Capítulo 169
Samira ressaltou que, apesar disso, garante que possuem uma boa vida, não ficam doentes com frequência, estão no peso ideal e frequentam a instituição de ensino, e os dois mais velhos são alfabetizados, sabendo tanto ler quanto escrever.
E revelou que, por ter o interesse maior pela leitura, tem uma boa escrita e uma letra cursiva bonita.
Claro, não trabalha e aproveita bem a infância, toda renda é oriunda dos pais, somente deles. O que de fato aliviou foi saber que não passa dificuldade ou faz algum tipo de trabalho para prover o sustento da família.
Só de observar, soube que o peso está ok, e sua altura é um pouco abaixo da média, sendo que puxou as características da mãe, que é extremamente baixa.
Acredita que vá até ficar um pouco mais alta, não tanto, no máximo até 1,55 cm. E está tudo bem, ficará linda nem que passasse dos dois metros ou fosse um anão.
“Oi, voltei.”
“Ah! Oi, não sai do lugar, não sabia que enchia tanto… Parece uma piscina, igual à do meu vizinho.”
“Do seu vizinho?”
“Sim, só que o dele é de plástico grande e azul. Assim como o meu tio, o pai do meu vizinho tem uma boa condição, aí às vezes vou lá.”
“E vocês brincam juntos?”
Essa pergunta, com teor de curiosidade, na realidade guardava raiva, pelo ciúme que borbulha dentro de si, aqui devido à religião ser a raiz de tudo, meninos não podem brincar com meninas, exceto caso sejam irmãos.
A ressalva é que cada sexo brinca com seus pares.
Não existe essa mistura igual onde mora.
Agora que está no seu domínio, não deixará fazer o mesmo, só poderá brincar com quem autorizar e o único menino a lhe fazer companhia será ele, somente ele e mais ninguém.
Nem seu cachorro poderá ter esse deleite, exceto se quiser.
“Não muito, a maioria do tempo fico sozinha porque os pais dele deixam ficar lá, mas também fico com a irmã mais velha, só que não gosto das mesmas coisas que ela, sabe?”
Os dois que observaram esse pequeno diálogo viram o vinagre enraizado, apesar disso, entenderam esse tipo de atitude e focaram em sua direção em repreensão.
“Sério, Mohammad?”
“É mais forte, não tem como controlar, venho te amando há bastante tempo, é natural não querer que fique perto de outros homens. E, além disso, a minha religião não permite esse tipo de coisa.”
“Eu só tinha seis anos, esse tipo de atitude é ruim, principalmente com uma garota dessa idade. Não passou por sua cabeça?”
“Creio que sim, não faria nada de ruim ou o que esteja pensando, e se esqueceu, posso ter esse corpo avançado, mas só tinha dez anos, também era uma criança.”
“Vamos ver o que acontece, espero que não se atreva a me tocar da maneira que estou imaginando.”
“Não acontecerá, não se preocupe.”
Tem certeza, se conhece melhor que ninguém e nunca teria essa atitude horrenda que aquele guarda-costas de seu pai teria, só cuidaria, protegeria e daria tudo que quisesse.
Mas nunca isso, pois por amar não faria nada que machucasse.
Quando revelou as funções da banheira, que faz bastante bolhas e um barulho baixo, ficou eufórica e até tocou para sentir a sensação na sua pequena mão.
Nunca viu, nem na casa de seu tio, que mora na rua e tem carro, fora que o espaço é enorme e muito bonito, como nos filmes americanos mostrados na ‘Sessão da Tarde’.
Desse modo, alguém bateu à porta, baixo o bastante para ouvidos normais, mas não para os dele, que ouviu com clareza, e levantou, pedindo para ficar no mesmo lugar e não sair.
Permaneceu distraída com a água limpa e quentinha.
Sabendo que é cachorro, ao abrir, fitou com as coisas na cesta, longe dos produtos de limpeza que vieram com um pano novo e um esfregão.
“Entre. E fique aqui mesmo.”
“Sim, jovem mestre. Precisa que limpe o chão do banheiro?”
“Não pedi para fazer nada.”
“Desculpe pelo meu erro, jovem mestre.”
Mohammad pegou e voltou ao banheiro, em que foi fechada para que ninguém ouse atravessar essa linha invisível.
O empregado não entendeu essa atitude estranha, sabe muito bem que nunca usaria nada com cheiro além de seu perfume.
Fora isso, é sem odor, promovendo a limpeza e só, sem deixar rastro de fragrância alguma.
Entretanto, fez um pedido estranho e pediu essência com perfumes cítricos e doces, e o creme de pentear do pai que tem curvatura cacheada, diferente do filho que é extremamente liso.
E, por ser escravo, também obedece à norma estipulada, sua derme deve ser o mais ‘clear’ possível, sem perfume, cuidando bem da higiene, como manda o protocolo.
Seu trabalho não é ser um indivíduo e sim uma sombra, que não possui cheiro e se mistura facilmente no meio da multidão.
