Capítulo 170
Quando achou que perpetuaria, a porta é aberta, ouvindo com perfeição a voz de Mohammad e uma infantil.
“Nós andamos iguais. Nós andamos iguais! De um lado pro outro. Pra frente, pra trás. Nós andamos iguais! Hahahaha.”
Não de mesma idade, porém bem mais nova, como se tivesse entre cinco e seis anos, e essa pequena criatura está rindo alegremente enquanto o menino é tão doce quanto uma montanha grande de mel.
Nunca, jamais aconteceu, Mohammad não é doce com ninguém, inclusive com estranhos ou garotas, era ríspido, cruel e frio.
Igual a um bloco de gelo, como se a temperatura na barriga da progenitora fosse negativa.
E ver assim, cantando algo idiota, rindo e sendo calmo com outra, é estranho, na realidade, anormal. Quando saiu, trazendo consigo nas costas uma menina envolta na enorme toalha, ficou mais confuso ainda.
“Onde tirou isso? Quem é ela? Como veio parar aqui? O jovem mestre sequestrou uma criança agora?”
Tonto e apavorado, cogitou ser mais uma cobaia de seus experimentos cruéis, mas quando viu colocar com todo cuidado em cima da cama, viu que as peças não se encaixam.
“O que gosta de comer?”
“Hum… gosto de bolo de chocolate, de biscoito traquinas meio a meio, biscoito da vaquinha, toddynho, danoninho e pirulito.”
“Sem ser doces, de comida, o que mais gosta?”
“Eu amo feijão, gosto de coxinha de galinha, empadão, lasanha, legumes, e… não lembro. Mas não gosto de abacate e café com leite.”
“Está com fome?”
“Sim, mas não quero comida, quero hambúrguer do McDonald.”
“Já comeu lá?”
“Não, mas vejo muitos comerciais na TV quando chego em casa. Aí queria comer, tá?”
“Tudo bem, mas à noite vai jantar, ok?”
“Tá bom.”
Ahmad, que nunca viu isso, queria saber se estava louco ou sei lá, se as inúmeras torturas tinham afetado seu cérebro, mas não, quanto mais presenciava, mais achava uma grande brincadeira e uma ilusão perfeita.
Uma menina negra que usava uma calcinha infantil, a mesma que pegou no closet. O cabelo rebelde e seco mostrou sua verdadeira forma, preenchido com vários cachos iguais molinhas suaves.
É bonito e o cumprimento, quando molhado, caía nas costas, agora está encolhido pela sacanagem rápida com a toalha.
É extremamente boazinha e não reclama quando um estranho a veste com as roupas que comprou antes mesmo de conhecer.
Como se esperasse sua presença por um bom tempo.
Parecia uma boneca nas mãos desse tirano.
“Essa roupa é igual à que as meninas do Chiquititas usam, só que os delas são verdes e esse é lilás.”
“Chiquititas?”
“Passa no canal 9, assisto todos os dias, não perco um capítulo. Elas dançam, cantam e têm até bonecas e figurinhas de álbum pra colecionar. Mas não tenho, eu pedi para meu pai, mas não tem como….”
“Entendi, posso ver isso, ok? Gosta de mais o quê?”
“Gosto de Barbie, sempre sonhei em ganhar uma casa da Barbie com carro e… o Ken. Acho que minha mãe e meu pai vão me dar algo no Dia das Crianças.”
“Hum… vem, senta nessa cadeira que farei um penteado bem bonito.”
“Igual ao que minha mãe faz?”
“Sim.”
Pegando na mão, transitando da cama macia sem machucar. Ahmad continua petrificado, por ser tão receptivo e pela confiança no jovem mestre.
Fez crer que não se conheciam recentemente e, achando ser invisível, a menina que ia até a cadeira acabou lhe enxergando e, como qualquer um, lhe cumprimentou.
“Oi, quem é você?”
Expressou no dialeto nativo, por ser obrigado a aprender essa nova linguagem, compreendeu a maioria das coisas, mas já falar… soava meio estranho.
“Eu sou…”
Mohammad mirou de modo assassino, explicitando que não é para dizer nada do que não seja permitido, contudo, como não tem vontade própria quando não está sob a tutela dos pais, saiu da cadeira e veio correndo em sua direção.
Isso o assustou, e um sentimento de espaço está bem diante dele como se a garotinha fosse ser roubada.
“Oi, me chamo Bruna, tenho seis anos, fiz esse ano mesmo. Então, qual é seu nome?”
“Pode me chamar de Dog, tudo bem, senhorita?”
“Dog? Seu apelido é ‘Dog’?”
“Sim, esse é meu apelido, costumam me chamar assim.”
O casal viu que Ahmad tem uma expressão suave para disfarçar o nervosismo. A jovem, que agora entende o mínimo do inglês, não imaginava um apelido como esse, portanto perguntou sobre essa veracidade.
“Por que diabos o secretário se chama ‘cachorro’? Não é o mesmo usado nos contatos dos seus guarda-costas?”
“Parece um cachorro, por isso o apelidei assim que chegou na antiga mansão.”
Mentiu sem a cara tremer.
“E desse apelido, se originou os vários que trabalham com você?”
“Sim.”
“Hum.. Mania feia de usar nomes de animais para as pessoas.”
“Desculpe.”
“Não, deixa pra lá.”
A menina olhou, e de alguma forma não agradou essa nomenclatura, como se o interior compreendesse ser errado, por isso, foi sincera e lhe deu um inusitado.
