Capítulo 94
“Bruna, tu vai mesmo participar do bingo da tia do Breno no sábado?”
Beatriz, que interrompeu a linha de raciocínio, deixou meio perdida.
“O quê? Desculpe, tava distraída, não entendi.”
“No bingo, sábado, na casa dos parentes do Breno.”
“Ah! Sim, não, não quero ir.”
“Sério? Poxa, vamos lá, vai ser divertido.”
“Não sei, vou ver.”
“Ok.”
No meio termo, provavelmente levaria alguma coisa da cafeteria, apesar de ser um tanto caro.
Passou o olho no cardápio, que possuía uma variedade enorme, portanto, quem sabe, pediria ao seu novo amigo esse ‘pequeno’ favor.
“Se não for pedir muito, tem como falar com o cunhado?”
A mesma ideia, mas intenções opostas.
Sua irmã não queria ficar comendo besteira, optando por algo que encaixasse dentro de sua dieta.
“Não sei, posso tentar, quem sabe…”
“Sei que não vai ir, e se não for pedir demais, pede uns minidonuts.”
“Tá.”
Não deu tanta certeza, seu marido reclamou para que parasse de ficar pedindo as coisas que só dizem respeito à mais velha.
Fazendo acordar enquanto dá tempo.
Beatriz é um tanto teimosa sobre esses atos e se sentia tranquila sobre tais coisas ao serem mínimas.
Outro lado discorda, bastam as coisas trazidas, que são divididas e, por incrível que pareça, não causavam o efeito indesejado, toda vez que consumia doces.
E saber desse ‘pequeno’ pedido, já imagina que a pessoa de interesse na sua cunhada pode ficar incomodada de ficar favorecendo a irmã.
Compreendendo que, caso falasse e barreirasse as intenções, delimitando a Bruna, não brigaria ou reclamaria, mesmo que o beneficie.
Beatriz, ouvindo, ficou um tanto pensativa e, com a reflexão, interrompeu, resolvendo levar algo de casa mesmo, como um bolo.
Falando nisso, ninguém sabe sobre amanhã, foi mantido em segredo absoluto, pois os conselhos dados são de extrema certeza e o correto.
E, para não ouvir a repreensão, resolveu apenas dizer que passará o dia com Mohammad, alertando o horário da chegada para tranquilizá-los.
O alerta não inibe a incerteza, e o intuito sendo verdadeiro, resguarda o direito ao nervosismo.
Porque sabe que ficar no mesmo espaço com alguém que deseja algo mais profundo é um tanto perigoso.
Por ter medo de ceder demais, fazendo aquilo que não deseja fazer.
Sentindo as mesmas reações de sempre, e o mais tardar, pintar um arrependimento e a culpa por ser uma idiota, caindo no papinho de quem demonstrou as intenções.
Por isso que não queria ir, essa coisa chata de não conseguir nada, num corpo que se assemelha a um cadáver que, na hora do ato, não sofria a reação do prazer e sequer tem um orgasmo.
É decepcionante e superestressante.
Estava habituada a fingir o tempo todo.
E isso não deveria acontecer de forma alguma, jamais.
Pelos pensamentos, o futuro perdurará até o sono, e provavelmente o efeito do remédio não funcionará pela intensidade das aflições.
Ficando mais forte que os pobres agentes externos que só querem fazer seu trabalho.
***
Sam olhava mais uma vez o documento feito pelo secretário, focando a foto de um cara que é semelhante ao homem que olhou sexualmente para a senhorita na sexta passada.
Não queria admitir, mas esse fez parte do passado dela, e se fosse espalhado para a equipe e até para o presidente, não seria somente aquele cara ter o mesmo fim.
Nisso, foi a melhor coisa da sua vida.
Nunca presenciou o lado tão cruel, só ouvia histórias, e mesmo assim, eram ocasiões raríssimas como Takano.
A madrugada de domingo para segunda injetou uma dose alta de adrenalina e euforia enquanto bebia vodca, fumando doses excessivas de cigarros.
Enquanto o torturado urrava quando cada parte era arrancada.
