Capítulo 164
O casal voltou no mesmo carro, mas guiado por outro.
Sentou-se em seu colo sem ao menos pedir, foi imediato como se realizasse seu desejo antes do adeus. E, ouvindo a música favorita em slowed, nunca imaginou que ‘Saving All My Love for You’ ditasse sua realidade.
Como algo imaginário, o não desejado, pudesse acontecer hoje?
As milhares de questões jogadas para o universo eram respondidas ao longo da existência, só que a sorte de tê-las agora dependia de qual papel era sorteado.
Semelhante à probabilidade de um sorteio de loteria.
Sem destino, o motorista segue dando voltas pela estrada a mando deles. Quando pedirem para interromper, fará a volta para a mansão.
É difícil compreender que esse verão, que mal chegou ao fim, terá uma dispersão tão deprimente.
Quer levar junto, mas as responsabilidades e o bom senso falam para ter calma e que tudo se concluirá.
Ano que vem, se casarão e terão a vida que desejam.
“Quer fazer o que hoje?”
“Como?”
“Comida japonesa, italiana ou apenas ver alguns filmes, como ‘Orgulho e Preconceito’?”
Em meio a tanta opção, Bruna ficou indecisa, ah… essa vida tem que ter um fim? O que é bom acaba breve, claro, se encontrarão, mas por que parece que é tanto tempo?
“Qualquer coisa, está bom.”
Apoiou a cabeça em seu ombro, decidindo voltar e se trancar naquele casulo e só sair quando se tornarem borboletas.
“Tudo bem.”
O carro deu a volta e o crepúsculo formado está indo embora, anunciando que o tempo deles chegava ao fim.
As gotículas de água que escorrem pelo corpo e o cheiro suave de sabonete neutro notificam que o período ali acabou. O banho de banheira em um espaço propício deixou a vontade.
Nus, sem nenhum conteúdo erótico, apenas algo formal para limpeza, escorria pelo ralo junto à saudade que se esvaía.
“Mohammad.”
“Sim.”
Em pé, usando um barbeador para remover os pelos finos que crescem em seu rosto, revela que é o tempo de fazer a depilação a laser.
A cada seis meses, Mohammad removia todo o pelo em seu corpo, deixando apenas a cabeça.
Devido a essa mutação, nasceu cabeludo igual a uma fera recém-nascida, e para livrar-se desse incômodo, repete a cada seis meses, pois não dava o total de doze meses para crescer novamente.
“O que é essa pasta preta?”
A pergunta que detesta, a ponto de enfurecer e distribuir agressões, foi dita por seu maior amor. Assim, o cheiro da nostalgia que embrulhava e causava tristeza pincelou seu nariz.
“Por quê?”
Sem alteração, continuou se barbeando.
“É que ouvi dizer sobre isso enquanto dormia.”
“Hum…”
Não tem ciência de onde veio, mas sente que é algo importante e não deve ser esquecido.
“Realmente não sei.”
É a verdade, já buscou, porém, nada vem.
Olhando em pé, com a toalha enrolada na cintura, sentiu o peito aquecer. Como em pouco tempo nos transformamos nisso?
E pela sensação molhada e a banheira seca, levantou com cuidado e pegou o roupão de banho, abraçando e, ao mesmo tempo, removendo gotas d’água por toda a extremidade.
Concentrando, tem ciência sobre sua presença, vendo-se sair de lá e, de peito aliviado, entende que não está com raiva, apenas procurando vestir uma roupa limpa.
Jogando seu corpo na cama, arrastou-se até o travesseiro. De cabelo preso e seco, está confortável em não usar o secador.
“Mude a temperatura para 20 °C.”
Comandou, o local muda a temperatura do vento, fazendo-o gelar o mais rápido possível.
Aqui, deixa-se acomodada demais, tudo ligado por voz ou por telefone, fica difícil voltar à sua realidade em que deve levantar e mudar tudo.
O barulho é silencioso, e aos poucos sente esfriar, fazendo-se cobrir com o edredom.
“Que sono…”
A luz forte ficou amarelada, induzindo o receptor a descansar.
Mohammad saiu do banheiro e viu que ela estava quase navegando no paraíso do sono, e se importou apenas de vestir a cueca e ir junto nesse belo carrossel.
“Diz que vai ser bonzinho quando voltar.”
“Claro, prometi e cumprirei.”
“Ok.”
