Capítulo 95

A chuva fina causou uma queda de energia durante a madrugada.

 

Somente onde mora, não afligindo a área dos bacanas, o que é considerado chato, pois demoraria para consertar.

 

Enquanto isso, todos que sofrerem com esse mal passam a madrugada de quinta para sexta com um pouco de calor, pela frente fria perder força à medida que vai passando pelo estado.

 

E, para um bom entendedor, gerava incômodo e o perigo da falta por um determinado período.

 

Bom, o importante era vir, se não, a maioria dos refrigeradores sofrerá sob o efeito de não receber o calor da eletricidade e estragará o que tem dentro.

 

Causando pânico no proletariado, que trabalha duro durante o mês para comprar o mínimo da alimentação, e sabe muito bem que, caso permaneça, não poderá ter o privilégio repetido a cada quinto dia útil.

 

Se ferrando, vivendo apenas de ovo ou nem isso, infelizmente.

 

Esse auxiliar, que é de extrema importância para os necessitados, ocasiona a destruição de cadeias vitais que provavelmente para a pequena parcela privilegiada não aconteceriam tais riscos.

 

E é essa falta de preparo que estava reclamando.

 

Sem o ar gelado e a frente fria, incomodava no pequeno quarto, sob pressão do mormaço.

 

Não tem conhecimento sobre elétrica e não desperta interesse.

 

Por ser leiga o suficiente, não entende o funcionamento de uma rede que, quando tem todas as propriedades para ser desabilitada, não causou essa queda brusca.

 

Ao contrário de agora, que só garoava.

 

Isso não aconteceu uma única vez, era constante, tanto que teme pelo tempo bom do que o oposto.

 

O que não deveria fazer sentido, e por causa desse pequeno problema, sente um tanto de inveja daqueles que moram na parte baixa e pagam suas contas.

 

Mesmo o preço sendo astronômico em comparação ao de 0800, pelo menos, esses não precisam temer um clima normal.

 

E, mesmo após tomar remédio, seu corpo não produzia um sono de qualidade pela situação que só será esclarecida daqui a pouco.

 

Não obtendo o resultado de fechar os olhos e dormir os sonos dos justos, a cama que trazia um certo conforto expressava o antônimo.

 

E o pano que a protege é como deitar sobre grelhas de uma churrasqueira em pleno funcionamento.

 

Nisso, saiu e foi deitar no chão.

 

Um item indispensável para qualquer um que sofra a falta de um agente artificial refrescante.

 

E com o antigo edredom que perdeu sua funcionalidade e só estava pela misericórdia de deus, foi utilizado para quebrar a fina barreira dura desconfortável.

 

Dando a sensação de não dormir em algo que possui a mesma funcionalidade que o deus judaico deu sobre a serpente.

 

Encontrando o conforto gelado que desejava, sob um travesseiro para amortecer o pescoço e a cabeça.

 

“Que bom, acho que posso dormir melhor desse jeito.”

 

Só tinha duas horas antes de levantar e se aprontar para ir a um importante compromisso que a deixava louca.

 

***

 

Mohammad subia novamente a ladeira que dava acesso ao ponto que a encontrara, imaginou coisas que não faziam sentido.

 

O dia seria diferente de todo o resto, mais especial que as duas semanas.

 

Passar o dia com quem tem o interesse físico e sentimental, sem o contato íntimo, é desafiador.

 

Antigamente, caso quisesse ter o que seu pau tivesse escolhido, era fácil, só apontar e falar as palavras mágicas do puro desejo e da sinceridade, que cediam e davam além do proposto.

 

Entretanto, foi antes, hoje não tem essa graça, pior, são sentimentos fortes e conflitantes que lutam para não tocar além do permitido.

 

Basicamente, estava sofrendo o mesmo efeito que o antigo crush dela, fazendo toques ‘suaves’ e ‘leves’ para não denunciar suas verdadeiras intenções de passar dessa linha tênue e frágil.

 

[Estou com muito sono, posso tomar banho aí e dormir um pouco? Só cochilei por uma hora e tô tão cansado por causa do efeito do remédio que não reagiu ontem à noite. Desculpe.]

 

Faz vinte minutos que foi enviada, atingindo como uma rocha.

 

Parece estranho para quem tem uma lista vasta de incontáveis em seu currículo.

 

E, pelo fato de ser geneticamente comprovado, pediu para dormir e até tomar banho no mesmo banheiro que usa, sendo um tanto controverso, assemelhando-se a um virgem.

 

Se arrependendo de não instalar uma câmera, agora terá que ficar só no imaginativo enquanto bate uma no box.

 

No mesmo espaço, pode ver o pai dela descendo para trabalhar, sempre aparece nesse horário com um cronograma que segue durante cinco dias na semana, sabendo que daqui a dez minutos Bruna sairia de casa.

 

E ficou esperando, separou uma camisa para usar, nem que role nada, só essa ação poderá saciar o desejo de ver arrumando o cabelo e, se conseguir, secar com o secador disponível para os hóspedes.