Não se incomodou em usar um jaleco de plástico para evitar sujar sua vestimenta com o sangue desse fracassado.
E todo cenário foi a cereja do bolo, queria repetir, só para sentir a mesma sensação.
Mas, assim como antes, deixou de lado e esperou o momento exato para usar, cogitando que essa pedra não causaria danos graves.
E, como estava casado com um modelo semelhante, acreditava que não faria nada, por enquanto.
Caso aconteça, sabe como agir e não medirá esforços para entregar sua cabeça numa bandeja de prata, e implorar para ser tão cruel quanto foi com outro.
Só pelo prazer de ser injetada outra dose viciante no corpo.
Assim, o golden fechou a pasta e apenas gravou o rosto desse ser que ficará em situação tão pior que o outro, caso esse desejo seja expelido para fora.
O líder estava junto ao secretário na suíte do presidente, para reunir todas as informações do ladrão que entrou no laboratório na segunda.
Conhece, ao ser responsável por contatar quando roubaram o outro centro de pesquisa, trabalhando com um dos mais furtivos e silenciosos, Nathaniel.
E o fato desse mesmo mercenário agir a mando de outros alertou que alguém poderoso estava por trás.
Só que, diferente de Nathaniel, que se iguala a um fantasma, esse foi estúpido em não fazer uma boa análise e verificar o sistema.
Sendo flagrado em 8k, para todos saberem seu rosto e ter a facilidade de encontrar os outros ratinhos.
“Presidente, o pendrive roubado foi interceptado e todas as informações contidas foram apagadas.”
“Natural…”
“Também temos os suspeitos que contrataram seus serviços.”
A foto de três homens é de conhecimento público e já esteve em sua presença num evento solidário.
Todos pertencem à área farmacêutica e são responsáveis pela disputa contra o império Haroon na fabricação de um novo órgão sintético.
Semelhante à corrida espacial no tempo da Guerra Fria, o grupo Haroon saiu na frente e conseguiu fazer o feito, freando aqueles que mal saíram do segundo estágio.
Diante disso, no desespero de conseguirem igualar o placar, esses senhores contrataram um idiota para não só roubar o material, mas também as anotações e os testes feitos.
Assim, se baseando facilmente na criação de um novo modelo, que foi vendido a preços astronômicos.
O erro primordial foi a contratação desse acéfalo, a razão de usar naquela missão era para usar como bucha para as autoridades fazerem um banquete.
Contudo, com Nathaniel, a missão foi mel na chupeta, engrandecendo a arrogância desse idiota.
“Essa caridade que me mata.”
Já os envolvidos, trabalham para a concorrente, Gênesis Life.
Essa corporação tem menos de 50 anos de história comparada à Health, fundada no final de 1920.
O motivo de as duas serem adversárias e até inimigas mortais foi o caso do roubo fracassado da Gêneses, que deu vitória à Health.
Fora que ambos tinham o mesmo projeto.
Após a morte de seu avô, a Gênesis estava na frente da Health pela má gestão do último patriarca.
Sonhando em ser o primeiro na fabricação da glândula, porém, com a entrada de Mohammad, um giro de 360° foi dado.
E, graças a isso, as fases encalhadas foram aceleradas e, com a nova administração, o projeto deslanchou, principalmente depois do roubo, que tinha o necessário para concluir o produto.
E a criação da vacina na época da pandemia coroou outra vez a Health como soberana no mercado mundial farmacológico.
Entretanto, não são os fundadores, e sim chefes de alto cargo e responsáveis pela continuação do projeto-piloto, observando que o dono seja o real mandante.
Mas, como o sistema mantém a sete chaves quem seja o verdadeiro rosto por trás dessa instituição, somente os três foram identificados.
Claramente uma bucha de canhão.
Esse não é o objetivo, e sim, a célula central que comanda toda aquela porra, e precisava pesquisar mais a fundo para desvendar quem é o verdadeiro dono dessa merda.
“Não é complicado, pois o antigo patriarca morreu num acidente. Contudo, era apenas a nata da gordura, impossibilitando identificar a quantidade de membros dessa família.”