Um beijo rápido e sem ajuda do sedativo fecha os olhos à medida que escurece e fica mais gelado.
Fazendo o mesmo, apenas se preocupou em sentir ao máximo esse calor, clamando ao seu organismo a gravar o máximo antes dessa breve pausa.
Nisso, foi junto.
Eu te amo… eu…
Tic-toc… Tic-toc…..
O som do relógio é o maior símbolo de ir ao passado, desfrutar do futuro ou presenciar o presente.
Assim, enquanto passa, Mohammad é vítima de Morfeu, que resolveu ser o fantasma de Scrooge, revelando algo profundo que está bem escondido, e igual ao final de ano, só foram selecionadas as melhores partes.
Ao despertar, vê que ainda é noite.
Senti frio.
Algo nunca acontecido, é preparado desde pequeno para suportar temperaturas absurdas, seja calor ou frio extremo, por isso, é estranho esse vento gelado.
“O que…?”
Ao notar, está na suíte mestre, seu quarto, não… o deles, sua mão automaticamente toca ao seu lado para ver se estava ali, e nada, vazio.
“Onde está?!”
Olhando para o lado, não havia nada, sua cama estava vazia como se a presença de Bruna fosse uma ilusão, e do jeito que chegou, permaneceu.
“Cordeirinho onde está?”
Sem som, somente o barulho suave do ar-condicionado é emitido, isso deixou em pânico, um sentimento de perda nunca atingido.
Como se algo valioso não estivesse aqui, como se nunca tivesse existido.
Ao levantar, vê que veste a mesma roupa que foi dormir, então, algo não está bem.
“Bruna, se está querendo me dar um susto, isso não tem graça. Volta imediatamente, ou se não….”
Igual a falar com o vazio, ninguém responde, certificando que habita a solidão, como sempre. E, por causa disso, foi na primeira reta: o banheiro.
Ao utilizar força, pela angústia, raiva e pavor, fez a maçaneta quebrar, provando que ali não existia ninguém.
O cômodo está limpo, como exige, contudo é tão estranho. Antes de dormir, ambos tomaram banho, brincando enquanto a água espirrava para fora.
Agora, é vazia e limpa, o box… parece que nem foi utilizado.
Quando saiu, percebeu que o quarto também é o mesmo, sem traço deles.
Vazio, somente os móveis, intensificando que nunca existiu uma Bruna naquele lugar.
“Que porra está acontecendo aqui?! Cadê ela? Para onde foi?!”
Pela primeira vez, em anos, soube o que é realmente a solidão, sempre esteve sozinho, porém, não era ruim, na realidade era sua melhor companhia.
Um copo de uísque e um cigarro eram tudo que precisava para estar em paz.
Mas… depois de experimentar o que é o amor, depois de viver intensamente esses 27 dias, não quer voltar àquilo, não quer experimentar a solidão.
“!!”
Imediatamente colapsou, expressando um rugido forte, similar a um animal ferido.
Perante a si, começou a quebrar tudo, nada foi poupado, nada do que fizesse retornaria ao seu presente.
Ao passo que tenta arremessar a poltrona pela janela quebrada, um barulho desperta.
“Ahhh…..nnn…..uhhh….”
Um gemido feminino.
Mas não era o que estava acostumado, não era o dela.
E sim, de outra, uma que conhece muito bem.
O som vinha atrás da porta de seu quarto, do corredor, ficando mais alto. Assim, largou o objeto que caiu com o forte impacto.
Sabendo que, caso não fosse ver o que já sabia, esse tormento não acabaria, então, pela mínima esperança de tê-la de volta, abriu e viu seu passado bem diante de si.
A imagem à sua frente remonta algo antigo, tanto quanto suas palavras.
O céu de julho de 2005 era claro, uma manhã bela e quente, todavia não sentia esse calor escaldante e seco, pois estava no jato particular de seu pai rumo à Inglaterra.
E iniciar o primeiro semestre na imponente universidade de economia de Londres, uma das melhores do mundo.
O frio que passava pelo corpo era do ar-condicionado cuspindo vento gelado, porém suava, uma camada fina brilhosa atingia todo seu ser evoluído de 17 anos.
Era bem mais adulto que sua máscara juvenil, que queimava em prazer enquanto fodia a aeromoça de 19 anos, que foi contratada recentemente pelo pai.
Mohammad se via em terceira pessoa tendo a primeira experiência sexual.