“Gostou das bolhas de sabão?”
“Parece igual aos filmes, é muita espuma, olha! Hahaha.”
Rindo, achando muito divertido pegar algo denso, mas leve, que podia ser atravessado facilmente.
“Olha, vou virar de costas e aí tira a parte de baixo e entra na banheira, quando tiver dentro, me avisa que volto a virar de novo, ok?”
“Tá bom.”
Ao fazer o que prometeu, a menina retira a única peça, deixando-a no chão, e, com certa dificuldade, empurra com a barriga, entrando nessa maravilha que agora tem nome.
Por respeito, e pela idade, não possuía nenhum tipo de maldade ou algo relacionado ao carnal, e entende que, até sair dessa fase, deve ser uma espécie de ‘irmão’ e amigo, com a maior idade dará outro passo, aí, sim, investirá.
Enquanto isso, será seu cuidador.
Ao seu redor, criará um mundo deles e, para isso, precisa eliminar algumas pedras.
Começando por seu pai.
Ao limpar o chão, colocou no balde para ser jogado fora.
Não queria que seu escravo fizesse a ação porque assuntos dela só cabem a si resolver, isso inclui limpar tudo, mesmo que fosse merda ou vômito, não deixaria ninguém tocar.
“Olha! Olha!”
Exclamou, ao juntar um punhado de espuma e assoprar, voando um pouco à sua frente e caindo no mar de suas iguais, formando uma nova camada de espuma.
“Gosta disso? A água está boa?”
“Sim, é muito legal assoprar espumas, parece aquele potinho de fazer bolha de sabão.”
“Fico feliz em saber que gostou, olha, vou ali fora pegar uma roupa nova para vestir, ok?”
“A minha mãe deixou roupa?”
“Sim… Vou lá, ok?”
“Tá.”
“Não molha o cabelo, quando voltar farei isso.”
“Sim.”
É outra mentira, na realidade, durante essas duas semanas, fez várias compras numa loja famosa de moda infantil feminina, ali reunia roupas de grife estrangeira e também nacionais.
Dubai está saindo de uma cidade ‘sem nada’, para uma era moderna que está cada vez em ascensão, ainda mais com a coroação do novo herdeiro depois da morte do antigo príncipe.
E com sua administração, muitas coisas estão acontecendo e o país, que era de 20 mil habitantes, atualmente tem mais de 500 mil, a maioria de estrangeiros de alguns países do Oriente Médio e Ásia.
Devido a esse grande poder — oriundo de petróleo e ouro — houve o ‘boom’ de novos milionários que moram em belas mansões e andam em carros de luxo.
Adotado como país global, em que o ocidente se mistura com o oriente, as marcas de luxo estão fazendo seu comércio aqui, e é por isso que não é difícil comprar certas coisas. Basta ter grana e pronto, tem tudo.
Quando o empregado saiu do banheiro, o semblante não era o rotineiro, e sim quente e bondoso, como se estivesse na presença de uma pessoa muito querida.
E isso era visto naquelas ocasiões quando possuía a pasta preta, era perceptível quando olhava para o conteúdo.
No closet, em nenhum momento emitiu um único som, e como não dispensou, permaneceu ali, e só falaria caso mandasse.
Nisso se comportou como os móveis desse quarto, tão duros quanto mais frágeis diante de uma força tremenda.
Ao aparecer, tinha roupas em suas mãos, que não sabia de onde vinham e eram modelos e tamanhos bem diferentes da sua estrutura.
E na coloração lilás, caracterizando como de menina.
Não compreendeu o que de fato tinha roupas femininas, será que tem algum tipo de fetiche estranho?
E o pior, não foi descartado, mas continuou ali, não autorizado a tocar em nada.
Em suas mãos, tem um pente de dente largo, uma nova toalha branca e uma calcinha infantil bem fofa com vários desenhos de ovelhas estampadas.
“O que tem nesse banheiro para o jovem mestre levar uma calcinha de criança? Será que… não, não chegaria a esse nível. Principalmente por exigir ser perfeito em tudo.”
Mais uma vez, se manteve fechada e não se sabe o que acontece, já que as paredes e a porta são feitas de mecanismo antirruído, dando total privacidade ao seu usuário de fazer o que quiser, até o direito de matar é válido.
Era disso que tinha medo, caso quisesse dar um fim em sua vida, seria num local assim para ninguém ouvir pedindo ajuda.
Demorou um tempo, na realidade bastante, não sabe quantos segundos, minutos ou horas ficou, mas ainda é de manhã.
Por algum motivo, Mohammad faltou aula, não explicou a causa e suas mãos continuam sarando das queimaduras que não sabe o porquê. Mas acredita que seja mais um árduo treinamento do Sr. Haroon.
Ele está criando a criatura ‘perfeita’ tanto, que desconfia que sua criação vai lhe matar um dia, igual ao livro ‘O Médico e o Monstro’.
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