Capítulo 167
Sério, com semblante tedioso dando leveza ao nojo, Mohammad precisou usar o disfarce natural para não levantar suspeita em seu pai, que é um racista de carteirinha.
“É a filha da doméstica que faz o serviço na casa de Samira, essa mulher vai três vezes por semana. E não tem ninguém para cuidar dela, pelo que relatou, o filho mais velho passou para o turno da tarde, e ela continuou no turno da manhã.”
“Tem quatro anos?”
Suprindo toda emoção, em defesa dessa desconhecida, fez Ali mirar, questionando-se qual o motivo desse interesse peculiar.
“Hahaha. Acredita que achei o mesmo? Mas não, é um ano mais velha que Fatir. Uma gracinha, né, Mohammad?”
“Hum…”
Aquilo que não atrairia atenção fez desse o coração roubado. É muito fofa, idêntica ao filhote de ovelha, sim, parecia um cordeiro.
Cordeirinho… Cordeirinho…
Passou por sua cabeça o apelido que seria usado mais tarde, dando forma à menina que já tinha mais de trinta anos.
Observando, não ouviu nada que outro relata, como se ao redor fosse insignificante e somente ela importasse.
“O que achou dessa criatura, Mohammad?”
Questionou seu pai, atingindo o ponto fraco, o primeiro e único a ser criado. Carregado de nojo ao citar seu amor, questionou-se se mataria agora ou esperaria um pouco mais.
“Insignificante, é um ser desprezível.”
Samir sabe da personalidade escura do garotinho, enquanto o outro disfarça. Esse é claro quando não lhe agrada.
Logo, suspirou cansado ao ouvir o ‘elogio’ à pobre garotinha.
“Verdade, imaginei outra coisa, mas… deixa.”
Retribuiu, com a consciência limpa, por não ter que limpar a sujeira.
Falar mentiras é seu lema, e mais usada para manipular e conquistar, contudo, dessa vez, veio para proteger.
Nunca imaginou usar algo que não beneficie a si próprio.
E o carinho surgiu em seus olhos, eram doces demais para causar diabetes, e com a mão leve roubou a única que interessava, que estava ao lado de Samira.
Devolvendo, e sem saber o nome já que não lembra, retorna para o quarto.
E lá, no particular, pegou uma tesoura e cortou a única coisa que atrapalhava, queimando a imagem de Samira, como se fosse sua antiga frase soltada para agradar ao pai.
Já queria saber sua localização, o único ponto é ser brasileira, que fica no bairro chamado Grajaú.
Mas não quer dizer tudo, mesmo que a mãe trabalhe lá, não significa que seja residente, podendo migrar de várias áreas do estado carioca.
Sendo complicado, o sistema de rastreio ainda é precário, a revolução tecnológica que originou o Windows 98 ainda era limitada e não conseguia o profundo, e isso o chateava demais.
No qual, passou a andar com essa fotografia a todo canto, numa pequena pasta.
Não importa, seja nas atividades extracurriculares, no clube de matemática, ou simplesmente se alimentando.
Ahmad, sendo sua sombra, fazendo parte de vários clubes que participa, via carregando uma pasta preta por onde fosse, e observando o interior por horas com doçura e ternura.
Acreditando ser de sua mãe.
Entretanto, não era, já que expressa desprezo quando o nome de Victória é mencionado, removendo a hipótese, e outra, uma vez, entrou em fúria pelo veterano mais velho, que roubou a pasta.
Provocando esse menino de porte superior ao dele, a jogar no pequeno lago onde vivia a vida marinha, pelo simples fato de não tolerar a atitude presunçosa desse pirralho.
E, como era mais velho e não estava no mesmo nível acadêmico por reprovar, mostraria o que era ‘respeito’. Procurando algo que ferisse profundamente, logo esse ser que é semelhante a um demônio.
“Hey! Tá revoltadinho, criança? Só peguei essa pasta, acredito que não vai se importar quando jogar isso naquele lago, sei que os peixes farão uma bela decoração.”
“…”
Zombou, expressando neutralidade, seus olhos emitem uma ira desenfreada.
“Cinco segundos.”
“O que?”
“Só preciso disso para quebrar seu nariz e pegar o que é meu.”
Ahmad conhece bem esse lado e entende que as ameaças não são em vão, se proferir cumpre, e fará isso.
O adolescente conhecia a fama desse, nunca é prudente provocar ou desafiar. Muito menos, pegar o que tem apreço, como esse pequeno objeto de valor inestimável.
Só que agora, está pouco se fodendo com os avisos dos derrotados, balançou e, como planejado, jogou no lago de profundidade rasa, afundando e molhando completamente.
Foi daí, quando menos esperou, que sua ameaça criou forma, atacando-o, mirando em seu nariz, fazendo jorrar sangue, e depois, sem controle, acertou dois socos poderosos.
A força não é a mesma, que mataria com a palma da mão.
Mas era o suficiente para nocautear suas vítimas. Ao longe, Layla, que estudava na mesma instituição, caminhava com sua amiga, vendo o embate corriqueiro daqueles que desafiavam esse deus.
