Capítulo 97
Lenta e preguiçosa, chega à entrada e abre com uma expressão desgostosa e furiosa, pela decisão estúpida de chamar outra pessoa para concluir certas partes, que nesse momento não estavam tão a fim de fazer.
É a primeira vez que rejeita o ofício e implora pelo ócio.
O secretário veio obedecer a uma ordem, estava em mãos com seus materiais.
Sexta, o único dia permitido a passar com o presidente para resolver todo o procedimento juntado durante a semana, e também considerado sagrado para os muçulmanos.
Teoricamente, não é para ser trabalhado e somente dedicado a Alá e às orações, como a simbólica salat jumat, item obrigatório para homens convertidos.
Porém, mesmo sendo sagrado e dedicado a Deus, Mohammad é um workaholic ao nível extremo — um defeito anormal, pois nem precisava tomar como prática, e sim um ‘hobby’ — nunca deixou de exercer suas funções às sextas.
E mesmo fazendo a oração coletiva, semana passada foi a primeira quebra dessa disciplina, o que desconcertou, pois era acostumado a parar suas funções e sair de seu aposento e esperar até que retornasse.
Com a chegada dessa mulher, tudo que foi construído em cima de uma regra e rotina foi destruído.
Até o momento atual, não mostrou nenhuma preocupação ou até uma culpa por fazer o que não é permitido.
“Esse cara nem deveria servir como modelo dessa religião.”
Provavelmente, continuará desse jeito até retornar para Dubai.
“Será que é tão importante, a ponto de ignorar a essência como religioso?”
O secretário cumprimentou naturalmente, pediu licença e, só vislumbrando, notou algo de errado.
A coisa notória é seu rosto, mostrando o desprezo costumeiro, com a leve acentuada de raiva só por sua presença, para algo programado.
Uma rotina adaptada desde que tomou o lugar na presidência, antes mesmo do antigo falecer.
Se questionando por algo sem sentido, não fez nada errado, e foi o mesmo que o contatou para vir ao seu quarto e fazer o que já é de lei.
“Não toque em nada do que já é permitido.”
“Ahn…? Sim, presidente.”
A ordem soou como uma ameaça clara, deixando confuso, na realidade, é óbvio, desde que se viram pela primeira vez, na época, antes mesmo de tomar o poder.
A causa desse aviso explícito, gravado no subconsciente e programado para ser feito naturalmente, sendo relembrado, é um tanto esquisita.
E a forma dita, severa, acionou o pequeno alarme em seu sistema já programado para encontrar várias rotas de fuga, e não ser penalizado como da última vez.
Quando a porta da suíte é aberta, o presidente entra diretamente, permanecendo assim sem qualquer outro aviso limitante, faz o que faz de melhor, continua de cabeça baixa.
À sua frente, estavam os materiais de sempre, disponíveis para uso compartilhado, como acontece uma vez por semana.
Apesar desse compartilhamento, o secretário tem noção de que deve levar os seus também, por servirem para cruzar todas as informações sem deixar rastro.
Diferente da rotina, onde senta naquela cadeira e começa todos os preparos da mini reunião, foi em direção ao banheiro e se trancou.
O outro ponto distinto foi o volume nítido em sua parte baixa, a enorme besta que costuma apelidar carinhosamente de pênis estava contida naquele moletom.
Mas, nessa ocasião, nem mesmo a peça conseguiu conter a fúria que chama de ereção peniana.
Uma cena corriqueira do passado.
Já viu sem ninguém segurando e presenciou em pleno trabalho quando penetrava uma mulher qualquer que convidou para saciar seu desejo insaciável.
Só que, depois de 10 anos em desuso, essa é a primeira vez que é contido por duas camadas de tecido, para impedir o constrangimento dos olhares alheios.
E, por si só, já devia ler o ambiente e encontrar o motivo desses dois avisos explícitos e, como tal, começou a análise.
E primeiro é a limpeza, desde o último incidente com o antigo gerente, esse lugar se tornou o maior exemplo de todas as redes hoteleiras do mercado, igualando-se ao nível ordenado pelo presidente.
Chegando até a ser desconcertante, com o nível zero de sujeira em cada pedacinho.
E, fazendo o cálculo, não era a razão desse comportamento, assim, basta sentir o aroma.
Sim, o antigo cheiro era inodoro, não podia ter nada, apenas de limpeza pelo olfato sensível, e quando entrou, era perceptível e conforme o acostumado.
Mas, diferente da sala de estar, aqui havia um peculiar e suave.
Na verdade, não nasceu com o dom maravilhoso dele, que distingue várias nuances, idêntico a um cachorro, era perceptível ao detalhar o odor só na primeira fungada.
E, por causa disso, não é qualquer perfume ou produto usável, sempre escolhendo aquele que agrade seus sensores amplificados.
Não suportando certos tipos muito adocicados, logo, nunca foi bom em gostar de coisas muito doces, evitando ao máximo ter contato com esses odores.
E isso vale para os cosméticos.
Já no uso pessoal, o cheiro tinha que ser marcante, mas não enjoativo, com um leve toque amadeirado, suave e fresco, o qual foi criado pelo renomado perfumista francês.
Tornando-o o único.
Por isso, teve que treinar durante décadas, para se aproximar do que é abundante nele, no intuito de servir como analista em tudo que envolva as excentricidades em questão de higiene.
Mas dessa vez, se trata de um conhecido — um grande desafeto — que o puxava para um dos pedidos semana passada.
“Foi a primeira vez que vi uma movimentação suspeita.”
Logo, sendo o proibido nos estabelecimentos que frequentava, para não causar nenhum tipo de animosidade.