“Não combina com ‘Dog’, vou te chamar de ‘Pudim’, tá bom? Pode me chamar também de ‘Bubu’, minha mãe me deu esse apelido.”
“Pudim?”
Meio surpreso e confuso com algo que não entende se é bom ou ruim.
“Sim, olha, Mohammad é o ‘Lobo mau’, eu sou ‘Cordeirinho’ e você deve ser o ‘Pudim’.”
“Ahn… Sim, claro. Como bem quiser, senhorita.”
“Vem, Bruna, vamos ajeitar esse cabelo.”
O rosto dele perante essa pequena ação é feroz e carregado de possessão, sem ação teve que aguentar o carinho dado por essa boca caridosa.
Normalmente, não acontece, nunca foi desse jeito e isso lhe deu um certo temor.
Quando terminou e fez o penteado bem bonito, deixou na mesa e pegou papel branco, lápis de cor, canetinha e giz de cera para distraí-la e não prestar atenção ao seu redor.
Contrário às que gostam de correr e brincar, é comportada e silenciosa quando lhe dá algo que agrade.
Portanto, não prestou atenção em nada, e ficou apenas desenhando na folha branca como pediu, e com um rosto alegre apoiou seu pequeno braço na mesa, e usou a mão direita para comandar o que seu cérebro quer expressar.
Nisso, o jovem mestre veio em sua direção e o guiou até um espaço que conhece bem.
Calado, apenas seguiu e, quando chegou na sala secreta onde nem os empregados entram, a porta que somente ele tem a chave, revelou.
Parecia um pequeno ‘laboratório’ científico, e tudo foi escolhido a dedo por seu criador, onde fazia as maiores experiências cruéis.
E foi direto na gaveta branca esterilizada, em que guarda as fabricações, todas com 100% de aprovação, e escolheu a mais recente.
Desenvolvida após a extração do vírus que causa a paralisia infantil.
Esse que infecta o sistema nervoso, causa paralisia nos membros inferiores e, caso atinja as células dos centros nervosos que controlam os músculos respiratórios e da deglutição, é fatal, causando a morte.
Já existe a vacina, dada em crianças até completarem os cinco anos de vida.
Só que isolou certas partes do RNA do vírus onde gera a paralisação dos músculos do corpo e da fala. Não prejudicando a respiração ou a deglutição, basicamente tornando-se uma pedra.
Perfeito para o plano inicial.
Prejudicando a coordenação motora e a fala de seu querido pai, afetando-o como presidente da corporação.
E ter todo domínio fazendo o que sempre quis, mas o servo não compreende que seria nesse instante. Normalmente, só faria após completar a graduação aos 22 anos.
Entretanto, algo aconteceu e terá que fazer hoje, usurpando o trono e usá-lo como marionete para colocar as mãos em tudo e estruturar ao seu modo.
E ao colocar a pequena ampola na caixa pequena, separou outras coisas como soro, agulha… um kit completo para o veneno fluir pela corrente sanguínea.
Não só isso, mas armas e facão, tudo para concluir seu objetivo e proteger um item valioso demais que está distraído desenhando sobre o que gosta.
Ao separar, sentou em seu computador e teclou sem parar, conseguindo acessar o sistema de segurança da mansão e ciente, desativou todas e pôs num modo miragem, para não perceberem o que de fato está ocorrendo.
E, por fim, um papel especial preparado à mão, como manda a tradição da família Haroon, e o antigo passa o poder para o novo sucessor, escrito com a caligrafia perfeita de seu pai.
Uma falsificação mais que perfeita, possuindo o carimbo oficial mantido por mais de mil anos.
“Está na hora de jogar esse estorvo para escanteio.”
“…”
“Já sabe o que deve fazer, né cachorro?”
“Sim, jovem mestre.”
Entende o significado, foi treinado, precisava matar uns caras que são mais fortes que ele.
Não sendo um problema, já que foi modificado para fazer o ato com perfeição, e desse modo, pegou sua glock e um facão.
Eles foram companheiros de treinamento por cinco anos. Ao sair da sala, seguiram caminhos opostos, pois precisam concluir com mestria.
O pai dele costuma ter uma vida de rei, não ligava muito para os negócios e sua canetada era distribuída aos baldes, basicamente vivia como um adolescente sem controle gastando em luxos desnecessários, com várias festas custando milhares de dólares.
É um velho com espírito inconsequente, e seu filho é o contrário, mas teria um fim, graças à menina que lhe deu forças para isso.
Sabe dos horários, nesse instante está dormindo como um urso em hibernação, como se não houvesse nada importante.
Logo, tem a tranquilidade para adentrar nessa caverna, com as câmeras alteradas não haveria provas de incriminá-lo. Tendo certeza, pelo cuidado e carinho para não haver brechas.
A porta cheia de detalhes valia uma fortuna.
Ao abrir, invadiu o reinado de Scar que dormia pacificamente, estando alheio a tudo ao seu redor, enquanto Simba armava o plano.
Seu pai só tem tamanho e força, mas o cérebro só serviu para planejar, depois, atrofiou como metal cedendo à ferrugem. E, precisa eliminar esse mal de vez por todas.
O quarto está um breu, mas aos olhos dessa criatura parece tão iluminado quanto o dia mais claro, e iniciou seu desejo e vingança.
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Capítulo 170
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As Mil e uma noites Dela com um espírito Obsessor
Dizem que o amor é a chave para o sucesso, capaz de unir mãos e garantir um felizes para sempre.
No entanto, Bruna, prestes a completar 32 anos, já não sente mais essa faísca e deseja...