 

Provavelmente, tomaria outro banho depois que terminar.

 

E viajando pela mente fértil, três batidas são ouvidas, e a imagem dela, cujas olheiras estão mais acentuadas, é revelada.

 

Esqueceu de destravar para entrar sem precisar pedir, seu cabelo estava um pouco mais bagunçado do que o normal.

 

Ao sentar, carregava uma bolsa plástica da rede de supermercado, e nela tinha tudo que precisava, como produtos para o cabelo até uma toalha de corpo limpo por precaução.

 

“Ahn… então é verdade que vai tomar banho….”

 

Era para si, porém, foi escutado e o intuito era que algo a mais acontecesse e precisasse se limpar para eliminar qualquer resíduo masculino de seu corpo, inclusive o esperma.

 

E, caso ocorra, não quererá ter contato nunca mais.

 

Porém, manteve o silêncio, não revelando o motivo.

 

“Onde está hospedado?”

 

“No Belmopan Palace.”

 

“Caramba, tu é rico mesmo em…”

 

“Por quê? Não acreditou nas outras vezes?”

 

“Tinha minhas dúvidas, agora realmente sei que tem poder aquisitivo.”

 

“Haha… não dormiu bem essa noite?”

 

“Não, o remédio não fez efeito e também, acabou a luz onde moro, o que tornou insuportável e tive que ficar no chão para amenizar a sensação de calor.”

 

Mohammad não consegue entender a lógica, e até um tanto nojenta, de dormir num local feito para pisar.

 

Mas, como era outra cultura e classes sociais, compreendeu o comportamento em fazer o ato para aliviar a sensação pungente.

 

Ao vislumbrar, estava encostada com a cabeça no vidro, com os olhos fechados e dormindo pacificamente, conferindo credibilidade ao seu relato.

 

E não quis perturbar, apenas mudou a intensidade do ar-condicionado, ficando mais gelado, e foi em direção ao destino, enquanto colocava uma música baixa que faz parte da sinfonia n.º 31 de Mozart.

 

A melodia completa fez o peito acelerado se tornar animado, apostando ser um dia bom, na verdade, um dos melhores.

 

E mesmo que gaste trabalhando no mesmo ponto que durma, continuará sendo uma das melhores coisas da vida.

 

Ao chegar, Alex esperava sua saída para levar o veículo até o estacionamento.

 

Em nenhum momento, durante todo o percurso de quase trinta minutos, acordou, como se estivesse em sono profundo, que nada ao redor despertaria dessa maravilha chamada descanso.

 

E questionou a razão dessa ocorrência.

 

Rapidamente, a solução dos fatores encaixou como peças casadas.

 

Retornando a atenção para si, que foi o principal fator dessa ação.

 

Era normal, considerando que não se conhecem profundamente a ponto de ficarem em um mesmo ambiente, longe das testemunhas.

 

Se quisesse, poderia levá-la imediatamente para Dubai e iniciar seu plano de conquista.

 

Contudo, mesmo tramando esse fio forte e realmente colocando as mãos no que é seu por direito, entende que, durante o processo, só ganhará o seu desprezo.

 

Impulsionando o instinto suicida a ponto de se desviver a todo custo.

 

Outra vez, não era assim, logo após o espaço para encontrá-la.

 

E a opção de conquistá-la, seduzindo seu coração gradualmente, a ponto de esquecer o laço sanguíneo para o pertencer, era uma das estratégias coesas.

 

Acalmando essa afobação, resolveu voltar ao ponto inicial.

 

“Bruna… Bruna, chegamos…”

 

“Hum….? O quê?”

 

“Já chegamos ao hotel.”

 

“Tão rápido? Nem consegui descansar direito…”

 

O percurso de quase meia hora se reduziu a segundos, implorando repousar numa cama macia no ar gelado.

 

Esfregando a mão nos olhos, quase caiu no chão.

 

A sorte foi que o segurança impediu sua queda na planície cimentada da belíssima entrada.

 

“Desculpa, moço, não prestei atenção….”

 

Bocejou durante o agradecimento.

 

Mohammad, parado, apenas mirou friamente para o empregado que fez um serviço útil, evitando o pior para seu lado.

 

O efeito dos remédios é forte, e como foram inibidos durante a noite, agora estava com força total, deixando-a dopada, como se tivesse tomado um boa noite Cinderela.

 

“Vem, segura em mim, apoiarei até chegar no quarto.”

 

“Tá…”

 

Mudando a direção, a guiava através do perfume, a sacola com suas coisas era carregada por ele.

 

E lentamente se aproximaram no elevador, com hóspedes lotando o espaço.

 

Devido ao cansaço extremo a ponto de desmaiar, adentrou nesse ninho, ficando o mais longe possível.

 

Só que havia uma conhecida que veio de uma casa noturna de Ipanema e estava vestindo o mesmo traje sensual da noite passada.