A funcionária se encaixava no seu tipo ideal, curvas incríveis, bunda redonda e arrebitada e seios grandes e macios. O belo cabelo castanho-claro em ondas era um verdadeiro chocolate.
Ao observar por esse ângulo, recorda que apesar da atuação boa, ainda tinha muito que melhorar e também, de alguma forma, sente um desgosto por ver seu eu fodendo loucamente a buceta molhada de outra.
Como se aquele objeto e a maciez não fossem o certo, sendo nítido em seu olhar que mesmo navegando no prazer, a mensagem real emitida era:
“Não é esse.”
Como se não fosse o desejado, faltando algo, nisso, quando viu chegar ao ápice e gozar na camisinha, rapidamente tirou e jogou na lata de lixo metalizada.
A mulher, que desacreditava em seu desempenho, estava largada, igual a um morto na cena do crime, mas em vez do sangue, era seu gozo, o lubrificante vazava por sua vagina enquanto viajava no êxtase do orgasmo.
E, como praxe, pegou outro pacote e introduziu novamente em seu pênis.
“Realmente nasci pra ser insaciável.”
Mas quando ia outra vez, a mesma estranheza entranhou como se algo faltasse. E a sensação foi descartada por outra rodada de sexo.
Cansado de ver a mesma cena, foi em direção a outra porta que guiava para outro tipo de gemido.
O de Lauren.
Dessa vez, não acontece no avião particular, se passando um ano, o ano em que se envolveu com Lauren Sullivan.
Estava perfeita na lingerie e no tipo de penteado adotado pela sex appeal dos anos 50, Marilyn Monroe.
Foi uma fantasia deliciosa que teve o prazer de montar, e a idiota que era doida por ele fazia tudo que mandava, idêntico a um servo que obedece seu mestre cegamente.
Vislumbrando, soube que deu um upgrade.
Nesse dia, estava fazendo sexo anal, lembra muito bem, pois chovia como sempre e foi a primeira vez fazendo o deleite. Não foi difícil convencê-la a dar o cu, na realidade, estava bem disposta para tal.
Acreditava que, fazendo isso, teria seu amor, pura merda, isso veio como tantas outras restantes. Era indiferente comer o cu dessa e das outras, nada especial.
Porém, ver a cena em que foder uma idiota foi divertido, naquele tempo era bom, mas… ainda assim, com ela gemendo, a mesma reação esboçada é expressa aqui.
Como se rejeitasse, vendo nitidamente suas mãos apalpando o vazio da cintura fina, procurando tocar em algo mais abundante, onde seus dedos afundariam e se perderiam.
“Mais uma vez, não é esse.”
Ao terminar, obtendo outra onda de prazer, voltou a caminhar e ir para a próxima.
Assim, passaram-se quatro anos, nesse tempo concluiu a graduação e recebeu vários prêmios, como o melhor aluno da universidade, e sua foto estampada entre os melhores que passaram por esse lugar.
Nesse dia chovia também, contudo estava mais frio pela aproximação do inverno, e foi o tempo em que Lauren se matou, e diante de si, estava Karen Campbell.
Como seu delírio, antes de falar com Bruna, a fodia intensamente por trás, sua mão envolvia o chumaço liso e ruivo.
Estava querendo extravasar, já que Lauren resolveu se matar e teve que arranjar de última hora uma parceira para aliviar seu prazer.
Das companheiras que pegou, essa ficava no top três quando se tratava de sexo anal. A técnica em satisfazer seu pau com aquele buraco pequeno sugava fortemente, igual a redemoinho, puxando o indivíduo para dentro do buraco.
E o bom era que não procurava sentimento, sendo puramente carnal e momentânea, para aniquilar o tédio nesse lugar que mais chove do que faz sol.
Nesse momento, elogiou seu eu por finalmente chegar ao que é atualmente, artístico e suas técnicas bem refinadas, fazendo qualquer uma ter um orgasmo intenso.
E isso é bom, bom demais…
No entanto, repetia a mesma sensação, quando envolveu o longo cabelo, sente que não é esse o desejado.
“Onde está cordeirinho?”
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As Mil e uma noites Dela com um espírito Obsessor
Dizem que o amor é a chave para o sucesso, capaz de unir mãos e garantir um felizes para sempre.
No entanto, Bruna, prestes a completar 32 anos, já não sente mais essa faísca e deseja...