“Leve Damian, Christian e Jason. Takano, comande a equipe e vá para Genebra. Quero as informações em até 72h. Sem falhas, caso não conclua, serão os que sofrerão as penalidades.”
“Sim presidente.”
“Secretário, fique alerta e auxilie durante o serviço. Caso não faça ou haja um único deslize, será penalizado também.”
“Sim, presidente.”
Esse erro adiantou a sua foice de eliminar alguns porquinhos e engolir outro meio de produção.
“A coragem deles foi mexer na toca do lobo.”
A frente fria terminaria no domingo à tarde, retornando o clima quente do verão carioca, e enquanto estiver aqui, aproveitará para curtir o curto período com ela.
***
“O quê? O líder vai viajar para Genebra com os outros, inclusive o Pumpkin?”
Sam e Oliver dividem o mesmo quarto de hotel.
Assim, para passar as horas, extravasam no pôquer indiano, e as fichas na mesa de jantar não valiam nada, era por puro entretenimento, enquanto bebiam um bom conhaque.
“Na verdade, o líder já embarcou, deve chegar amanhã.”
Sam, que conhece cada habilidade da guarda, sabe o intuito de levar Damian.
“De quem vão obter a informação?”
Revelando a carta puxada, expõe a qualidade dessa abóbora nos métodos de tortura.
Considerado o segundo melhor torturador da equipe após o presidente, é responsável por fazer esses tipos de serviços que o dono não está a fim de pôr as mãos.
E só disso, já ligou os pontos.
O poker indiano é considerado um jogo mais ‘leve’, propício numa roda de amigos.
Portanto, estava sendo usado por dois homens cruéis que relembraram as famosas histórias das missões do companheiro que tem o apelido de ‘Pumpkin’.
E nisso, bebem várias rodadas de conhaque e curtem a ligeira folga, após 12h de serviço.
“Amanhã, a matriarca virá visitar o presidente.”
Relatou o segundo líder, ao lembrar a ordem dada pelo chefe sobre o procedimento.
“Ahn… Tão rápido assim?”
“É estúpido ou se faz? É claro que não rolará nada do que esteja imaginando, a senhorita só passará o dia com ele.”
“Oche, mas eles já não se pegam? Pra que remediar um peido pra quem tá cagado?”
“Ahhh… Como vai ficar o procedimento?”
“O de sempre, só não deve perceber nossa presença, por causa disso, estamos proibidos de fazer guarda na entrada da suíte.”
“Ahn… Mas acredita mesmo que não vai rolar nada?”
“Humph! É tão inocente quanto um filhote mesmo. Parece que nunca escutou sobre a antiga vida luxuriosa do presidente. Ele não foi considerado um cruel e sádico casanova à toa.”
“Mas…”
“Quando se trata dessa mulher, o rumo é diferente, dessa vez não tocará sem permissão e muito menos forçará a fazer sexo.”
“Porra, sei lá, eles já se beijam, e depois do que aconteceu com o Sr. Dmitri, achei que iam rolar nos lençóis.”
“É, tudo indicava, mas o presidente mantém o máximo de respeito, mesmo acontecendo tudo isso. As palavras dela são a lei absoluta.”
“Assim, amanhã vai ser quase um dia de folga?”
“Provavelmente, vamos acompanhar de longe até ser levada para casa às 17h.”
Oliver joga outra carta, desabilitando o jogo de Sam, que perde suas fichas, aumentando a do colega que vê a vitória logo ali na frente.
Embora a maioria não faça presença no andar, a rotina de Sam manterá.
Continuará fazendo entregas para a irmã dela, portanto, na sua convicção, é um dia comum.
“Droga! Perdi de novo!”
“Um filhote continua sendo um filhote.”
Comemorou, festejando por mais uma rodada esplêndida, se tivesse valendo, nesse momento só estaria com dois dólares na sua conta bancária.
E, desse mesmo modo, vão jogar outra partida, até a garrafa alcoólica ficar a dois dedos de terminar.
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Capítulo 94
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