 

Sua maquiagem, por incrível que pareça, estava intacta, mantendo a beleza fenomenal, ainda que tenha bebido horrores e beijado diversas bocas.

 

Ela veio passar uma temporada no Rio, para curtir o carnaval durante a festividade e participar de vários blocos.

 

Sendo cliente, adivinhou quem seja o gentil e amoroso homem.

 

A sacola de mercado estava abarrotada, pontuando que passaria o dia com esse ser charmoso.

 

Logo, desses detalhes bem escancarados, acusou que essa estranha tem um caso sexual com esse cara.

 

“Quem diria.”

 

Como estava aqui desde o dia 12, passou essa informação dessa pessoa para uma amiga muito querida, que no momento não se encontra mais.

 

Além disso, o fato ocorrido no domingo, dia 14, no evento baladeiro anual, só soube assim que saiu do salão.

 

Ao entrar no seu quarto, a viu com a maquiagem borrada e derramando um rio no lençol.

 

As palavras raivosas soaram um misto de graça e pouca preocupação, pois estava louca o suficiente, esquematizando um modo de ficar com um flerte antigo.

 

“Amiga, aquele filho da puta me tratou como se fosse uma prostituta barata, aquele cara…”

 

“O quê? Quem?”

 

Em meio ao conflito, sobre o estado de embriaguez, a influencer, famosa nacionalmente, não acreditou na rejeição feita por um top de linha.

 

“Aquele filho da puta… Acabei de ser rejeitada por aquele bastardo desgraçado! Os seguranças deles me jogaram contra a parede do elevador e… Merda… Covardia do caralho…!”

 

O desabafo indignado era pelo fato de seu centro ser renegado.

 

“Sou bonita pra caralho!”

 

Além do que, sua beleza mudada gradativamente fazia-se questionar se era tão feia ou inferior como foi espelhado por aquele que, nesse momento, está à sua frente.

 

Bem ao lado de uma, que não chegava à unha do pé dela, que é a referência no mundo da maquiagem.

 

Ver a imagem dos dois chegava a dar uma certa ansiedade e raiva.

 

Queria muito tirar satisfação pela vergonha que causou, mas relembrou que também é uma figura pública e não pode causar confusão, teorizando que não levará nada em troca.

 

Incluindo o impacto gerado na quantidade de inscritos e o fator gerado desse barraco.

 

E discretamente, como se estivesse tirando uma foto do próprio rosto, enviou a imagem do casal para Chloe, que retornaria quando chegasse o festival.

 

O importante era não estar envolvida em algo que não beneficia, provavelmente ajudará ou não, sem o vislumbre de suas faces, já basta provocar o burburinho na internet.

 

Rolando alguma suposta denúncia por agressão.

 

Um assunto que estava em alta, depois do acontecimento com a apresentadora e modelo e seu ex-cônjuge e empresário, Maximiliano Correia.

 

Logo, viraria até trending topics e, se for necessário, pedirá para ser incluída e ganhar uma comissão pela confusão toda.

 

É assim que funcionava o mundo cibernético.

 

A internet só é movida sob indignação alheia, se for um famoso, melhor ainda.

 

A holofotação explicada pela Bira de ‘Algoritmo da Imagem’ retrata fielmente o que acontece sobre certos acontecimentos da atualidade.

 

A causa, que deveria ser defendida, é motivo para engrandecer alguém a comquistar mais inscritos.

 

Sendo um assunto por um longo tempo — que se prolongue por duas semanas — tudo bem, o que vale é a holofotação causada pela indignação do público.

 

Hoje, os deslikes causam mais impacto do que os likes, o ódio dos outros atrai um público maior que desconhecia a figura e siga essa influência, que mais tarde desabrocha em algum reality show.

 

Conquistando o tão sonhado reconhecimento, os quais são mais valiosos que o prêmio dado por esses programas.

 

Tudo é questão de ganhar o holofote, que mais tarde era convertido em marketing e, consequentemente, dinheiro na conta bancária.

 

Então, sim, o ódio de alguém é importante para esse universo.

 

Causar comoção e pena é proveitoso para ganhar mais olhares, inscritos e grana.

 

É uma atividade fácil, pois causar repúdio é semelhante a fazer um café, onde a dosagem deduzirá o quão amargo será nos paladares desses cifrões.

 

Consequentemente, a influencer, que tem alguns milhões nas redes, se aproveitaria da dor alheia de uma amiga muito querida.

 

Basta só acender o pavio, e pronto!

 

Ambas podem bombar na internet por tempo suficiente e ganhar mais capital de giro com inúmeras propagandas que cairão como uma cachoeira abundante.

 

Sim, a realidade é uma eterna novela de ‘Vale Tudo’ com pitadas de ‘The Office’.

 

Todavia, basta o parecer dessa.

 

O nível de raiva e desespero para fazer ‘justiça’ contra esse mau feitor que a humilhou, medirá na quantidade de respingo ao redor.

 

E de brinde levar essa desconhecida junto.

 

“Dois tiros com uma cajadada só.”