Essa, que circula pelo cômodo, anulava o efeito estéril.
Automaticamente mirou para o lado, onde fica a cama, e lá há uma surpresa um tanto conflitante.
Uma estrutura desconhecida que não revelava o rosto e de estatura pequena, dormindo tranquilamente, revelando o tufo de cabelo negro, semelhante a um abacaxi.
É dali o epicentro, e o primeiro sinal de alerta que tanto procurava, e mesmo não sabendo quem seja, sabia seu sexo, pelo presidente detesta qualquer envolvimento masculino.
Mais perto, com todo cuidado para não alertar o enigma, demonstrava a tranquilidade num terreno perigoso, sendo relativamente novo.
Um feito inédito e bizarro.
“Quê?”
Nenhuma podia ficar mais que cinco minutos, essa era a regra absoluta.
Acabou a intensa onda de orgasmo? Tinha que partir no horário estipulado.
Já contou inúmeras vezes que o presidente saía nu de seu sagrado banheiro para jogar essa que insistia em ficar por estar tarde ou chuvoso e pior, nevando pra caralho.
A sensibilidade era pior que o zero absoluto, e não ligava em jogar quase nua para fora do seu apartamento como um saco de lixo despejado para fora.
Não era incomum ouvir gritos desesperados, choros altos que sofriam desse mal, e como se não aprendesse a lição de que era perverso, retornava mais uma vez, entretanto, imunizada.
Compreender que existe uma pessoa dormindo pacificamente, como se não fosse nada, é antinatural.
Quantas sonharam com esse deleite?
Até a coitada da Lauren, que nutria um amor sincero por esse monstro, não pôde ter o direito.
Nem utilizar o lavabo, e logo no dia em que teve um orgasmo tão intenso que manchou o lençol com o líquido abundante de suas glândulas Skene.
Sendo sua primeira vez, e depois do prazer histórico e comum para ele, foi despejada sem ao menos se limpar, e saiu do apartamento com a roupa do corpo e as pernas molhadas de secreção vaginal.
É inesquecível, pois assim que entrou para arrumar a cama, ela saiu de lá com o rosto carregado de lágrimas enquanto seguia para o elevador, servindo de entretenimento para os dois empregados, que contemplavam a desgraça humilhante.
Falando na Lauren…
Não quer relembrar, é doloroso.
Para amenizar a culpa por negligenciar a saúde mental deteriorada dela, que surpreendeu seu querido amor comendo sua melhor amiga, enviou o melhor buquê de flores para ser colocado em sua cerimônia fúnebre.
Por isso, respirou fundo e procurou não tocar nessa parte, podendo ser o que esteja pensando, e o motivo central do presidente ficar ereto depois de anos sem atividade.
Andando pelo cômodo, procurando mais pistas, conseguiu ver uma prova incriminatória que resolveria todo o mistério.
Uma sacola plástica de supermercado estava na poltrona, e ao lado, um celular velho.
E somente essa tinha o artefato.
Sim, a pessoa na cama do presidente é a senhorita Bruna.
“Que conclusão pífia.”
Nem o alarme aconselhando deteve a curiosidade, que o guiou em direção até lá, por esse maldito impulso, vasculhou superficialmente para não alterar a ordem.
Tem de tudo, desde produto para cabelo até uma nova roupa para ser usada depois de alguma coisa, e, com certeza, no pós-banho.
E do lado, jogado no apoio da poltrona branca, uma peça íntima distinta que não estava acostumada a ver.
Maior do que as outras que agradavam o jovem mestre.
Ao pegar com o dedo indicador, visualizando melhor, observou o aspecto infantilizado com um belo laço na tonalidade escura da paleta da peça.
É fofo demais para uma jovem na faixa dos 30 anos, só que não vulgar a ponto de causar furor masculino, e estava limpa, como se acabasse de ser lavada, e o cheiro de amaciante de péssima qualidade é nítido.
Pelos seus cálculos, só havia um único banheiro, usado pelo hóspede, que tem um problema sério em não deixar ninguém invadir esse refúgio, sendo tão sagrado quanto o ambiente onde dorme.
“Estranho… Estranho e perigoso demais….”
Diante do questionamento, a calcinha pendurada era submetida a uma varredura como um forense analisando a prova de crime.
Não percebendo uma fera que acabou de acalmar outra, saindo desse sagrado, sem camisa, mostrando toda a magnificência do tronco superior.
Sua mente meio nebulosa, calejou as mãos na tentativa de ludibriar seu órgão genital, chegando a ter uma certa convicção de que era mais esperto.
Pois não conseguia chegar ao clímax, por mais que usasse meios que simulassem o ato.
É uma tortura, sendo que nunca precisou fazer isso, porque antigamente tinha várias opções para não ir por esse meio.
Contudo, não pode ter o que quer, e ter que utilizar métodos que nunca fez na vida era desgastante, e não sabe por quanto tempo será, e se continuar dessa maneira…
“Droga…”
Esse instinto bárbaro cresce cada vez mais.
Pelo calor, retirou a camisa.
Imaginando tomar um banho gelado para amenizar esse mormaço que só cresce.
Entretanto, quando saiu, um tanto com o pé no céu e outro no inferno, flagra uma ordem não obedecida.
O cão mais antigo estava segurando algo que não lhe pertencia e analisava aquilo que era proibido.
Sendo alertado.
O seu dedo poluía o tecido íntimo de sua mulher com o cheiro imundo de sua pele, e isso é pior que danificar qualquer objeto pessoal.
Aquilo não lhe pertencia, não é permitido corromper algo que é imaculado, que somente é dele.
“Seu filho da puta, desgraçado!!”
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Capítulo 97
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