Logo, mesmo em choque, focou em Ahmad, que retribuiu silenciosamente. Assim como Mohammad, seu escravo também descobriu o amor, porém, diferente desse, o seu era puro e inocente.
Tornando-o o mais saudável possível.
Era a única a saber dos castigos e doutrinas cruéis, e a que entende e lhe dá paz quando ao redor é caótico. No qual era necessário o segredo.
Ao continuar, sua sombra desapareceu, retornando à realidade.
O adolescente gritava pela dor intensa em seu rosto, sendo largado no chão enquanto seu agressor o redirecionava ao lago.
A profundidade ideal para os peixes não era perfeita para um ser de um metro e oitenta, atingindo na altura do joelho. O líquido gelado não causou preocupação em pegar o item.
Seu uniforme caro com sapato social molhou e, sem importar, pegou e abriu.
Como era impermeável, manteve-se intacto, e logo foi em direção ao prédio para trocar a calça que só era usada em casos emergenciais.
Ahmad, que nunca viu assim, ficou surpreso pelo apego a essa pasta que é misteriosa até o momento atual.
Todavia, isso só durou quinze dias, quando Ali descobriu essa obsessão e carinho desenvolvidos por essa desconhecida.
E pela nacionalidade e raça, intensificou, pois fez relembrar de seu velho pelo mesmo gosto nojento.
Além dos fatos, foi ludibriado por esse fedelho. E, mostrou o seu poder e o motivo de temer.
“Que merda é essa, Mohammad?”
Mohammad perdeu a foto, que está na mão de seu pai.
No entanto, diferente da pergunta, não obteve resposta, apenas um olhar assassino colocando medo em qualquer ser terrestre.
Ali, que treinou por um longo período, percebia que esse pequeno lobo ficava maior, tão grande que daqui a pouco engoliria.
E, por esse receio, misturado com pavor, usou seu trunfo eficiente.
“Está desenvolvendo sentimentos por essa imunda? Por essa cachorra?”
Velho desgraçado, te matarei! Eu te mato!
Conjurou, declarando o fim de seu pai. Sem obter nada, a aura assassina ficava mais sangrenta, jogando o retrato no fogo de sua lareira que mal é usada.
Mohammad, que olhou a ação, não controlou e foi até lá, colocando as mãos nuas para salvar a sua amada, mas como a chama é impiedosa, a fotografia se desmanchou, derretendo completamente, ficando escura sem sua imagem.
E as mãos, na tentativa de salvar algo, tinham queimaduras de segundo grau. Entretanto, não há dor, mas seu peito por perder a única coisa que deu valor de verdade.
“Irei matá-la caso não apague sua existência, não darei apenas um fim em sua vida, mas farei sofrer muito. Acredito que meus homens vão amar comer uma buceta virgem.”
“….!”
“O que acha disso, Mohammad? Fará como digo, ou se responsabilizará por todo sofrimento e morte dela?”
Igual ao filho, não ficava em palavras, e por saber disso, preferiu acatar para poupar a vida dessa menina que trouxe um pouco de calor à sua existência.
Será árduo, doloroso e muito difícil eliminar algo que está enraizado em sua mente, similar a uma tatuagem. E, ao dar as costas, prometeu que apenas incapacitar não era o suficiente.
Tinha que torturar lentamente, até dar o último suspiro de vida.
Foi daí que surgiu a ideia de envenenar, causando um câncer fatal que se estenderia até a morte de fato.
Entretanto, não recorda desse amor que sentiu antes de cruzar seu caminho, agora é lançado com essa informação ocultada por 26 anos.
Acredita que o motivo foi a ameaça, e para proteger, esqueceu sua existência, seu subconsciente removeu qualquer rastro, fazendo acreditar que nunca existiu.
Por isso, aquela febre louca e seu lado cruel acentuado, o seu amor por ela fez a vida de muitos um inferno.
“Então é por isso que a procurava em milhares de rostos parecidos, e o fato de nunca conseguir amar outro alguém.”
Reuniu todo esse bloco quente de informação.
Portanto, se rendeu assim que a fitou, era forte demais para ser ignorado ou passado. Quanto mais via, mais queria a razão da obsessão e possessividade exacerbada, esse sentimento que transborda uma piscina profunda.
Não sendo recente, e sim antigo que se cultivou e só esperava o momento ideal, e ter verdadeiramente, sem ameaça.
Ou será que não?
Quando percebeu o fato de matá-lo, seu mundo caiu porque, até então, era concluir o objetivo de procurar uma toxina forte o suficiente, mas de efeito lento, para causar anomalia no DNA das células pulmonares e estimular a fabricação e a proliferação de células cancerígenas.
De um tipo que mate lentamente, assim o torturando.
No entanto, por desconhecer essa mudança abrupta, adotou como plano original, excluindo o que de fato era para ser feito.
Depois, após ‘eliminar’ seu amor de sua mente, tornou-se bem mais nocivo do que era.
Que foi vivido e sofrido em Ahmad, que passou pela seção de tortura mais cruel, incluindo a morte de seu grande amor, acarretando não só cicatrizes físicas, mas também em seu emocional.
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