pra baixo.
“Sem fazer essa cara, o resultado é urgente.”
“Eu sei… Mas… tá.”
“No começo é difícil, mas vai amar como antigamente.”
A motivação de um cara que beira a perfeição fez entender que a saúde é mais valiosa que o prazer.
“Está tudo bem, cordeirinho, não sou tão chato quanto aparento, mas quando estiver longe deve seguir o cronograma, ok?”
“Com um personal?”
“Sim, não gosta da ideia?”
“Não é isso, mas posso pedir um favor?”
“Claro.”
A mesa está feita, tão bonita quanto antes.
“Queria que Beatriz me acompanhasse, assim me motiva a prosseguir.”
“Tudo bem, se é o que deseja, posso contratar outro personal.”
Como é bom ter um ricaço, a maioria de suas vontades são atendidas facilmente e um dia, teme de não ter mais.
“Que foda!”
O pelotão que trocaria de turno veio para tomar café. Semelhante a trabalhadores da construção, precisam de bastantes calorias.
Quando viram, cumprimentaram do modo acostumado. Com Latifah, não se curvam tanto como agora, apenas uma leve abaixada de cabeça para simbolizar o respeito.
Mas, para essa, é essencial fazer igual com o presidente, por ser a autoridade máxima.
Em que são proibidos de mencionar o nome, sempre a tratando pelo pronome de tratamento, senão, o castigo é pesado.
“Bom dia, presidente e senhorita.”
“Bom dia.”
Mesmo em inglês, entende perfeitamente e convida a sentar em seus lugares.
A sensação de tomarem café juntos saiu do bizarro para o corriqueiro, em que aqui a sensação boa invade e podem ser o que são sem a preocupação de ganhar um tabefe.
Todavia, quando chegarem a Dubai, essa prática deixará de ser exercida até tomar seu lugar.
Tem de tudo: proteína, carboidratos de baixo índice glicêmico, frutas, café, suco, pães de queijo e bolo. O pessoal do primeiro turno não tem esse privilégio, mas outro tão tentador é o almoço.
E ver essa atmosfera é tão ameno quanto o bolo com cobertura de brigadeiro.
“Alguém vai querer vitamina de abacate?”
Não foi preciso traduzir, momentaneamente todos levantaram a mão para uma iguaria só vista aqui.
O abacate batido com leite é tão cremoso que até Mohammad, que torceu o nariz para algo que só é visto em prato salgado, se rendeu, combinando principalmente com bolo.
A bebida não adocicada esvaziou em segundos.
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